Como Jesus Redime o Sexo e os Relacionamentos

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Há graça para os que lutam contra pecados sexuais. Como você se relaciona com um pecador? Como os fariseus ou como Jesus?

Notes
Transcript
Devocional realizado na semana de culto nos lares, quarta-feira 02/05/2022.

1. Saudação

Boa noite, pessoal! Eu fico muito feliz de estar reunido com vocês aqui na casa do Thiago, da Cintia, do Benjamin e da Antônia. E eu também fiquei feliz com o tema que o nosso pastor escolheu para nós tratarmos hoje. É um tema importante, intrigante e que, infelizmente, tem sido abordado de forma pobre e muitas vezes inapropriada.

2. Introdução (problema cotidiano)

O tema que foi escolhido é “sexo, namoro e relacionamentos” e nós vamos falar mais especificamente sobre como Jesus redime o sexo, o namoro e os relacionamentos. Comentando sobre esse tema no seu blog, o rev. Tim Challies nos leva a seguinte reflexão:
“Pense no número de casais que você conhece. Deve ser um número grande, se você levar em conta familiares, amigos e os membros da nossa Igreja. Agora pense em quantos desses casais conseguiram se manter puros até o casamento e quantos confessaram que não conseguiram.”[1]
O rev. Tim comenta que ele fez esse exercício mental com a sua esposa e que aquele número inicial de casais, que era grande, diminui bastante quando o assunto era pureza sexual. Poucos casais haviam mantido “limites físicos saudáveis”, limites “que glorificam a Deus”!
Infelizmente, meus irmãos, ao fazer o mesmo exercício mental, eu notei que a estatística que eu conheço não é muito melhor do que a estatística apresentada pelo rev. Tim. E é com tristeza que eu reconheço que a Igreja, de modo geral, não tem tratado esse assunto da maneira como devia. Ao invés de apresentar um caminho melhor para aqueles que estão em pecado sexual, nós geralmente falamos:
Sexo antes – ou fora – do casamento é um pecado, portanto controle-se! Deus condena a impureza sexual!
Essa fala está certa, o problema é parar a nossa mensagem por aí! Quando paramos a mensagem nesse ponto, nós colocamos toda a nossa esperança na força de vontade ou no autocontrole dos nossos jovens. Colocamos a solução na força de vontade e no autocontrole dos nossos irmãos e irmãs que lutam contra pecados sexuais, tais como a infidelidade, a pornografia ou a homossexualidade. Mas o nosso Salvador é bem enfático ao dizer:
João 15.5 (NAA)
— [...] sem mim vocês não podem fazer nada.
Jesus afirma que ele é a videira e que nós somos os ramos. Jesus afirma que ligados a ele, nós somos capazes de glorificar ao Pai. Mas que a parte dele, ou sem ele, nós não somos capazes de fazer nada!
É por isso que hoje vamos nós olhar para como Jesus redime o sexo e os relacionamentos. Nós vamos aprender juntos sobre a esperança que existe para quem está perdido em pecados sexuais ou lutando contra tentações nessa área!
Para buscar um caminho melhor, vamos nos voltar para um episódio da Bíblia em que Jesus perdoa e redime uma pessoa que estava perdida nos seus pecados sexuais. Esse encontro de Jesus nos ensina a maneira como as pessoas que estão em pecado sexual devem ser tratadas e isso é muito importante! Vamos ler juntos a história da mulher adúltera.

