Teologia da Generosidade

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Introdução

Hoje estamos encerrando a nossa série sobre dinheiro, e para finalizar falaremos sobre um tema central para a relação do cristão com o dinheiro, a generosidade.
Falar em generosidade e vida cristã, passa pela nossa contribuição no contexto de filhos de Deus e parte da sua igreja. E sobre esse tema podemos cair em dois extremos perigosos:
Em primeiro lugar, ocultar o tema. Há igrejas que jamais falam sobre dinheiro com medo de escandalizar as pessoas. Há aqueles que ainda hoje pensam que dinheiro é um tema indigno de ser tratado na igreja. O apóstolo Paulo não pensava assim, ele fala isso em suas cartas. Jesus falou sobre isso com seus discípulos.
Em segundo lugar, desvirtuar o tema. Há ainda o grande perigo de pedir dinheiro com motivações erradas e para finalidades duvidosas. Há muitos pregadores inescrupulosos que usam de artifícios mentirosos e arrancam dinheiro dos fiéis para abastecer-se. Há igrejas que usam métodos escusos para fazer levantamento de gordas ofertas destinadas não à assistência dos necessitados nem ao sustento da obra de Deus e pela causa do evanglho, mas ao enriquecimento de obreiros fraudulentos.
Esses dois extremos ocorrem por conta de um câncer dentro da igreja chamado "Teologia da Prosperidade", mas quando olhamos para o evangelho, vemos que a lógica é outra "Teologia da Generosidade". Para entender essa lógica do evangelho em relação ao dinheiro, meditaremos no texto de 2 Coríntios 8.
2Coríntios 8.1–15 NAA
1 Também, irmãos, queremos que estejam informados a respeito da graça de Deus que foi concedida às igrejas da Macedônia. 2 Porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles transbordou em grande riqueza de generosidade. 3 Porque posso testemunhar que, na medida de suas posses e mesmo acima delas, eles contribuíram de forma voluntária, 4 pedindo-nos, com insistência, a graça de participarem dessa assistência aos santos. 5 E não somente fizeram como nós esperávamos, mas, pela vontade de Deus, deram a si mesmos, primeiro ao Senhor, depois a nós. 6 Isto nos levou a recomendar a Tito que, assim como havia começado, também completasse esta graça entre vocês. 7 Mas como em tudo vocês manifestam abundância — na fé, na palavra, no saber, em toda dedicação e em nosso amor por vocês —, esperamos que também nesta graça vocês manifestem abundância. 8 Não digo isto na forma de mandamento, mas para provar se o amor de vocês é sincero, comparando-o com a dedicação de outros. 9 Pois vocês conhecem a graça do nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que, por meio da pobreza dele, vocês se tornassem ricos. 10 E nisto dou a minha opinião: convém que vocês façam isto, vocês que, desde o ano passado, começaram não só a fazer, mas também a querer. 11 Terminem, agora, a obra começada, para que, assim como mostraram boa vontade no querer, assim também completem essa obra, dando de acordo com o que vocês têm. 12 Porque, se há boa vontade, a oferta será aceita conforme o que a pessoa tem e não segundo o que ela não tem. 13 Não se trata de fazer com que os outros tenham alívio e vocês tenham sobrecarga, mas para que haja igualdade. 14 Neste momento, a abundância que vocês têm supre a necessidade deles, para que a abundância deles venha a suprir a necessidade que vocês vierem a ter. Assim, haverá igualdade, 15 como está escrito: “Quem recolheu muito não teve demais; e o que recolheu pouco não teve falta.”
Gostaria primeiramente explicar o contexto da carta. No governo do imperador romano Cláudio, houve um período de grande fome em todo o mundo, fato esse profetizado por Ágabo. Nesse mesmo tempo, os judeus que moravam em Roma foram expulsos, e uma pobreza assoladora atingiu os cristãos da Judéia. Então as igrejas da região se mobilizaram em uma campanha de ofertas para suprir irmãos de igrejas que estavam em regiões mais pobres. Este texto fala de uma generosidade centrada no evangelho, uma contribuição extraordinária, além do dízimo ordinário daqueles irmãos.
A contribuição cristã é uma prática bíblica, legítima e contemporânea. Andrew Murray diz que o homem é julgado pelo seu dinheiro tanto no reino deste mundo quanto no reino dos céus. O mundo pergunta: quanto esse indivíduo possui? Cristo pergunta: como esse homem usa o que tem? O mundo pensa, sobretudo, em ganhar dinheiro; Cristo, na forma de dá-lo. E quando um homem dá, o mundo ainda pergunta: quanto dá? Cristo pergunta: como dá? O mundo leva em conta o dinheiro e sua quantidade; Cristo, o homem e seus motivos. Nós perguntamos quanto um indivíduo dá. Cristo pergunta quanto lhe resta. Nós olhamos a oferta. Cristo pergunta se a oferta foi um sacrifício.
Olhando para este exemplo das escrituras, podemos observar alguns princípios para toda a contribuição cristã, as ordinárias (o dízimo) e as extraordinárias:

