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Transcript

Introdução

Filme Na Natureza Selvagem - Chris McCandless.
“Você está errado se acha que a alegria surge das relações humanas. Deus colocou a alegria em todas as coisas para desfrutarmos.”
E então ele vai para o meio do Alasca viver sozinho, porque ele queria viver essa experiência.
“A FELICIDADE SÓ É REAL QUANDO COMPARTILHADA.”
Comentário sobre isolamento na pandemia
De onde vem essa conclusão do Chris?

À imagem de um Deus relacional

Cremos que Deus nos criou, amém?
E como ele nos criou?
O texto diz que ele deu forma ao homem a partir do pó da terra e soprou o fôlego de vida no nariz dele. Mas pense um pouco antes disso.
Imagine que no processo de planejamento da criação da humanidade, surge então a pergunta: como ele vai ser?
Gênesis 1.26–27 NVI
Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão”. Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Nós fomos criados parecidos com Deus, conforme a imagem de Deus.
Então quando surge a pergunta: como ele vai ser? a resposta é: à nossa imagem.
E isso aqui diz muito sobre nós. Deus quis nos fazer com características que ele tem.
Ele é aquele que tem todo domínio, sobre toda a criação; somos chamados a dominar sobre os animais e a natureza.
Ele é quem criou todas as coisas, a partir do nada; somos chamados a ter filhos, a realizar a nossa criação dentro da criação de Deus.
Ele é amor; somos então chamados a amar.
O amor de Deus é transmitido a nós. Nós fomos criados à imagem e semelhança de um Deus relacional, e dentre as coisas que ele é e que passou pra nós quando fomos criados, a importância dos relacionamentos é uma delas.
“Claro, nosso Deus é relacional porque ele se relaciona com a gente.”
Também, mas antes de existir qualquer coisa, Deus já era relacional, mesmo sendo um só Deus.
Nós cremos em um Deus Trinitário. Nosso Deus é uma trindade. Pai, filho e Espírito Santo.
Vamo combinar que faria toda a diferença se nosso Deus fosse Chefe, Funcionário e Espírito Santo. Ou então Tio, Sobrinho e Espírito Santo. Mas não é isso. É Pai, Filho e Espírito Santo.
A relação da Trindade é semelhante a uma relação familiar, a relação mais próxima que a gente pode experimentar, de Pai e Filho.
Então, se Deus é relacional desde a eternidade porque ele é amor, quer dizer que o amor começou quando?
Em João 17:24: diz “me amaste antes da criação do mundo.”
O que é mais antigo que Adão? O que é mais antigo que os céus e a terra? O que é mais antigo que o próprio ato criativo de Deus? O amor.
Deus é relacional. Ele é amor desde a eternidade.
E esse Deus de amor então começa a criar. E quando ele olha para o que ele fez ele percebe que aquilo é maravilhoso.
Céus e terra? Bom.
Águas e nuvens? Bom.
Árvores e futos? Bom.
Estrelas e os astros? Bom.
Animais? Bom.
Até que ele olha para a criação quase no final e percebe que tem algo ali que não é bom. O que? Genesis 2:18: “Não é bom que o homem esteja só;”
Aquele Deus relacional que criou todas as coisas, nos fez para sermos relacionais também.
A criação só ficou muito boa depois que Deus fez a mulher.
Se nosso Deus é uma comunidade e ele nos cria à sua imagem, nós precisamos de gente.
É claro que quando nós pensamos nesse texto nós imaginamos ele sempre no contexto de casamento, né. Mas essa não é a aplicação imediata, porque Adão não tinha amigos, colegas de trabalho, parentes. Ele estava literalmente sozinho. Ele tinha Deus, evidentemente, e os animais, e uma difícil tarefa de cuidar e guardar o jardim, e então Deus faz uma “auxiliadora idônea” para essa tarefa, e uma companhia.
O homem não foi feito para ficar sozinho. Ele foi criado para se relacionar, conversar, tocar, estar junto.

