A Revelação do Reino de Deus

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Introdução

Mistérios ocultos - quem nunca se interessou por aquilo que é desconhecido? O segredo das pirâmides do Egito? Onde está escondida a arca da aliança? Onde foi enterrado o corpo de Alexandre o Grande?
Muitas religiões e tradições são feitas de mistérios e perguntas outrora desconhecidas.
Podemos dizer o mesmo a respeito do Cristianismo? Que mistérios precisamos descobrir? Ou será que foi tudo revelado?

I. O Reino de Deus é revelado (vs. 21-23)

1. O Caráter do Reino de Jesus
Jesus diz à multidão e aos seus discípulos e seguidores sobre o caráter do reino que ele veio trazer, por meio das parábolas que contava.
Não se tratava de um reinado político e revolucionário, como esperavam os judeus em suas crenças, mas do cumprimento de profecias feitas outrora pelos profetas do Antigo Testamento sobre um reino que seria visto por todos e cresceria de forma que alcançaria toda a terra, subrepondo os maiores reinados da história (Daniel 2).
Para descrever a natureza revelacional do Reino que veio trazer, Jesus propôs uma outra parábola, na qual ele utiliza de alguns ditados judaicos para mostrar o quanto o seu reinado e a sua verdade ao mundo é clara para todos os que podem ouvi-lo!
2. A candeia, o cesto e a cama
Jesus se compara aqui aos mestres da lei, que se dedicavam a trazer os significados escondidos, ocultos na lei e na tradição, e expor para seus ouvintes. Talvez, os elementos que Jesus utiliza nessa parábola (cama, vasila em 7.2) relembrem a tradição judaica e seus ritos. Isso é feito para mostrar a soberania de Cristo sobre tais ritos.
Cristo inicia sua parábola com uma pergunta retórica, afirmando que nínguém coloca uma lamparina, criada com o propósito de iluminar um cômodo em um lugar escondido, onde as pessoas não possam ver sua luz, debaixo de um cesto ou uma cama. Antes, coloca-a em um lugar visível, como um velador, um suporte utilizado na época, justamente com esse fim.
Assim, Jesus faz um paralelo com os mestres da lei, que tinham a incumbência de explicar as Escrituras para que as pessoas entendessem, de modo que, quando vissem a manifestação do Reino de Deus, elas cressem, no entanto, os mestres da lei não agiam assim. Pelo contrário, ocultavam a verdade sobre Cristo, para manterem sua fama, seu status, sua importância perante as pessoas, motivados por inveja e ganância.
Diferentemente dos mestres da lei, Jesus veio para trazer um ensino claro; trazer luz às pessoas que vivem nas trevas, a respeito do plano redentivo do Senhor. Ele não escondia sua luz, apesar de falar em parábolas para que muitos ouvindo não entendessem, e mesmo pedindo que não contassem sobre os seus milagres, por determinado tempo. Sua luz estava sendo vista por seus discípulos e por todos que criam nele, além de todas as cidades da época! E seria vista por todo o mundo gentílico, por diferentes nações, povos línguas em épocas distintas!
Jesus enfatiza essa verdade quando diz que não há nada oculto, senão para ser manifesto; e nada escondido, senão para ser revelado. (Mc 4.22). O que o mestre nos ensina é que a sua obra não ficaria escondida, encoberta, mas seria vista, conhecida por todos! Ainda que de forma progressiva!
De acordo com Grant Osborne, é provável que a manifestação de Jesus entendida aqui tenha duas ênfases interdependentes:
A ressurreição de Jesus é o momento decisivo em que sua candeia iluminará o mundo (João 8.12);
Sua consumação se dará apenas na segunda vinda, quando todos verão sua glória e todo joelho se dobrará perante Cristo (Filipenses 2.10).
3. Um chamado para ouvir
No v. 23, Jesus chama os seus discípulos e seguidores para se atentarem e ouvirem! Chama-os a única reação viável diante desse discurso, diante do Senhor: ouvir e obedecer as verdades de Deus em Jesus.

II. O Reino de Deus é revelado aos que ouvem e obedecem (vs. 24-25)

Sendo assim, Cristo estabelece a continuidade de sua parábola utilizando um provérbio da tradição judaica, derivado do comércio, para mostrar a o quão responsáveis as pessoas são pelo o que elas estão ouvindo dele.
A ênfase dos vs. 23-24 repousam no ouvir. A ordem para ouvir, na língua grega, está associada a um verbo que significa “preste atenção!” “fique atento” “esteja vigilante”, seguida pelo ouvir três vezes. A verdade que Jesus estava falando, revelando aos seus discípulos sobre o seu reino eram e são de imprescindivel importância e significado! A pessoa se tornaria responsável pelo que ouviu.
Essa verdade é ressaltada pelo provérbio repetido nos lábios de Jesus: Com a medida com que tiverem medido vocês serão medidos, e mais ainda lhes será acrescentado.(Mc 4.24). Como disse anteriormente, esse provérbio era utilizado como um adágio para as transações comerciais, evocando dos comerciantes que eles agissem de acordo com as leis precritas, evitando a usura e a balança enganosa, pois se assim agissem, o mesmo seria para eles e ainda seria acrescentado mais. Esse provérbio descreve o princípio da reciprocidade, que afirma que quanto mais você recebe, mais responsável você se torna para lidar com o que você recebeu. Ou seja, o que fizermos para com Deus também receberemos dele. Neste caso, se os seguidores de Jesus ouvirem atentamente o ensino de Cristo, serão recompensados por Deus. Quanto mais você ouve, mais entendimento você recebe da parte Deus para viver em seu reino.
Isso também mostra o espírito da lei, ensinado pelos rebinos de uma época posterior de que cada pessoa era responsável pelo que tivessem recebido.
Essa verdade ressoa o ensino de Cristo na parábola do semeador, quem ouve suas palavras é o solo fértil que recebeu a semente, onde germinou e frutificou.
O v. 25 nos mostra que isso se aplica também aos que não ouviram. Pois ao que tem mais será dado; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado (Mc 4.25). Conforme asseveram Osborne e James Edwards, quem não abre o coração, falha em receber o mistério em Jesus, descobre que até o que ele tem lhe será tirado, ou seja, perde o pouco entendimento e as poucas bênçãos que tinha inicialmente, tornando-se semelhante aos três tipos de solo da parábola do semeador, que receberam as sementes, mas não geminaram e frutificaram. Como afirma Edwards, “a compreensão do Reino de Deus não é uma habilidade humana, mas uma capacidade criada por Jesus Cristo no coração do cristão.”

Aplicações

1. Iluminados pelo Espírito Santo, através das Escrituras, recebemos a maior revelação sobre Deus.
Hoje somos testemunhas da grande revelação que ocorreu a mais 2000 anos atrás! Como temos testemunhado dessa verdade?
2. Somos responsáveis pela verdade que continuamente ouvimos.
Parafraseando a famosa frase dita ao pequeno príncipe, “você se torna eternamente responsável por aquilo que você ouve”. Se temos ouvido cotidianamente o Evangelho, de que forma temos respondido a Deus? Temos crescido em compreensão e graça? Se você rejeita a Cristo e sua palavra, você rejeita o próprio Senhor!
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