Na cruz, mas não da cruz
Semana Santa 2022 • Sermon • Submitted
0 ratings
· 10 viewsNotes
Transcript
Na cruz, mas não da cruz
Texto – Mateus 27.22; João 19.16-30
INTRODUÇÃO
A vida é feita de decisões. E temos que fazer inúmeras delas escolhas, o que estudar, com quem casar, que emprego escolher, etc. Mas a maior de todas as escolhas foi essa que Pilatos teve que tomar. O que farei de Jesus. Deixa-lo de lado e seguir o meu caminho e impulsos, ou aceita-lo e permitir que ele guie a minha vida. Somos escravos da nossa liberdade, do nosso livre-arbítrio. Você é obrigado nesta noite a tomar uma decisão. Neutro você não pode ser. Pois a indecisão é uma decisão. A indecisão é a decisão de não decidir. Os indecisos decidem-se contra Cristo. Quem não é por Cristo é contra Cristo.
E Pilatos passou para a história como um homem covarde, que tentou se esquivar de tomar a mais importante decisão de sua vida. Ele foi convencido da verdade, mas não teve coragem de assumir a verdade. Ele foi confrontado por Cristo, mas a despeito de ter conhecido a verdade, negou a Cristo e o entregou para ser crucificado. Lavou as mãos, mas elas continuam sujas.
I – A CRUCIFICAÇÃO (Jo 19.16-30)
O julgamento, a condenação e a execução de Jesus Cristo representam um enorme paradoxo. Se O vemos na cruz como o inocente Filho de Deus, estamos diante da maior injustiça do Universo. Por outro lado, se O contemplamos como o substituto dos pecadores, assumindo nosso lugar, então não há nenhuma injustiça. Nesse caso, a sentença é adequada e a justiça foi feita.
Quando compreendemos isso, podemos entender que a angústia mental que Jesus sentiu diante da cruz foi infinitamente maior que a dor física da crucifixão. Ele não morreu como mártir ou herói para nos dar um exemplo de como enfrentar o sofrimento. Se esse fosse o caso, esperaríamos que Ele Se aproximasse da morte mantendo a confiança e a compostura. Nós esperaríamos encontrá-Lo sereno. Mas o que temos é outro quadro. Particularmente na descrição do Evangelho de Marcos (14:33-42), Jesus não é apresentado como uma figura dos deuses do Olimpo, intocado pelas emoções.
Mas, Marcos descreve a extensão do conflito usando a metáfora do cálice para definir Sua agonia. O realismo de Sua agitação é de proporção extraordinária: “Começou a ter pavor e angustiar-Se. […] Minha alma está profundamente triste até a morte” (Mc 14:33, 34, ARC). Nosso SENHOR Jesus passou momentos de terror e muito sofrimento.
Marcos deixa claro que Jesus entrou no desfecho de Sua via crucis consciente daquilo que O aguardava em termos de sofrimento e aflição. O drama emocional no texto é imponderável. “Meu coração está a ponto de partir-se de aflição e tristeza”, Jesus revela. Suas palavras pintam o mais ilimitado grau de horror e sofrimento. Essa dramática expectativa não se define pela dor física, mas pelo fato de Ele tomar o fardo de todos os pecadores, enfrentando os horrores da segunda morte. Esse sofrimento é algo infinitamente maior do que qualquer perdido enfrentará, porque Ele esgota a taça do pecado de toda a humanidade.
II – UM AMOR PERSEVERANTE
“Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito” (João 19:30). As palavras finais da vida de Jesus são estas: “Está consumado”. Esse texto nos mostra que Ele combriu o seu voto. Através da morte de Cristo, Deus cumpriu Sua promessa. Ele concluiu Seu plano de oferecer resgate à raça humana. O que Jesus começa, Ele termina. O preço fora pago, a cédula de nossa dívida fora rasgada, cravada na cruz! (Cl 2.14)
Não é confortante saber que, o que Jesus começou em você, Ele planeja terminar? Você pode até haver desistido de tentar, mas Jesus não desistiu de você. O que Ele começou em sua vida, Ele planeja terminar.
Alguns de nós mudamos de lado com muita frequência. Quando vamos à igreja, junto às pessoas religiosas, somos religiosos. À noite, quando não estamos na igreja, pertencemos a outro grupo. Somos inconstantes. Somos como Pedro, confessamos o Senhor em um momento e, antes que a noite termine, nós O negamos.
