UM FINAL FELIZ! Rute 4

Grande ideia: No casamento temos uma imagem de Deus nos incluindo em uma aliança de amor leal com Ele.

Estrutura: Uma “santa obsessão” pelo casamento (vv. 1-8), uma “santa união” abençoada pelo Senhor (vv. 9-12), o nascimento de uma criança (vv. 13-18) e “Jesus, o Filho de Deus” (vv. 19-23).

Piper:

(A história de Rute) foi escrita para nos encorajar e dar esperança de que todas as perplexas viradas da vida nos conduzem a um bom lugar. Não levam ao precipício. Em todos os empecilhos da nossa vida como cristãos, Deus está tramando nossa alegria.

Salmo 138.8 (NAA)

8 O que diz respeito a mim o Senhor levará a bom termo; a tua misericórdia, ó Senhor, dura para sempre; não desampares as obras das tuas mãos.

1. Uma santa obsessão: o casamento é resultado de uma decisão. (vv.1-8)

(a) Noemi tinha razão ao dizer que Boaz seria insistente em sua determinação para se casar com Rute.

NVI:

(Rut 3:18) Disse então Noemi: "Agora espere, minha filha, até saber o que acontecerá. Sem dúvida aquele homem não descansará enquanto não resolver esta questão hoje mesmo".

(b) Podemos considerar Boaz como um homem de decisão.

Hernandes Dias Lopes:

Podemos fazer muitas outras coisas. Só uma coisa não podemos deixar de decidir. Não podemos deixar de tomar uma decisão. A indecisão também é uma decisão. A indecisão é a decisão de não decidir. E quem não toma uma decisão, decide fracassar.

(c) “É o amor”, podemos pensar assim.

André Gava:

Quando Rute faz seu pedido a Boaz, sua agenda e vida são viradas pelo avesso, ao menos de imediato. Porém, além de não se aproveitar da situação no encontro noturno, Boaz refaz sua agenda – negócios e vida – em função das necessidades de Rute, e sem queixas. Ela é mais importante que os negócios envolvendo a conclusão da ceifa, mais importante que possíveis prejuízos financeiros, mais importante que a conveniência ou não do seu estado civil. O outro é a prioridade. O Reino funciona assim. Isso se chama amor.

(d) Na porta da cidade, as decisões políticas e jurídicas eram tomadas.

Broadman:

Como era o costume nas cidades muradas do Oriente Próximo antigo, lá os anciãos se reuniam para administrar os negócios da comunidade.

I Reis 22:10

10 - E o rei de Israel e Jeosafá, rei de Judá, estavam assentados cada um no seu trono, vestidos de trajes reais, na praça, à entrada da porta de Samaria; e todos os profetas profetizavam na sua presença.

(e) Boaz preocupa-se em ter um bom “quórum” para essa importante decisão.

Genebra:

A tradição judaica posterior, segundo a qual dez homens formam o quórum para o culto, talvez derive desse episódio.

(f) Na apresentação da questão ao “parente mais próximo”, Boaz evoca a tradição do “resgatador”.

Almeida Século XXI: Responsável por garantir os direitos de subsistência, descendência e propriedade de uma viúva.

Levítico 25.25 (NAA)

25 — Se alguém do seu povo empobrecer e vender alguma parte das suas propriedades, então virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que esse seu irmão vendeu.

(g) Há quem veja aqui um “golpe de mestre” de Boaz, mas ele pode ter sido estratégico, mas não desonesto.

Hernandes Dias Lopes:

Boaz era um homem que vivia dentro da legalidade. Ele respeitava as leis vigentes. Sua riqueza não foi adquirida de forma ilegal. Ele era um homem piedoso e íntegro. Ele tinha um relacionamento certo com Deus e com os homens.

Isaías 5:20

20 - Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!

Amós 5:7

7 - Vós que converteis o juízo em alosna, e deitais por terra a justiça.

NVI:

(Ams 5:7) Vocês estão transformando o direito em amargura e atirando a justiça ao chão,

(h) O homem abre mão do seu “direito de resgatador”.

