Mateus 15.1-20

Série expositiva no Evangelho de Mateus  •  Sermon  •  Submitted
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O autor demonstra o legalismo como obstáculo impedidor à compreensão à identidade messiânica.

Notes
Transcript
“[...] Porque é chegado o Reino dos céus” (Mateus 3.2).
Pr. Paulo Ulisses
Introdução
Continuando a seção que caracteriza Cristo como o Salvador, reconhecido pela fé pelos que foram chamados ao Reino, Mateus dá início à uma subseção dentro desta parte de seu texto, em que demonstra exemplos de pessoas que contemplam o Senhor a partir dessa ótica, e outras que o rejeitam por não terem acesso a esse poder.
O primeiro dos personagens expostos pela narrativa são os fariseus, um grupo que desde o início revelara antagonia à mensagem do Reino propagada por Jesus, e portanto, estavam aquém da salvação, demonstrando essa condição mediante as aguerridas tentativas de opor-se ao Senhor.
O contexto da oposição desta feita, é a tentativa de fragilizar o ministério de Cristo acusando-o de ser contrário à tradição dos anciãos (i.e. a Mishná):
Mateus 15.1–2 RA
Então, vieram de Jerusalém a Jesus alguns fariseus e escribas e perguntaram: Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos, quando comem.
Por meio desse “confronto”, Mateus explicita uma outra forma de impedimento à compreensão de Cristo como Messias/Filho de Deus: o legalismo; tema que já havia sido tratado anteriormente, mas que é trazido novamente ao enredo, a fim de que se demonstre toda dificuldade gerada a partir dele, obstruindo o coração dos réprobos, não os fazendo alcançar a salvação.
Esse hiato entre os tópicos que caracterizam aspectos específicos da identidade do Messias, servirá de preparação para os embates a seguir, que consolidam a resistência de muitos em ver o Cristo a partir da ótica do Evangelho, como já dito.
Assim, a ideia central da presente seção é: A resistência legalista como impedimento ao Reino.
Elucidação
A referência do questionamento dos fariseus, aponta para o costume desenvolvido de lavar as mãos antes das refeições. Esse ato porém, antes de ser mero precedimento higiênico, estava diretamente ligado à confissão de fé judaica, criada a partir da consideração dos fariseus quanto a santidade devida pelo povo ao SENHOR. Os fariseus legalistas criaram por conta própria (cf. v. 9), um modo próprio de externar - pelo menos é o que achavam - a santidade divina.
Cristo, por outro lado, interpela-os, alegando que eles preocupavam-se com o que entrava pela boca, sob o pretexto de "contaminação" (gr. "κοινόω" = lit. "profanar") - baseados apenas em "preceitos de homens" (cf. v.9), e desprezavam a verdadeira tradição: o cumprimento da Lei, como é protestado pelo Senhor, a partir do verso 5:
Mateus 15.5–6 RA
Mas vós dizeis: Se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: É oferta ao Senhor aquilo que poderias aproveitar de mim; esse jamais honrará a seu pai ou a sua mãe. E, assim, invalidastes a palavra de Deus, por causa da vossa tradição.
Esse registro, posicionado após o capítulo 14, em que o redator tratou sobre a identidade de Cristo, ainda reflete essa temática básica, explicitada porém de outra forma. Enquanto que os réprobos não concebem a identidade de Cristo através de um flagrante distanciamento, os fariseus transmitem essa mesma imagem, porém, a partir de um entendimento completamente equivocado do que representa realmente a nova vida proporcionada pelo Reino de Deus.
Seus tabus, ao contrário de serem reflexos fiéis de um zelo para com o cumprimento da Lei do SENHOR, eram caricaturas estranhas e disformes, que mais apontavam para os corações corrompidos que tinham, mergulhados em egocentrismo, ao ponto de desprezar os mesmos mandamento que juravam defender e cumprir, como é o caso do quinto mandamento, citado no verso 4. Segundo William Hendriksen:
Mateus, Volumes 1 e 2 15.1–20 A Contaminação Cerimonial e Verdadeira

Os fariseus e escribas estavam dizendo aos filhos que havia uma forma de se defender do pesado fardo de ter de honrar a seus pais, sustentandoos. Se o pai ou a mãe, notando que um filho possuía algo de que um deles necessitava, lho pedia, tudo o que o filho precisava fazer era dizer: “É um doron (uma dávida)” ou “corban (uma oferta)”, Marcos 7.11. De qualquer forma, quer o filho use o termo grego, doron, ou o hebraico, corban, ele na verdade está dizendo: “É consagrado a Deus”, e fazendo essa afirmação ou exclamação ele, segundo a doutrina farisaica baseada na tradição, estava se desvencilhando da obrigação da honra devida a seus pais, ajudando-os em sua necessidade particular.

Diante de tamanha hipocrisia, Cristo condena tamanha atitude, conectando aquela situação ao contexto de uma profecia de Isaías:
Mateus 15.7–9 RA
Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
O contexto da fala do profeta é o de uma profecia de restauração (cf. Is 29.17-24, porém, antes de anunciar a salvação que será executada pelo SENHOR, dando vista aos “cegos”, Isaías anuncia o estado deplorável em que se encontrava a nação: perdidamente entregue ao paganismo e infidelidade para com o SENHOR. Esse era o real quadro dos fariseus: julgando serem sábios e zelosos cumpridores da Lei, estavam na verdade cegos e distantes do compromisso exigido pelo Criador através de sua Lei.
Transição
Essa discrepante desconexão entre a tradição dos fariseus e o cumprimento da Lei é usada pelo autor como um alerta: tal como a confissão credal genuína exibe o pertencimento de um indivíduo ao Reino dos céus (cf. Mateus 14.33), as palavras também podem declarar qual o estado do coração, pois “não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca, isto, sim, contamina” (v. 10), e intensificando essa noção Cristo complementa:
Mateus 15.17–20 RA
Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre e, depois, é lançado em lugar escuso? Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos não o contamina.
Mediante esses princípios, a exortação registrada pelo autor divino/humano é direcionada à igreja de Cristo, sob a análise do seguinte princípio:
Aplicação
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