Como precisamos da perseverança de Jesus! Lembre-se do exemplo e da admoestação de Cristo hoje. Esteja junto a Ele até que você possa dizer “está consumado”. Pois quem perseverar até o fim será salvo. Mt 24.13
III – O AMOR QUE PERDOA
A cruz foi o último púlpito de Jesus, e, para esse último sermão, Ele preferiu nos ensinar sobre o perdão, VAMOS LER LUCAS 23:33 e 34.
Um problema que nem todas as pessoas estão aptas a admitir, mas que todas as pessoas têm, é o de lidar com o perdão. Achamos muito difícil perdoar aqueles que nos traíram, que tiraram vantagem de nós, que nos acusaram erroneamente, que falaram mal de nós. E porque acreditamos ser difícil e até mesmo impossível perdoar aqueles que abusaram de nós, achamos, às vezes, que é impossível acreditar que Deus pode nos perdoar, pois se não perdoamos temos a dificuldade de recolher que Deus nos perdoa quando pecamos contra Ele.
Portanto, vivemos com o problema do perdão. Mas, quando Jesus vive em nós, Ele nos ajuda a nos lembrarmos do que o próprio Jesus faria em nosso lugar.
Será que há uma significância no fato de que esta oração de perdão tenha sido a primeira coisa dita por Jesus na cruz? “Pai perdoa-lhes.” Nada irá bem em sua vida até que você possa orar a mesma oração que Jesus orou: “Pai, perdoa-lhes”. Isso deve vir antes de qualquer coisa. Não pode haver crescimento na experiência espiritual até que possamos orar essa oração de perdão. Primeiramente, Jesus orou perdoando. Orar antes é o prenúncio do crescimento espiritual e do alívio do perdão.
Se você tem dificuldade em acreditar que Jesus o perdoa, veja: Ele perdoou aqueles que O pregaram na cruz antes mesmo que eles pedissem. E se Ele pode perdoar aqueles que O pregaram na cruz, certamente podemos acreditar que Ele pode nos perdoar também.
E assim, todos nós podemos viver envolvidos saudavelmente com a questão do perdão: perdoando os outros e aceitando o perdão de Cristo. Quando Jesus habitar em nosso coração, nós nos lembraremos de como Jesus lidou com a questão do perdão. Então, nós faremos o mesmo.
IV – SÓ EXISTE VIDA PLENA COM CRISTO
Jesus está na cruz então pronuncia as palavras registradas em Mateus 27:46, VAMOS LER.
Qual era o terror da cruz? Não foi a dor. Jesus não clamou nenhuma vez: “Que dor, Que dor, que dor insuportável!” Qual era o terror da cruz? Não foi o fato de Cristo haver sido negado por Seus amigos. Ele nunca clamou: “Meus discípulos, meus discípulos, por que vocês me desampararam?” O terror da cruz era que o pecado separou Jesus de Seu Pai. E a separação de Deus é a maior tragédia que pode acontecer a um ser humano. É exatamente por isso que Jesus clamou: “Meu Deus, Meu Deus, por que me desamparaste?”
Você já parou para pensar que, quando existe uma separação entre você e Deus, tudo o que você tem a fazer é confessar seu pecado? Mas os pecados que Jesus tomou sobre Si não haviam sido cometidos por Ele. Então, como poderia confessá-los? A separação parecia completa, total.
O que foi que matou nosso Salvador? A cruz? Não. Levava alguns dias para alguém morrer na cruz. O que foi que matou nosso Senhor? Será que foi a lança que feriu Seu lado? Não. Ele já estava morto nessa hora. O que foi então que matou nosso Salvador? Foi a separação do Pai, foi o pecado que se interpôs entre Ele e Deus.
Temos que solicitar a Jesus que nos faça entender a seriedade do pecado. Todos nós vivemos com o problema de nos esquecer da seriedade do pecado. Meus queridos amigos, se o pecado se interpôs entre Ele e Deus, se a separação matou Jesus, como podemos imaginar que estamos vivendo de verdade quando estamos separados de Deus? Só existe vida de verdade para aquele que anda com Cristo.
V – O AMOR QUE SE IMPORTA
Todos nós temos ofendido ou falhado em ajudar alguém. E podemos ainda ser mais cruéis: Quanto tempo faz que você não dá atenção para sua mãe? Essa pessoa que é tão importante e significativa na vida de um filho. Todos enfrentamos o problema da desconsideração, mas, quando isso acontece com uma mãe, é algo que machuca, que doe, é nojento ver um filho ou filha desconsiderar sua progenitora ou maltrata-la. É triste ver mães que foram abandonadas pelos filhos.