Tecnologia anti-social

Mas sabe qual o problema? Logo depois da criação em Genesis 1 e 2 vem Genesis 3 trazendo o relato do pecado.
A auxiliadora idônea comeu do fruto. E o homem chamado a cuidar e guardar o jardim fez com que toda a criação fosse amaldiçoada.
Deus havia ordenado que a humanidade dominasse a criação, e nisso estava implícito a criação de cultura o desenvolvimento tecnológico, mas tudo isso foi manchado pelo pecado.
Agora, quando nós dominamos a criação nós fazemos do jeito errado. Desmatamento, poluição, ganância, trabalho escravo e solidão.
Stephen Marche vai dizer que “a história do uso da tecnologia é uma história do isolamento desejado e alcançado.”
Pense um pouco nessa frase. “a história do uso da tecnologia é uma história do isolamento desejado e alcançado.”
À medida que a tecnologia avança, as máquinas substituem as pessoas e a automação substitui a interação.
Na escola a gente estuda a cerca da Revolução Industrial, quando as máquinas começam a substituir o trabalho feito à mão. E por conta disso, indústrias que empregavam inúmeros trabalhadores agora começam a substituir algumas funções por máquinas. Naturalmente chega um momento em que o companheiro de trabalho na indústria já não aparece mais, ou no mínimo a hiper-produtividade limitou as relações.
Hoje em dia, em cidades maiores, quando você vai no McDonald’s tem um painel bem grande simulando um celular pra você fazer o seu pedido sem pegar filas e sem precisar de atendimento humano. O pedido é automático, o pagamento é automático. E quem te avisa que seu pedido ficou pronto é um painel com sua senha, e você retira sem se relacionar com absolutamente ninguém. Isso quando saímos de casa!
O delivery eliminou grande parte das nossas relações comerciais. Hoje nós compramos por aplicativo, pagamos por aplicativo e toda relação humana que temos é pegar a sacola da mão do entregador, sem nem ao menos dizer boa noite ou como vai.
Antes as famílias tinham de se relacionar nos momentos livres em casa, porque não existia muitas coisas para lidar com o tédio como temos hoje, então restava as conversas ou as idas nas casas de amigos. Depois surgiu a televisão, e daí a família ficava inteira na sala. E antes mesmo que tivesse um tv em casa cômodo da casa, surgiram os smartphones, e agora você tem um catálogo de mais de 1 milhão de filmes na Netflix à sua disposição onde quer que você vá, pra você curtir de maneira hiper privada.
A tecnologia está sempre nos afastando uns dos outros, por sua própria definição. Nosso isolamento é algo que desejamos e obtivemos.
E o ápice do isolamento humano é a invenção dos smartphones.
Na promessa de facilitar as relações com pessoas do mundo todo, nós perdemos nossas relações reais com pessoas que estão perto de nós.
Nossos celulares hoje são escudos portáteis, que usamos para nos protejer nas relações humanas. Quando entramos em um elevador ocupado, agarramos nossos telefones como se fossem cobertores de segurança. Quando a gente vai em um lugar diferente, precisamos de pouquíssimo tempo pra tirar o celular do bolso e começar a acompanhar as postagens. Com fone de ouvido então, aí sacramentou.
A tecnologia foi nos isolando a medida que foi evoluindo, e hoje temos o ápice do isolamento: não precisamos e não queremos ver ninguém.
Se eu preciso fazer compras? Peço no aplicativo do mercado.
Quer saber como está alguém? Chama no Whatsapp, quando muito uma chamada de vídeo.
Precisa de uma carona? Chama um Uber. (Futuramente carros autônomos, não precisa nem de motorista).
Até que vem então o Metaverso, em que pessoas habitam um ambiente totalmente virtual através de seus avateres, onde não se precisa mais de interações sociais reais, porque tudo isso pode acontecer através da internet.
Aparentemente essa é a vida do futuro, sem qualquer tipo de contato físico.
E aqui a gente precisa fazer uma observação. É claro que a possibilidade de se relacionar através da internet não é em si mesma algo ruim, até porque passamos por momentos turbulentos nos últimos anos e graças a Deus que tínhamos os avanços tecnológicos para poder trabalhar em home office, estudar a distância, assistir aos cultos por lives…
Por um tempo foi isso que sustentou a vida profissional, educacional e espiritual de muitos, com certeza.
A respeito disso o Pr. Jonas Madureira diz algo muito interessante. Ele diz que quando viaja ele sempre leva uma foto da esposa na carteira. Quando está longe dela e sente saudades ele olha para aquela foto, porque a foto é uma representação de sua esposa. Mas quando ele retorna para casa ele não fica olhando para a foto, beijando a foto, admirando a foto, porque ele tem a esposa em pessoa para ele olhar, beijar e admirar.
Ou seja, é melhor estar com a esposa presencialmente que usufruir de uma representação sua.
Então, o problema não é a tecnologia em si mesma, porque ela é muito útil!
O problema é que nós fazemos mau uso dela. Nossa geração começa a inverter esses valores e a preferir as mediações tecnológicas do que a própria pessoa.
Resolvemos grandes assuntos por Whatsapp, não temos mais por que nos vermos pessoalmente para tratar algumas coisas.
Existe uma frase que tem se tornado famosa ultimamente que é “essa reunião poderia ter sido resolvida com um e-mail”, porque a interação social é insuportável para nós hoje. É inconveniente. Lidar com pessoas é complicado. Cada um é de um jeito, tem suas manias, sotaques, opiniões, posicionamentos, e nós queremos um mundo a nossa imagem e conforme a nossa semelhança.
E o Zuckerberg sabe disso. E aí entra uma coisa que chamos de algorítmo.
Se as interações sociais são inconvenientes porque cada indivíduo é de uma maneira, existe então o algorítmo, que só nos mostra aquilo que nos interessa.
O Facebook e o Instagram e tudo o mais na internet aprende aquilo que você tem interesse a partir dos seus cliques, pesquisas e tempo parado em alguma janela e daí ele só te mostra aquilo.
É o mundo perfeito.
Só aparece publicações de quem você segue. Alguém postou algo que você não gosta? Simplesmente deixa de seguir. É tudo preparado para o nosso prazer e para nos segurar dentro da plataforma.
A conta que fazemos sem nem pensar é que o mundo aqui fora é desinteressante, comparado com os estímulos que temos nas redes sociais.
Fingimos que carregamos nosso celular o tempo todo porque podemos receber uma ligação importante, mas a verdade é que achamos o mundo que Deus criou entediante demais para se apreciado.
E as pessoas que foram criadas à imagem e semelhança de Deus são inconveninentes, e poderiam não existir.
O online então se torna preferível.
O mundo perfeito.
Será? Quais são as consequências do isolacionismo em criaturas feitas para se relacionarem?