3. Leitura e Oração

Esse episódio se encontra no Evangelho de João. Nós vamos ler do último versículo do capítulo 7 até o versículo 11 do capítulo 8. Eu vou ler na versão Nova Almeida Atualizada, acompanhem com atenção (Jo 7.53–8.11):
João 7.53–8.11 NAA
E cada um foi para a sua casa. Jesus, no entanto, foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo se reuniu em volta dele; e Jesus, assentado, os ensinava. Então os escribas e fariseus trouxeram à presença dele uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar em pé no meio de todos, disseram a Jesus: — Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés nos ordenou que tais mulheres sejam apedrejadas. E o senhor, o que tem a dizer? Eles diziam isso tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Como eles insistiam na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: — Quem de vocês estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela. E, inclinando-se novamente, continuou a escrever no chão. Mas eles, ouvindo essa resposta, foram saindo um por um, a começar pelos mais velhos até os últimos, ficando só Jesus e a mulher em pé diante dele. Levantando-se, Jesus perguntou a ela: — Mulher, onde estão eles? Ninguém condenou você? Ela respondeu: — Ninguém, Senhor! Então Jesus disse: — Também eu não a condeno; vá e não peque mais.
Vamos orar mais uma vez, pedindo a Deus o direcionamento do nosso estudo:
Pai, nos aproximamos do Senhor com muita alegria. Agradecemos a oportunidade de nos reunirmos aqui para estudar mais sobre o Senhor, sobre o seu Filho, sobre a sua graça e sobre a sua misericórdia.
Acabamos de ler um trecho da sua Palavra e pedimos que o Senhor abra os nossos ouvidos, pois sem seu Espírito seríamos surdos. Pedimos que o Senhor ilumine as nossas mentes, pois sem Jesus seríamos cegos. E pedimos que o Senhor incline os nossos corações para obedecer a sua Palavra, pois sem a sua graça, nossos corações seriam duros como uma pedra.
Pedimos que o Senhor mostre um caminho melhor para aqueles que estão perdidos em seus pecados sexuais. Pedimos que o Senhor nos mostre como ajudar aqueles que lutam contra a tentação. Ajude-nos, nosso Deus, a sermos parecidos com o seu Filho e não com os escribas e fariseus.
Nós te pedimos tudo em nome do nosso Senhor e Salvador, Jesus. Amém.

4. Exposição

Muito bem, os irmãos podem estar se perguntando “o que uma história de um apedrejamento que não aconteceu tem a nos ensinar sobre os padrões divinos sobre sexo, namoro e relacionamentos”? Mais especificamente, o que esse texto tem para nos ensinar sobre como Jesus redime o sexo e os relacionamentos?
A primeira resposta que eu tenho para os irmãos é a seguinte: nós temos algo em comum com os nossos irmãos do passado. Nós dividimos algo com eles que torna os textos milenares da Bíblia mais atuais do que jornal de amanhã. Sabem o que é?
Todos nós somos pecadores e precisamos da graça de Deus!
Ou, nas palavras do apóstolo Paulo:
Romanos 3.23 (NAA)
Todos pecaram e carecem da glória de Deus.
Então, mesmo sendo uma história muito antiga e mesmo se passando num cenário e numa cultura tão diferentes do nosso, é possível aprender com esse texto sobre como a graça de Deus resgata aqueles que estão perdidos em pecados sexuais e a maneira como nós devemos tratar aqueles que estão lutando contra tentações nessa área.

4.1. Contextualização

Antes de falarmos sobre o texto propriamente dito, é bom olharmos para o cenário em que essa história aconteceu. Essa história foi registrada num contexto em que Jesus ensinava no Templo, em Jerusalém. Durante esse período, os Evangelhos sinóticos nos contam que Jesus ensinava no Templo de dia e se retirava para o monte das Oliveiras de noite (Lc. 21.37-38).
Durante essa estadia de Jesus em Jerusalém, os líderes religiosos dos judeus queriam eliminar Jesus e eles criaram diversos conflitos com ele para tentar incriminá-lo. Lucas nos conta o seguinte em seu Evangelho:
Lucas 19.47–48 NAA
Diariamente, Jesus ensinava no templo. Os principais sacerdotes, os escribas e os maiorais do povo procuravam tirar-lhe a vida, mas não achavam uma forma de fazer isso, porque todo o povo, ao ouvi-lo, era cativado por ele.
Foi nesse contexto, que os escribas e os fariseus armaram uma cilada, para tentarem achar algum erro em Jesus. Eles queriam algum motivo para poderem acusar o nosso Salvador. (v. 6a). Nossa história se passa nesse cenário.