Jesus teve consideração por sua mãe e foi amável para com ela. Mesmo em agonia, desespero e frustração, Jesus foi amável. Você pode pensar que seria mais atencioso (a) se não fosse tão ocupado (a). Quem esteve mais ocupado do que Jesus na cruz? Mas, mesmo assim, Ele foi atencioso e Se importou. Jesus sabia que sua mãe estava sofrendo mais do que todos os outros.
Não sei se alguém que não é mãe pode verdadeiramente entender o horror da cruz para Maria. A agonia dela era a agonia de uma mãe. Maria estava em completo desespero enquanto via Jesus sobre a cruz. Seu coração sangrava com os ferimentos de seu Filho. Ela não conseguia se suster, precisava do apoio de João, o discípulo amado.
Ela desejava amparar a cabeça ferida de seu filho. Mas esse pequeno privilegio lhe foi negado. Maria olhava para Jesus, e pensa: “Isso não está certo, tudo está errado, o julgamento errado, o Reú não é Ele, o sangue derramado não deveria ser deste Santo, deste homem Deus.” Maria olha para Jesus como um Filho, sangue do seu sangue. Ainda alimenta a esperança de uma reviravolta, quem sabe Ele se livrasse dos seus inimigos, porém ela lembra que Ele havia predito tudo isso. Ela não queria acreditar, mas tudo era real, não era um sonho, estava acontecendo diante dos seus olhos.
Maria pensa “Será que aquele que deu a vida aos mortos vai se deixar ser crucificado?” Quando suas mãos são estendidas sobre a cruz e os soldados chegam com o martelo e os pregos, e ela vê sua carne tenra ser penetrado Maria desmaia, os discípulos afastam o seu corpo da cena cruel.
Aquele homem crucificado era o mesmo bebê que cresceu no seu ventre. Aquele que era considerado por todos como um criminoso, ela via como o filho que esteve em seu colo. As pessoas diziam que era um homem que estava morrendo, mas Maria olhava para o menino dela, pois para os pais, parece que os filhos não crescem. Aqueles olhos que transbordava de tanta vida, inocência e amor, ela contempla agora morto, pupilas dilatadas. Quem sabe em uma oração silenciosa ela tenha dito: “Deus, deixe eu morrer no lugar dEle, ou pelo menos deixe eu morrer com Ele.” Quem sabe Maria olha para a turba furiosa e pensa “se vocês soubessem o que eu sei, se tivessem visto o anjo dizendo: “O ente santo será grande e será chamado de Filho do altíssimo; Deus, o Senhor lhe dará o trono de Davi seu pai, e ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó e seu reino não terá fim.” Lc 1.32-33, com certeza vocês não estariam tratando Ele assim.
Maria vê o corpo de seu Filho ser perfurado por um golpe de lança, a vida não está mais nEle, será que ela deveria manter sua fé de que Ele é o Messias?
Essa é uma morte que se comemora, não por que o morto é uma pessoa ruim, mas por que ele é o substituto, “Ao Senhor agradou moê-lo” Is 53.10, enquanto Maria chora indefesa, em meio a sua impotência, Deus chora em sua onipotência. Diferente dela, Ele poderia fazer qualquer coisa, o que desejasse aconteceria, os anjos estavam pronto a obedecer a ordem do Criador e tirar o seu amado comandante da cruz, bastava uma ordem de Deus e tudo aquilo acabaria, “Mas ao Senhor agradou moê-lo, fazendo enfermar, quando der ele a sua alma em oferta pelo pecado.” Is 53.10
Jesus também teve tempo para Se lembrar de Seu amigo João, o discípulo a quem Ele amava. E, naquela hora, Jesus, o grande doador, entregou Sua mãe a João e João para Sua mãe. Ela tinha um filho e agora teria João. João tinha um melhor amigo e agora teria Sua mãe.
Apelo
Portanto, hoje sabemos que Jesus vive, não para ocupar o trono do Céu. Ele vive para ocupar o trono de seu e do meu coração. E se você permitir que Ele reine, então tudo valerá apena, Ele verá o fruto do Seu penoso trabalho e ficará satisfeito. O justo de Deus, com o seu sofrimento deseja te justiçar.
Pergunte a Cristo o que Ele quer que você faça. E esteja preparado para fazer o que Ele pede. Muitas pessoas nunca verão a cruz de Jesus em Jerusalém, mas elas verão sua vida. E elas devem saber com certeza que Jesus morreu, por você e por ela. Isso mesmo, você e eu precisamos ser o reflexo da cruz. Somos chamados a ser testemunhas de Jesus. Somos convidados a dizer ao mundo todo, através da nossa vida que o amor o amor morreu na cruz, mas ELE VIVE.