O Caráter do Reino de Deus

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Introdução

O que caracteriza o reino de Deus? Será que podemos comparar o Reino de Deus a algum reino humano?
Podemos ter certeza de que o reino de Deus existe?
O Reino de Deus, profetizado pelos profetas do AT e pelo próprio Jesus é caracterizado por sua grandeza, majestade e justiça, como asseveram Isaías, Ezequiel e Daniel.
No entanto, esse reino tão profetizado e esperado, quando se manifestou, não se assemelhava ao grande reinado de Davi ou Salomão.
Ao que se assemelha o Reino de Deus? Jesus continua utilizando metáforas para descrever o caráter de seu reino;
Nas parábolas do semeador e da candeia destaca o caráter soberano e revelacional do seu Reino. Agora veremos o caráter sobrenatural, progressivo e eletivo.

I. Caráter sobrenatural (vs.26-29)

Para falar a respeito do Reino de Deus, Cristo utiliza allgumas comparações que eram comuns à época, como a semeadura, uma vez que a sociedade judaica da época era majoritariamente agrícola, como é muitas de nossas cidades, e mesmo o nosso país nos dias de hoje.
Como afirma James Edwards, “o Reino de Deus deveria se assemelhar a algo grandioso e glorioso: a picos de montanhas cintilantes, pores do sol vermelho, a opulência de soberanos, a glória cobiçada de um gladiador. Contudo, Jesus assemelha o Reino de Deus a sementes.”
Jesus inicia essa parábola descrevendo o processo de semeadura:
O homem semeia a semente e no solo (v.26)
A terra faz germinar a semente (v.27)
processo natural - Deus está agindo no mundo
o homem não sabe como isso acontece - um caráter misterioso
A semente brota e cresce sozinha (v.28) - um processo que não conta com o mínimo de operação humana, independente do controle externo; automático;
“A semente, como o evangelho, prospera por si mesma, e, uma vez semeada, põe em movimento um processo que leva à colheita.” James Edwards
“O agricultor não controla a produção, precisa esperar a natureza seguir seu curso.
O homem colhe o fruto da semente (v.29)
Haverá uma colheita certa no final - depois de todo o processo natural de crescimento e geração do fruto, chega o momento da colheita;
Certamente todo agricultor aguarda com expectativa esse momento da colheita, pois é aí que ele poderá então desfrutar de todo o seu labor com o lucro produzido, pagar seus empréstimos;
Da mesma maneira Cristo aqui enfatiza que a conclusão, o ápice de seu reinado se manifestará, ainda que seja uma referência clara ao seu julgamento;
Seja na história judaica ou cristã, houve várias tentativas de se consumar o reino de Deus por meio de revolução (zelotes); observância legal escrupulosa da lei (fariseus); apocaliptismo esperado por meio de cuidadosas observações quanto ao futuro (1260 – o místico italiano Joaquim de Fiore determinou que o reinado de Cristo sobre a Terra começaria entre 1200 e 1260. Depois do erro, seus seguidores revisaram a data para 1290, e depois, para 1335) (2011 – Harold Camping previu o fim do mundo e uma série de terremotos devastadores a partir de 21 de maio de 2011. Segundo ele, apenas 3% da população mundial iria para o céu. Ao errar a data, ele reviu a data para 21 de outubro do mesmo ano e alegou que o que ocorreu em maio foi um “julgamento espiritual” que preparava para o grande dia.
d. Como afirma, James Edwards, esse texto nos adverte contra relacionar a segunda vinda de Jesus Cristo com “previsões, calendários e estratégias.”
Propósito: Encorajar os discípiulos diante da rejeição dos judeus.
Jesus havia dito que seu reino já havia chegado;
Os judeus esperavam um reinado messiânico, mas parece que esse reino não existia de fato, pois as pessoas rejeitavam a mensagem desse reino;
Jesus conta essa parábola para dizer que apesar de toda incredulidade por parte de alguns, da rejeição, e até mesmo, posteriormente, a perseguição, não poderia deter a mensagem do Evangelho, pois ele se manifestaria de uma forma que era desconhecida pelo homem. Sua semente germina na terra do coração humano de forma sobrenatural, poderosa, desconhecida pelo homem.
Assim é quando Deus nos regenera, nos justifica, santifica e glorifica, aplicando a poderosa obra do Senhor Jesus em nós.
Da mesma forma, os leitores de Marcos, entre os anos 62 a 69 d.C., eram encorajados a não desanimar com as perseguições de Nero, pois mesmo em face dessas perseguições o Reino de Deus não deixaria de existir. Cristo cumpriria sua promessa feita ao seus discípulos.

