A dádiva divina do solterismo

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A proposta de permanecer no celibato busca maior liberdade para uma consagração completa para a obra de Cristo (7:32–35). Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Foco e desenvolvimento no Novo Testamento; Foco no Novo Testamento (São Paulo: Hagnos, 2008), 278.

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A dádiva divina do solterismo

Texto Base:
1Coríntios 7.32–35 (RAStr)
32 O que realmente eu quero é que estejais livres de preocupações. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, de como agradar ao Senhor;33 mas o que se casou cuida das coisas do mundo, de como agradar à esposa,34 e assim está dividido. Também a mulher, tanto a viúva como a virgem, cuida das coisas do Senhor, para ser santa, assim no corpo como no espírito; a que se casou, porém, se preocupa com as coisas do mundo, de como agradar ao marido.35 Digo isto em favor dos vossos próprios interesses; não que eu pretenda enredar-vos, mas somente para o que é decoroso e vos facilite o consagrar-vos, desimpedidamente, ao Senhor.
Geralmente não encontramos espaço para falarmos sobre os solteiros quando falamos sobre família. Eles são excluídos das atividades das igreja e dos púlpitos também. Talvez não seja errado afirmar que os solteiros são os mais negligênciados na igreja, principalmente naquelas que funcionam com ministérios.
Quando se faz algum trabalho com os solteiros, geralmente são promovidos para criar oportunidades para namoro e encontros patrocinados pela igreja.
Essa é uma percepção só minha ou você entende que os solteiros tem sido marginalizados dentro das igrejas modernas?
O casamento é considerado o estado normal, logo, quando um solteiro saído da adolescência se encontra na igreja, os demais membros consideram seu dever cristão encontrar um conjuge para essa pessoa. A igreja passa a julgar quando alguém com mais de vinte ou trinta anos permanece solteiro, quer por opção ou circuntâncias. Muitos começam a diagnosticar o problema (orientação sexual, aparência física, capacidade intelectual, inaptidão social, padrões excessivamente elevados, ou outros fatores) que condenou a pessoa àquele estado civil não natural ou indesejável de solteiro.
Mas e se Deus quiser que o jovem permaneça sozinho(a)? Concordo com Kostenberger quando ele diz que:
"O único chamado de Deus que os cristãos ocidentais temem mais do que a vocação para missões é a vocação para uma vida de celibato" (Kostenberger, p.173)
É preciso relembrar o que a Bíblia nos ensina a respeito deste tema. O Senhor Jesus era solteiro, muitos heróis da fé do cristianismo era solteiros (John Stott) e muitos homens e mulheres de Deus permanecem nesse estado ainda hoje e estão sendo julgados pelos crentes e às vezes pela própria consciência.
Olhemos o que a Bíblia ensina sobre o assunto.
Os solteiros no AT
No Antigo Testamento era raro encontrar solteiros entre os indivíduos com idade suficiente para casar, ou seja, de 12 a 13 anos para as moças e 15 a 16 anos para os rapazes. Kostenberg diz que "devido, em grande parte, à ordem de Deus para procriar (Gn 1.28), não havia na cultura do AT nada equivalente ao conceito atual de adolescência ou que fosse correspondente ao período extenso de maturidade adulta sem cônjuge e filhos".
Kostenberg encaixa os solteiros do AT e 6 categorias:
As viúvas - "Em resumo, como hoje, à viuvez não era um estado desejável na antiguidade. As viuvas muitas vezes enfrentavam grandes dificuldades financeiras (c. 2Rs 4.1) e, sem dúvida, estavam entre os membros mais desamparados da sociedade antiga (Dt 10.18. Is 54.4)."
