Deus e o Dinheiro
Quem é o dono de quem? • Sermon • Submitted
0 ratings
· 154 viewsNotes
Transcript
Introdução
Introdução
Hoje começaremos uma nova série de quatro mensagens que tem como objetiivo de falar sobre a nossa relação com o dinheiro. O titúlo desta série eu me inspirei em uma canção popular do Frejat, chamada "Amor para recomeçar", em um um trecho que ele diz:
"Eu desejo que você ganhe dinheiro
Pois é preciso viver também
E que você diga a ele, pelo menos uma vez
Quem é mesmo o dono de quem"
Essa canção não é uma música sacra, mas como cristãos protestantes entendendo o conceito de Graça Comum, podemos extrair uma verdade importantíssima e bíblica de como deve ser a relação do cristão e o dinheiro. Por isso eu te convido a abrir a sua bíblia em:
19 — Não acumulem tesouros sobre a terra, onde as traças e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; 20 mas ajuntem tesouros no céu, onde as traças e a ferrugem não corroem, e onde ladrões não escavam, nem roubam. 21 Porque, onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração.
22 — Os olhos são a lâmpada do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz; 23 se, porém, os seus olhos forem maus, todo o seu corpo estará em trevas. Portanto, se a luz que existe em você são trevas, que grandes trevas serão!
24 — Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou irá odiar um e amar o outro, ou irá se dedicar a um e desprezar o outro. Vocês não podem servir a Deus e às riquezas.
Qual é o poder que o dinheiro exerce na sua vida? De que você está correndo atrás? Onde está o seu tesouro?
Essas são perguntas que o texto nos instiga a fazer. Mas antes gostaria de esclarecer algumas coisas que talvez você tenha compreendido errado ou tenham até mesmo te ensinado errado sobre o que Jesus está ensinando aqui. O versículo 19 não pode ser desconectado do 20 e 21. Jesus não está aqui condenando a riqueza em si, até porque quando a riqueza vem como fruto do trabalho e de forma honesta, ela pode ser uma grande bênção. Também Jesus não está aqui proibindo a previdência, pois a Escritura nos exorta em Provérbios 6 a considerar a ação das formigas que trabalham no verão para ficarem abastecidas no inverno. Jesus tampouco está condenando você por usufruir dos benefícios do seu trabalho. Tem pessoas que usam esse texto para viver uma vida sem planejamento nenhum, mas a forma ordinária que Deus provê para o seu futuro é te dando condições de trabalhar e ser sábio na administração (mas isso é tema para a mensagem da semana que vem) - a preguiça no seu tempo de “verão” pode acarretar escassez no seu período de “inverno”, isso a bíblia chama de tolice e pecado.
No texto que lemos, Jesus está falando sobre aquilo que o meu coração corre atrás.
(V.19) - Jesus faz advertência a fragilidade dos tesouros deste mundo - qualquer coisa material está sujeito a deterioração ou ao roubo (assalto, confisco…). É interessante observarmos também um outro fator interessante, desde a antiguidade o homem busca segurança material e formas para preservar recursos para o futuro. Investimentos, planos de previdência e todo tipo de poupança são desdobramentos de uma necessidade que sempre existiu no coração de qualquer pessoa. Não há nada de errado com isso, mas Jesus nos traz um alerta sobre a fragilidade dessa segurança que nós buscamos. Outra realidade interessante é a respeito do roubo, o desejo de subtrair algo de alguém é fruto do pecado, está no coração do homem, independente do tempo e da cultura. Por isso Jesus faz uma ordem negativa, não coloquem sua segurança na estabilidade deste mundo.
Tudo que não é eterno é eternamente inútil.
Tudo que não é eterno é eternamente inútil.
Jesus faz uma ordem negativa, mas logo em seguida Ele explica com uma ordem positiva: Ajuntem tesouros no céu.
Ajuntar tesouros no céu não é criar uma linha de crédito celestial. Isso não é acumular méritos pessoais diante de Deus nem manter um saldo robusto no banco do céu em virtude das boas obras praticadas nesta vida. Jesus está apresentando a matemática do Reino, a contracultura daqueles que estão nesse mundo como peregrinos. Nesse sentido, ganhamos o que damos e perdemos o que retemos (a matemática do Reino é diferente).