4.2. Problema no Texto

Dito isto, nós podemos olhar para a história propriamente dita e podemos procurar o que temos em comum com os personagens dessa história. E sim, eu já disse, o que nós temos em comum com eles é a nossa necessidade da graça e do perdão de Deus! Assim como os personagens dessa história, nós precisamos de um Salvador Gracioso!
Parecia mais um dia comum na vida de Jesus, o povo havia ido para casa e ele havia ido para o Monte das Oliveiras descansar ou orar, quem sabe? Logo nas primeiras horas da manhã, perto do nascer do sol, Jesus vai para o Templo e começa a ensinar e o povo se reúne ao redor dele para ouvi-lo.
Mas, aquele não era um dia comum! Enquanto Jesus estava sentado ensinando, os escribas e fariseus trouxeram até ele uma mulher que foi pega em adultério. O texto é claro, ela foi pega de surpresa, em flagrante.
Para nós, não há dúvidas de que o comportamento daquela mulher era errado! Os irmãos sabem de cor o sétimo mandamento, não é verdade?
Êxodo 20.14 NAA
— Não cometa adultério.
Se nós gastássemos o resto dessa noite falando sobre como ela está errada, estaríamos “chovendo no molhado”, não é verdade? Com certeza ela é uma personagem importante dessa história e nós podemos encontrar esperança na história dela, mas nós já vamos falar mais sobre ela daqui a pouco.
Nesse primeiro momento, eu gostaria de chamar a atenção dos irmãos para os outros personagens dessa história: eu quero chamar a atenção dos irmãos para o comportamento dos escribas e dos fariseus. Eu quero chamar a sua atenção para o imenso contraste que há entre o comportamento deles e o comportamento de Jesus.
Observem alguns fatos sobre eles e algumas implicações:
Primeiro fato: eles pegaram uma mulher em adultério, eram no mínimo duas ou três testemunhas oculares do ocorrido, porque essa era a exigência da Lei de Deus para que uma pessoa fosse apedrejada.
Segundo fato: eles confrontam Jesus com a exigência da Lei e perguntam: Moisés ordenou o apedrejamento e você, o que tem a dizer?
Terceiro fato: Eles não fizeram isso por temor a Deus ou respeito pela sua Lei, na verdade eles queriam achar motivos para acusar Jesus e matá-lo.
Quarto fato: quando Jesus se recusa a respondê-los, afinal o silêncio também é uma resposta, eles insistiram com ele.
Observem bem algumas implicações desses fatos:
A primeira implicação é a falta de amor ao próximo: duas ou três pessoas assistiram uma pessoa cometer um pecado gravíssimo, passível de pena de morte, e não fizeram nada para impedi-la. Eles não fizeram nada para alertá-la! Espera aí, se eu vejo um irmão correndo para o precipício, como eu devo agir? Pegar o celular e registrar ou gritar com ele e tentar impedi-lo?
A segunda implicação é que é possível estar teologicamente correto e mesmo assim ter os motivos errados: aqueles líderes religiosos não estavam errados ao afirmar que o adultério era um pecado grave e que, na Antiga Aliança, Deus ordenava a pena capital para o adultério. Percebem o problema? Eles estavam certos, mas o objetivo deles nunca foi a glória de Deus ou o arrependimento daquela mulher. Eles queriam um motivo para acusar Jesus, um motivo para tirar sua vida ou para desmoralizar o nosso Salvador! Quantas vezes os irmão já não ouviram alguma denúncia (ou até mesmo uma fofoca) sobre um irmão cujo objetivo não era a restauração do irmão e a glória de Deus? Muitas vezes, o objetivo é apenas a difamação!
Aqui, eu gostaria de chamar a sua atenção para um detalhe interessante, é que toda vez que eu vi uma pregação sobre esse texto, os pregadores dizem que a situação era a seguinte: se Jesus ordenasse o apedrejamento, ele estaria indo contra as Leis Romanas, porque apenas o Estado Romano tinha autonomia para julgar executar uma pena de morte. Por outro lado, se ele dissesse que o apedrejamento não era necessário, ele estaria contrariando a Lei de Moisés (como os fariseus gostavam de dizer) e, portanto, não seria um profeta ou alguém digno de ensinar sobre o reino de Deus.
Na verdade, a situação ia além disso! Eles queriam desmoralizar Jesus e eles achavam que tinham conseguido encurralar o Senhor. Sobre isso, o comentarista George Murray afirma o seguinte:
“Os fariseus provavelmente sabiam que Jesus proclamava o reino de Deus para os pobres e para os pecadores. Eles sabiam da compaixão que ele demonstrava por aqueles que eram marginalizados pela sociedade. Eles também sabiam que Jesus até mesmo compartilhava refeições com eles […]. Bem, aqui estava uma verdadeira pecadora, e a lei exigia que ela morresse por sua perversidade. O que Jesus acha disso? Não há dúvida de que eles não buscavam o conselho de Jesus; na verdade, eles simplesmente desejavam desacreditá-lo publicamente. Se Jesus defendesse a Lei de Moisés, ele estaria contradizendo o seu modo de vida e a sua pregação; se ele mantivesse a sua perspectiva e a sua pregação em relação aos pecadores e negasse a Lei de Moisés, ele se mostra uma pessoa sem lei e um perversor das pessoas que deveriam ser levadas à justiça.[2]
Vocês já haviam parado para pensar nisso? Se Jesus dissesse que aquela mulher deveria ser apedrejada, ele não estaria simplesmente desrespeitando as autoridades romanas. Se Jesus fizesse isso, ele estaria contradizendo a sua mensagem!
João 3.17 NAA
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

