As últimas palavras de um velho pastor

Timóteo tornou-se o companheiro mais próximo de Paulo. O apóstolo o chama de seu cooperador (Rm 16.21) e de irmão e ministro de Deus no evangelho de Cristo (1Ts 3.2).

Embora Timóteo fosse um jovem tímido e doente, Paulo delegou a ele várias missões importantes, tanto em Tessalônica (1Ts 3.1–5) como em Corinto (1Co 4.17). Timóteo acompanhou Paulo em sua viagem a Jerusalém, quando levaram uma oferta aos pobres da Judeia, ocasião em que o apóstolo foi preso pelos judeus (At 20.1–5). Na primeira prisão de Paulo em Roma, Timóteo estava ao seu lado (Fp 1.1; 2.19–24; Cl 1.1; Fm 1). Agora, em sua segunda prisão, Paulo roga para Timóteo vir depressa ao seu encontro (4.9,21).

Depois que foi solto da primeira prisão em Roma, Paulo deixou Timóteo em Éfeso (1Tm 1.3), como líder da igreja. As responsabilidades eram imensas, basta ler 1 Timóteo.

Nesse tempo, Timóteo era considerado ainda um homem jovem (2.22; 1Tm 4.12). Além disso, Timóteo era tímido (1.7,8; 2.1,3; 3.12; 4.5; 1Co 16.10,11) e doente (1Tm 5.23), mais propenso a “ser comandado que a comandar”.11 Paulo já estava na antessala de seu martírio, às portas da decapitação. Era urgente passar a Timóteo o bastão da responsabilidade para preservar a sã doutrina e conservar intacto o ensino dos apóstolos. Com as características de Timóteo, parecia impossível que o filho na fé desse conta de tão gigantesca missão.

É importante destacar, outrossim, que essa carta foi endereçada também à igreja de Éfeso (4.22). As mesmas palavras destinadas a Timóteo, o pastor da igreja, deveriam alcançar, de igual modo, toda a comunidade.

Propósito: Por mais de trinta anos, Paulo pregou fielmente o evangelho, plantou igrejas, defendeu a fé e consolidou a obra. Num breve resumo de seu passado, ele declarou: Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé (4.7).

Agora, o idoso apóstolo está novamente preso e sofrendo dolorosa solidão.

É nesse contexto de angústia e dor, de sombras espessas e tempestades, que Paulo escreve sua última carta. Sua preocupação não é prioritariamente com a própria vida. Seu foco não é sua libertação. Sua atenção se volta para o evangelho.

Texto Bíblico

2Tm 4.9-18

9 Procura vir ter comigo depressa. 10 Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. 11 Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério. 12 Quanto a Tíquico, mandei-o até Éfeso. 13 Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos. 14 Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras. 15 Tu, guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras. 16 Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! 17 Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. 18 O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!

Paulo abandonado

Exposição

Por Demas v.9, 10a (recentemente)

Quem foi Demas?

Cl 4.14 - Saúda-vos Lucas, o médico amado, e também Demas;

Fm 24 - Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores.

Hernandes Dias Lopes em seu comentário sobre a passagem, diz:

Demas é mencionado apenas três vezes no Novo Testamento (Cl 4.14; Fm 24; 2Tm 4.10). Na primeira vez, era um cooperador. Na segunda vez, seu nome é apenas mencionado. E, na última vez, ele é apresentado como um desertor. Começou bem a carreira, mas a encerrou mal. Moule é da opinião que Demas foi atacado pela covardia naquele tempo de terror. John Bunyan, em sua obra O peregrino, mostra Demas guardando a mina de prata na Colina do Lucro. Nessa mesma linha de pensamento, Warren Wiersbe é da opinião que Demas foi seduzido de volta ao mundo pelo amor ao dinheiro. Hendriksen é oportuno quando diz que o verbo usado por Paulo implica que Demas não apenas deixou o apóstolo, mas o deixou numa situação difícil, ou seja, o desamparou. A separação não foi somente geográfica, mas, sobretudo, espiritual.

Paulo sente o impacto do abandono de Demas e esse fato não fica fora do relato enviado a Timóteo.

Pelos amigos v.16 (no primeiro julgamento)

Paulo relembra que no seu primeiro julgamento foi abandonado (mesma palavra usada para Demas). Não recebeu apoio daqueles que estavam ao seu lado.

O medo provavelmente invandiu os seus companheiros e eles não deram o apoio devido.

De qualquer forma, Paulo, em um momento crucial de sua vida, olhou ao seu redor e não viu os seus companheiros.

Mesmo assim, roga a Deus que isso não lhes seja cobrado.

Doutrina - Aplicação

Sobre amar o presente século

Paulo cita que o motivo de Demas ter o abandonado é devido o mesmo ter amado o presente século;

Engraçado que imediatamente antes, Paulo, parece fazer um contraste com relação a esse comportamento de Demas:

2Tm 4

6 Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. 7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. 8 Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.