II. Caráter progressivo (vs.30-32)

Pergunta: a que assemelharemos ou reino de Deus? A um grão de mostarda.
Na palestina o grão de mostarda era tido como o menor grão que existia. Hoje, dizem ser o grão de orquídea. No entanto, essa hipérbole descreve a pequena comunidade de pessoas que seguiam Jesus;
Assim como esse pequeno grão de mostarda, os discípulos eram pequenos em número, rejeitados e desacreditados pela sociedade pagã da época, se tornariam como a árvore do grão de mostarda, grande, com cerca de 3 ou 4 metros de altura, frondosa, que abrigava espécie de pássaros (referência aos gentios), ou seja, os discípulos seriam um povo grande, de várias etinias, línguas e nações; assim como os doze filhos de Jacó se tornaram um grande povo, assim os doze discípulos de Cristo seriam um povo grande, em vários tempos e gerações;
O reino de Deus começa pequeno mas termina grande. Essa parábola destaca o caráter progressivo do Reino de Deus;
Diferentemente dos deuses pagãos como Zeus, que lançava um raio sobre a terra e já fazia um estrondo, Deus lançou uma semente que germinou e progressivamente cresceu. Assim como na visão interpretada pelo profeta Daniel, que viu uma pedra cortada por mãos não-humanas, que estraçalhou a estátua que representavam os grandes impérios do mundo e cresceu até se tornar uma grande montanha.
Propósito: Encorajar os discípulos a perseverar
Apesar da descrença e rejeição por parte dos judeus e gentios, a mensagem do evangelho seria espalhada por todos os cantos da terra, e eles seriam não apenas portadores dessa mensagem, mas testemunhas prontas a dar a sua própria vida por ela;
Marcos 4.30–32 A Parábola Do Grão de Mostarda (Cf. Mateus 13.31–32; Lucas 13.18–19)

Nos quarenta anos depois da morte de Cristo, o evangelho já tinha alcançado todos os grandes centros culturais do mundo romano, e muitos outros lugares afastados. Desde aquele tempo, o evangelho está se expandindo, alcançando pessoas de todas as raças e influenciando todas as esferas da vida. Está fazendo isso ainda hoje. “De vitória em vitória, seu exército ele conduzirá.”

Portanto, para aqueles que primeiro a ouviram, essa parábola está dizendo: “Tenham paciência, exercitem sua fé, continuem orando, continuem trabalhando. O programa de Deus não falhará”. Ela está dizendo a mesma coisa para todos os que vieram depois. A diferença é que, hoje, o evangelho está falando com uma força ainda maior, porque a parábola, na realidade, é uma profecia, e essa profecia já se cumpriu parcialmente.

Essa é a mesma mensagem para nós hoje. Parece que muitas vezes pregamos e nada acontece. Esperamos grandes moveres de Deus, como aqueles que aconteceram nos séculos passados, como o grande despertamento do Século XVIII;

III. Caráter eletivo (vs. 33-34)

Jesus finaliza essa contação de parábolas, descrevendo nesses versículos o propósito para assim proceder. Jesus procedia dessa forma para dizer aos discípulos e às pessoas que o seguia sobre as verdades sobre o reino de Deus. O propósito específico aqui é que:
Alguns ouçam e não entendam - a multidão incrédula e os fariseus;
Porém outros entendam e confiem - os discípulos de Jesus;
Como afirma James Edwards, as parábolas iluminam ou obscurecem, dependendo da habilidade para ouvir. Aqueles que ouvem acham-nas reveladoras… em contraste com aqueles que são incapazes de ouvir e as acham opacas.
Aqui identificamos o caráter eletivo do reino de Deus. O reino de Deus será revelado apenas aqueles a quem o Senhor o deseja revelar. Apenas aqueles que ouvindo e crêem são os que participam dele.

Aplicações

1. O Reino de Deus é o seu domínio sobre a humanidade.
Sua atuação é invisível aos olhos humanos. Pode parecer pequeno e insignificante diante das filosofias e visões de mundo, mas não é. É a única resposta consistente para os dilemas dessa vida.
2. Deus é o responsável pelo crescimento do reino, e não nós. Somos apenas os semeadores.
O desenvolvimento do reino de Deus não se dá por causa de nossos esforços. Muitas vezes tendemos a pensar que o sucesso da nossa mensagem se dá por causa de nossos esforços. Existe um pensamento que afirma que devemos pregar o evangelho para apressar a volta de Jesus Cristo, mas essas parábolas nos ensinam o contrário. A volta de Jesus acontecerá independente de nossos esforços em evangelizar.
3. Precisamos perseverar em semear a palavra. Deus está agindo por meio de pessoas comuns.
O filme gravado em 1997, “MIB: Homens de Preto” tem uma cena que nos ensina um pouco a respeito dessa verdade. O personagem protagonizado por Will Smith é indicado para um grupo seleto de funcionários do governo para lidar com alienígenas que andam por sobre a terra. Para entrar no seleto grupo da MIB, o líder pergunta aos candidatos: “Vocês sabem por que foram escolhidos?” Um dos candidatos responde “Porque somos osmelhores dos melhores dos melhores dentre os melhores, senhor”. No entanto, o escolhido não foi o melhor entre os melhores, mas um policial, o personagem do Will Smith, que era o menos provável. Muitas vezes pensamos que para ter um ministério eficaz precisamos ter uma personalidade brilhante, grande capacidade intelectual, aptidão extraordinária de comunicação e assim por diante. O que precisamos verdadeiramente é nos entregar inteiramente a Deus e sua palavra e permitir que ele opere por seu intermédio. Precisamos semear a boa semente, sabendo que Deus age e faz seu reino crescer!

Conclusão

O Reino de Deus é inigualável. Seu caráter soberano, revelacional, sobrenatural, progressivo e eletivo o distingue de qualquer outro reino existente neste mundo. Ainda que não vejamos sua majestade e esplendor, tal qual o vislumbramos em reinos humanos, sua majestade está na sua humildade e pequenez.
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