Por isso, Jesus está nos advertindo a ter o nosso tesouro no lugar certo. Por que o nosso tesouro arrasta nosso coração. Nosso coração estará na terra ou no céu, depende de onde colocamos nosso tesouro, se na terra ou no céu. Qualquer tesouro deste mundo está sujeito a falhas — por deterioração (“traça e ferrugem destroem”) ou por meio de circunstâncias imprevisíveis (“ladrões entram e roubam”).
O que o nosso Senhor diz aqui é absolutamente simples. Chega a parecer óbvio. Se ao menos considerássemos com seriedade nossas posses, compreenderíamos que elas pertencem a um mundo passageiro, que não oferece nenhuma segurança. Na verdade, a busca por segurança neste mundo e no que ele possui é receita certa para a aumentar ainda mais a ansiedade, não para amenizá-la! Pensamos que acumulando mais nesse mundo deixaremos de ser ansiosos, mas isso não é verdade. Quanto mais ajuntamos neste mundo, a fim de nos sentirmos seguros, maior é o sentimento de necessidade por guardar conosco o que obtemos para nos mantermos seguros. E por isso ficamos menos seguros! É normal dizer que o dinheiro não traz felicidade. E, aqui, Jesus explica o porquê: A felicidade depende de riquezas duradouras.
Por isso o perigo da teologia da prosperidade tão difundida no nosso país, onde a ênfase da bênção de Deus se dá através do sucesso profissional, das riquezas, e qualquer outra vitória deste mundo é tão periga. Enquanto Jesus neste sermão está nos falando que devemos nos livrar dos fascínios deste mundo, ensinos desse feitio não nos livram do fascínio por este mundo; pelo contrário, apenas nos aproxima ainda mais dele. O selo da bênção de Deus sobre a vida não são os bens materiais, Jesus diz neste mesmo sermão que as marcas da bênção divina são pobreza de espírito, pesar pelo pecado, e perseguição por causa da justiça. A verdadeira espiritualidade não é manifesta no ajuntamento de riquezas — quer as tenhamos, quer não —, mas em ser liberto do amor por elas. É possível ser livre do amor pelas riquezas sendo muito rico, da mesma forma que é possível amar as riquezas mesmo não a possuindo.
Onde está o seu tesouro? O que você considera realmente importante na vida? Quais são os seus sonhos? Ainda mais importante, no que você sonha enquanto acordado? Talvez esse seja o sinal mais claro de onde o seu tesouro realmente está. O que ocupa a sua mente? As prioridades erradas geram corações ansiosos. Jesus está aqui nos mostrando o remédio para o coração materialista. Por isso Ele vai além e fala sobre o poder dominador do dinheiro.
Dois Senhores
Dois Senhores
Primeiro: Jesus nos alerta que o dinheiro não é neutro, inclusive usando a expressão "Mamon" elevando o dinheiro na sua função de ser uma coisa e se tornando uma espécie de entidade. Então Jesus está falando que o dinheiro em si não é ruim, mas se torna extremamente perigoso quando a riqueza é personificada, quando ela se transforma em um Senhor. Jesus está falando que quando isso ocorre automaticamente eu paro de ter dinheiro, e ele que passa a me possuir. Quando o dinheiro me possui, Ele começa a exigir de mim como outros falsos deuses uma adoração exclusiva, ao ponto de conforme o próprio Jesus afirma, é impossível servir a Ele e ao dinheiro.
Observe, Jesus não chamou o diabo, o mundo nem mesmo César de “senhor”, mas chamou as riquezas, Mamom, de “senhor”. Esse senhor é carrasco. Escraviza seus súditos. Por amor ao dinheiro, pessoas se casam e se divorciam, matam e morrem, corrompem e são corrompidas. O dinheiro é um senhor que exige devoção exclusiva de seus súditos.