Ou seja, não se importam ou não tem o coração preso ao “presente século”;

Estar preso as coisas desse mundo, retiram os olhos das coisas que realmente importam. E foi isso o que aconteceu com Demas.

E isso pode facilmente acontecer conosco.

A nossa rotina, os nossos anseios e desejos; podem nos tirar do foco. Precisamos estar atentos ao nosso coração.

Prosperar ou amar alguém nunca foi o problema. O problema é amar essas coisas ou qualquer coisa acima do único de Deus!

Sobre abandono

Jesus sabe o que é ser abandonado

Mateus 26

36 Em seguida, foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar; 37 e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. 38 Então, lhes disse: A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo. 39 Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. 40 E, voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? 41 Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 42 Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade. 43 E, voltando, achou-os outra vez dormindo; porque os seus olhos estavam pesados. 44 Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. 45 Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores. 46 Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.

Jesus, minutos antes de sua prisão foi orar a Deus e queria que aqueles que estiveram mais próximos o acompanhassem nesse momento tão agustiante. Frustrou-se ao ver que aqueles que estavam o tempo todo ao seu lado não foram capazes de permanecer em vigília juntamente com ele.

Jesus conhece a solidão!

Jesus conhece a sua solidão, justamente por ser homem.

Is 7:14 “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel.”

Jo 1:14 “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.”

Todo abandono vivido, certamente, está sendo observado por Cristo. E não passará despercebido, pelo fato de saber o que é exatamente isso.

Sobre perdoar

Paulo deixou intencionalmente de sentir ressentimento pelos que lhe injustiçaram. Ele pede a Deus que não cobre o abandono deles.

Em outras partes da Bíblia existe a mesma orientação:

Lc 17 4-5 “Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.”

Ef 4.32 “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.”

Cl 3.12-13 “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;”

O evangelho requer de nós um movimento completamente diferente do que vemos no mundo.

No mundo é instigado sempre demonstrar a ação do pecado na humanidade. Por isso é tão natural pensar em não perdoar. Porque esse sentimento reside em nós. Mas não é isso que o evangelho nos propõe!

Paulo afrontado

Exposição

Por Alexandre v.14 e15

Quem é Alexandre?

Paulo dá uma dica, fala da sua profissão. Essa palavra no original somente é usada aqui em toda a Bíblia e significa “ferreiro” ou “aquele que trabalha com bronze”. Uma espécie de caldereiro (se fosse nos dias de hoje). Mas não dá mais detalhes.

Na primeira carta a Timóteo, Paulo fala a respeito de um Alexandre.

1Tm 1.20 “E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem.”

Faz sentido ser o mesmo, pois ao que indica esse Alexandre está ou estará em contato com Timóteo por onde ele passar. Daí o alerta de Paulo.

O problema de Alexandre foi resistir “às palavras”. Paulo não aponta para um afrontamento contra a sua pessoa (ou pelo menos não destaca isso), mas contra o evangelho.

Segundo Hernandes Dias Lopes, alguns historiadores afirmam que foi Alexandre, o latoeiro, quem traiçoeiramente delatou Paulo, resultando em sua segunda prisão e consequente martírio. Alexandre se tornou inimigo do mensageiro e também da mensagem. Perseguiu o pregador e resistiu à pregação.

Doutrina - Aplicação

Sobre ser afrontado

“Resistir” aqui tem o significado de “opor-se” ou “levantar-se contra”.

Outros exemplos da mesma palavra:

Lc 21.15 “porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos quantos se vos opuserem.”

Rm 13.2 “De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.”

A ação contra o evangelho foi confundida contra a pessoa de Paulo, mas ele tinha em mente que:

Ef 6.12 “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.”

Nós, também, precisamos ter em mente que uma vez andando na luz e sendo afrontados; a nossa luta, na verdade não é nossa. Por isso precisamos aprender de Paulo a sua atitude, onde entrega a Deus a retibuição das ações.

Sl 62.12 “e a ti, Senhor, pertence a graça, pois a cada um retribuis segundo as suas obras.”

Pois...

2Co 4.8-11 “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal.”

Paulo sozinho

Exposição

Por Crescente e Tito v.10

Não se pode falar em abandono aqui. Eles não deixaram Paulo por um motivo negativo, mas porque o evangelho precisava ser pregado.

Hendriksen comenta que: Em contraste com Demas, que abandonara Paulo, devemos crer que ambos, Crescente e Tito, iam aonde o dever os chamasse.

Doutrina - Aplicação

Sobre estar sozinho

Paulo estava isolado, mas com o desejo de se conectar com outras pessoas.

Não é bom estar sozinho...

Gn 2.18 “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.”

1Sm 18.1, 3–4 “Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma. Despojou-se Jônatas da capa que vestia e a deu a Davi, como também a armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto.”

