Libertados

Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 117 views
Notes
Transcript

Introdução

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

Os mestres do engano, os emissários da heresia, os paladinos da mentira haviam chegado a Colossos disseminando seu veneno. Eles atacaram as doutrinas da criação e da redenção. Eles negavam tanto o fato de Cristo ser o criador quanto o fato de Cristo ser o redentor.

Colossenses 1. 13, 14

I - Libertados do Império das Trevas (v.13a)

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

Precisamos destacar alguns pontos aqui:

a. Existe um império do mal em ação no mundo (1.13). O mal é uma realidade concreta. Existe um ser maligno, de todo corrompido, que governa esse reino de trevas. O deus desse reino é Satanás. Ele é chamado de diabo, maligno, tentador, destruidor, pai da mentira, assassino, príncipe das trevas, deus deste século, dragão, antiga serpente. Esse reino é das trevas porque é o reino da escravidão, do pecado, da devassidão, da mentira, do engano, da condenação eterna. O reino das trevas é um reino em rebelião contra Deus. Ele amaldiçoa a Deus, nega a Deus, rejeita a Deus e fere as pessoas.125

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

b. O homem não pode libertar a si mesmo desse império de trevas (1.13). Satanás é o valente que tem uma casa, onde guarda em segurança todos os seus bens (Mt 12.28,29). O homem não pode escapar das garras desse valente por si mesmo. O conhecimento esotérico não pode quebrar as algemas dessa escravidão. O homem natural é prisioneiro nesse império (1.13), está cativo na casa do valente (12.29), está sob a jurisdição da potestade de Satanás (At 26.18), é escravo do pecado (Jo 8.34), anda segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência (Ef 2.1–3). Ele é absolutamente impotente para libertar a si mesmo. Werner de Boor diz que o homem não é libertado por resolução humana e luta própria, não por desesperados esforços, nem por lágrimas amargas e bons propósitos. Ele é libertado por Cristo. Conseqüentemente não precisa mais servir ao cruel inimigo.126

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

c. Deus é o único que pode nos libertar desse império das trevas (1.13). A libertação vem de Cristo e não do homem. O poder das trevas não pode ser quebrado pela força humana, mas somente pela ação divina. Jesus é o libertador e resgatador que invade a casa do valente, amarra-o, saqueialhe a casa e liberta os cativos de suas garras (Mt 12.28,29). O homem que outrora estava na potestade de Satanás é transferido agora para outro reino, o reino de Cristo (At 26.18). O verbo “libertou” está no tempo passado, significando que a obra de libertação foi absolutamente consumada. Estamos livres; somos verdadeiramente livres!

II - Libertados para o Reino do Filho (v.13b)

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

Deus nos transportou para o Reino do Seu Filho Amado (1.13). Russell Shedd diz que Deus montou uma “operação de resgate” para libertar os pecadores do poder das trevas.127 Estávamos no império das trevas, na casa do valente, guardado em segurança, presos pelas grossas correntes do pecado, cegos e oprimidos. Mas Jesus invadiu a casa do valente, saqueou o seu império e nos libertou. Deus abriu nossos olhos, tirou as correntes que nos prendiam, abriu os portões de ferro que nos trancavam nesse reino de escravidão e nos fez sair para uma nova vida.

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

Deus não apenas nos tirou da região da morte, como também nos transportou para dentro do Reino da luz, o reino do Filho do Seu amor. Houve um traslado, uma transferência imediata do império de trevas para o reino da luz. A palavra grega methistemi, traduzida pelo verbo “transportou”, significa remover de um lugar para outro, transferir.128 Essa expressão era muito comum nos dias de Paulo. Era usada no mundo antigo para descrever o costume de trasladar a população vencida por um reino a outro país.129

