Mateus 13.31-35

Série expositiva no Evangelho de Mateus  •  Sermon  •  Submitted
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O autor exibe a ótica paradoxal do crescimento do Reino, como fonte de consolo para os discípulos de Cristo.

Notes
Transcript
“[...] Porque é chegado o Reino dos céus” (Mateus 3.2).
Pr. Paulo Ulisses
Introdução
Seguindo a série de parábolas em que Cristo demonstra a realidade do Reino dos céus e sua natureza, um conjunto duplo, porém menor, de parábolas é proposto expondo um mesmo sentido.
Ao passo que as duas primeiras parábolas (i.e. semeador, e do trigo e o joio) elucidam a dinâmica distintiva do Reino dos céus, isto é, a separação causada pelo Evangelho entre eleitos e não-eleitos, como é demonstrado desde o início da história do mundo (cf. Gn 3.15), a parábola do grão de mostarda e do fermento direcionam a atenção do público para compreender o que é o Reino em si: sua natureza e propósito no contexto da obra redentiva.
Assim, a tese central da presente seção do Evangelho de Mateus é a exposição da natureza do Reino dos céus.
Elucidação
Assim como a parábola do trigo e do joio foram iniciadas por uma cláusula introdutória ("o Reino dos céus é semelhante a..."), estas duas outras, seguem o mesmo padrão, apontando uma convenção natural que especifica a declaração quanto ao que o Reino é ou como se processa.
Ambas as parábolas assumem uma lógica argumentativa que parte de um comparativo entre algo pequeno (e.g. grão de mostarda) ou de pouca quantidade (e.g. bocado de fermento), para algo que, após determinado efeito ou passagem de tempo (i.e. plantação e o preparo de uma massa), crescem ou assumem grandes proporções.
Após o contexto de adversidade apresentado por Cristo, em que a semente do Evangelho se mostra “difícil” de encontrar boa terra onde possa germinar (e.g. parábola do semeador), e a demonstração de que os agentes do Reino permanecerão convivendo com os filhos do maligno (parábolas do trigo e o joio) - circunstâncias que poderiam gerar desânimo nos agentes do Reino - as parábolas do grão de mostarda e do fermento, exibem um quadro completamente oposto: frente a tais adversidades, os discípulos de Cristo poderiam achar que o Reino é algo pequeno se comparado a gana dos homens em opor-se contra ele, ou que a dificuldade do avanço da igreja na pregação do Evangelho era insuperável.
Contudo, o Senhor Jesus exibe uma ideia completamente oposta: na verdade, ainda que o Reino dos céus pareça pequeno como um grão de mostarda, ou pouco se comparado com número dos que se lhe opõe, sua natureza o faz ser superior, e sua inevitável expansão através dos discípulos o torna muito maior do que os reinos deste mundo.
Onde os discípulos viam pequenez, Cristo via progresso e avanço: a glória do Reino estava contida em sua aparente “insignificância”, pois Deus, do pouco faria muito, de maneira que através dos homens e mulheres que serão redimidos pelo Messias, seu Reino alcançará proporções enormes.
Tal noção era apenas um tipo de otimismo, mas a irrevogável vontade do Deus Triuno, tal como exposto no Antigo Testamento, e Mateus demonstra essa realidade através da citação de outra profecia, apontando para seu cumprimento:
Mateus 13.34–35 RA
Todas estas coisas disse Jesus às multidões por parábolas e sem parábolas nada lhes dizia; para que se cumprisse o que foi dito por intermédio do profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a criação [do mundo].
As parábolas expostas por Cristo não somente exibem o quadro espiritual do que é o Reino e como opera, como também são em si mesmas, demonstrativos da grandeza do Evangelho anunciado e executado pelo Senhor Jesus. A citação do Salmo 78, é um recorte da fala em que o salmista, assumindo a voz divina, fala da providência do SENHOR no passado em ter salvo seu povo de diversas situações. A referência encaixa-se no contexto vivido por Cristo no capítulo 13 do Evangelho Mateus, situando aquela situação como sendo o apogeu das intervenções divinas na história de seu povo. A igreja presenciou os efeitos do Evangelho como o resgate definitivo da escravidão do pecado, sendo transportados para o Reino dos céus, e a exposição cristológica dessa realidade através de parábolas, confirma a menção profética registradas no Salmo.
Transição
O Reino de Deus não é fruto das aspirações humanas de que o futuro da igreja seja encaminhado para o melhor, mas é a expansão da glória do SENHOR através de seu enviado, Cristo Jesus, garantindo a execução perfeita de seus planos, para sua glória e bem-estar de seu povo, tendo-o atraído para si, assim como a árvore do grão de mostarda faz com as aves que vem aninhar-se em si (cf. v. 32).
A exibição da grandeza do Reino é a tese que foi exposta por Mateus ao seu público-alvo, e da mesma forma, esta obra foi direcionada pelo autor divino à igreja de Cristo hoje, a qual pode ser sintetizada no seguinte princípio:
Aplicação
Embora aparentemente pequena, a igreja de Cristo faz parte do Reino dos céus, e portanto, maior do que qualquer reino deste mundo.
Diante do poderio de um império tão vasto quanto o romano, os discípulos daquela igreja poderiam achar que estavam filiados à uma entidade de menor importância ou relevância.
Sendo oprimidos pelas forças contrárias, a igreja tanto no passado quanto hoje, pode ver-se numa situação de aparente desvantagem ou inferioridade. Porém, ao sermos relembrados de que a publicação do Reino dos céus em Cristo é a maior intervenção divina na história da redenção (cf. ref. v.34 - Sl 78.2), percebemos que as proporções do Reino são muito maiores do que qualquer coisa nesse mundo caído.
Pouco a pouco o cenário mundial toma a forma determinada por nosso SENHOR, o Deus Triuno, e nenhuma força rebelde poderá alterar o curso da história, que encaminha-se para o anúncio público de que “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos (Ap 11.15).
Assim, enquanto aqueles que estão cegos para a realidade do Reino, veem a igreja como a menor das sementes, ou como um parco bocado de fermento, nós enxergamos a iminente realidade da chegada do Reino dos céus, e dia após dia, os eleitos tem sido reunidos, dos quatro cantos do mundo, formando um único povo, que marcha sob uma mesma bandeira: a glória de Deus, em seu Cristo, pelo poder do Espírito Santo.
Conclusão
O olhar do verdadeiro discípulo de Cristo quanto ao avanço do Reino, não pode estar preso ao conceito mundano de sucesso ou crescimento. Não crescemos como o mundo, não avançamos como o mundo, mas segundo o crescimento vindo do Espírito, testificamos do Evangelho da graça de Deus em Jesus Cristo, o Rei dos reis, e assim, testemunhamos o crescimento do Reino, até que a massa esteja pronta, isto é, o tempo determinado chegue, e o Reino seja publicado, para a glória do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
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