Genebra: Pouca coisa se sabe a respeito do simbolismo desse costume, fica claro, porém, que sua finalidade era a confirmação legal da transação.

Deuteronômio 25.5 (NAA)

5 — Se dois irmãos morarem juntos, e um deles morrer sem filhos, a mulher do que morreu não se casará com um estranho, alguém de fora da família; seu cunhado a tomará, a receberá por mulher e exercerá para com ela a obrigação de cunhado.

Deuteronômio 25:9-10

9 - Então sua cunhada se chegará a ele na presença dos anciãos, e lhe descalçará o sapato do pé, e lhe cuspirá no rosto, e protestará, e dirá: Assim se fará ao homem que não edificar a casa de seu irmão;

10 - E o seu nome se chamará em Israel: A casa do descalçado.

Amós 8:6

6 - Para comprarmos os pobres por dinheiro, e os necessitados por um par de sapatos, e para vendermos o refugo do trigo.

2. Uma santa união: o casamento precisa da benção de Deus. (vv. 9-12)

(a) “Enchendo a boca”, Boaz diz: “Adquiri o direito de ter como esposa a moabita Rute, viúva de Malom”. Repare que os interesses dela estavam acima dos interesses dele. Que atitude!

NVI:

(Rut 4:10) Também estou adquirindo o direito de ter como mulher a moabita Rute, viúva de Malom, para manter o nome do falecido sobre a sua herança e para que o seu nome não desapareça do meio da sua família ou dos registros da cidade. Vocês hoje são testemunhas disso! "

(b) Palavras com peso de propósito: são de um homem, não de um menino.

Hubbard:

Boaz por sua vez, “[...] agora exerce o direito de resgate que acabou de ganhar. Suas palavras – as últimas em toda a história – são solenes, precisas, e admiravelmente detalhadas.”

(c) O desaparecimento do nome era considerado um infortúnio extremo.

I Samuel 24:21

21 - Portanto agora jura-me pelo SENHOR que não desarraigarás a minha descendência depois de mim, nem desfarás o meu nome da casa de meu pai.

II Samuel 14:7

7 - E eis que toda a linhagem se levantou contra a tua serva, e disseram: Dá-nos aquele que feriu a seu irmão, para que o matemos, por causa da vida de seu irmão, a quem matou, e para que destruamos também ao herdeiro. Assim apagarão a brasa que me ficou, de sorte que não deixam a meu marido nome, nem remanescente sobre a terra.

(d) A congregação do povo de Deus (representada pelas autoridades políticas, jurídicas e espirituais) abençoam a união que já havia nascido no coração de Deus, e agora estava assumindo forma na história.

NVI:

(Rut 4:11) Os líderes e todos os que estavam na porta confirmaram: "Somos testemunhas! Faça o Senhor com essa mulher que está entrando em sua família, como fez com Raquel e Lia, que juntas formaram as tribos de Israel. Seja poderoso em Efrata e ganhe fama em Belém!

Gênesis 29:31

31 - Vendo, pois, o SENHOR que Lia era desprezada, abriu a sua madre; porém Raquel era estéril.

Gênesis 30:22

22 - E lembrou-se Deus de Raquel; e Deus a ouviu, e abriu a sua madre.

(Rut 4:12) E com os filhos que o Senhor lhe conceder dessa jovem, seja a sua família como a de Perez, que Tamar deu a Judá! "

(e) A relação com Perez é interessante:

Genebra: Perez se tornou símbolo de descendência frutífera. Agora, da mesma maneira, Boaz se torna pai de Obede (v. 21) porque outra pessoa se recusou a cumprir a obrigação do levirato. Apesar das falhas humanas, a linhagem messiânica foi preservada.

Mateus 1:3

3 - E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão;

Mateus 1:5

5 - E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé;

Mateus 1:16

16 - E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo.

3. Nasce uma criança: Bendito seja o Senhor! (vv. 13-17)

(a) O casamento que nasceu no céu, foi concretizado na terra: Boaz e Rute.