"para as viúvas que, por algum motivo, não voltavam a se casar, o Senhor definiu certas prescrições, como a instituição do casamento de levirato (Dt 25.5-6) e a permissão para as viúvas sem filhos provenientes de famílias sacerdotais voltarem à casa do pai e participarem dos alimentos reservados para os sacerdotes (Lv 22.13). Além disso, em várias ocasiões Deus lembra o povo de seu dever sagrado de cuidar das viúvas necessitadas, e o Senhor descreve a si mesmo repetidamente como defensor das viúvas." (Kostenberg, p.174)
Os eunucos - Embora "os eunucos fizessem parte de várias cortes reais e atuassem em funções como guardas das virgens ou concubinas (Et 2.3,14-15), servos da rainha (45), confidentes (Et 1.12), chefes dos oficiais (Dn 1.7), e até mesmo líderes da comunidade militar (2Rs 25.19; Jr 52.25), para os judeus antigos, ser eunuco era uma sitação detestável, pois excluía o individuo da congregação dos adoradores de Senhor (Dt 23.1), bem como da participação no sacerdócio (Lv 21.20).
Os que não podiam se casar - por questões de enfermidade (p.ex, lepra)
Os que possuíam um chamado divino - "Talvez o maior exemplo de alguém que permaneceu solteiro, pelo menos por algum tempo, por causa de um chamado divino seja o profeta Jeremias (Jr 16.1-4). Kostenberg (p.175) ressalta que "Um chamado divino ou mesmo a escolha consciente de passar a vida solteiro era, contudo, algo raro na antiguidade, uma vez que esse é o único exemplo de um chamado divino para permanecer solteiro registrado no Antigo Testamento".
Os divorciados - A quinta categoria apresentada por Kostenberger (p.175)de solteiros na época do Antigo Testamento era a dos divorciados.
A iniciativa do divórcio era quase sempre da parte do marido (Dt 24.1-4; cf., porém, Jz 19.1-2). A legislação deuteronômica procurava proteger as mulheres divorciadas ao exigir que o marido emitisse um certificado de divórcio como prova legal da dissolução do casamento. Assim como a morte do cônjuge, o divórcio muitas vezes colocava a mulher em uma situação econômica extremamente vulnerável. Como a viúva ou o órfão, a mulher divorciada perdia a provisão e proteção masculina. Caso não conseguisse se casar outra vez, corria o sério risco de ficar economicamente desamparada e necessitada da ajuda de outros".
Os rapazes e moças que ainda não haviam se casado (Gn 24; Jz 14) - "Em geral, o pai era responsável por arranjar o casamento dos filhos com cônjuges adequados (Gênesis 24; Juízes 14). Ele, o pai, esforçava-se para proteger as filhas de aproveitadores do sexo oposto e garantir que ela se casaria virgem (cf. Ex 22.16-17; Dt 22.13-21) e provia um dote que era devolvido para a filha se o casamento não desse certo" (Kostenberger, p.175)
Os solteiros no NT
Assim como no AT, no NT o solteirismo era incomum e não a norma. A pessoa "solteira" geralmente se encontrava em fase de transição por ser jovem demais para se casar, ter ficado viúva(o) ou por algum outro motivo.
Vale a pena ressaltar que João Batista, Jesus e Paulo eram solteiros (Paulo pelo menos estava sozinho - viúvez, abandono por parte da esposa… não sabemos ao certo).
Aprendemos com Jesus e Paulo que:
Em 1Coríntios 7 nós aprendemos com o apóstolo Paulo verdades espirituais que ressoam também as palavras do próprio Senhor Jesus de que:
O celibato é um "dom de Deus" (1Co 7.7; Mt 19.11), aparentemente de forma voluntária, alguns decidem ficar sozinhos por amor ao "reino dos céus" (Mt 19.12)
O solteirismo é um dom concedido por Deus. Kostenberger (p.176) afirma que era "provavel que esse fosse um ensinamento revolucionário para os ouvintes do primeiro século, envolto nas tradições do AT". Em Mt 19.11-12, as palavras de Jesus parecem indicar que, a fim de reconhecerem sua vocação, os indivíduos chamados a permanecer solteiros por amor do reino de Deus precisam de uma graça especial de Deus. Logo, "embora o solteirismo seja um estado positivo no qual os cristõs têm liberdade de premanecer se ainda não são casados, é errado esperar que alguém adote a vida de solteiro contra a sua vontade" (Kostenberger, p.177). Proibir o casamento é uma das doutrinas de demônios (cf. 1Tm 4.1-3).
