JOÃO BATISTA: MODELO PARA OS CRISTÃOS DO SÉCULO 21

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JOÃO BATISTA: MODELO PARA OS CRISTÃOS DO SÉCULO 21
INTRODUÇÃO
“Não podemos ser o que não podemos ver”.
Você concorda com essa frase?
No mundo dos negócios impera esta verdade: Para alcançar nossos alvos, para realizar nossos sonhos, para chegar onde gostaríamos de chegar, precisamos de modelos. Sim: Estar próximos de pessoas que já vivem como nós gostaríamos de viver, ou já chegaram onde nós gostaríamos de chegar, é uma das maneiras mais poderosas de chegar lá.
Para tanto, para ter sucesso: Esteja perto de pessoas que conseguiram se aproximar do que você deseja. Por exemplo:
O empreendedor que não tinha nada, e depois de poucos anos vendeu sua empresa à peso de ouro. A pessoa que depois dos 50 anos mudou de carreira e teve êxito retumbante. A estudante de família humilde, que foi aprovada na primeira tentativa no vestibular nas oito melhores universidades do país, etc.
Assim, no mundo dos negócios e do humanismo, se diz: “Nós precisamos saber, ouvir e viver histórias de pessoas incríveis, a fim de sermos como elas”.
Será que isso vale para a vida cristã? Vale sim.
Na vida cristã precisamos ter modelos que sejam nossa referência na caminhada rumo à pátria celestial. Leiamos o que o apóstolo Paulo escreveu em Romanos 15:4. O apóstolo está dizendo que o conteúdo da Bíblia é para nossa instrução, o nosso aprendizado. E na Bíblia temos a história de diversas boas pessoas. De modo que podemos ler as histórias dessas pessoas e aprender com elas, vê-las como modelos para nós.
Precisamos saber, ouvir e viver histórias de pessoas incríveis da Bíblia, a fim de sermos como elas. Sim: Em lugar de encher nossa mente com histórias de pessoas de nossa sociedade que não são bons exemplos, devemos buscar modelos que iluminem nossa caminhada e nosso preparo para a cidadania celestial.
Nesta manhã eu quero falar de uma das pessoas mais extraordinárias da Bíblia. Acompanhem-me na leitura de Lucas 1:76-80.
Em meus cultos diários pessoais, além de estudar a Bíblia e a lição da Escola Sabatina e a Meditação, eu estudo um livro de Ellen G. White... Aliás, como é bom ler os livros de EGW!
E foi nesse estudo detido, detalhado, minucioso, que eu me deparei com o capítulo 10 do “Desejado”, intitulado A Voz do Deserto; fiquei impressionado com a personalidade e o caráter de João Batista. Fiquei impressionado com suas características. Neste sermão de hoje eu quero partilhar com vocês algumas das minhas descobertas sobre a pessoa de João Batista, a fim de que ele seja um modelo em nossa caminhada. E quero fazer um desafio a você e a mim: imitemos suas características!
1 – SANTIDADE
João Batista foi chamado para ser o mensageiro de Jeová; ele deveria “imprimir” nas pessoas uma “nova direção aos pensamentos”. Ele “devia impressiona-las com a santidade dos reclamos divinos”. Ora, se ele fora chamado para exercer uma obra de santidade, então ele próprio deveria ser santo. João Batista era um santo homem de Deus.
Você e eu temos que ser santos. Sabe por que? “Porque precisamos ser um templo para a presença de Deus”. Ser santo significa ser consagrado a Deus, dedicado a Deus, viver com uma conduta coerente com Deus, que nos convida a sermos santos: santos em nossa vida particular, santos em nossa vida familiar, santos em nossa vida profissional. Neste sentido, ser santo não é uma consecução, mas uma caminhada, um estado de vida: quando Deus nos aceita como Seus filhos e filhas, Ele tem uma missão para cada um de nós; E Ele nos santifica para essa missão: Ele nos escolhe, nos separa, nos dedica a Ele.
2 – DISCIPLINA
“Ao tempo de João Batista, a cobiça das riquezas e o amor do luxo e da ostentação se haviam espalhado por todo lugar. Os prazeres sensuais, banquetes e bebidas, estavam causando moléstias e degeneração física, amortecendo as percepções espirituais, e insensibilizando as pessoas para o pecado”. As pessoas viviam como queriam, e quem quisesse ser diferente, quem quisesse viver a vontade de Deus, precisava dominar “os apetites e as paixões”.
Para poder viver a expectativa de Deus, João Batista aprendeu a dominar sua vida, suas inclinações. Dessa forma, ele foi capaz de se manter inabalável na sociedade, tão inabalável “como as rochas e montanhas do deserto”.