David Athinkson:

Se há um tema que domina o livro de Rute acima dos outros, é o da providência soberana de Deus e da nossa dependência dEle como seres humanos. Deus é a fonte da vida. A vida, assim como as Suas bênçãos, é um dom de sua mão. E, particularmente, aqui a concepção de um filho é entendida como um dom de Deus.

(b) Houve intimidade após o casamento, e essa é a ordem divina.

Gênesis 2:24

24 - Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.

(c) Ênfase na expressão: “O Senhor permitiu que ela engravidasse”.

(d) Cabe aqui uma reflexão sobre o aborto:

Warren Wiersbe:

Nos Estados Unidos, a cada ano, um milhão e meio de bebês são legalmente mortos ainda no ventre, e seus pedaços são removidos como se fossem tumores cancerosos. Uma enfermeira cristã comentou: “Em uma parte de nosso hospital, trabalhamos dia e noite para manter os bebezinhos vivos. Em outra parte, matamos as crianças.”

(e) As mesmas mulheres que receberam a Noemi quando ela voltou amargurada de Moabe, agora celebram o que o Senhor fez a ela, e por ela.

Rute 1:19-21

19 - Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém; e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi?

20 - Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.

21 - Cheia parti, porém vazia o SENHOR me fez tornar; por que pois me chamareis Noemi? O SENHOR testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal.

(f) O “resgatador” aqui não é Boaz, mas sim o menino!

NVI:

(Rut 4:14) As mulheres disseram a Noemi: "Louvado seja o Senhor, que hoje não a deixou sem resgatador! Que o seu nome seja celebrado em Israel!

(g) Há um desejo de que essa criança sirva de “consolo” na velhice de Noemi.

כול kuwl

uma raiz primitiva; DITAT - 962; v

1) tomar, conter, medir

1a) (Qal) medir, calcular

1b) (Pilpel) sustentar, manter, conter

1b1) sustentar, suportar, nutrir

1b2) conter, segurar, restringir

1b3) suportar, resistir

1c) (Polpal) ser suprido

1d) (Hilpil) conter, segurar, resistir

1d1) conter

1d2) sustentar, resistir

(h) A história do livro de Rute começa com as perdas de Noemi e termina com os ganhos de Noemi.

(i) Rute é considerada, olha que honra! “Melhor do que sete filhos”.

Leon Morris:

O tributo “ela te é melhor do que sete filhos” é extraordinariamente relevante em face do valor comumente atribuído aos homens, em comparação com as mulheres. A ambição de todos os casados era uma prole masculina numerosa; assim falar de Rute como sendo mais valiosa para Noemi do que sete filhos (a expressão proverbial para a família perfeita) é o supremo tributo.

(j) Rute deixa que Noemi cuide de seu filho, essa relação seria como uma espécie de “mãe adotiva”.

Noemi esperava amargar uma velhice solitária, quando perdeu o marido e os filhos. Com a chegada do neto, ela voltou a ter uma família. Era amada, e tinha um lugar de honra. O bebê, em certo sentido, simbolizava tudo isso; e Noemi dedicou-se a ele.

(k) O nome do garoto me parece uma homenagem a Rute: “servo”.

Rute 1:14

14 - Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela.

Rute 2:11-12

11 - E respondeu Boaz, e disse-lhe: Bem se me contou quanto fizeste à tua sogra, depois da morte de teu marido; e deixaste a teu pai e a tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que antes não conheceste.

12 - O SENHOR retribua o teu feito; e te seja concedido pleno galardão da parte do SENHOR Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.

Rute 3:10-11

10 - E disse ele: Bendita sejas tu do SENHOR, minha filha; melhor fizeste esta tua última benevolência do que a primeira, pois após nenhum dos jovens foste, quer pobre quer rico.

11 - Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa.

(l) Ainda:

Na verdade, Deus não nos deixa da mesma maneira que nos encontrou. Como Noemi, quando abrimos o nosso coração para Deus descobrimos que ele já estava trabalhando na nossa vida. Ele vai continuar a trabalhar em nós até que a mudança nos torne irreconhecíveis. A amarga Mara que retornou a Belém foi transformada numa Noemi capaz de reconhecer a mão abençoadora de Deus operando.

