CONEXÕES. Marcos 1.1-15

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A vinda de Jesus como “Filho de Deus” trouxe ao homem o evangelho que o salva de seus pecados.

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Grande ideia: A vinda de Jesus como “Filho de Deus” trouxe ao homem o evangelho que o salva de seus pecados.
Estrutura: Jesus conectando-se com a tradição messiânica (vv. 1-8), Jesus conectando-se com o drama humano (vv. 9-13) e Jesus conectando-se com o evangelho de Deus (vv. 14,15).
Marcos foi o intérprete de Pedro, aquele que registrou as suas experiências com o Senhor Jesus. Pedro o chama de “filho” em uma de suas cartas (I Pedro 5.13). Ele morava em Jerusalém, quando sua mãe costumava receber em sua casa algumas reuniões dos crentes, conforme Atos 12.12. Foi companheiro de Paulo e Pedro em suas viagens missionárias, e pelo visto, estava em Roma por volta do ano 64 dC interessado em compor um tratado pastoral para confortar os cristãos daquela cidade, em um contexto de árdua perseguição.
1. Jesus, o Filho de Deus conecta-se à tradição messiânica. (vv. 1-8)
(a) É a introdução de todo o livro, referindo-se ao fato de que o mesmo é um tratado acerca de Jesus como sendo “Filho de Deus”.
No seu famoso livro “Cristianismo Autêntico”, Lewis fez a seguinte declaração, “Um homem que fosse um mero homem e dissesse o tipo de coisas que Jesus disse, não seria um grande professor de moral. Ele seria ou um lunático, igual a um homem que diz que é um ovo cozido, ou ele seria o diabo do inferno. Você terá que fazer sua escolha. Ou ele era e é o Filho de Deus, ou é um louco ou algo pior. Você pode tê-lo por um tolo ou você pode cair aos seus pés e chamá-lo Senhor e Deus. Mas não é permitido vir com algum disparate sobre ele ser um grande mestre. Ele não nos deixou esta opção.”
(b) Somente o “filho de Deus” poderia ser Redentor de todos os crentes:
Timothy Keller:
Ao fazer essa audaciosa afirmação, Marcos insere Jesus o mais profundamente possível na antiga e histórica religião de Israel. O cristianismo, segundo ele sugere, não é algo completamente novo. Jesus é o cumprimento dos anseios e visões de todos os profetas da Bíblia; ele é aquele que virá governar e restaurar todo o universo.
(c) Há uma ligação com a tradição religiosa israelita, ao pontuar o Cristo (Messias) sendo precedido por um “mensageiro”, de acordo com as profecias do Antigo Testamento.
João 1.6 (NAA)
6Houve um homem enviado por Deus, e o nome dele era João.
(d) Ele não seria um profeta, digamos assim, “convencional”, apesar de ser filho de sacerdote.
Ele seria “João, o Batista”, e pregaria em um lugar inusitado: o deserto. Ainda, sua mensagem não tinha um forte apelo popular, embora fosse muito bem assistida: “batismo de arrependimento para remissão de pecados”.
Mateus 11:11
11 - Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
(e) Por que o deserto?
Bruce Barton diz que João escolheu pregar no deserto por quatro razões: distanciar-se de qualquer distração, chamar a atenção do povo, romper com a hipocrisia dos líderes religiosos que preferiam o conforto em vez de fazer a obra de Deus e cumprir a profecia de Isaías.
(f) Seu estilo pessoal era, no mínimo, estranho: ele vem com uma forte identificação com o ministério de Elias.
Mateus 17:12-13
12 - Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem.
13 - Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista.
(g) Seu estilo de vida denunciava um desprezo à religião meramente estilística:
William Hendriksen:
O ponto central é que, pelo seu modo simples de vida, tão evidente nos quesitos da comida e vestimenta, ele era um protesto vivo contra toda jactância e autoindulgência, bem como contra toda frivolidade, descuido e falsa segurança com os quais muitos estavam acelerando seu próprio fim.
(h) Em suma:
Hernandes Dias Lopes:
Ele não tinha títulos, diplomas ou outros atrativos aplaudidos pelo mundo, mas tinha o poder de Deus e a unção do Espírito.
(i) Para terminar esse ponto:
Eram dias de intensa pregação arrependimento para remissão de pecados. E João Batista foi o profeta que Malaquias profetizou que viria para converter o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos aos pais.
Malaquias 4:5-6
5 - Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR;
6 - E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.
2. Jesus, o Filho de Deus conecta-se com o drama humano. (vv. 9-13)
(a) Jesus percorre 160 km para dar seu testemunho de identificação com a experiência humana.
Jesus veio da cidade onde ele havia sido criado, Nazaré, para ser batizado por João. Foi o encontro inusitado do mensageiro com a mensagem encarnada.
(b) Ele foi batizado para cumprir quatro funções neste ato: momento de decisão, identificação, aprovação e capacitação.
(c) No batismo de Jesus, aquele que batiza com o Espírito Santo (e com fogo) recebe seu reconhecimento celestial:
Mateus 3:11
11 - E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.