William Hendriksen diz que Deus nos tirou do reino obscuro das idéias falsas e imaginárias para introduzir-nos na terra banhada pelo sol do conhecimento claro. Tirou-nos da esfera dos desejos pervertidos ao bem-aventurado reino dos anelos santos. Arrancou-nos da miserável masmorra de cadeias intoleráveis e dolorosos lamentos ao palácio de uma liberdade gloriosa e belas canções.131
131 Hendriksen, William. Colosenses y Filemon, p. 78.
Hernandes Dias Lopes, Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja, 1a edição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2008), 72–73.
Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

William Barclay destaca que foi um traslado das trevas para a luz, da escravidão para a liberdade, da condenação para o perdão, do poder de Satanás para o poder de Deus.132 Na mesma linha de pensamento, Fritz Rienecker afirma que o Reino de Cristo é o domínio cósmico de Cristo, adquirido por Ele mediante Sua morte na cruz e Sua ressurreição pelo poder de Deus.133

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

Duas implicações podem ser observadas a partir desse auspicioso acontecimento.

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

a. A salvação implica uma mudança radical de domínio sobre a nossa vida. Antes estávamos no império de trevas, sob o domínio cruel e opressor de Satanás. Antes estávamos no cativeiro do diabo, acorrentados pelo pecado. Agora, estamos livres e salvos. Fomos não apenas libertados do império das trevas, mas também transportados para o reino da luz. Agora Cristo, e não Satanás, domina sobre nós. Agora temos outro dono, outro senhor, outra vida, dentro de outro reino. Fomos transladados de uma vez por todas. Já estamos no Reino da luz (1Pe 2.9). Isso é escatologia realizada. Já estamos no antegozo da glória.

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

b. A salvação implica uma mudança radical de devoção do nosso coração. No reino das trevas servíamos a um príncipe carrasco. Ele nos oprimia, nos escravizava e nos mantinha prisioneiros para a morte eterna. Mas agora vivemos no Reino da luz, do amor, da paz e da vida eterna. No antigo império reinava o ódio; no Reino da luz domina o amor. No antigo império estávamos debaixo de cruel escravidão; no Reino da luz somos livres. No reino das trevas, Satanás queria a nossa morte; no Reino da luz, Cristo morreu por nós para nos dar vida.

III - Libertados temos a Redenção (v.14a)

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

Destacamos três pontos aqui.

a. Deus nos redimiu para sermos Sua propriedade exclusiva. A redenção significa libertar um prisioneiro ou um escravo mediante o pagamento de um resgate.134 Deus nos comprou e agora somos Sua propriedade particular. Somos de Deus por direito de criação, porque Ele nos criou à Sua imagem e semelhança. Também somos Dele por direito de redenção, pois Ele nos comprou com o sangue do Seu Filho. Não pertencemos mais ao império das trevas, nem somos de nós mesmos. Somos propriedade exclusiva de Deus. O resgate pago por Cristo no calvário nos redimiu e agora estamos quites com a Lei de Deus (Rm 8.33,34) e com a justiça de Deus (Rm 5.1; 8.1). Essa redenção implica libertação da maldição (Gl 3.13) e da escravidão do pecado (Jo 8.34,36; Rm 7.14).
134 Wiersbe, Warren W. Comentário bíblico expositivo, p. 150.
Hernandes Dias Lopes, Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja, 1a edição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2008), 74.
Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

b. Deus pagou um altíssimo preço pela nossa redenção. Deus nos comprou não com prata e ouro, mas com o sangue precioso do Seu Filho amado (At 20.28; 1Pe 1.18,19). Deus não poupou Seu próprio Filho, antes por todos nós O entregou para que pelo Seu sangue fôssemos resgatados da morte para a vida, da escravidão para a liberdade, da potestade de Satanás para o Seu glorioso reino.

c. Deus pagou esse alto preço não a Satanás, mas a si mesmo. É um ledo engano e uma crassa heresia afirmar que Deus pagou o preço da nossa redenção a Satanás. O príncipe das trevas não é dono de nada, nunca foi e jamais será. Ele é um usurpador. Deus quebrou o cativeiro no qual estávamos presos e nos transportou de lá para o Seu glorioso reino. Como Deus é justo e nós somos pecadores, não podíamos ser justificados sem que a lei fosse cumprida e a justiça fosse satisfeita. Então, Deus providenciou um substituto perfeito, o Seu próprio Filho, para morrer em nosso lugar e em nosso favor. Deus propiciou a Si mesmo pela morte de Cristo. Assim, Ele pôde ser justo e o justificador do pecador que crê em Seu Filho.
Hernandes Dias Lopes, Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja, 1a edição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2008), 74–75.
Redenção por meio do sangue de Cristo.