O celibato permite que as pessoas dediquem atenção maior e exclusiva ao serviço do Senhor (1Co 7.32-35);
Os que se casam atraem sobre si maiores preocupações (1Co 7.32);
Os que se casam se dividem entre a dedicação ao Senhor e a dedicação à família (esposa/esposo) - deve agradar a esposa / deve agradar ao marido (1Co 7.33-34);
O celibato é algo decoroso e facilita uma consagração desimpedida ao Senhor (1Co 7.35)
Pelo comentário de Jesus e Paulo o solteirismo é um conceito positivo. Se o AT ver o solteirismo por uma otica negativa (contrário à natureza), Jesus e Paulo afirmam que, apesar de não ser a norma, é algo bom e aceitável (1Co 7.9; 1Tm 4.1-3);
O apóstolo João também louva o celibato em Apocalipse:
Apocalipse 14.4–5 RAStr
4 São estes os que não se macularam com mulheres, porque são castos. São eles os seguidores do Cordeiro por onde quer que vá. São os que foram redimidos dentre os homens, primícias para Deus e para o Cordeiro;5 e não se achou mentira na sua boca; não têm mácula.
A motivação para o celibato dos 144.000 é a mesma apresentada por Jesus e Paulo, ou seja, a maior devoção a Cristo, ou, "seguir o Cordeiro aonde quer que vá".
O solteirismo, portanto, é visto de forma positiva em todo o NT, desde os Evangelhos até Apocalipse.
O solteirismo na Igreja Primitiva
É possível que Paulo pudesse ter sido viúvo ou abandonado pela esposa (incrédula) depois da sua conversão ao cristianismo, realmente não temos como saber, mas uma coisa é fato, ele viveu sozinho durante a maior parte, senão todo, o seu ministério apostólico, o que acabou por ter sido uma bênção, pois possibilitou que ele fosse usado de forma estratégica por Deus para encabeçar a missão aos gentios de uma forma que um homem casado provavelmente não poderia ter feito.
Na igreja primitiva nos primeiros séculos o solteirismo era a exceção, e não a regra. Havia alguns proponentes insignes do celibato, como Orígenes, teólogo alexandrino do século III, mas a maioria dos líderes da igreja eram casados e costumavam pregar a excelência do casamento. Kostenberger (p.179) afirma que devido a uma convergência de fatores, inclusive a filosofia grega gnóstica que exaltava o espírito acima do corpo, a doutrina escética de certas seitas do cristianismo como o maniqueísmo, bem como o desejo crescente da igreja romana de centralizar a base de poder, aos poucos, o celibato se tornou aceito, e posteriormente, exaltado pela igreja […] No Concílio de Latrão em 1123, o celibato tornou-se obrigatório para os líderes da igreja.
"Embora líderes da igreja como Agostinho afirmassem que o casamento é honrado e o sexo é bom dentro do vínculo conjugal, o final dos períodos patrístico e medieval testemunharam a tendência de exaltar o solteirismo. No século XII d.C., Tomás de Aquino declarou sua convicção de que até mesmo o sexo dentro do casamento traz certa vergonha, enquanto a virgindade comunica integridade moral, e portanto, é preferível" (Kostenberger, p.180).
Questões relacionadas ao solterismo
Os solteiros e o ministério - O solteirismo é considerado um dom de Deus concedido a um grupo seleto, e não um requisito para todos os ministros.
"Em contraste com a igreja católica que exige o celibato de todos os seus ministros, os evangélicos não consideram o celibato um requisito para o ministério. Uma vez que, em sua concepção, os líderes da igreja não corporificam Cristo em sentido sacramental (ministrando a missa segundo os padrões do culto sacerdotal do AT), não há necessidade de se absterem de relações sexuais a fim de permanecerem ritualmente puros" (Kostenberger, p.181)
O solteirismo pode apresentar vantagens consideráveis para o ministério, mas não é instrinsecamente superior nem inferior à instituição do casamento.
