CORRA PARA PREGAR! 1 Coríntios 9.24-26

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Notes
Transcript
Grande ideia: Nossa pregação é a nossa principal corrida na vida.
Estrutura: a corrida cristã deve ser encarada com persistência disciplinada (v. 24), com os olhos na eternidade (v. 25) e com o reconhecimento de nossas debilidades pessoais (vv. 26,27).
https://www.ultimato.com.br/conteudo/nem-nas-olimpiadas-corpo-material-e-alma-espiritual-se-separam
Carruagens de fogo apresenta a história de Eric Liddell (1902-1945), filho de missionários presbiterianos escoceses na China, ele próprio mais tarde missionário naquele país e, nas horas vagas, atleta olímpico. Liddell era um presbiteriano de pura cepa, um homem de princípios inegociáveis: classificado para disputar as Olimpíadas de 1924, em Paris, recusou-se a correr os 100 metros rasos porque a disputa seria em um domingo. Para aqueles presbiterianos antigos o dia de descanso era algo muito sério. O filme menciona algumas vezes o Sabbath – não há corresponde direto para esta palavra em português. Sabbath não é exatamente o mesmo que Saturday, que é sábado. Sabbath tem um significado especificamente religioso, pois se refere ao dia de descanso, o dia do Senhor – no caso dos cristãos, o domingo. Como presbiteriano que era, Liddell levava muito a sério a tradição do Catecismo Maior de Westminster, que em suas perguntas 115-121 é muito estrito e severo quanto às proibições referentes ao Sabbath cristão, isto é, o domingo. Liddell “bateu o pé”, como popularmente se diz, não atendeu nem ao pedido do próprio Príncipe de Gales na época, e mesmo sendo chamado de traidor da pátria, não se deixou demover de sua decisão. Um de seus colegas trocou de lugar com ele, permitindo desta maneira que Liddel corresse os 400 metros rasos em uma quinta-feira. Resultado: ele ganhou a medalha de ouro. Naquela mesma Olimpíada seria ainda bronze nos 200 metros rasos. O filme conta ainda a história de outro atleta da mesma equipe britânica de atletismo: Harold Abrahams (1899-1978), que corria por motivações completamente diferentes das de Liddell. Abrahams era judeu, filho de imigrantes lituanos. Era motivado por sua vaidade pessoal, uma carência emocional de ser considerado o melhor no que fazia, mas também que demonstrar que o fato de ser judeu não fazia dele menos capaz que nenhum anglo-saxão “puro sangue”. Naqueles mesmos jogos Abrahams conquistou a medalha de ouro nos 100 metros rasos. A motivação de Liddell é completamente diferente. E aí está a meu ver o ponto culminante do filme. Em uma fala interessantíssima ele diz: I believe God made me for a purpose. For China. But he also made me fast. And when I run I feel His pleasure. To win is to honor Him – “Eu creio que Deus me fez com um propósito. Para a China. Mas ele também me fez veloz. E quando eu corro, eu sinto o Seu prazer. Vencer é honrá-lo”.
Davi Merck:
Paulo está dizendo que tudo na vida dele ficou subjugado ao propósito de alcançar vidas para o Reino de Deus. Abria mão dos seus direitos pessoais, o conforto de um sustento garantido como missionário, o conforto de fama e reconhecimento. Usava todas as estratégias ao seu dispor, toda a sua criatividade, erudição, experiência de vida para atrair pessoas para o Evangelho.
Hernandes Dias Lopes:
A liberdade cristã se manifesta de forma madura quando você tem direitos legítimos, mas, por amor aos outros, abre mão desses direitos. No dicionário do cristão, o outro vem na frente do eu. Na ética cristã, o amor prevalece sobre o próprio conhecimento.
1. Na vida cristã, a corrida diária deve ser encarada com persistência disciplinada. (v. 24)
(a) O esforço na nossa caminhada espiritual é sempre solitário e imensamente pessoal.
