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Transcript
Na história da igreja, existiram três teólogos, os demais como nós, são notas de rodapé. Esses três teólogos foram: Apóstolo Paulo, Santo Agostinho e João Calvino. O terceiro que citei, Calvino, cria que antes de se ler a Palavra de Deus, se fazia necessário orar, pois, através de sua leitura Deus falaria também aos que lhe aprouvesse. Então oremos, para que Deus através das Sagradas Letras, nos exorte, nos console e se necessário nos salve.
Texto: Rute 1.7-19a (Deus Salva os Improváveis)
[Introdução]: Entendo que a melhor forma de iniciar, é com a imagem proporcionada pelas palavras do Senhor Jesus. Suas palavras são explicitamente claras e concisas. Ele diz: “Entrem pela porta estreita! Porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela. Estreita é a porta e apertado é o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que o encontram” (Mt 7.13,14). Acredito que todos aqui devem conhecer ou já ouviram falar de um homem chamado John Newton, ele nasceu no século XVIII e morreu no século XIX. Filho de marinheiro, possuía um espírito tempestuoso e revoltado. Ele era um traficante de escravos em um navio negreiro, era um homem blasfemo, que zombava da fé alheia. Em uma de suas viagem, o mar se revoltou e uma tempestade assolou seu navio, a ponto dele e dos demais pensarem que morreriam, John Newton após tirar vários baldes de água do navio, declara as seguintes palavras [Uma Necessidade:] “Se essa tragédia não vai terminar, que Deus tenha misericórdia de nós”. Imediatamente, sentiu-se constrangido e indigno, a ponto de pensar que não haveria misericórdia para ele, o pior dos pecadores. Ele pensou mais, e mais alto, acreditando que seus pecados eram grandes demais para serem perdoados. Ele sentiu-se o pior dos pecadores. Como ele permanecia muito tempo no mar, outra tempestade o encontrou, e desta vez pensando que morreria, entregou sua vida para Deus, entendendo então que existe um Deus que ouve e responde orações. [Frase-tema, conf. P4:] Deus Salva Os Improváveis.
[Página 1:] O texto possui duas cenas.
Cena 1: Noemi e suas noras no caminho para Judá. (1.7-19a)
Cena 2: Noemi e Rute chegam a Belém. (1.19b-22)
O nosso foco será dado totalmente na Cena 1, onde encontramos três mulheres no caminho para Judá, é neste local onde se desenvolve o grande drama de vida de cada uma delas. Essas mulheres possuíam algo que as unia, ambas estavam viúvas. O marido de cada uma delas havia morrido, elas entendiam o sofrimento uma da outra, pois além de estarem viúvas, elas estavam desamparadas. Pois, se não havia marido, não havia sustento. O diálogo dessas mulheres demonstra a calamidade que elas estavam vivenciando. [Frase Foco P1:] O Povo de Deus é Incapaz de Percebê-lo/A Calamidade Consegue Cegar o Povo de Deus. Entre as três, uma delas conhecia o verdadeiro Deus, pois havia sido criada e ensinada nos costumes e doutrinas israelitas. Noemi, é israelita de nascimento, é povo de Deus, e o conselho que ela dá para suas noras é de uma falta de discernimento enorme. Mesmo ouvindo o que Deus estava fazendo (v.6b ouviu que o SENHOR havia se lembrado do seu povo, dando-lhe alimento), ela diz a suas noras para voltarem para o seu povo. Basicamente o que ela estava dizendo é: voltem para a sua antiga vida, para adoração dos falsos deuses, e se afastem do verdadeiro Deus. Ela ainda não havia percebido o que Deus estava fazendo. Ela ainda não havia aprendido o que Deus queria lhe ensinar, quando permitiu que ela fosse para Moabe com seu marido e seus dois filhos. Faltava-lhe confiar no Deus de seus pais. Aquele que é, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. O Deus que, tem um modo pedagógico totalmente, inesperado e distinto de tudo aquilo que imaginamos. Ela estava abalada, e sua esperança havia partido, justamente porque o cenário não era nenhum pouco favorável. Já que ela estava no caminho para Judá, ela poderia ter parado e refletido um pouco sobre quem era o seu Deus. Houve fome, na terra de Canaã, onde Isaque morava, ele ficou tentado a se mudar para o Egito, onde havia alimentos e prosperidade. É nesse momento que Deus aparece a Isaque e ordena que ele não vá para o Egito, mas que fique em Canaã. O patriarca obedece à orientação de Deus, porque confiava em Deus. A Calamidade Consegue Cegar o Povo de Deus. Essa cegueira é enorme, ao ponto de impedir que o próprio povo de Deus seja capaz de percebê-lo.