Embora Paulo tenha escrito que os oficiais da igreja serem, em regra, casados (1Tm 3.2,12; Tt 1.6) e considere o casamento e a família o campo de treinamento e prova para os candidatos à liderança na igreja (1Tm 3.4-5; cf. 1Tm 3.15), essas considerações não devem ser interpretadas como requisitos. Caso fossem casados, essas qualidades precisariam estar presentes.
Os solteiros e o sexo antes do casamento - Talvez uma das maiores tentações que os solteiros enfrentam seja a relação sexual ilícita. As últimas décadas testemunham um crescimento marcante de imoralidade sexual. A coabitação e o sexo antes do casamento são violações do plano de Deus para o relacionamento entre o homem e a mulher (Kostenberger, p.181).
Kostenberger (p.181) diz que "nos tempos bíblicos, os judeus equiparavam a atividade sexual pré-marital da mulher à prostituição e a pena para o sexo consensual com uma pessoa com a qual não se era casado era a morte ou o divórcio".
O casamento é o relacionamento sagrado, inviolável e exclusivo entre um homem e uma mulher, onde, por meio da união sexual se tornam uma só carne. Enquanto não houver, "deixar e unir-se (em aliança / voto)" não pode haver o tornar-se uma só carne. Ou seja, os noivos que se preparam para o casamento não estão autorizados por Deus à prática sexual reservada para o leito sem mácula do matrimônio.
"O SEXO ANTES DO CASAMENTO CORRESPONDE A UMA TENTATIVA INÚTIL DE AGIR COMO SE FOSSE CASADO ENQUANTO SE TOMA MAIS E SE OFERECE MENOS DO QUE O AMOR CONJUGAL EXIGE EM TERMOS DE "GRAU DE RESPONSABILIDADE E TIPO DE AMOR, CONFIANÇA E FIDELIDADE QUE MARIDO E MULHER DEVEM TER UM PELO OUTRO".
Numa geração imoral e sem compromisso bíblico é necessário que os cristãos abracem o compromisso de agradar ao Senhor. "A abstinência sexual antes do casamento e a fidelidade sexual no casamento são expectavivas bíblicas e fica evidente que a prática da primeira é o melhor preparo para a observância da última". O autocontrole do Espírito precisa estar presente.
No caso de jovens cristãos que vivem deliberadamente na prática do pecado é necessário que sejam repreendidos e ensinados a respeito do assunto (o que está acontecendo agora), caso não se arrependam, devem ser disciplinados pela igreja local, mas sempre com o objetivo de serem ganhos para Cristo. Talvez a permanência no pecado seja uma evidência da falta de novo nascimento.
Os solteiros e o namoro - Essa era uma prática inesistente no período bíblico. Namoro não é bíblico e ficar de agarração antes do casamento não é algo lícito nas Escrituras. O compromisso de um homem com uma mulher começava no noivado, que para ser rompido precisava de uma carta de divórcio formal. Os pais eram os responsáveis pelo futuro casal. Os arranjos pré-nupciais incluíam um dote ou preço da noiva (indenização ao pai dela), mas não havia namoro.
Hoje nós vivemos no extremo oposto, onde os pais praticamente não participam da escolha do conjuge do filho ou da filha, os casais se unem sem nenhum tipo de compromisso formal e, raramente aguardam o casamento para se entregarem sexualmente ao outro. Muitos acreditam que o amor que sentem um pelo outro os impedem de resistir ao desejo. "Se isso fosse verdade, justificaria, evidentemente, uma série de ações, inclusive o sexo antes do casamento, o adultério, o divórcio e talvez até a homossexualidade e o estupro. Em cada um desses casos, se o ímpeto do amor for irresistível e justificar atos irresponsáveis, o amor (assim definido) passa a ser o princípio ético supremo que sobrepuja todas as outras considerações morais" (Kostenberger, p.183)
O verdadeiro amor espera, suporta, se compromete, preserva a dignidade do outro e, acima de tudo, honra a Deus.
O QUE A BÍBLIA FALA SOBRE O RELACIONAMENTO ENTRE UM JOVEM E UMA JOVEM?