Consequências do isolacionismo

1. Relacionalmente

Como já dissemos, esse hábito de se isolar fisicamente para se relacionar virtualmente traz muitas consequências, especialmente nas nossas relações.
Acredito que todo mundo aqui já passou pela experiência de alguém começar a te contar algo e você torcer para acabar logo porque você quer pegar o celular para fazer alguma coisa. Ou então você já estar com o celular e alguém tentar conversar com você e você só pensar que a pessoa está sendo muito inconveniente, mesmo que você não esteja fazendo nada de importante.
Nossas relações reais sofrem com o uso excessivo das redes sociais, e com isso magoamos muitas pessoas.
Estamos sempre prontos a pegar o celular para fugir de uma conversa de verdade.

2. Emocionalmente.

O índice de doenças emocionais nos últimos anos tem crescido muito. Hoje é super comum lidarmos com depressão e ansiedade. E existe uma relação muito forte entre o crescimento do número de doentes emocionalmente com o uso das redes sociais.
Por exemplo, “Jean Twenge, professora de psicologia da Universidade Estadual de San Diego, descobriu que ‘todas as atividades da tela estão ligadas a menos felicidade, e todas as atividades fora da tela estão ligadas a maior felicidade. Alunos da oitava série que passam 10 horas ou mais por semana nas redes sociais são 56% mais propensos a dizer que são infelizes do que aqueles que dedicam menos tempo às mídias sociais.’”
E o de mais interessante em tudo isso é que isso não é novidade para ninguém. Todo mundo sabe disso. A gente consegue perceber como somos pessoas mais tristes ao final de um dia em que maratonamos uma série ou ficamos o tempo todo no Instagram. Mas mesmo tendo consciência das consequências emocionais das redes sociais no dia seguinte nós retornamos ao mesmo hábito.
Isso é um forte indício de que estamos viciados. A vida isolada no online nos faz mal, sabemos disso, mas insistimos em continuar ali.

3. Pessoalmente.

Falamos que os celulares são escudos contra as relações humanas, e isso é verdade, mas não só isso. Com o celular, “nos fechamos para o mundo, e nos fechamos para nós mesmos”.
Como assim nos fechamos para nós mesmos?
Uma coisa que é fundamental para a nossa construção como pessoa é o tédio, ou o ócio.
As redes sociais tomam o tempo que tinhamos para nós mesmos.
Parece que quando estamos no Instagram ou em qualquer outro aplicativo estamos tendo tempo para nós mesmos, esse tempo é muito mal gasto. Porque ele rouba nossa capacidade de refletir a cerca de nós mesmos.
Hoje pensamos muito pouco, porque não temos tempo para pensar. Tudo é instintivo. Você já teve a experiência de estar com alguma rede social aberta e nem lembrar como foi parar ali.
Isso é ruim. Nós somos seres que pensam. Deus nos fez para pensar, mas as redes sociais estão minando nossa capacidade de refletir sobre as coisas.
A gente vê uma criança de um ano mexendo no celular ou no tablet e achamos que as crianças de hoje nascem mais inteligentes, mas isso não é verdade.
O neurocientista francês Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, apresenta, com dados concretos e de forma conclusiva, como os dispositivos digitais estão afetando seriamente — e para o mal — o desenvolvimento neural de crianças e jovens. Ele diz que pela primeira vez até onde se sabe, a nova geração tem um QI menor que a geração anterior, e a responsabilidade disso é o uso excessivo de telas desde cedo.