Como filhos e filhas de Deus precisamos ser disciplinados: decididos, focados, inabaláveis como as rochas, firmes na missão e na caminhada para a salvação.
3 - REFORMADOR
Diante da bagunça, da licenciosidade e da permissividade de seus dias, “João Batista devia assumir a posição de reformador. Por sua vida abstinente e por sua simplicidade de vestuário, devia ser uma repreensão para as pessoas de sua época”.
Note que diante de uma sociedade desregrada, João Batista não fez campanha, projeto ou movimento; não fez cartaz, propaganda ou marketing. Ele era a campanha; ele era o projeto; ele era o movimento. Sua vida era seu discurso; antes mesmo de pregar o que as pessoas deveriam abandonar, ele já demonstrava em sua vida a mudança que deveria ocorrer. Antes mesmo de pregar como as pessoas deveriam viver, ele já demonstrava em sua vida o modo correto de vida.
Sabe quando começou tudo isso? Sua vida como reformador começou antes de seu nascimento. Tudo começou com a mensagem do anjo para seus pais. Seus pais levaram a sério. E desde a infância eles incutiram no menino João a disciplina e o espírito do reformador.
EGW escreveu: “Na infância e mocidade, o caráter é extremamente impressionável. Deve ser adquirido então o domínio próprio. Exercem-se, no círculo de família, ao redor da mesa, influências cujos resultados são duradouros como a eternidade”.
Essa afirmação de EGW me faz pensar no seguinte: As características da disciplina e de ser um reformador não se cultivam na vida adulta; suas raízes estão na infância. Isso quer dizer que se quisermos pessoas disciplinadas e com perfil de reformador, como João Batista, precisamos começar esse trabalho nos lares. Por que? Porque “Acima de quaisquer dotes naturais, os hábitos estabelecidos nos primeiros anos decidem se a pessoa será vitoriosa ou vencida na batalha da vida. A juventude é o tempo da semeadura. Determina o caráter da colheita, para esta vida e para a outra”.
João Batista era um reformador e isso começou na infância. Ser um reformador significa mostrar na vida as mudanças que queremos que aconteçam na igreja e na sociedade; ser um reformador significa repreender o mau comportamento com o poderoso sermão de uma vida vivida guiada pela vontade de Deus.
4 - CONCILIADOR
Ao mesmo tempo que João era um reformador (o que pressupõe uma figura forte e decidida), ele também era um conciliador (o que pressupõe uma figura acolhedora). Isto fica claro no texto de Malaquias 4:6: “Ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição”. Esta profecia se cumpriu na pessoa de João Batista. A mensagem profetizada aqui conduziria ao verdadeiro arrependimento, e, por ela, muitos se voltariam a Deus; a expressão “filhos” é uma referência literal aos filhos de Israel, muitos dos quais retornariam à verdadeira fé de seus pais, os patriarcas.
Isto quer dizer que João Batista exerceu papel conciliador, convencendo os israelitas a retornarem aos caminhos de seus pais, que haviam vivido grandes experiências com Deus. Antes da segunda vinda de Cristo uma obra semelhante será feita por aqueles que pregam as três mensagens angélicas ao mundo.
Ser conciliador significa: Convidar as pessoas a se aproximarem de Deus, a voltarem a Deus, a se entregarem a Deus, a experimentarem a conversão genuína.
5 - ESTUDO
João Batista tinha um discurso poderoso, tanto na forma quanto no conteúdo. Sim, sua pregação tinha conteúdo sólido. E onde ele estudou? O quê ele estudou?
EGW diz que, “Segundo a ordem natural, o filho de Zacarias teria sido educado para o sacerdócio. A educação das escolas dos rabis, no entanto, tê-lo-ia incapacitado para sua obra. Deus não o mandou aos mestres de teologia para aprender a interpretar as Escrituras. Chamou-o ao deserto, a fim de aprender acerca da Natureza, e do Deus da Natureza”.
Observe: João Batista não estudou nas escolas de teologia da época, porque estas não o ajudariam a se preparar para cumprir a missão que ele tinha; os professores de teologia dessas escolas não eram confiáveis.
Ele foi ao deserto, local literal e simbólico que lembra isolação e concentração.
Os temas que estudou foram: a natureza, e o Deus da natureza.
Além disso, Ellen G. White que “João encontrou no deserto sua escola e santuário”. O que ele fazia no deserto? “Assim como “Moisés entre as montanhas de Midiã, [Moisés] era circundado da presença de Deus, e das demonstrações de Seu poder”.