Justino Mártir disse que quando Jesus foi batizado, um fogo se acendeu no Jordão- e há uma tradição antiga de que uma grande luz brilhou ao redor do lugar. O Espírito traz luz e também calor.
(d) O Espírito Santo aqui tem um papel importantíssimo:
O Espírito Santo, o mesmo que “pairava sobre a face das águas” intervém na demonstração de sua glória, aprovando o ato de obediência do Senhor Jesus ao se submeter ao batismo de João.
Gênesis 1:2
2 - E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
Timothy Keller:
O verbo hebraico aqui significa “bater as asas”: o Espírito sobrevoava a face das águas. A fim de captar essa vívida imagem, os rabinos traduziram essa passagem para os targuns do seguinte modo: "A terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas como uma pomba". Disse Deus: Haja luz".
(e) Agora, ele recebe a legitimação de sua missão em uma mega visão da glória do Deus triúno:
Isaías 42:1
1 - EIS aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios.
- Estamos diante da manifestação da Trindade Divina. Na fala do Deus Pai, confirmação do chamado do Filho para ser “obediente até a morte, e morte de cruz”.
Filipenses 2:8
8 - E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
(f) Agora, Jesus é levado para um nível ainda mais intenso de identificação com a humanidade: ele é tentado. O quadro apresenta outra cena:
Jesus vai repentinamente do sorriso aprovador do Pai para as ciladas do maligno. Jesus saiu da água do batismo para o fogo da tentação. Jesus passou imediatamente da glória do batismo à prova da tentação.
(g) O mesmo Espírito que o aclamou, agora o leva como um “guia por excelência” ao local da tentação.
(h) Trata-se de outro deserto, bem mais inóspito do que o do verso quatro:
Não era o mesmo deserto do verso quatro: aqui é o deserto de Jericó, lugar ermo, cheio de montanhas e cavernas, de areais escaldantes durante o dia e frio gélido à noite. O deserto era um lugar de desolação e solidão.
(i) Lá, como os cristãos em Roma (os primeiros destinatários desse tratado pastoral), Jesus estava em meio às feras.
Aquele deserto era um lugar onde viviam hienas, lobos, serpentes, chacais, panteras e leões.
É digno mencionar que Adão e Eva caíram num jardim, onde todas as suas necessidades eram supridas e todos os animais eram dóceis. Jesus triunfou sobre o diabo num deserto, onde todas as suas necessidades não estavam supridas e todos os animais eram feras.
(j) Ele foi tentado não por uma força, mas por uma pessoa: Satanás.
Tiago 1:13
13 - Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.
(k) Jesus venceu a tentação:
Jesus em tudo foi tentado, mas sem pecado. Ele não pecou, porque Satanás não encontrou no coração de Jesus nenhuma inclinação para o mal. É a importante doutrina da impecabilidade de Cristo.
Hebreus 4:15
15 - Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
(l) Mas, ele terminou sendo servido (materialmente) por anjos.
Salmos 91:11
11 - Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
3. Jesus, o Filho de Deus conecta-se com a pregação do “evangelho de Deus”. (vv. 14,15)
(a) Jesus evitou uma exposição pessoal antes do tempo, para evitar “desvios de rota”.
Hernandes Dias Lopes:
Não devemos antecipar crises nem nos desviar da nossa meta. Ele nos ensina que não devemos alimentar o pecado humano, promovendo ciúmes e contendas desnecessariamente.
(b) Ele pregava o “evangelho de Deus”:
Atos 20:24
24 - Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.
Efésios 2:8-9
8 - Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
9 - Não vem das obras, para que ninguém se glorie;
Timothy Keller:
O evangelho está no fato de que você tem acesso a Deus não com base em algo que você tenha feito (ou tenha deixado de fazer), mas com base naquilo que Jesus fez, na história, por você.
Lembre-se do que é religião: um conselho sobre como você deve viver para conquistar acesso a Deus.
O evangelho não é conselho: é a boa-nova de que você não precisa conquistar acesso a Deus, pois Jesus já fez isso por você. E é um dom que você recebe por pura graça- por meio do favor de Deus, totalmente imerecido.
(c) Sua mensagem era direta: “o tempo está cumprido, é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos e crede no evangelho”.
“A mensagem”: “O tempo é agora! O Reino de Deus está aqui. Mudem de vida e creiam na Mensagem”.
(d) O Reino de Deus seria o domínio dele a partir dos corações dos homens, atingindo todas as estruturas da sociedade e do mundo conhecido.
Hernandes Dias Lopes:
O Reino vem em Jesus. Onde está o Rei, aí está o Reino. O Reino de Deus chegou com ele. Esse Reino está entre nós e dentro de nós. O Reino de Deus é espiritual. É o Reino do amor de Deus no coração do pecador arrependido e crente.
(e) O cerne do evangelho que Jesus pregava era o Reino de Deus, trazendo salvação aos homens.