1. A contribuição cristã é uma graça de Deus concedida à igreja (8.1)

Paulo ensinou à igreja que contribuir é um ato de graça. Generosidade não é algo que você faz para Deus, mas uma dádiva imerecida de Deus para nós. Enquanto você não entender que contribuir é um privilégio, você nunca vai usufruir da alegria da generosidade. Neste sentido, podemos afirmar que:
"Na matemática do Reino, gnhamos o que doamos e perdemos o que retemos".

2. A contribuição cristã é um paradoxo (8.2)

Os crentes da Macedônia enfrentavam tribulação e pobreza, a fome assolou TODO o mundo, e isso não foi um impeditivo para ofertar. Todos estavam perseguidos pelas pessoas e oprimidos pelas circunstâncias. Eles eram pressionados pela falta de quietude e pela falta de dinheiro. Essas duas situações adversas, entretanto, não os impediu de contribuírem com generosidade e alegria. Sob perseguições e na pobreza, a graça produziu, na Macedônia alegria e a generosidade. Generosidade não diz a respeito de quanto sobra, mas uma condição do coração, é um graça e é paradoxal.

3. A contribuição é transcendente (8.3-5)

Aqueles irmãos transcederam em sua contribuição porque deram além do esperado, doaram mesmo quando não foi solicitado, foi expontâneo. Aqueles irmãos já contribuima de forma ordinária, o dízimo se tornou parâmetro para a contribuição regular e proporcinal para cada crente, na primeira carta aos Coríntios Paulo adverte aqueles irmãos sobre esse aspecto (fala sobre o sustento dos pastores), e vemos aqui cada irmão voluntariamente insistindo em fazer além. A contribuição para o Cristão é fruto do senso de compromisso e também por entender que tudo que tem, vem de Deus e pertence a Deus.

4. A contribuição é adoração (8.8-9)

Há igrejas que estão desengavetando as indulgências da Idade Média e vendendo as bênçãos de Deus (Hernandes Dias Lopes). Há igrejas que levantam dinheiro apenas para se enriquecer, lançando mão de metodologias abusivas. A igreja não pode imitar o mundo (mente para consumo). Este enriquece tirando dos outros; o cristão enriquece dando aos outros. A contribuição cristã não deve ser compulsória. Não devemos contribuir por pressão psicológica. Contribuição cristã não é uma espécie de barganha com Deus. Mas para o cristão autêntico a contribuição é resultado do exemplo de Cristo. O apóstolo Paulo escreve: “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornastes ricos” (8.9). Cristo foi o maior exemplo de generosidade. Graça por graça.
Damos dinheiro? Cristo deu sua vida!
Damos bens matérias? Ele nos deu a vida eterna.
Cristo, sendo rico, fez-se pobre para nos fazer ricos. Cristo esvaziou-se, deixando as glórias excelsas do céu para se fazer carne e habitar entre nós. Ele nasceu numa cidade pobre, numa família pobre e viveu como um homem pobre que não tinha onde reclinar a cabeça. Jesus nasceu numa manjedoura, cresceu numa carpintaria e morreu numa cruz. Ele constitui-se para nós o exemplo máximo de generosidade. Se Cristo deu tudo por nós, incluindo sua própria vida, para nos fazer ricos da sua graça, devemos de igual modo, oferecer nossa vida e nossos bens numa expressão de terna generosidade. Contribuir é um ato de adoração, por isso é um elemento de culto.