IV - Libertados, então remidos (v.14b)

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

Além do resgate, do transporte para o reino de Cristo, e da redenção realizados no passado e no presente, temos ainda o perdão dos pecados. Destacamos quatro verdades preciosas para nossa reflexão:

O perdão removeu a barreira entre o Deus santo e o homem pecador. A igreja é a comunidade dos perdoados. Só gente perdoada pode entrar no céu. O pecado faz separação entre nós e Deus (Is 59.2), pois Deus é luz, e não há Nele treva nenhuma (1Jo 1.5). Deus, porém, nos perdoou de todos os pecados presentes, passados e futuros. Nossa dívida foi paga, nossa culpa foi cancelada e nossa justificação, declarada. A palavra “perdão” significa “mandar embora” ou “cancelar uma dívida”.135 Nossa dívida como escravos do pecado foi cancelada. Nossos débitos não podem mais nos escravizar. Satanás não encontra mais nada nos nossos arquivos para nos acusar (Rm 8.33,34). A barreira entre o pecador e o Deus santo foi para sempre removida. O que aconteceu com Lady Macbeth, na peça de Shakespeare, não ocorre com o cristão verdadeiro: a mancha do pecado não lhe fica nas mãos. Ainda que ele peque, o sangue remidor de Jesus Cristo combate eficazmente o poder contagioso e febril da maldade. Nem mesmo Satanás resiste ao sangue do Cordeiro de Deus (Ap 12.10,11).136
135 Wiersbe, Warren W. Comentário bíblico expositivo, p. 150,151.
136 Shedd, Russell. Andai nele, p. 28.
Hernandes Dias Lopes, Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja, 1a edição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2008), 75.
b. O perdão pavimenta o caminho de um novo relacionamento com Deus. Por meio da remissão dos pecados, somos transferidos da posição de réus condenados, para o status de filhos amados. Continuamos pecadores, mas agora pecadores redimidos. Quando um filho peca contra o pai, não deixa de ser filho. Ele perde a comunhão, mas não a filiação. Por meio de Cristo, através da confissão, podemos receber constantemente o perdão e a restauração.
Hernandes Dias Lopes, Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja, 1a edição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2008), 75–76.
Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

c. O perdão alivia a alma do peso da culpa. O perdão de Deus remove de sobre o pecador o peso esmagador da culpa. Pergunte aos mais famosos cientistas do mundo se eles conhecem um medicamento para libertar da culpa; pergunte aos grandes artistas se eles são capazes de eliminar da consciência a culpa através da música, ou da pintura, ou da poesia; pergunte aos ricos e poderosos desta terra se o peso da culpa desaparece diante de tesouros de ouro ou de exércitos blindados – a pergunta será em vão. Em Jesus, todavia, você encontrará aquilo que seu coração anseia, não apenas como possibilidade ou consolação difusa, mas como realidade total e ditosa, aqui e agora, diz Werner de Boor.137 O apóstolo Paulo afirma: “… Nele temos a redenção, a remissão dos pecados” (1.14).

Colossenses: A Suprema Grandeza de Cristo, o Cabeça da Igreja A Preeminência de Cristo na Obra da Redenção (1.13,14)

d. O perdão que recebemos de Deus é o padrão do perdão que devemos oferecer ao nosso ofensor. Os perdoados devem perdoar e perdoar com o mesmo tipo de perdão que receberam de Deus (3.13). Aqueles que foram objetos do perdão de Deus devem ser instrumentos desse perdão a outrem (Mt 18.21–35).

Related Media
See more
Related Sermons
See more