Da Desilusão à Missão
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Transcript
Como a realidade da ressureição nos motiva a cumprir a Missão de Deus no mundo!
Como a realidade da ressureição nos motiva a cumprir a Missão de Deus no mundo!
TEXTO:
19 Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos, com medo dos judeus, Jesus veio e se pôs no meio deles, dizendo: — Que a paz esteja com vocês!
20 E, dizendo isso, lhes mostrou as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram ao ver o Senhor.
21E Jesus lhes disse outra vez: — Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
22 E, havendo dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: — Recebam o Espírito Santo.
23 Se de alguns vocês perdoarem os pecados, são-lhes perdoados; mas, se os retiverem, são retidos.
João Ferreira de Almeida, trans., Nova Almeida Atualizada, Edição Revista e Atualizada®, 3a edição. (Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017), Jo 20.19–23.
INTRODUÇÃO
Com toda certeza todos nós já tivemos uma experiência em comum: decepção. Acredito que você, tanto quanto eu já colocou a esperança em algo ou alguém que lhe decepcionou. Decepções fazem parte da vida humana. É comum a todas as pessoas. Mas nós só nos decepcionamos porque colocamos a nossa esperança lá em cima e em pessoas que são feitas de carne e osso, assim como nós. Pessoas que são pecadoras e imperfeitas. Elevamos muito a nossa expectativa e depois, quando nos decepcionamos, repetimos todo o processo.
O Dicionário de Oxford vai definir a palavra “desilusão” como “perda da esperança”; “descrença”. “sentimento de tristeza”, “frustração”; “desapontamento”. Era exatamente assim que alguns discípulos neste texto se encontravam. Embora Jesus Cristo já havia ressuscitado e, até este momento, já havia aparecido a alguns dos seus discipulos, como a Maria Madalena, algumas mulheres, a Cleopas e seu companheiro e também a Pedro e João, alguns outros ainda estavam amendrontados sem saber o que fazer.
O versiculo 19 começa dizendo que os discípulos estão em uma casa, que é possilvelmete o cenáculo onde celebraram a última ceia. Eles estão com as portas fechadas e com medo dos membros do Sinédrio e das autoridades. A lógica é simples: se mataram o seu mestre de uma forma tão brutal e cruel, o que essas autoridades não seriam capazes de fazer com eles? É normal estarem com medo em uma situação dessas. Maria, Salomé, Joana, Pedro, João e outros estavam dizendo que viram Jesus ressurreto, mas somente essa verdade não bastaria. Alguns precisavam de mais evidências. Nem todos era como Maria, ou Pedro e João que viram a pedra removida e os lençois e acreditaram de primeira.
Talvez o motivo de estarem reunidos ali era para discutirem o que eles deveriam fazer com a realidade da ressurreição, para onde deveriam ir, por onde deveriam começar. Tudo ainda era muito novo e incerto, afora o medo que estavam sentindo e, em alguns, aflorava o sentimento de desilusão.
É bom termos me mente que os discípulos tinham uma ideia de uma ressurreição final, digamos, uma “ressurreição escatológica”. Os discípulos ainda não tinham concebido a ideia de uma pessoa ressuscitar no meio da História. Para os discípulos a ressurreição não era individual, mas sim, coletiva e futurista.
Os discípulos ainda não podiam imaginar o Messias morrendo e muito menos ressuscitando. Isso pra eles era inconcebivel porque eles sempre esperavam um Messias que destronaria o imperador e se assentaria no trono de Davi, libertando o povo da opressão e restaurando a dignidade de Israel.
Por isso alguns dos discípulos tinham a dificuldade de lidar com o fato da ressusrreição. Esse é o caso de Tomé.
É em meio a estas circunstancias que o texto vai dizer ainda no verso 19 “Jesus veio e se pôs no meio deles, dizendo: — Que a paz esteja com vocês!”
É maravilho pensar a partir do texto que Jesus Cristo aparece aos seus discípulos exatamente na hora em que mais estão precisando dele. Imagino alguém, no meio de cada conversa, falando: “Poxa, mas se Jesus estivesse aqui agora, nos daria tantas explicações…nos orientaria a como proceder a partir daqui”! E, de repente…Jesus aparece no meio deles e diz: Que a paz esteja com vocês! Jesus lhes saudou assim para fazer-lhes lembrar que o que lhes disse em Jo 14.27 - “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”.
Jesus estava efetivamente lhes declarando que a partir de sua ressurreição, a verdadeira paz agora era possivel!