5. Proporcional(12-15)

A contribuição cristã deve ser segundo a prosperidade (1Co 16.2) e segundo as posses (2Co 8.11). Não dá liberalmente quem não oferta proporcionalmente. Não dá com alegria quem não dá proporcionalmente. A proporção é a prova da sinceridade. Uma condição decorre da outra. Deus é o juiz. Jesus elogiou a pequena oferta da viúva pobre, dizendo que ela havia sido maior do que a dos demais ofertantes. Os outros haviam dado sobras; a oferta da viúva era sacrificial. Por outro lado vvemos no livro de Atos a história de um casal em Atos 5, Ananias e Safira que vendem uma propriedade e mentem sobre o valor que doariam e são punidos. Eles não foram obrigados a vender nem a doar, mas mentiram para alimentar sua vaidade no meio da congregação.
A contribuição proporcional deve ser vista como um privilégio, e não como um peso. “Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade” (8.13). Paulo propõe um privilégio, e não um peso. Deve existir igualdade de bênçãos e igualdade de responsabilidades. Não seria justo que só a Macedônia suportasse a despesa, como não seria conveniente que só ela desfrutasse da bênção de contribuir. Quando há proporcionalidade na oferta não há sobrecarga para ninguém. Quem muito recebe, muito pode dar. Quem pouco recebe, do pouco que tem ainda oferece uma oferta sacrificial. Devemos contribuir de acordo com a nossa renda, para que Deus não torne a nossa renda de acordo com a nossa contribuição. A contribuição proporcional promove igualdade, e não desequilíbrio.

Aplicação

Paulo está falando expecificamente sobre uma campanha de ofertas afim de suprir a necessidade de outras igrejas que passavam por necessidades. Mas a contribuição cristã está presente em toda bíblia, tendo o dízimo como parâmentro. Por isso eu gostaria de desconstruir alguns conceitos equivocados a respeito do dízimo:
O Dízimo foi abolido com a Lei - Primeiro temos que considerar que o dízimo foi dado 400 anos antes da Lei por Abrão a Melquisedeque, de fato se torna parte da Lei e ganha esse peso para o o povo de Israel. No Novo Testamento não vemos a abolição do dízimo, mas a superação dele. Jesus advertiu religiosos que dizimavam mas não os anistiou da prática:
Mateus 23.23 NAA
23 — Ai de vocês, escribas e fariseus, hipócritas, porque vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezam os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Mas vocês deviam fazer estas coisas, sem omitir aquelas!
Nas cartas pastorais os crentes são advertidos sobre a responsabilidade no sustento da obra de Deus.
1Timóteo 5.17–18 NAA
17 Devem ser considerados merecedores de pagamento em dobro os presbíteros que presidem bem, especialmente os que se esforçam na pregação da palavra e no ensino. 18 Pois a Escritura declara: “Não amordace o boi quando ele pisa o trigo.” E, ainda: “O trabalhador é digno do seu salário.”
Como a generosidade tem a ver com a nossa relação com Deus? Investimos em tudo que ganha nosso coração. Quanto você gasta com um filho? Quanto você gasta com aquele esporte que você ama? Tudo que ganha nosso coração reflete no nosso bolso. A dificuldade em contribuir está relacionado a uma condição do coração. Eu só consegui ser constante na contribuição quando passei a fazer isso primeiro antes de todas as outras coisas. Generoosidade tem muito mais a ver com o ofertante do que com a oferta, por isso a bíblia diz que Deus ama quem dá com alegria. Não é a oferta que Deus ama, mas o ofertante, Ele é dono de tudo e quando nós damos isso nos faz lembrar regularmente quem de fato é o dono de tudo.

Conclusão

Quando olhamos para o evangelho vemos o maior exemplo de generosidade. Não só alguém que se entregou (tavez você tenha coragem de morrer por alguém), mas um pai que ofertou o filho por quem não merecia (maior trauma na vida de um ser humano - enterrar um filho). Como não se ofertar a um Deus assim? Como não confiar no sustento de um Deus que deu um Filho para nos salvar?
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