João Batista tinha um deserto literal, e nele ele tinha uma experiência de intenso aprendizado. No deserto, João Batista bebia da fonte do conhecimento.
Você e eu precisamos ter nosso “deserto”, que seja nossa escola e nosso santuário. Nossa escola para fortalecer nosso intelecto, e nosso santuário para fortalecer nossa fé. Você tem seu “deserto” de aprendizado? Pode ser seu escritório em casa, seu escritório no trabalho, ou algum outro lugar. Você precisa ter um local onde diariamente possa ler, estudar, aprofundar, escavar a verdade.
6 – SIMPLICIDADE E ABNEGAÇÃO
Ao passar boa parte do seu tempo no deserto, João Batista renunciou ao luxo e às diversões, e se acostumou à vida rigorosa do deserto que tinha dois componentes essenciais complementares: simplicidade e abnegação. Simplicidade se refere ao que é natural, simples, puro. Uma pessoa simples é alguém que tem um comportamento natural e despretensioso. Por outro lado, abnegação é uma vida de renúncia, uma vida sacrificada, uma vida que abre mão de seus próprios interesses.
Abnegação e simplicidade são características que andam juntas. Quem é simples, é abnegado; quem é abnegado, é simples. Discipuladores devem ser simples e abnegados porque como pregadores do evangelho precisamos mostrar às pessoas que seguir Cristo tem altos custos: exige sacrifício, exige uma vida simples. Quem conhecia João Batista, logo no primeiro encontro percebia que ele era poderosamente simples e contagiantemente abnegado; não é por acaso que as pessoas ficavam extremamente sensibilizadas por sua pregação e sua vida.
7 – SOCIABILIDADE
Pode parecer, pelo que comentamos até aqui, que João Batista era um alienado, um ermitão. Nada disso. EGW escreve que “A vida de João [Batista] não era [...] passada em ociosidade, em ascética tristeza, em isolamento egoísta. [Ele] ia de tempos a tempos misturar-se com os homens; e era sempre observador interessado do que se passava no mundo. De seu quieto retiro, vigiava o desdobrar dos acontecimentos. Com a iluminada visão facultada pelo Espírito divino, estudava o caráter dos homens, a fim de saber como lhes chegar ao coração com a mensagem do Céu”.
João Batista tinha uma personalidade interessantíssima, que misturava estilo introvertido e extrovertido. Em sua introversão, ele passava longo tempo no deserto; em sua extroversão, ele se misturava com as pessoas. E observe que ele estudava o caráter das pessoas para poder alcançá-las, para poder entregar as mensagens a elas. Ele estudava o caráter das pessoas com fins evangelísticos.
A vida de João Batista, entre o deserto e as multidões, é um tremendo puxão de orelhas numa turma que pensa que a vida cristã se resume a morar nas montanhas, e de lá ficar criticando meio mundo. Preste atenção ao que Ellen G. White escreveu: “Deus dera a João Batista instruções para habitar no deserto, a fim de protegê-lo contra a influência dos sacerdotes e rabis, e prepará-lo para uma missão especial. A austeridade e isolamento de sua vida, porém, não eram um exemplo para o povo. O próprio João não ordenara a seus ouvintes que abandonassem seus anteriores deveres. Pediu-lhes que dessem demonstração de arrependimento pela fidelidade a Deus, no lugar em que Ele os chamara”.
“Os que buscam esconder sua religião [...] ocultando-a dentro de muros de pedra, perdem valiosas oportunidades de fazer bem. Por meio das relações sociais, o cristianismo se põe em contato com o mundo”.
A vida de João Batista, entre o deserto e as multidões, é uma tremenda inspiração.
8 – REVERÊNCIA
“Num misto de respeito e regozijo”, João Batista examinava o que os escritos proféticos diziam sobre o Messias. João Batista encarava sua missão com profundo respeito, e seu Deus com profunda reverência. Para ele, as palavras de Deus a Moisés, também ditas no deserto, tinham significado especial.
Reverência Ellen G. White nos lembra o seguinte: “A humildade e a reverência devem caracterizar o comportamento de todos os que vão à presença de Deus. Em nome de Jesus podemos ir perante Ele com confiança; não devemos, porém, aproximar-nos dEle com uma ousadia presunçosa, como se Ele estivesse no mesmo nível que nós outros... Deus deve ser grandemente reverenciado; todos os que em verdade se compenetram de Sua presença, prostrar-se-ão com humildade perante Ele, e, como Jacó, ao contemplar a visão de Deus, exclamarão: ‘Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; esta é a porta dos Céus” (PP, 255, 256).
