Lucas 10:38-42

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Texto: Lucas 10:38-42

Grande ideia: Maria fez a escolha certa

INTRODUÇÃO

Lucas, Volumes 1 e 2 10.38–42. Maria de Betânia Faz a Escolha Certa

O homem assaltado da parábola (vs. 25–37) estava viajando de Jerusalém a Jericó. Agora Jesus chegou a Betânia. Mas essa visita não deve ser confundida com as que ocorreram um pouco depois, mais próximas da Páscoa (Jo 11.1,2; 12.1ss).

Não se revelou exatamente quando ocorreu o que agora se registra. Isso não cria nenhum problema real. Uma vez tendo Jesus chegado à Judeia, ele poderia ter feito várias visitas ao lar hospitaleiro de vários discípulos e amigos afetuosos. Uma série de passagens aponta nessa direção (Mt 21.17; 26.6–13 – cf. Mc 14.13; Jo 12.1–8 – Mc 11.11; Jo 11.3; e, segundo alguns, ainda Lc 21.37).

Lucas, porém, não está interessado primordialmente em cronologia. Como já se indicou anteriormente, seu arranjo, ainda que certamente lógico, com frequência é temático. Consequentemente, o evangelista não podia ter escolhido um lugar melhor para apresentar esse relato. O amor ativo para com o próximo é maravilhoso, mas também se faz necessário ouvir e pôr em prática as palavras do Mestre. Ainda poderíamos dizer: embora a parábola O samaritano que se preocupava ponha ênfase na segunda tábua da lei, essa história enfatiza a primeira. “Ame a seu próximo” é seguido por “atente bem para a palavra de Deus”.

A história que temos diante de nós se divide facilmente em três partes, como se indicará:

UMA CENA DE SERENIDADE (38-39)
Lucas, Volumes 1 e 2 A. Uma Cena de Serenidade

38. Enquanto estava viajando, Jesus chegou a certa vila onde uma mulher chamada Marta o recebeu em sua casa.

Jesus e os 12 estavam viajando. Cf. 9.51. O nome da vila à qual chegaram não é mencionado. Entretanto, Lucas declara que Marta e Maria viviam aí. Visto que João 11.1 e 12.1–3 faz menção dessas duas irmãs, bem como de seu irmão Lázaro, e nos informa que moravam em Betânia, sabemos que também aqui em Lucas 10.38 a “certa vila” é Betânia. Lucas também conhecia esse lugar (veja 19.29; 24.50), ainda que, por alguma razão, aqui não a chame pelo nome.

Betânia estava situada ao oriente de Jerusalém e no declive oriental do Monte das Oliveiras. Seu nome atual é el-c Azrîyh (cf. Lázaro). A distância entre Jerusalém e Betânia é dado como sendo de oito estádios (Jo 11.18), isto é, cerca de três quilômetros.

Das duas irmãs, Marta é mencionada primeiro, não só aqui em Lucas 10.38,39, mas também em João 11.19,20; 12.2,3; enquanto que em João 11.5, ela é ainda mencionada antes de “sua irmã e Lázaro”. É verdade que em João 11.1 Betânia é denominada “a aldeia de Maria e sua irmã Marta”, porém a ordem na qual as duas irmãs são mencionadas ali, com Maria primeiro, se pode explicar pelo fato de que a história prossegue, no versículo 2, com uma referência à unção do Senhor pelas mãos de Maria. Note também que aqui em Lucas 10.38 somos informados que foi Marta quem recebeu Jesus em seu lar. Procede a conclusão de que Marta seria a mais velha – pelo menos das duas irmãs, e talvez até mesmo dos três irmãos –, e que a casa pertencia a ela? Iniciando com o último, a expressão seu lar ou sua casa provavelmente significa “a casa onde ela (assim como os outros dois) morava”. Quanto ao primeiro, isso mais razoável. Ela sem dúvida pode ter sido a mais velha, mas isso também não é definido.

Estamos em terreno mais sólido quando dizemos que das duas irmãs, segundo as Escrituras as tratam, é Marta quem geralmente toma a iniciativa. Aqui em Lucas 10.38, é ela quem toma a iniciativa para estender cordiais boas-vindas a Jesus. João 11.20 também é típico, “Então, quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, ela foi encontrá-lo. Mas Maria ficou sentada em sua casa”. Acrescente a isso João 11.21, 28; 12.2. Não é impróprio que Marta seja chamada a “anfitriã”.

39. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés do Senhor, estava ouvindo sua palavra.

Até aqui temos uma cena de serenidade, de tranquilidade. Está tudo bem no lar amoroso de Betânia. Um momento antes, Marta estendeu cordiais boas-vindas a Jesus. E agora Maria, sua irmã, já se acha sentada aos pés do Senhor, os mesmos pés que em ocasião posterior ela iria ungir (Jo 12.3; cf. Mt 26.6,7; Mc 14.3). Agora ela está aqui sentada, ouvindo solicitamente as palavras de vida que emanavam do coração e lábios do Salvador. “Está tudo bem. Está tudo bem.”

2. UMA EXPLOSÃO DE IRRITABILIDADE (40)
Lucas, Volumes 1 e 2 B. Uma Explosão de Irritabilidade

40. Marta, porém, se deixou distrair por tudo o que tinha a fazer.

Pobre mulher! Solidarizamo-nos com ela, não é verdade? Se nos for permitido trazer a história para nossa época, de modo que se lhe seja proporcionado um cenário moderno, o resultado seria mais ou menos assim:

A mente de Marta se volta em todas as direções. Como poderei cuidar de todos os detalhes desta refeição elaborada: os aperitivos, a salada, a carne, as verduras, os condimentos, os pães, a sobremesa, a distribuição dos convidados ao redor da mesa etc.? E tudo isso para:

“Jesus e Lázaro,

Maria e Marta, mais

Pedro, André, Tiago e João,

Filipe e Bartolomeu, Mateus e Tomé, e também

Tiago o Menor e Judas o Maior,

Simão o Zelote e Judas (que veio a ser) o traidor”.