Jesus diz que nem Deus nem as riquezas aceitam devoção parcial (6.24). Deus não aceita dividir sua glória com ninguém. Ele não aceita coração dividido entre duas devoções. É possível um indivíduo realizar algum trabalho para dois patrões, mas não é possível um servo servir a dois senhores. Jesus aqui está fazendo uma realidade social da época no conceito trabalhista. Lembre-se de quem você é, e quem é dono de quem…
Porque vocês foram comprados por preço. Agora, pois, glorifiquem a Deus no corpo de vocês.
sabendo que não foi mediante coisas perecíveis, como prata ou ouro, que vocês foram resgatados da vida inútil que seus pais lhes legaram, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula.
Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Antes, vocês nem eram povo, mas agora são povo de Deus; antes, não tinham alcançado misericórdia, mas agora alcançaram misericórdia.
Quando Jesus diz que não se pode servir a Deus e às riquezas (6.24), ele é categórico: Não podeis servir a Deus e às riquezas. Quem serve a Deus, não pode viver mais debaixo do jugo de Mamom. Quem é escravo de Mamom, não pode ser servo de Deus. Ou você é propriedade de um, ou é propriedade de outro.
Aplicação
Aplicação
Quais são as evidências práticas de que o dinheiro se tornou meu senhor?
Toda divindade molda a cosmovisão dos seus súditos e consequentemente isso afeta a forma como você se relaciona com as pessoas, com o mundo e até mesmo o lugar que Deus vai ocupar na sua vida.
Deus ele sai do centro e vira um meio.
As pessoas precisam ser usadas por causa do meu amor ao dinheiro. "Jesus não diz que o dinheiro é a raiz de todos os males, mas que o amor a ele sim."
O dinheiro passa a ter peso final nas minhas relações: Casamento por interesse, amizades por interesse, preconceito com mais pobres, etc..
O dinheiro passa a determinar minha ética: Eu faço qualquer coisa para ter dinheiro, passo por cima de qualquer coisa, etc...
O dinheiro passa a determinar sobre a minha dignidade: Prostituição, roubo, corrupção...
Conclusão
Conclusão
Todos nós precisamos viver em alerta, pois é fácil sermos pegos buscando outras coisas que não o Reino de Deus (o pior, entramos em um auto-engano e fazendo dessas coisas como se fossem do Reino para justificar nossas paixões). Embora ainda estejamos no mundo, não somos deste mundo. Todo cristão possui uma tesouro de grande valor, o evangelho! Na vida prática, como é que podemos cumprir esse preceito? A primeira coisa é que devemos ter ponto de vista correto sobre a vida, e um correto ponto de vista sobre a glória de Deus. O grande fato com o qual nunca podemos perder o contato é que, nesta vida, somos meros peregrinos neste mundo e estamos caminhando neste mundo debaixo dos olhos atentos do Senhor. Esse é o princípio fundamental. Se caminharmos sempre nesta perspectiva, como poderemos errar? Se caminharmos assim todas as coisas vão se ajustar nos seus devidos lugares.
Lembre-se diariamente que você está neste mundo como peregrino, mas também como filho de Deus. Assim, você passará a ver todas essas realidades terrenas por uma perspectiva correta, incluindo o dinheiro. Você vai compreender que é apenas um mordomo e que terá de prestar contas de todas essas coisas a Deus. Aprenda uma coisa, você não é proprietário permanente de absolutamente nada neste mundo. Não importa se está em pauta o dinheiro, ou o intelecto, ou nossas próprias pessoas, ou nossa personalidade, ou qualquer outra coisa que porventura tenhamos. O homem natural imagina-se dono de todas essas coisas. Mas o crente começa meditando como segue: “Não sou o proprietário de nenhuma dessas coisas; meramente elas me foram entregues como um empréstimo, pois, na realidade, elas não me pertencem. Não poderei levar comigo as minhas riquezas, e nem mesmo os meus dons, talentos e intelectos. Esta certeza deve me levar a uma importante indagação: “Como é que poderei usar essas coisas para a glória de Deus? Pois um dia me encontrarei face a face com Deus. Ele é meu eterno Juiz; é meu Pai. É a Ele que terei de prestar contas de minha mordomia, em todas as coisas com as quais Ele me tiver abençoado”.