Duguid, Iain M.. Estudos bíblicos expositivos em Ester e Rute (p. 262). Editora Cultura Cristã. Edição do Kindle.

4. Jesus, filho de Davi: a história da salvação. (vv. 18-22)

(a) Essa genealogia é citada em:

Mateus 1:3-6

3 - E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão;

4 - E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom;

5 - E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé;

6 - E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.

(b) O registro começa com Perez, filho de Judá com a sua nora, Tamar. (Gênesis 38)

(c) E termina com Davi, o rei mais prestigiado em todo o Israel.

Hernandes Dias Lopes:

O nome de Davi trazia consigo a esperança do Messias em um novo tempo de paz, justiça e liberdade, em que o pecado e a morte seriam vencidos. A história do livro de Rute abre as cortinas da esperança e nos aponta para Jesus!

(d) O livro de Rute começa falando de morte e termina falando de vida.

(e) Jesus, “filho de Davi”: 15 ocorrências.

Mateus 1:1

1 - LIVRO da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.

Mateus 9:27

27 - E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando, e dizendo: Tem compaixão de nós, filho de Davi.

Mateus 15:22

22 - E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada.

Mateus 21:9

9 - E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!

(f) Por que uma genealogia?

Leon Morris:

Uma genealogia é uma maneira extraordinária de trazer diante de nossos olhos a continuidade dos propósitos de Deus, através dos tempos. O processo histórico não é casual. Há um propósito em tudo. Esse propósito é o propósito de Deus.

Quando olhamos para a nossa linhagem genealógica precisamos enxergar o cuidado providencial de Deus em nossa história.

John Piper:

O livro de Rute quer nos ensinar que o propósito de Deus para seu povo é conectar-nos a algo muito maior que nós mesmos. Deus quer que saibamos que, quando o seguimos, nossa vida sempre significa mais do que imaginamos.

Romanos 8:28

28 - E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.

NVT:

28 E sabemos que Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com seu propósito.

Lewis sugeriu a analogia de um feixe de luz num escuro depósito de ferramentas. Quando, pela primeira vez, entrou num depósito, viu um raio de luz e olhou para o luminoso feixe de brilho, repleto de partículas de poeira flutuando. Mas, quando se aproximou do feixe e olhou ao longo dele, ganhou uma perspectiva bem diferente. Repentinamente viu não o feixe, mas, emolduradas pela janela do depósito, folhas verdes balouçando nos galhos de uma árvore lá fora e, além da árvore, a 149 milhões de quilômetros de distância, o Sol. Olhar para o feixe de luz e olhar ao longo do feixe de luz são coisas bem diferentes.

Ilust. Amy, a menina irlandesa que pediu a Deus olhos azuis, cresceu sem conseguir o que desejava, e foi para a Índia como missionária. Ela viu meninas que não eram desejadas por sua família e eram vendidas para os templos como prostitutas para os sacerdotes. Então, ela ficou sabendo o que Deus queria que ela fizesse. Ela tingiu o cabelo e a pele com café. Vestiu saris para se parecer com as pessoas e criou uma casa para essas meninas indesejadas. “Uma irlandesa com olhos castanhos”, disse certa vez uma amiga indiana. “É uma coisa boa. Não penso que você poderia salvar essas meninas se seus olhos fossem azuis.” Agora, Amy sabia por que Deus lhe dera olhos castanhos em vez de azuis. Como Paulo diz em 1Co 9:22, “Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns”. Amy Carmichael não foi para a Índia para viver como estrangeira, ela se tornou como uma indiana. E isso foi algo que Amy sentiu que não poderia ter feito tão completamente se Deus lhe tivesse dado olhos azuis, em lugar de castanhos. Dois mil anos antes, Jesus Se tornou também como os proscritos que estava tentando salvar, assumindo nosso corpo, nossa pele, cabelos e olhos.