Simon Kistermaker:
De maneira semelhante, os crentes de Corinto devem aplicar-se para progredir na vida espiritual como se estivessem numa corrida e competissem por um prêmio.
(b) Tudo o que o Deus requer de nós é que prossigamos incansavelmente ao longo de todo o caminho em direção ao alvo. (Calvino)
Warren Wiersbe:
A autoridade (os direitos) deve ser contrabalanceada pela disciplina. Se desejamos servir ao Senhor e obter sua recompensa e aprovação, precisamos pagar um preço por isso.
(c) Na realidade, Paulo está em mente aqui o atleta disciplinado que deseja ter sua performance otimizada e em escala crescente!
Champlim:
Fica aqui subtendida a necessidade de disciplina, a obediência às regras, o treinamento, a determinação, a fidelidade e a constância.
“O jovem que deseja vencer nas corridas precisa suportar muito e fazer muito; deve suar e sentir frio; deve abster-se do amor e do vinho”. (Horácio)
(d) Não há conquistas na vida cristã sem renúncia.
O que está em jogo é unicamente o alvo eterno e a necessária e deliberada renúncia a tudo o que me poderia me privar desse alvo extraordinário.
Moody:
Andar com Deus exige sacrifício pessoal, sacrifício de coisas não necessariamente más, mas que prejudicam a devoção total da alma a Deus - tais como os prazeres e interesses mundanos.
(e) Há muitos elementos que procuram nos dispersar de nosso preparo adequado para a luta (agonia) do ministério.
Leon Morris:
O cristão tem que evitar, não somente o pecado definido, mas toda e qualquer coisa que impeça a sua completa eficiência.
(f) A disciplina permite que discernamos a vontade de Deus a nosso respeito.
Basilea Schlink:
Quando concordamos com a vontade de Deus, nossa vida se enche de poder, visto estarmos de acordo com Aquele que tem todo o poder no céu e na terra. Quando submetemos nossa vontade a Deus, Seu coração se abre e uma torrente de amor, paz e alegria fluem para o nosso coração. Estar de acordo com a vontade de Deus nos refaz de modo a sermos semelhantes a Ele. As palavras não são suficientes para exprimir a riqueza espiritual que a obediência, bem como a submissão de nossa vontade a Ele, nos trarão. Quando obedientemente dizemos “SIM” à vontade de Deus, mesmo quando ela vem através de outras pessoas, nossos sofrimentos e necessidades perdem seu poder. Portanto, não importa quanto custa, devemos escolher sempre a vontade de Deus e não a nossa. Em todas as coisas, grandes ou pequenas, nos defrontamos com esta escolha. Mas, cada vez, estejamos certos disto: se escolhermos a vontade de Deus e agirmos de acordo com os Seus mandamentos, estaremos unidos a Ele. Mas se, em franca desobediência, fazemos a nossa vontade, estaremos unidos a Satanás. Nesse caso, nossa vida não será abençoada, e isso terá sérias consequências no mundo futuro.
2. Na vida cristã, a corrida diária deve ser encarada com os olhos na eternidade. (v. 25)
(a) Não podemos permanecer reféns das nossas expectativas terrenas.
Ao entendermos que nossa herança está nos céus e que somos peregrinos na terra, então nos despiremos daquele apego pela vida terrena a que nos entregamos de forma tão ansiosa.
João Calvino:
Não obstante, se dão tanta importância a uma coroa de ramos, que murcha quase que instantaneamente, não deveríamos nós pôr todo nosso mais intenso apreço numa coroa eterna?
(b) O nosso prêmio afinal de contas, será incorruptível!
II Timóteo 4:8
8 - Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
I Pedro 5:4
4 - E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória.
Apocalipse 2:10
10 - Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
Apocalipse 3:11
11 - Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.