4.3. Graça no Texto

É nesse momento, meus irmãos, que eu chamo a atenção de vocês para o contraste entre as atitudes daqueles líderes religiosos e as atitudes do Senhor Jesus. Ao olhar para a postura de Jesus, nós vemos a graça de Deus! Ao entender o que Jesus faz, nós somos apresentados àquele que é capaz de nos ajudar na luta contra o pecado e contra as tentações sexuais.
A primeira coisa que Jesus faz diante dessa situação é se abster de uma resposta rápida!Ao invés de respondê-los, nosso Salvador se inclina e começa a escrever no pó do chão. Os irmãos já pararam para pensar sobre isso? Situações delicadas devem ser pensadas e avaliadas com o direcionamento de Deus! Quantas vezes nós somos rápidos a dar respostas prontas? O problema das respostas prontas é que elas geralmente são simplistas e reducionistas! Além disso, elas quase nunca resolvem a situação.
Ao contrário de uma resposta pronta, Jesus permanece em silêncio, desenhando no pó do chão. Muitos teólogos já debateram, tentando imaginar o que Jesus poderia estar escrevendo, e a imaginação dos comentaristas vai longe: desde desenhos aleatórios até versículos do Antigo Testamento. Sem falar na hipótese clássica de que Jesus estaria escrevendo os pecados daqueles homens que acusavam a mulher flagrada em adultério.
A verdade é que nós não temos como saber o que ele escreveu e ao invés de perder tempo com a imaginação, nós devemos focar no que ele de fato disse:
João 8.7 (NAA)
— Quem de vocês estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela.
Ah, quem nunca ouviu, ou até mesmo já repetiu, essas palavras? Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra! É válido ressaltar que eu já ouvi essa frase ser usada de forma bastante equivocada e fora de contexto. Mas e aí? O que essa frase significa de verdade? O que ela significava para aqueles homens que acusavam aquela mulher? O que ela significou para os leitores do Evangelho de João de todos os tempos?
Bom, vamos começar pelos acusadores daquela mulher. Pelo costume judaico, as testemunhas deveriam ser as primeiras a jogar as pedras. Essa fala foi direcionada, em primeiro lugar para os acusadores… Jesus diz nas entrelinhas: vocês, que assistiram a um ato de adultério sem intervir, vocês que não amaram ao seu próximo a ponto de impedi-lo de pecar, vocês que armaram isso para me acusar… se vocês não pecaram ao fazer isso, podem jogar a primeira pedra.
E eu pergunto aos irmãos, como você tem tratado aqueles que estão em pecado sexual? Com a graça de Cristo ou com a hipocrisia daqueles que estavam acusando aquela mulher? Lembrem-se meus irmãos, primeiro devemos tirar a trave do nosso olho e depois poderemos tirar o cisco do olho do nosso próximo (Mt 7.1-5).
Meus irmãos, a frase de Jesus também é direcionada ao público. Será que ao ouvir “quem de vocês estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela”, o público não se lembrou do seguinte ensinamento?
Mateus 5.27–28 NAA
— Vocês ouviram o que foi dito: “Não cometa adultério.” Eu, porém, lhes digo: todo o que olhar para uma mulher com intenção impura, já cometeu adultério com ela no seu coração.
Ao analisar a nossa justiça pelo padrão de Jesus, será que algum de nós teria condição de atirar uma pedra naquela mulher? A resposta para essa pergunta é demostrada na atitude daqueles homens:
João 8.9 NAA
Mas eles, ouvindo essa resposta, foram saindo um por um, a começar pelos mais velhos até os últimos, ficando só Jesus e a mulher em pé diante dele.
O significado dessa frase é claro! A palavra de Jesus desafiou o comportamento daqueles homens, mas não somente o deles. Nós, que lemos essa narrativa nos dias de hoje, também sabemos que estamos incluídos! As palavras de Jesus em Lucas 6.37, nos lembram da nossa própria pecaminosidade aos olhos de Deus:
Lucas 6.37 NAA
— Não julguem e vocês não serão julgados; não condenem e vocês não serão condenados; perdoem e serão perdoados;
Assim como aqueles homens exigiam a punição imediata daquela mulher, a nossa pecaminosidade também poderia ser punida imediatamente por Deus[3]! Mas Deus, graciosamente retarda a sua ira. O Senhor nos dá tempo para nos arrependermos. E quando nós reconhecemos que somos pecadores e que somente em Cristo podemos ser salvos, a ira que deveria ser direcionada a nós é carregada por Jesus na cruz do Calvário!