Após ser instigada a buscar recursos em outro, que não o Deus de Israel, elas recusaram, pois, queriam ir com Noemi ao povo dela. Contudo, Noemi foi enfática em dizer que não, dando um motivo razoável à primeira vista, para que elas não fizessem parte de seu povo. Noemi traz à tona sua debilidade física, ela já é velha, não podia conceder filhos ao passo que eles se casassem com suas noras. Esse motivo é suficiente para que Orfa deixe Noemi e volte para sua antiga vida, família e seus deuses. Em mais um momento, vem à tona a cegueira de Noemi em não perceber Deus. Pois, se ela atentamente tivesse se lembrado do Senhor, no momento da calamidade, ela se lembraria do Levirato (Dt 25.5,6), onde o parente mais próximo poderia resgatar a viúva, fazendo com que a sucessão do falecido marido permanecesse sobre à terra. Quanto mais falamos sobre esse pequeno texto, mais problemas encontramos ao passo que parece que não existe mais solução alguma, para a calamidade que assolou essas mulheres. Após a partida de Orfa, resta então Rute, e as palavras de Rute são um contraste com a postura de Orfa, ela pede a sua sogra, para não insistir que ela a deixe, pois, ela havia se apegado a sua sogra. O improvável, acabará de despertar.
[Página 2:] Certamente, há um sentido para o relato bíblico que acabo de mencionar. Contudo, ele ganha uma tonalidade totalmente particular, quando olhamos para nós. Existe um pouco de Noemi, em cada um de nós. Você vai me ouvir dizer isso, e vai logo balançar o dedo que não. Mas se sinceramente olhar para o seu coração, perceberá que a fragilidade que ela possui, não está distante da fragilidade que eu e você possuímos. [Frase Foco P2:] O Pecado é a Calamidade Que Nos Cega Para Deus. Diante de mim, vejo homens que são por natureza filhos de Adão, herdeiros da terrível herança de nosso pai, o pecado que nos afasta de Deus. Todos vocês são pecadores, eu, possivelmente sou o pior dos que estão aqui nesta manhã. Caminhamos, amamos, sonhamos em um mundo que sofre com todas as consequências do pecado de nosso pai Adão. Quando falei faltar discernimento a Noemi, pode ter parecido o julgamento de um santarrão, mas o fato é que eu e você sofremos da mesma debilidade. Dizemos saber quem Deus é, muitas vezes dizemos conhecer a Deus, mas os nossos atos, vez após vez contradizem as nossas palavras. Em muito erramos, por falta de discernimento, em muito pecamos por falta de confiança. Ambas, tanto a falta de confiança quanto a falta de discernimento nas ações de Deus, tem suas raízes fundamentadas em um mesmo local, O PECADO.
O pecado, em diversos momentos, nos tira a paz, a confiança, e a alegria. Dando em troca, desconfiança, ansiedade, tristezas e frustrações. Por diversas vezes, eu, esse que fala com vocês colhi frustrações e tristezas, ou por planejar e alguém me frustrar, ou por planejar e Deus ser o agente que me frustrou. Essas tristeza e frustração, foram experimentadas justamente porque eu não consegui discernir a vontade de Deus, pois o foco era a minha vontade. Esse pensar mais em mim, do que na vontade de Deus, foi uma amostra de onde estão as minhas raízes, ou seja, em Adão e no pecado.