Mesmo que o nome de Lázaro seja subtraído, uma vez que não vem mencionado no presente relato e pode ser que ele estivesse em outro lugar nessa ocasião, ainda assim seriam 15 pessoas à mesa.

Entretanto, alguém poderia objetar dizendo que o relato fala somente de Jesus, de modo que devemos presumir que os discípulos não estavam com ele. É verdade que é preciso admitir a possibilidade. Não obstante, a probabilidade é que também estivessem presentes. Razões para se crer nisso:

a. O versículo 38 diz: “[eles] estavam viajando”. O fato de que esse plural imediatamente muda para o singular ele (ao “chegar ele” etc.) não significa que os 12 de repente deixassem Jesus. O singular é usado porque ele naturalmente era o Líder do grupo. Para referências semelhantes a Jesus no singular, quando a presença de seus discípulos está implícita, veja, por exemplo, Lucas 6.1; 17.11.

b. A primeira sentença do relato que vem imediatamente também mostra que os discípulos estavam com o Mestre: “um de seus discípulos lhe disse” etc. (11.1). Consequentemente, pareceria muito estranha a ausência dos discípulos na passagem intermédia (10.38–42).

c. João 12.2 descreve uma cena semelhante. Lemos ali: “Eles lhe preparam uma ceia”, não “Eles preparam uma ceia para ele e seus discípulos”. Todavia, o versículo quatro mostra que também os discípulos estavam presentes.

Portanto, é compreensível que A. B. Bruce comente: “… não significa que ele estivesse sozinho, embora não se faça menção dos discípulos no relato”. Greijdanus, em seu Korte Verklaring, ao comentar sobre esses versículos (Vol. I, p. 286), dá por certo que os discípulos provavelmente estavam com seu Mestre.

E prossegue: De repente ela chegou para ele e perguntou: Senhor, não te importas que minha irmã me tenha deixado fazer todo o trabalho sozinha? Diz-lhe que tenha coragem e venha me ajudar.

Todo esse trabalho e Maria simplesmente sentada ali … sem fazer nada! Marta explode com indignação. Ela está exasperada. Sente que tem boas razões para estar totalmente aborrecida. Em sua explosão, não só critica Maria, mas também Jesus por permitir que Maria se sente ali … ociosa.

3. A VOZ DA AUTORIDADE (41-42)
Lucas, Volumes 1 e 2 C. A Voz de Autoridade

41,42. Marta, Marta – respondeu o Senhor – você está preocupada e agitada com muitas coisas; mas apenas uma coisa é necessária. Maria escolheu a boa porção, e esta não lhe será tirada.

A expressão, Marta, Marta, revela marcante desaprovação, por certo, mas também terna afeição e grave preocupação, porque, aquele que sonda os corações sabe que Marta estava intimamente preocupada e exteriormente irritada. Isso era muito claro pela maneira como ela olhava, falava e agia. “com muitas coisas”, como se dissesse: “Uma refeição bem elaborada nem mesmo é necessária. Além do mais, há coisas que em excelência e importância estão muito acima de alimento”.

“Uma só coisa”, diz Jesus, “é realmente necessária.” Alguns têm interpretado esse dito neste sentido: “Somente um prato teria sido suficiente”. Mas o que vem imediatamente a seguir certamente favorece a outra interpretação que tem uma acolhida mais ampla, a saber: “A única coisa necessária é a porção que Maria escolheu, isto é, ouvir minhas palavras”. É possível que haja algo maior em valor que uma sincera devoção e a adoração rendidas ao Senhor Jesus Cristo, a revelação do Deus Triúno? Essa e não outra coisa – por exemplo, este ou aquele prato de comida – é a porção que jamais será tirada de Maria, nem de ninguém que siga o exemplo dela. Veja Salmo 89.28; João 10.28; Romanos 8.38,39.

Às vezes se pergunta: “Jesus, porém, não foi injusto com Marta? Além de tudo, ela não tinha razão?” É preciso ter em mente o seguinte:

a. Exceto os toques finais, a refeição já devia estar pronta quando Jesus e seu grupo chegaram. Temos razões para crer que ele tivera o cuidado de comunicar sua chegada à sua anfitriã. Ele não estava sempre enviando adiante um homem para anunciar sua chegada? Veja Isaías 40.3–5; Malaquias 3.1; Lucas 9.52; 10.1; 22.8.

b. Isso também significa que em sua chegada uma das irmãs teria feito “as honras” a tão eminente visitante. Digamos, antes, “deveria estar preparada para sentar-se a seus pés para ouvir suas palavras”. Não agir assim, mesmo sob condições ordinárias, teria sido descortesia, contrário aos bons modos, mas nesse caso teria sido extrema irreverência. Portanto, Maria fez precisamente a coisa certa.

c. 10.40, “me deixou” etc., provavelmente significa que um momento antes Maria também estivera fazendo sua parte na preparação da refeição.

Marta aprendeu a lição. Sabia que as palavras de repreensão de Jesus foram expressas com amor, porque “Jesus amava Marta, sua irmã e Lázaro” (Jo 11.5).

Portanto, não nos surpreende que duas das mais proeminentes profissões de fé encontradas nas Escrituras iriam fluir do coração e dos lábios de Marta:

“Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, Deus te dará tudo o que pedires” (Jo 11.21,22).

“Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo” (Jo 11.27).

Portanto, a história tem um final glorioso. Deus foi glorificado, e isso é sempre o que mais importa.

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