Logo após essa saudação, Jesus lhes deu as evidências de que precisavam para crer na ressurreição “lhes mostrou as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram ao ver o Senhor.” A desilusão agora dá lugar a fé! O medo foi substituido pela esperança. Agora tudas as palavras que Jesus havia lhes ensinado sobrte a ressurreção fazia pleno sentido. Aqui se cumpre exatamente o que Jesus lhes prometeu quando ainda estavam no Cenáculo: “Assim também agora, vós tendes tristezas; mas outra ves vos verei; o vosso coração se alegrará e a vossa alegria ninguém a poderá tirar” (16.22).
E o que se segue a partir do verso 20 até o 23 são orientações de como eles deveriam se comportar; do que eles deveriam fazer tendo como base essa nova esperança da ressurreição.
Alguns estudiosos aqui vão concordar que Jesus ratifica o que ele já havia falado em oração ao Pai em Jo 17.18 - “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”. Só que a diferença é que Jesus dirige essas palavras aos seus discípulos: verso 21 “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.
Esse comissionamento significa dizer que Jesus continuaria colocando em prática o seu plano de redimir o mundo, só que agora por intermédio dos seus discipulos. Não é que Jesus, agora, está passando o bastão para seus discipulos, mas sim, que Jesus continuaria a desenvolver seu plano cósmico de redenção por meio do seu povo comissionado!
Esse comissionamento de Jesus significa TRÊS coisas:
Que a Igreja de Jesus Cristo fosse uma testemunha viva da grande Missão de Deus no mundo! Jesus estava voltando para o Pai e estava confiando a sua igreja a responsabilidade de ser a sua boca na Terra. O teólogo Michel Goheen, em seu livro A Missão da Igreja Hoje diz que “O povo de Deus desde o seu início, é um povo com um objetivo - escolhido e graciosamente abençoado para que todos os povos possam conhecer a bênção misericordiosa de Deus” (p.36). Os discípulos receberam a tarefa de proclamar que o Reino de Deus havia chegado e que a porta de entrada deste Reino era o arrependimento, porque Cristo havia morrido pelos pecados do seu povo. Nas palavras de Willian Barclay, a Igreja precisa ser “a boca que falasse por Jesus, os pés que levassem suas mensagens, as mãos que fizessem seu trabalho”.
Para que a Grande Comissão seja efetiva, a Igreja precisa de Jesus. A pessoa a ser enviada precisa de alguém que o envie; precisa de uma mensagem; precisa de uma força e uma autoridade que apóie sua mensagem; precisa de alguém para a quem dirigir-se quando está em duvida ou tem dificuldades. A Igreja precisa de Jesus. Sem Ele não há mensagem, não há poder; sem Ele não há a quem dirigir-se quando há problemas, não há ninguém que a ilumine, que dê poder a seu braço e que alente seu coração. De modo que isto significa que a Igreja depende de Jesus.
3. A garantia do sucesso da da Missão de Deus no mundo é assegurada no verso 22 que diz “E, havendo dito isso, soprou sobre eles e disse-lhes: — Recebam o Espírito Santo.” O fato é que a Igreja só pode ir e cumprir a Missão de Deus debaixo do poder e da influência do Espírito Santo. A Igreja do primeiro século colocava o mundo pagão de cabeça para baixo porque era uma igreja cheio do poder do Espírito Santo. Em Atos 17.6, alguns Judeus arrastaram alguns crentes e os levaram até as autoridades dizendo: “Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui”.
O impacto da ressurreição de Jesus causou nos seus discípulos dois efeitos:
1. Um forte efeito retroativo. Os discípulos, ao verem, de fato, seu mestre ali e ressurreto, se lembraram de tudo o que Jesus tinha dito em seu ministério, isto é, tudo o que Jesus ensinou e pregou ao longo de seus três anos e meio de ministério, e que foi plenamente confirmado pela ressurreição. Foi exatamente isso que causou a devoção do Cristianismo primitivo. Eles olharam para o seu Cristo ressurreto e passaram a adorá-lo.
2. Um outro efeito que a ressureição de Jesus causou em seus discípulos foi o grande impacto na força do seu testemunho para o mundo. Agora, ao invés dos cristãos ficarem acuados, amemdrontados e com as portas fechadas, eles vão ao mundo para proclamar a ressurreição de Cristo. E quando são perseguidos e ameaçados, eles respondiam com coragem: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 4.19; 5.29).
Por fim, importa dizer que, diante da realidade da ressurreição de Jesus - se de fato fomos plenamente impactados por essa realidade - tudo o que nos importa fazer é PROCLAMAR QUE JESUS CRISTO ESTÁ VIVO; QUE ELE REINA E QUER QUE OS HOMENS SE ARREPENDAM PARA QUE SEUS PECADOS SEJAM CANCELADOS PARA FAZEREM PARTE DO REINO DE DEUS QUE FOI INAUGURADO E QUE VIRÁ PLENAMENTE QUANDO JESUS CRISTO VOLTAR!