Quem acha uma esposa acha o favor do Senhor (Pv 18.22);
O caráter piedoso e espírito gentil é algo a ser buscado em uma esposa (1Pe 3.3-4)
O casamento deve ocorrer entre pessoas da mesma fé, tementes a Cristo (1Co 7.39; 2Co 6.14) - Deus pode até ser misericordioso e conduzir depois um incrédulo à Cristo, mas partir do pressuposto que essa é a vontade de Deus é colocar o Senhor à prova (Mt 4.7, ct. Dt 6.16).
Os pais devem ser incluídos no processo de escolha do futuro conjuge, além de honra e respeito, é sinal de sabedoria.
Se os solteiros querem realmente casar, esperar em Deus enquanto se dedicam ao ministério é o melhor a ser feito. Deus nos ama e é o maior interessado em que o honremos na pureza e na aliança matrimonial.
Ensinamentos bíblicos para os não casados
Rapazes - muitos rapazes na bíblia foram usados por Deus e se tornaram exemplo de piedade (Daniel, Davi, José, Timóteo etc). A maior luta dos rapazes, sem dúvida, é a pureza sexual. Sobre esse assunto podemos dizer que é importante:
Orar e confiar em Deus para livrá-los da tentação (Mt 6.13; Lc 11.4; Hb 2.18);
Fortalecer-se no Senhor e no conhecimento de Sua Palavra (1Jo 2.12,14; Mt 4.1-11);
Cultivar as virtudes do autocontrole (Tt 2.6; 1Tm 3.2) e da pureza de coração (1Tm 4.12; 2Tm 2.22);
Buscar a companhia e prestar contas a outros homens cristãos que pensam da mesma forma (2Tm 2.22);
Entender que a tentação não é o mesmo que pecado (Hb 4.15);
Ter consciência de que Deus está pronto a perdoar quando pecamos (1Jo 1.9; 2.1). Em vez de ficarmos paralizados pela culpa, devemos confessar o pecado, experimentar a purificação e renovação que Deus oferece e presseguirmos plenamente seguros de que o perdão está sempre disponível em Cristo.
Tratar as mulheres mais jovens como irmãs, "com toda a pureza" (1Tm 5.2)
Não superestimar sua capacidade de resistir à tentação nem subestimar o poder da tentação e do próprio tentador - fugimos da tentação (Gn 39)
Moças - as instruções bíblicas para as moças enfatizam principalmente o recato e a aparência (1Tm 2.9-10; 1Pe 3.3-6; embora o autocontrole também seja mencionado em várias ocasiões; cf. 1Tm 2.9,15; Tt 2.3,5)
1Timóteo 2.9–10 RAStr
9 Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso,10 porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas).
1Pedro 3.3–4 RAStr
3 Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário;4 seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus.
Provérbios 31.30 RAStr
30 Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.
O recato não está relacionado apenas às roupas de uma mulher, mas também à sua linguagem não verbal, aos maneirismos, comportamentos sugestivos etc. A discrição é sempre uma atitude sábia (Pv 11.22).
Viúvos - Tendo em vista as mulheres normalmente não serem herdeiras diretas no testamento do marido, a viuvez podia ser uma provação terrível no mundo greco-romano. No lugar da herança, a viúva contava com seu dote e com qualquer estipulação definida pelo testador para seus herdeiros em relação ao cuidado dela [...] Se o filho ou filhos não cuidassem da mãe (ou, muitas vezes, da madrasta), a mulher podia se ver em condição extremamente difícil caso seu dote não fosse substancial". De acordo com Tiago, a religião pura consiste, portanto, em "visitar os órfãos e as viúvas nas suas dificuldades" (Tg 1.27).
O cuidado pelas viúvas também constituía parte importante do ministério da igreja primitiva. Sete homens maduros da congregação foram nomeados para garantir que as viúvas de fala grega não fossem negligenciadas na distribuição diária de alimento (At 6.1-6). As viuvas eram um grupo reconhecido entre os primeiros cristãos (At 9.39,41). O apostolo Paulo trata da responsabitidade da igreja de prover para as viúvas "realmente necessitadas" (1Tm 5.9-16, que inclui diretrizes para identificar as viuvas dignas de sustento).Quem seriam essas?
