A justificação

Rm 5.1 “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;”

1. Interpretação - A palavra tem um sentido forense. Uma declaração, uma sentença, veredicto. É reconhecida como uma declaração juducial, que coloca alguém numa posição certa diante do Senhor, com base na expiação efetuada por Cristo. É assimilada mediante a fé no sangue vertido pelo Salvador, e acompanhada pela evidência da santificação transformadora na vida do crente.

A salvação acontece no ato da regeneração, por isso conclui-se que a justificação também é reconhecida neste mesmo momento. Embora justificação e santificação tenham signifcado diferentes, as implicações fazem parte de todo o processo de desenvolvimento espiritual no convertido.

2. Teólogos católicos romanos e racionalistas supõe que o termo tem o sentido de “tornar justo”, e isso significa que existe uma mistura de obras que auxiliam a fé. Isto vem a ser que as boas e sinceras obras, inspiradas pelo Espírito Santo em combinação com a fé é que vem a produzir a justificação. No entanto, essa doutrina de justificação envolve em sua definição a doutrina da santificação, e o resultado esperado consiste em uma posição de santidade que deva ser agradável diante do Criador. E através disso é que teria sido prometida a absolvição no juízo divino. Essa idéia nega frontalmente o que Paulo ensina em suas epístolas, porque inclui uma forma legalista, e relativiza a atuação da graça, gratuita de Deus, em Cristo Jesus.

3. Os escritos paulinos - embora Paulo se aproprie de um termo forense, a justificação é mais abrangente que apenas um decreto judicial. O termo abrange a mudança que a fé impõe no interior e no exterior, embora esse fato seja o resultado da regeneração, justificação, que inclui arrependimento e perdão.

*Calvino - no livro 3 cap. 17, escreve: definimos a justificação da seguinte maneira, que recebido à comunhão com Cristo, o pecador é pela graça reconciliado com Deus, enquanto, purificado por seu sangue, obtém a remissão dos pecados, e, vestidos da justiça de Cristo, como se fosse a sua própria, seguro se mantém diante do tribunal celestial.

*Calvino - explicamos a justificação simplesmente como a aceitação com a qual Deus nos recebe em sua graça como justos. E dizemos que ela consiste na remissão dos pecados e na imputação da justiça de Cristo.

O termo afirma claramente que o pecador é vestido com a justiça de Cristo, como se fosse sua, não porque ela intrinsicamente o seja, mas porque foi imputada como tal (2Co 5.21). O pecador não é justificado fora de Cristo, mas somente em Cristo, a base do sacrifício perfeito de Cristo e sob a condição da fé verdadeira. mediante o que esse pecador, purificado do seu pecado, torna-se unido a Cristo, passando a ser participante de sua vida santa (conf. 2Co 5.17).

4. Embora a reforma dê ênfase para a justificação somente pela fé, por causa da necessidade de libertar a teologia do legalismo católico romano, na verdade, é pela fé que nos apropriamos da justificação, que envolve:

*o perdão de pecados (Rm 4.7,8); obediência (Rm 2.13); futilidade da obediência (Rm 3.20).

*a santificação é outro elemento do processo (Rm 8.4), que indica possuir qualidades da paciência, da aprovação, da esperança e do amor (Rm 5.4,5).

*Dá a vida eterna (Rm 5.18). A justificação resultará na glorificação, que é sua operação final.