Graças a bondade e a misericórdia do nosso Deus, nós podemos ser perdoados! E falando em perdão, ainda temos que ver a graça de Deus em relação àquela mulher que foi flagrada em pecado. A história dela mostra que existe esperança para quem sofre afundado em pecados sexuais. A postura de Jesus em relação àquela mulher nos mostra que não há poço tão fundo que a graça de Deus não possa alcançar!Após a saída dos acusadores e da plateia, Jesus se dirige pela primeira vez à mulher:
João 8.10–11 (NAA)
— Mulher, onde estão eles? Ninguém condenou você?
Ela respondeu:
— Ninguém, Senhor!
Então Jesus disse:
— Também eu não a condeno; vá e não peque mais.
Meus amigos, que diálogo maravilhoso! Tão curto e tão profundo! Tão curto e mesmo assim com aplicações tão extensas! Esse episódio é uma demonstração de que João 3.17 é uma realidade e não apenas “papo-furado”. Em João 3.17 nós lemos o seguinte:
João 3.17 NAA
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
Três lições principais podem ser extraídas desse texto:
1. A primeira delas eu já disse, mas vou repetir: não há poço tão fundo que a graça de Deus não possa alcançar! Aquela mulher foi pega em adultério, que vergonha! Exposta ao vexame em público… e mesmo assim, cá está ela, ouvindo da boca do próprio Deus: eu não te condeno! Meus irmãos, se vocês lutam contra pecados sexuais, que boa notícia! Jesus é capaz de perdoar um pecador exposto ao vexame! Ele é capaz de alcançar essa mulher e até hoje ele é capaz de alcançar a cada um de nós! O mesmo Jesus ainda convida:
Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei. (Mt 11.28)
2. A segunda lição também é muito importante. Ela trata do modo como Deus opera a salvação: primeiro Jesus perdoa, depois ele exige obediência. Nós vemos esse padrão por toda a Bíblia, mas podemos destacar o Êxodo, quando Deus primeiro salva o seu povo do Egito e depois lhe dá os 10 mandamentos! Já pensou se fosse o contrário? Primeiro Deus dá os 10 mandamentos e só quem obedecê-los à risca é tirado do Egito… quem será que sairia de lá? Ninguém, meus irmãos! Ninguém sairia de lá! Reconhecendo a importância disso, nossos pais puritanos escreveram na pergunta 101 do Catecismo Maior de Westminster “que nós devemos obedecer a Deus porque ele nos libertou do cativeiro espiritual” e não o contrário, que seria ele nos libertar porque nós o obedecemos antes! Nós devemos ter cuidado em relação a isso! Tendemos a colocar o carro na frente dos bois! Pensamos que para nos aproximarmos de alguém e falarmos da graça de Deus para ela, essa pessoa tem que estar com a vida certinha... Jesus mesmo diz:
Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento. (Lc 5.31–32)
3. A terceira lição é: “A libertação de uma vida contrária à vontade de Deus é sempre com vistas a uma vida de acordo com a vontade de Deus.” Deus não nos liberta apenas da condenação do pecado, ou seja, do inferno. O nosso Deus também nos liberta da escravidão da prática do pecado. Veja só, Jesus não diz para aquela mulher “eu não te condeno, vai e vivas como quiser”! Ao contrário disso, o que ele diz?
João 8.11 (RA)
Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.
Muitos cristãos têm medo de enfatizar a graça por achar que ela pode estimular uma vida de pecados, mas nosso Senhor é claro! Aquele que recebe a graça, deve viver em obediência a Deus:
João 8.11 (RA)
[...] vai e não peques mais.]
Nas palavras do comentarista George Murray:
“A libertação de uma vida contrária à vontade de Deus é sempre com vistas a uma vida de acordo com a vontade de Deus.” [4]
A lógica do evangelho não é: eu obedeço, portanto, sou amado! Pelo contrário, a lógica do Evangelho é: porque eu sou amado, eu sou grato e obediente! A Bíblia afirma isso com clareza! João escreve:
1João 4.19 (RA)
Nós amamos porque [Deus] nos amou primeiro.
E Jesus completa:
João 14.15 NAA
— Se vocês me amam, guardarão os meus mandamentos.
Quem enfatiza a graça de Deus não é liberal ou antinomista, quem enfatiza a graça de Deus apenas aprendeu a imitar o Mestre e não “colocar o carro na frente dos bois”: primeiro salvação e graça, depois obediência e santidade.