As que não tem parentes que cuidem dela, quer sejam filhos, netos ou outros descendentes (1Tm 5.4).
A fim de se mostrar digna do sustento da igreja, a viúva "realmente necessitada" que é "desamparada", ou seja, que não tem parentes para cuidar dela, espera em Deus (1Tm 5.5; cf. 1Tm 4.10; 6.17) por meio de súplicas contínuas e orações (cf. 1Tm 5.5) "noite e dia".
As viúvas que tivessem pelo menos sessenta anos (1Tm 5.9). Supostamente porque, nessa idade, um novo casamento era pouco provável e/ou porque mulheres com menos de sessenta anos eram consideradas capazes de trabalhar.
Esposa de um só marido (1Tm 5.9, Tt 1.6)
A viúva deveria ser conhecida por suas boas obras, das quais cinco são claramente destacadas (1Tm 5.10):
criar os filhos (cf. 1Tm 2.15);
demonstrar hospitalidade (cf. Rm 12.13; Hb 13.2; 1Pe 4.9), supostamente abrindo o lar para viajantes cristãos e, de modo mais específico, para pregadores da Palavra (3Jo 5-8)
"lavar os pés dos santos" (uma expressão idiomática que indica serviço humilde, com base no gesto literal de Jesus de lavar os pés dos seus discípulos (João 13; cf. Fp 2.1-11):
socorrer os atribulados (thlibo, termo que denota vários tipos de aflição; p. ex. 2Co 1.6;4.8);
praticar todo tipo de boa obra, uma categoria abrangente que Paulo usa com frequência (2Co 9.8. Cl 1.10; 2Ts 2.17; 1Tm 2.10; 6.18; 2Tm 2.21; 3.17;Tt 1.16; 3.1).
Divorciados - Os cristãos devem caminhar junto com os divorciados e oferecer apoio e ânimo. O preço a se pagar pelo divórcio é sempre alto e a separação deixa muitas feridas que precisam de cura, tanto para a pessoa divorciada quanto para os filhos. O divórcio não é um pecado imperdoável e o perdão está sempre disponível em Cristo, embora haja consequências com as quais a pessoa divorciada terá de lidar.
Conclusão:
Kostenberger observa a respeito deste tema que:
Primeiro, os solteiros (bem como os casados) precisam se lembrar de que o estado casado não é destino final de ninguém (Mt 22.30; cf. Rm 7.3; 1Co 7.39).
Segundo, tendo em vista nosso destino final e nosso noivado presente com Cristo, é essencial que os solteiros tenham sempre contentamento, pois, como o apóstolo Paulo escreveu: "De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro" (1Tm 6.6, NVI; cf. Fp 4.11). Ou, em outras palavras, quando os solteiros demonstram descontentamento habitual com seu estado civil, transmitem ao mundo que os observa a ideia de que Jesus não é suficiente para eles ou que, talvez, não seja capaz de suprir suas necessidades (ou não tenha conhecimento delas).
Terceiro, os solteiros devem se lembrar sempre de que todos que abrem mão de casamento e família no mundo presente por amor a Deus são, ainda nesta vida, recompensados com uma nova família no Corpo de Cristo, e também com uma família eterna no reino dos céus (cf. Lc 18.28-30).
Nas palavras de Isaías:
"Nem o eunuco deve dizer: Eu sou uma árvore seca. Pois assim diz o Senhor a respeito dos eunucos que guardam os meus sábados, escolhem as coisas que me agradam e abraçam a minha aliança: Na minha casa e dentro dos meus muros eu lhes darei um memorial e um nome melhor do que o de filhos e filhas; darei a cada um deles um nome eterno, que nunca deixará de existir" (Is 56.3-5).
Tenhamos todos em vista que há uma progressão de ausência do solteirismo (criação) para solteirismo como fenômeno incomum ou indesejável (Antigo Testamento) para solteirismo como um estado vantajoso para o ministério (Novo Testamento) para solteirismo universal (estado final).
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