É possível se sentir como Noemi, quando percebemos que Deus realizou uma obra, poderia ter nos usado, mas usou outra pessoa, alguém que estava aqui do meu lado. Eu me lembro de uma vez, em que estava diante de uma pessoa que hoje é um amigo, que hoje é cristão, não graças a mim. Esse amigo se chama William Couto. Ele estava passando por uma adversidade terrível com um de seus filhos, ele tinha dois filhos homens, um se chama William Filho e o outro se chama o outro se chamava Gabriel. Eu os apelidei carinhosamente de Coutão, Coutinho e Mini-Couto. O seu filho mais novo foi diagnosticado com hidrocefalia. Que é o acúmulo de fluidos na região do cérebro, que pode causar diversos danos cerebrais. O Coutão não possuía nenhuma crença religiosa. Mas estava sofrendo imensamente, estava desesperado, ao ponto de dizer: [Uma Necessidade:] “Se Deus existe, que Ele tenha misericórdia de nós”. Sabendo do problema dele fui visitá-lo no Hospital. Eu estava pronto para falar do evangelho de Jesus para ele, mas não falei, entendi que aquela não era a hora, outro amigo meu, Leonardo o visitou, e eu o acompanhei, ele falou sobre Cristo e seu evangelho, e o William se converteu. Confesso que me senti como Noemi, diante de Orfa e Rute. Conhecia o Deus de Israel, mas não abri a boca para falar dele, não tive discernimento para perceber que Deus salva quem quer.
[Página 3:] Naquele momento, o meu pecado, a minha falta de intrepidez, a minha falta de confiança me cegou para Deus, para aquilo que Deus poderia fazer. Me senti muito triste, por não entender naquele momento que [Frase Tema] Deus Salva Quem Ele Quiser. É dentro desse conceito que Deus, promove uma ação graciosa onde menos esperamos. Enquanto Noemi insistia, para que suas noras a deixassem, o providente Deus de Israel, o nosso Deus, estava realizando sua obra no coração de Rute. As palavras de Rute, atestam um intenso e enfático desejo por Deus e por seu povo, ela diz: “Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. (Rt 1.16-17).
A declaração de Rute diz muito sobre ela, sobre a mudança promovida por Deus em seu interior. Rute faz uma genuína profissão de fé. Ela sentia-se pertencente ao povo do Senhor, e ela realmente era. Pois, era viuvá de um legítimo israelita. As palavras dela se refletem para mim da seguinte maneira: Não há barreira que os possam vencer, não há problema sem solução, para aqueles que temem ao Senhor, Deus estende sua mão. Ela entendeu, que acima desse povo havia um Deus totalmente distinto de tudo aquilo que ela conhecia, e o ato dela seguir para Judá com sua sogra, era a prova cabal de que ela confiava totalmente em Deus e em sua providência. Pois, ela estava se colocando em total dependência desse Deus.
A fé e a devoção não são competições, mas na atitude de Rute, eu percebo que ela supera a Abraão. Ela agiu sem promessa em mãos, sem nenhuma bênção divina pronunciada, sem marido, posses ou apoio. Ela desistiu do casamento com um homem para se dedicar a uma idosa — e em um mundo dominado por homens! Essa certamente é a decisão mais radical para a vida, deixar tudo pelo outro, deixar suas vontades, para realizar a vontade de outros e a vontade de Deus. Rute estava tão certa de sua decisão, a ponto de fazer um voto, um juramento perante o Senhor, e para selar esse voto ela traz a tona o nome impronunciável de Deus, ela traz a tona o tetragrama. Ela termina o v. 16 e inicia o v.17 dizendo: “o teu Deus (וֵאלֹהַ֖יִךְ) é o meu Deus (אֱלֹהָֽי). Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR (יְהוָ֥ה) o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti”. Existem muitos deuses, mas Senhor só existe um. O Deus e Senhor de Israel.