(c) Como diz o compositor sacro:
HINO 490 - ALELUIA SIM É CÉU James Milton Black (1856-1938) Benjamim Rufino Duarte (1874-1942)
Depois que Cristo me salvou, em céu o mundo se tornou; Até no meio do sofrer, é céu a Cristo conhecer! Oh Aleluia sim é céu, fruir perdão que concedeu; Em terra ou mar seja onde for, é céu andar com o Senhor! Prá mim mui longe, estava o céu, mas quando Cristo me valeu; Feliz senti meu coração, entrar no céu da retidão! Bem pouco importa eu ir morar, em alto monte, à beira mar; Em casa ou gruta boa ou ruim, com Cristo aí é céu pra mim!
3. Na vida cristã, a corrida diária deve ser encarada com reconhecimento de nossas debilidades pessoais. (vv. 26,27)
(a) Paulo reconhece-se aqui como seu principal inimigo ao seu crescimento espiritual.
F. F. Bruce:
O maior problema de Paulo na disputa é ele mesmo. As distrações e empecilhos surgem principalmente de dentro.
(b) Não se pode perder tempo com entretenimentos vãos.
Calvino:
Diz: “Eu sei para onde estou correndo, e estou ansioso como um pugilista experiente que não quer errar seu golpe”.
(c) A metáfora do boxe é bem forte:
O boxe praticado nos tempos antigos era esporte muito mais brutal que o seu moderno paralelo. Assim era por causa do tipo de luvas que os contendores usavam. Assim é que Virgílio (em “Eneida”, v.405) descreve as luvas de Entelo dizendo que as mesmas eram formadas de sete camadas de couro de vaca, com chumbo e ferro entremeados na mesma. Algumas vezes tais luvas eram denominadas “guiotoroi”, isto é, “quebra-membros”.
(d) “subjugo o meu corpo”:
Em vez de “eu o trato duramente”, uma tradução literal do grego é: “eu me dou um olho roxo”.
(e) Tudo isso para ele não ser “desclassificado”.
Calvino:
Portanto, esforço-me para viver de tal maneira que meu caráter e conduta não contradigam ao que eu ensino, e que, portanto não venha eu a negligenciar as próprias coisas que exijo dos outros, e com isso envolvendo-me em grande infortúnio e trazendo graves ofensas a meus irmãos.
(f) Não se tratava de “perda de salvação”.
David Prior:
Quem está em Cristo não pode perder a salvação, mas pode descobrir que o serviço a ele prestado foi feito com os próprios recursos humanos e para a glória pessoal. Eis o que Paulo mais temia.
(g) Apelo aos nossos líderes:
Werner de Boor:
Os rabinos já conheciam a grave preocupação pelo mestre: “para que seus discípulos não herdem o mundo vindouro e ele próprio desça ao Hades”. Será que nós, pregadores e anunciadores de hoje, já não nos tornamos demasiadamente despreocupados e seguros de nós mesmos nessa questão, pensando que em nós certamente não há deficiência, já que conduzimos outros a Jesus? Que linha mestra (ou linha de juízo!) representa para nós toda a frase do apóstolo!
(h) Em suma:
Hernandes Dias Lopes:
Enfim, o apóstolo Paulo diz o seguinte: Meus irmãos, eu estou abrindo mão dos meus direitos por amor a mim mesmo. Eu não quero ser desqualificado. Como é triste ver tantas pessoas desqualificadas no meio da corrida, no meio do ministério.
Ilustr.:
Depois das Olimpíadas de 24 Liddell voltou para a China, onde fora criado, para exercer a obra missionária. Casou-se com uma cidadã canadense de origem escocesa, e o casal teve três filhas. Quando o Japão invadiu a China, Liddell conseguiu que a esposa e as filhas fossem evacuadas para o Canadá. Ele poderia ter saído também, mas preferiu ficar no campo missionário. Foi levado para um campo de prisioneiros, no qual os japoneses mantinham estrangeiros, europeus e norte-americanos. Conforme o relato de Duncan Hamilton, autor da mais recente biografia de Liddell, vários sobreviventes daquele campo de prisioneiros relataram como Liddell tornou-se querido de todos por servir a todos, sem exceção. Lá veio a falecer, por ter contraído febre tifoide. Não sem razão alguns consideram Liddell um mártir cristão do século XX.
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