4. Profissionalmente.

E com certeza isso reflete profissionalmente. Jovens com menor capacidade de foco e atenção terão um desempenho naturalmente mais baixo nas escolas, faculdades e consequentemente no trabalho. Pessoas são demitidas por conta do uso excessivo de celulares em empresas.

5. Espiritualmente.

Eu fiz uma pesquisa no pequeno grupo de adolescentes da IAP de Jales. Pedi pra eles pegarem os celulares e entrarem no quadro estatístico do celular que mostra o tempo de uso diário e semanal. A gente percebeu que tinha adolescentes que usavam o celular por um tempo diário de 3h até 8h. De 3 a 8 horas por dia!
Puxa, com todo esse tempo entregue às telas, quanto tempo vocês imaginam que eles gastam com o Senhor? Nenhum.
Uma das maiores utilidades do Twitter e Facebook será provar no Último Dia que a falta de oração não era por falta de tempo. - John Piper

Aplicação

Hoje a tecnologia permite que a gente se faça presente em lugares que não estamos, porque podemos conversar com pessoas distantes, ser informados instantaneamente sobre muitas coisas que acontecem ao redor do mundo… enfim. Muito parecido com o que acontecia nos tempos antigos através das cartas. A teologia histórica vai dizer que uma carta do apóstolo Paulo lida nas igrejas destinatárias era equivalente ao próprio Paulo falando com a igreja. E isso também é verdade com outros autores do novo testamento como Pedro, Tiago, Judas e João.
2João 12 NVI
Tenho muito que lhes escrever, mas não é meu propósito fazê-lo com papel e tinta. Em vez disso, espero visitá-los e falar com vocês face a face, para que a nossa alegria seja completa.
Olha só que interessante. Mesmo que a carta fosse quase que a personificação do apóstolo, ele diz que tem coisas que prefere não escrever para falar face a face.
Gente, o que eu quero levar a vocês a pensar hoje é que de fato nós somos seres relacionais, e não conseguimos suprir nossa necessidade por relacionamento no online. Nós precisamos de olho no olho. Precisamos da humanidade
Deus nos fez assim. E enquanto tentarmos resistir a isso insistindo em se isolar do mundo, da família e da igreja você vai sofrer. Todas as áreas da sua vida vão ficar precárias.
João diz que espera visitar aqueles irmãos e falar face a face o que ele poderia escrever em cartas, “para que a nossa alegria seja completa”.
A verdadeira alegria das relações é encontrada em relações reais, face a face, olho no olho. A gente poderia reescrever João nas nossas relações, e nas nossas conversas pelo WhatsApp, dizer o seguinte: eu queria falar com você outros assuntos, mas não vou falar por aqui, quero te contar pessoalmente, porque eu sei que a gente vai ficar mais feliz conversando pessoalmente. Que dia posso ir na sua casa? É ter alegria na companhia do irmão.
Já falamos sobre isso. Existe uma alegria para se experimentar que só pode ser vivida no offline. Não estamos espiritualizando nada aqui, pisicólgos, psiquiatras e neurocientistas afirmam que as relações reais proporcionam mais alegria enquanto o mundo virtual traz tristezas.
Sabemos que nossa geração já caminhava para esse afastamento da vida real. E pandemia com seus lockdowns e distanciamentos sociais fez a gente avançar muito rápido em nos tornarmos mais sozinhos e conectados.
O nosso desafio é nos desconectarmos um pouco desse mundo e nos reconectarmos com a vida real.
Restart nas conexões.
Que a gente possa ter de volta nossas conexões com nossa família, nossos amigos, nossos irmãos de fé, nossa igreja, nossos estudos, nosso trabalho… e claro, precisamos ter de volta nossa conexão com Deus.
Precisamos nos conectar com aquilo que de fato importa.
Para isso quero então dar algumas dicas para vocês.

1. Seja mais rápido que os seus pais em limitar a tecnologia.

2. Priorize relacionamentos reais.

3. Leve a saúde mental a sério.

4. Leve sua vida com Deus a sério.

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