5. Aplicação (Graça Para os Dias Atuais)

Meus irmãos, vamos nos aproximamos do fim desse estudo, e antes de trazer aplicações para os dias de hoje, eu gostaria de fazer uma pequena recapitulação:
Nós começamos falando de um problema atual: a dificuldade de manter padrões santos antes do casamento, a dificuldade de se manter puro vivendo numa sociedade sexualizada e com padrões morais cada vez mais baixos.
Depois, nos voltamos para a Bíblia e vimos que existem dois grupos que pode estar pecando em relação aos pecados sexuais:
Aquele grupo que pratica esse pecado;
E aquele grupo que ao invés de ajudar, apenas aponta erros e exige que as penas sejam aplicadas.
Graças ao nosso bom Deus, nós vemos que Jesus oferece graça e perdão aos dois grupos:
Aos que pecam sexualmente: Jesus diz, eu não te condeno, vai e não peques mais.
Aos que são legalistas e apenas acusam ao invés de ajudar: Jesus os lembra que eles também são pecadores, mas Deus retarda sua ira e oferece perdão.
Então, finalmente, nós chegamos à nossa situação atual. Eu gostaria de propor algumas aplicações, mas antes disso, é muito importante ressaltar uma coisa: não é só a pecaminosidade que nós dividimos com os personagens bíblicos do passado! A graça e as misericórdias que Cristo concedeu para esses personagens ainda está disponível para nós hoje! Isso é uma ótima notícia! E essa notícia deve ser anunciada a toda criatura ao redor do mundo!
Obviamente o chamado só será efetivo nos eleitos, mas nós não somos os seguranças de uma festa com a lista de convidados nas mãos: você pode entrar no reino, você não… nós somos aqueles servos que devem convidar a todos para o reino de Deus, inclusive os maltrapilhos e marginalizados, como aprendemos na parábola:
Mateus 22.9–10 NAA
Vão, pois, para as encruzilhadas dos caminhos e convidem para o banquete todos os que vocês encontrarem.” E, saindo aqueles servos pelas estradas, reuniram todos os que encontraram, maus e bons; e a sala do banquete ficou cheia de convidados.
Ao nosso Deus cabe escolher quem de fato vai participar ou não dessa festa! Logo, a primeira aplicação tem a ver com isso: como você tem tratado aqueles que vivem em pecados sexuais? Como você trata um irmão que caiu em tentação e pecou? Você é parecido com Jesus ou parecido com os escribas e fariseus?
Hoje, nós temos pessoas que podem não estar praticando pecados sexuais, mas que estão clamando pela condenação daqueles que praticam tais pecados! Nós temos pessoas que apenas apontam os erros ou, no máximo, dizem de forma simplista e reducionista: não faça sexo antes do casamento, a Lei de Deus condena tal prática! Não seja homossexual, é abominação ao Senhor!
Mas e quanto a apontar um caminho melhor? E quanto a apontar para o gracioso Salvador? Meus irmãos, nós devemos orar pelas pessoas que precisam de ajuda, nós devemos oferecer ajuda para essas pessoas!Nós devemos demonstrar compaixão e apontar para aquele capaz de perdoar os pecados e transformar essas pessoas em novas criaturas! Criaturas que abandonam o pecado e vivem para a glória de Deus Pai.
Faça essa autoanálise e se você se parece mais com os escribas e fariseus, peça perdão a Deus e ore pedindo para ser cada vez mais parecido com o nosso Senhor!
Por outro lado, você pode ser um jovem lutando para manter os seus relacionamentos puros, pode ser que você seja um jovem que tenha caído em pecado. E não pensem que isso é uma exclusividade dos jovens, temos adultos e até idosos lutando contra pensamentos pecaminosos, contra pornografia, contra infidelidade conjugal e contra comportamentos homossexuais.
