Ouvindo a voz de quem ?
A quem você da ouvidos quando precisa tomar uma decisão?
13. A batalha final de Acabe (22:1–40)
22:1–6 Depois de três anos de paz entre a Síria e Israel, Acabe teve a ideia de reaver dos sírios a cidade de Ramote-Gileade, localizada no lado oriental do rio Jordão. Ao receber anistia de Acabe, Ben-Hadade havia prometido devolver as cidades de Israel (20:34), mas, pelo visto, não cumprira com a palavra. Josafá, rei de Judá, estava visitando Acabe na ocasião e se mostrou disposto a cooperar na campanha militar. Primeiro, porém, sugeriu que consultassem o SENHOR por meio de profetas. Quatrocentos profetas da corte de Acabe se pronunciaram a favor do plano e garantiram vitória. É bem possível que fossem os mesmos quatrocentos profetas que não compareceram ao confronto com Elias no monte Carmelo (18:19,22).
22:7–12 Josafá provavelmente ficou apreensivo, pois perguntou se não havia algum profeta do SENHOR que pudessem consultar. Entra em cena Micaías, o profeta destemido e odiado por Acabe em razão de suas mensagens categóricas. Enquanto este era convocado, os quatrocentos profetas instavam os reis de Israel e Judá a marcharem contra a Síria. Um deles, Zedequias […] fez para si uns chifres de ferro para retratar o poder irresistível de Acabe e de Josafá contra os siros.
22:13–17 O mensageiro informou Micaías que sua profecia devia concordar com a dos outros profetas, mas o conselho foi inútil. Quando Acabe perguntou se devia realizar a campanha contra Ramote-Gileade, Micaías disse o mesmo que os outros profetas: “Sobe e triunfarás, porque o SENHOR a entregará nas mãos do rei”. É provável, contudo, que tenha falado em tom de ironia e sarcasmo.
Acabe percebeu e fez Micaías jurar que diria somente a verdade (Lv 5:1). O profeta descreveu, então, uma visão na qual Israel se encontrava disperso por não ter pastor, dando a entender que Acabe seria morto, e seu exército, espalhado.
22:18–23 O rei Acabe apresentou o discurso do profeta a Josafá como prova de que Micaías só falava o que era mau contra ele. O profeta corajoso voltou a se pronunciar. Descreveu uma visão na qual um espírito mentiroso se apresentava diante do SENHOR e concordava em enganar Acabe e levá-lo a atacar Ramote-Gileade e ser morto. O espírito mentiroso colocaria esse conselho na boca de todos os […] profetas do rei. Temos aqui um exemplo de como, mesmo não sendo autor do mal, Deus o utiliza para
cumprir seus desígnios. Enviou o espírito mentiroso somente no sentido de que o permitiu agir.
22:24–25 Zedequias entendeu a moral da parábola. Ao perceber que ele e os outros profetas estavam sendo acusados de mentir, deu uma bofetada em Micaías e perguntou: Por onde saiu de mim o Espírito do SENHOR para falar a ti? Em outras palavras, disse:
Quando aconselhei Acabe a atacar Ramote-Gileade, falei pelo Espírito de Deus. Agora, você professa falar pelo Espírito e, no entanto, aconselha exatamente o oposto. Como foi que o Espírito passou de mim para você?
Micaías respondeu calmamente que Zedequias saberia da verdade quando se escondesse, aterrorizado, em um lugar secreto, isto é, quando a morte de Acabe entregasse Zedequias ao destino de um falso profeta.
22:26–30 Furioso, o rei de Israel ordenou que Micaías fosse preso e alimentado com apenas um pouco de pão e água, até que voltasse em paz de Ramote-Gileade. A palavra de despedida de Micaías foi: “Se voltares em paz, não falou o SENHOR, na verdade, por mim”. Na esperança de evitar a tragédia predita pelo profeta, Acabe decidiu se disfarçar antes de ir à batalha. Josafá, em contrapartida, usaria suas vestes reais, expondo-se ao perigo que Acabe procurava evitar. O rei de Israel tentou enganar o Senhor e o rei da Síria, mas “de Deus não se zomba; aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Acabe foi morto, enquanto Josafá foi salvo.
22:31–36 Os sírios haviam recebido ordem de matar o rei de Israel. Esse era seu objetivo principal. A princípio, confundiram Josafá com Acabe. O rei de Judá gritou aterrorizado e talvez, desse modo, revelou sua verdadeira identidade. Uma flecha perdida feriu Acabe por entre as juntas da sua armadura e o impediu de continuar na batalha. Alguns de seus homens seguraram-no de pé no carro, para que seu exército não desanimasse. Quando o rei morreu à tarde, a notícia se espalhou, e os soldados recuaram cada um para a sua terra.
22:37–40 O corpo de Acabe foi levado de volta a Samaria, onde o sepultaram. Lavaram seu carro ensanguentado junto ao açude de Samaria, enquanto as prostitutas se banhavam ali. Os acontecimentos cumpriram apenas parcialmente a profecia de Elias (21:19), pois ocorreram em Samaria, em vez de em ezreel. Uma vez que Acabe havia se humilhado (21:29), Deus, em sua compaixão, adiou o cumprimento pleno até Jorão, o filho do rei (2Rs 9:25–26).
Acabe recebeu três advertências proféticas distintas de sua morte. Uma foi pronunciada por um profeta anônimo quando ele poupou Ben-Hadade (20:42); outra foi dada por Elias quando Acabe tomou a vinha de Nabote (21:19); a terceira foi proferida por Micaías na véspera da batalha fatídica (v. 17–23).