(f) Para receberem a salvação, os homens deveriam se arrepender de seus pecados e crerem no “evangelho de Deus”.
Hernandes Dias Lopes:
Quem não tem do que se arrepender, não demonstra verdadeira necessidade de crer. Onde não há verdadeiro arrependimento, não há fé autêntica. O arrependimento implica tristeza pelo pecado, confissão do pecado e fuga do pecado, enquanto a fé implica confiança segura em Cristo.
(g) A salvação está exclusivamente em receber no coração o evangelho que não é fabricado pelos homens, mas vem do próprio Deus.
Warren Wiersbe diz que o evangelho de Deus revela que ele vem de Deus e nos leva para Deus.
(h) Sem arrependimento genuíno e fé autêntica não há salvação de pecados!
J. C. Ryle:
Indaguemos a nós mesmos o que sabemos a respeito desse arrependimento e dessa fé. Já sentimos e abandonamos os nossos pecados? Já descansamos em Cristo e nEle confiamos? Podemos chegar ao céu sem muita cultura, riqueza, saúde ou grandeza neste mundo. No entanto, jamais chegaremos ao céu se morrermos na impenitência e na incredulidade.
04. Outras aplicações:
(a) O Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus deve ser o padrão de nossa fé e conduta.
(1.1; 1.14; 1.15; 8.35; 10.29; 13.10; 14.9; 16.15)
(b) A simplicidade do Evangelho exige que rompamos com os valores cada vez mais exigentes de nossa sociedade saturada pelo consumo.
(c) Nem sempre pregar às multidões de pessoas significa ter pessoas dispostas a se converterem de seus maus caminhos.
Ezequiel 3:10-11
10 - Disse-me mais: Filho do homem, recebe no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer, e ouve-as com os teus ouvidos.
11 - Eia, pois, vai aos do cativeiro, aos filhos do teu povo, e lhes falarás e lhes dirás: Assim diz o Senhor DEUS, quer ouçam quer deixem de ouvir.
J. C. Ryle:
Ao deixarmos esta passagem de Marcos, indaguemos a nós mesmos quanto já conhecemos, por experiência, das verdades que João Batista pregava. O que pensamos acerca de Cristo? Já sentimos a necessidade que temos dEle e já nos refugiamos nEle para termos paz com Deus? Jesus é Rei sobre nossos corações e sobretudo quanto diz respeito às nossas almas? O que pensamos do Espírito Santo? Já operou Ele qualquer obra em nossos corações? Ele já os renovou e os transformou? Já nos tornou participantes da natureza divina? A vida e a morte dependem das nossas respostas a essas indagações.
(e) Aprendamos com as verdades deste texto que:
- Todo cristão deve esperar tempos de prova.
- Todo cristão deve estar atento aos diversos métodos de Satanás.
- Todo cristão deve acautelar-se acerca da perseverança de Satanás.
- Todo cristão precisa estar preparado para os dias de provas.
- Todo cristão deve buscar em Jesus exemplo e socorro na hora das tentações.
- Todo cristão precisa compreender que Deus não nos permite sermos provados além das nossas forças.
- Todo cristão precisa resistir ao diabo.
Tiago 4:7
7 - Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
- Deus sempre enviará seus anjos em nosso favor.
Mattew Henry:
Observe que o ministério dos anjos bons a nosso favor é uma questão de grande consolo, em contraste com os maldosos desígnios dos anjos maus contra nós- entretanto, o que mais nos favorece é termos o precioso Espírito Santo morando nos nossos corações.
Ilustr.
Enquanto eu escrevia este livro, minha filha Jenna e eu passamos vários dias na velha cidade de Jerusalém. (Eu prometera levar cada uma de minhas filhas a Jerusalém, quando completassem doze anos.) Uma tarde, quando saíamos pelo portão Jafa, vimo-nos atrás de uma família de judeus ortodoxos — um pai e suas três filhinhas. Uma das garotas, talvez com quatro ou cinco anos, ficou alguns passos atrás, e não pôde enxergar o pai. "Aba!", chamou ela. Ele parou e olhou. Só então compreendeu que se afastara de sua filha. "Aba!" chamou ela, novamente. Ele a localizou, e imediatamente estendeu-lhe a mão. Ela a segurou, e eu, mentalmente, tomei nota enquanto eles prosseguiam. Eu queria ver as ações de um aba.
Ele segurou firmemente a mão da filha, enquanto desciam a rampa. Quando ele parou numa rua movimentada, ela caminhou pelo meio-fio, e ele a puxou de volta. Quando o semáforo abriu, ele guiou-a juntamente com suas irmãs através do cruzamento. No meio da rua, ele abaixou-se, tomou-a nos braços, e continuou a jornada.
Não é disso que todos precisamos? Um aba que ouve quando chamamos? Que segura nossa mão, quando estamos fracos? Que nos guia através dos cruzamentos agitados da vida? Não carecemos todos de um aba que nos tome nos braços, e nos carregue para casa? Todos precisamos de um pai. – Max Lucado "A Grande Casa de Deus" – Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 122.
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