Se você, meu amigo e meu irmão, está lutando contra algum pecado sexual, eu tenho uma ótima notícia para você. Não há poço tão fundo que a graça de Deus não possa alcançar! Jesus é capaz de amar e de perdoar o pior dos pecadores! Veja o exemplo dessa mulher, que foi perdoada! Veja o exemplo do assassino de cristãos que se tornou Paulo, um Apóstolo de Cristo. Veja o exemplo de Pedro, que negou o Senhor três vezes seguidas e foi perdoado e restaurado!
O mesmo Jesus que conversou com aquela mulher, ainda diz:
João 8.11 (NAA)
— Também eu não a condeno; vá e não peque mais.
É óbvio que o perdão deve ser seguido por gratidão e por uma nova atitude! Nós vimos que a graça de Deus não nos livra apenas da consequência eterna do pecado, mas no livra do poder e da escravidão dos pecados. O teólogo George Murray afirma o seguinte sobre esse versículo 11 de João 8:
O Senhor que levou os pecados do mundo sobre a cruz, após subir aos céus, também enviou o Espírito prometido, que habita em nós e nos capacita a viver a justiça de Deus nesse mundo.[5]
Com Deus, não é impossível abandonar velhos hábitos, não é impossível abandonar velhas práticas. O que para nós parece impossível, é possível para Deus! Quando questionado pelos discípulos sobre quem poderia se salvar, Jesus disse:
Mateus 19.26 (NAA)
— Para os seres humanos isto é impossível, mas para Deus tudo é possível.
Nós já falamos sobre isso no começo de nosso estudo, Jesus disse:
João 15.5 (RA)
[...] sem mim nada podeis fazer.
Entretanto, unidos a Cristo, somos capazes de glorificar a Deus e de viver uma vida pura e santa! Nosso Deus é capaz de suprir todas as suas necessidades (Fp 4.19), ele é o Deus que nos dá muito mais do que pedimos ou imaginamos (Ef 3.20)! Ele é o Deus que amou tanto o mundo, que deu seu Filho para salvar todos os que acreditarem nele (Jo 3.16)! Jesus é aquele que veio para salvar e não para condenar (Jo 3.17)! Graças ao nosso Deus por isso!
Por fim, meus irmãos, já que eu não falei muito sobre conselhos práticos para aqueles que lutam contra pecados sexuais. Eu gostaria de encerrar nosso estudo recomendando alguns livros maravilhosos e bastante práticos:
O primeiro deles é o livro que originou esse estudo: “Sexo, Namoro e Relacionamentos” dos autores Gerald Hiestand e Jay Thomas.
O segundo é para pessoas que lutam contra a pornografia: “Desintoxicação sexual”, do rev. Tim Challies.
O terceiro é para pessoas que lutam contra a homossexualidade: “Amor além das fronteiras” do autor Guy Hammond.
Por último, mas não menos importante, para quem luta contra a infidelidade: “Fidelidade”, do rev. Douglas Wilson.
Meus irmãos, leiam esses livros, aconselhem-se com o pastor Ítalo, se quiserem, fiquem à vontade para conversar comigo também. Porém o mais importante é: lembrem-se que em Jesus há perdão e que o Espírito Santo nos capacita a viver como novas criaturas em Cristo. Que Deus abençoe a cada um de nós! Amém!
[1] Tim Challies. Adaptado de https://www.challies.com/book-reviews/sex-dating-and-relationships/ [2] George R. Beasley-Murray, John, vol. 36 of Word Biblical Commentary (Dallas: Word, Incorporated, 1999), 146. [3] George R. Beasley-Murray, Ibid. 146–147. [4] George R. Beasley-Murray, Ibid. 147. [5] George R. Beasley-Murray, Ibid. 147.
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