Um fato, que eu não poderia deixar passar é que Deus, faz com que aquele que não era povo, agora se torne povo. Essa hipótese, às vezes tão óbvia, parecia distante de Noemi, mas não estava distante do Deus da aliança. O Deus da aliança, é o Deus que providencia a solução, quando tudo diante de seus filhos parece perdido. O improvável acontece de uma maneira surpreendente, principalmente quando Deus coloca uma moabita, na genealogia de seu filho. A bíblia relata, que por Rute, a promessa feita a Eva teria continuidade, o filho da mulher esmagaria a cabeça da serpente. Quando nos debruçamos nas paginas do NT, o evangelista Mateus nos apresenta a graça de Deus, na genealogia do Salvador, lá estão pelo menos duas mulheres improváveis, uma é Raabe, uma ex-prostituta, e Rute uma moabita.
[Página 4:] Essa história reflete uma verdade desconhecida de muitas, a grande história não é sobre homens, mas sobre Deus. Falei sobre Rute, Noemi e até sobre Orfa. Você pode estar pensando nesse momento que está história se trata de uma delas, por eu falar e enfatizar uma ou outra personagem, mas o grande agente deste relato é Deus. [Frase-tema, conf. P4:] Deus Salva Os Improváveis. Deus, envia seu filho, para que por meio dele seu povo sejá sarado. As palavras do anjo Gabriel a José, são a melhor maneira de elucidar as minhas palavras. Ele diz: “Ela dará à luz um filho e você porá nele o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” (Mt 1.21). Através de Jesus Cristo, Deus estava fazendo seu povo, aquele que não era povo. Está aproximando aqueles que estavam longe. Lembram quando falei sobre John Newton, o traficante de escravos que se converteu? Ele por algum tempo ainda continuou traficando escravos, mas chegou um momento em que Deus o chamou modo soberanamente eficaz, e o chamado Deus o levou a deixar os seus pecados e erros para trás, a graça de Deus o transformou integralmente, ao passo que ele de traficante de escravos se tornou um pastor anglicano. A ação de Deus em sua vida, o levou a compor um hino conhecido mundialmente, hino chamado Maravilhosa Graça. Ele tinha muitos lucros com o tráfico de escravos, mas tudo deixou por amor de Cristo. Lembram-se do William Couto, o rapaz que encontrou a Cristo, não graças a mim, mas ao Leonardo? As aflições dele, não foram diminuídas, mas a graça de Deus o alcançou. Ele perdeu um de seus filhos, mas encontrou o amor no Senhor, e a manifestação da graça na comunhão do corpo de Cristo com os irmãos.
Dois homens, uma mulher. John Newton, deixou os ganhos para abraçar a graça de Cristo, William, não permitiu que o sofrimento o destruísse, e apegou-se a Jesus e seu povo. Rute, fez a mais bela profissão de fé, mesmo não tendo recebido promessa. Em todas essas coisas, eu percebo as palavras do evangelista que diz: “Bem-aventurado os que não viram, e creram” (Jo 20.29).
O único fator que não possui variação em todo o relato é Deus, ele permanece salvando os improváveis. Olhem para vocês, olhem para mim. Como poderíamos ter sido salvos, sendo quem somos? Pessoas indignas, más, egoístas, que desejam o mal muitas vezes para o outro. Digo isso com vergonha de mim. Porque conheço quem sou, no íntimo do meu ser, e digo como Lutero, Pecador é meu nome, pecador é meu sobrenome. Quando olhos para os pra mim, é improvável, impossível que eu seja salvo, quando olho para vocês, eu não consigo enxergar outra coisa senão a condenação esperando cada um de vocês e a mim. Mas independente da situação, devastadora em que nos encontramos, quando Deus olha para nós, Ele não enxerga o nosso pecado, a nossa miséria, mas ele enxerga o seu filho Jesus, Ele sente o bom cheio de Cristo.
Que a luz do Senhor continue resplandecendo sobre nós, no raiar de cada manhã.
Oraremos!