Deus nos fala em dias comuns, falando com pessoas comuns, mas Ele não é um ser comum. Ele é Deus, e nós nunca devemos perder o senso de Sua grandeza, de Sua glória, de Sua majestade, soberania, poder e santidade. Ele é um ser santo, e deve ser respeitado como tal. Além disso, as coisas dEle são sagradas: Sua Palavra escrita, Seu Templo, Seus símbolos.
9 – VISÃO
João Batista era um visionário. É claro que ele era realista, e “via seu povo enganado”, e ficava triste porque mesmo sendo enganado, o povo estava “satisfeito consigo mesmo e adormecido em pecados”. Entretanto, João Batista “anelava desperta-los para vida mais santa”. Observe que João não sonhava com um povo liberto do jugo romano; isso era pouco! Ele era um visionário: sonhava com um povo liberto do pecado, vivendo em santidade.
A visão é como uma mola propulsora que nos impulsiona para realizações maiores, que nos leva a alcançar resultados cada vez melhores.
10 – SINGULAR
Visão João Batista era singular, único. Mas sua singularidade, em vez de torna-lo alguém estranho, esquisito, o tornava alguém atrativo. Ellen G. White afirma que “o singular aspecto de João fazia a mente dos ouvintes reportar-se aos antigos videntes. Nas maneiras e no vestuário, assemelhava-se ao profeta Elias. Com o espírito e poder deste, denunciava a corrupção nacional, e repreendia os pecados dominantes. Suas palavras eram claras, incisivas, convincentes. Muitos acreditavam que fosse um dos profetas ressuscitado. Toda a nação se comoveu. Multidões afluíam ao deserto”.
O fiel filho e filha de Deus não pode ser mera cópia de outro; deve ser alguém especial, não a ponto de ser excêntrico, bizarro, mas a ponto de ser ímpar e sui generis. Como João Batista.
11 - HUMILDADE
João Batista adquiriu reconhecimento, fama, boa reputação. Mas ele sempre se manteve humilde. Isso é bem ilustrado por estas palavras de Mateus 3:11: “Eu batizo vocês com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de carregar as sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo”.
João Batista sabia quem ele era, mas também sabia quem ele não era. Ele era humilde. Humildade é a virtude que nos dá o sentimento de nossa fraqueza e limitações. Humildade é modéstia. Ser humilde é permitir que a vontade de Deus floresça em nossa vida. João Batista viveu assim. Nunca se considerou “a cereja do bolo”. E embora corajoso e decidido, se manteve humilde ao longo de seu ministério.
CONCLUSÃO
Nesta reflexão eu quis mostrar que João Batista foi um discípulo de primeira grandeza. E por isso, convém que perguntemos: “Quais as características dele que podem me ajudar em minha caminhada? ”.
Eu partilhei com vocês minhas descobertas lendo Ellen G. White, especificamente o capítulo 10 do Desejado de Todas as Nações. Aqui está o resumo do que eu disse: À luz do ministério de João Batista, o cristão deve ser:
1. Santo 2. Disciplinado 3. Reformador 4. Conciliador 5. Estudioso 6. Simples e abnegado 7. Sociável 8. Reverente 9. Visionário 10. Singular 11. Humilde.
O efeito será extraordinário, assim como foi a vida de João Batista. Ao final do capítulo do capítulo ao qual me referi no início, está escrito: “Muitos deram ouvidos a suas instruções. Muitos sacrificaram tudo, a fim de obedecer. Multidões seguiam a esse novo mestre de um lugar para outro” (p. 77).
S U G E S T Ã O
Irmãos queridos. Em lugar de encher nossa mente com histórias de pessoas de nossa sociedade que não são bons exemplos, devemos buscar modelos que iluminem nossa caminhada e nosso preparo para a cidadania celestial. Afinal, depois de um tempo acabamos nos parecendo com os modelos com os quais gastamos tempo e aos quais dedicamos atenção e afeição.
Hoje de tarde tire um tempo para ler e meditar no capítulo 10 do livro O Desejado de Todas as Nações. Assim você poderá “ver” a figura do extraordinário João Batista. De acordo com o próprio Jesus Cristo, “dentre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João” (Lucas 7:28). Ou como diz a Bíblia A Mensagem: “Ninguém na história da humanidade é mais importante que João”. Que tremendo! É ao lado de pessoas como João Batista que precisamos estar, a fim de nos prepararmos para a pátria celestial.
A P E L O
Mais do que apenas impacto ou admiração, nossa vida deve causar efeito transformador na vida das pessoas com as quais convivemos”. Para tanto, cultivemos características como estas de João Batista que eu comentei hoje. Amém!
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