1Sm 23.16 “Então, se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi, a Horesa, e lhe fortaleceu a confiança em Deus,”

Pv 17.17 “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão.”

Pv 18.24 “O homem que tem muitos amigos sai perdendo; mas há amigo mais chegado do que um irmão.”

Somos seres gregários, segundo a sociologia. Não fomos feitos para viver só. E isso está na nossa essência.

Mas como Paulo, muitas vezes não estamos sós por um motivo de traição ou abandono (nesse caso).

Simplesmente na vida, as pessoas vêm e vão. Pelos mais diversos motivos. Mudança de emprego, faculdade, casamento, morte... enfim. Muitas são as circunstâncias da vida que nos separam das pessoas que amamos. E essa é a vida. Não feio sentir saudade ou falta. Paulo sentiu. Nós também sentimos e não somos inferiores por isso.

Paulo com necessidades

Exposição

Física e espiritual v.13

O inverno está se aproximando e Paulo solicita a Timóteo que quando vim a seu encontro traga a capa que ficou na casa de Carpo em Trôade.

Essa capa era uma peça única, espécie de agasalho com um buraco no meio (comum na época).

Ele pede, também, os livros, principalmente os pergaminhos.

Muito, provavelmente, os escritos sagrados. Para que sua alma fosse aquecida frente a batalha que estava enfrentando.

Doutrina - Aplicação

Sobre demonstrar fraquezas

Is 40.6-8 “Uma voz diz: Clama; e alguém pergunta: Que hei de clamar? Toda a carne é erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do Senhor. Na verdade, o povo é erva; seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente.”

1Pe 1.24 “Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor;”

Somos frágeis e Paulo sabia disso.

O que se destaca para mim aqui nesse trecho não é a fragilidade em si de Paulo. Mas a sua demonstração da mesma.

A simplicidade em admitir que o grande apóstolo sente necessidades psicológicas, físicas e espirituais.

Ninguém é o super-homem ou a super-mulher. Paulo não era. Eu e você não somos. E está tudo bem.

Sentimos saudades, frio e espiritualmente fracos. E ninguém vai ser inferior por isso.

Admitir, muitas vezes é preciso. Talvez seja o início de uma cura interna.

E os outros personagens?

Temos alguns personagens que foram citados e precisam ser apresentados:

Lucas, o companheiro - O autor do terceiro Evangelho era uma pessoa notável. Era “o médico amado” (Cl 4.14), sempre leal a Paulo, ao evangelho e ao Senhor. Paulo necessitava de um médico e um amigo. Lucas era ambas as coisas; e direta ou indiretamente também servia a Paulo como secretário. Lucas e Paulo tinham muito em comum. Ambos eram homens educados, homens cultos. Ambos eram de um coração grande, compreensivos, compassivos. Acima de tudo, ambos eram crentes e missionários.

Marcos, o perdoado - A residência de Marcos ficava em Jerusalém (At 12.12). Ele havia abandonado Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária, portanto, Paulo se negou levá-lo na segunda viagem. Então Barnabé tomou Marcos e embarcou para Chipre (At 15.36–41). Não obstante, posteriormente encontramos novamente Marcos na companhia de Paulo em Roma durante a primeira prisão do apóstolo (Cl 4.10; Fm 24). Mais tarde aparece com Pedro em Roma (1Pe 5.13). A tradição endossa a ideia de que houve uma estreita relação entre a pregação de Pedro em Roma e a composição do Evangelho de Marcos. Depois do martírio de Pedro, parece que Marcos novamente chegou a ser auxiliar de Paulo. A pedido de Paulo, e em cooperação com Timóteo, poderia ter percorrido as igrejas da Ásia Menor no tempo em que Paulo estava escrevendo 2 Timóteo. Ele solicita a Timóteo que, ao sair para Roma, “tome-o”, porque Paulo sabe que Marcos agora lhe é de muita utilidade “para o ministério”.

Tíquico, o substituto - Ele seria o portador da carta até Timóteo e o iria substituir no período de seua viagem até Paulo.

Deus resgatador

Exposição

O Senhor cumpriu o seu propósito v.17

Diante de todas as situações vividas a pregação foi anunciada e os gentios a ouviram.

Paralelo v.17 e 18

Existe um paralelo interessante nesse trecho.

Existem duas palavras que são as mais pesquisadas e estudadas nessa porção da Palavra. E elas aparecem duas vezes cada uma.

Abandonar (v.10 e 16) - Nas duas vezes que aparece, as palavras encontram-se no mesmo tempo verbal e com as mesmas classificações gramaticais. Tendo somente a diferença do uso no singular e o outro no plural. O tempo verbal utilizado é o aoristo. Esse tempo não se prende em descrever em que momento na linha do tempo algo aconteceu, mas destaca a ação em si. O fato é mais importante do que o tempo ocorrido.

Livrar ou resgatar (v.17 e 18) - Já nessa outra palavra há diferenças de uso. Na primeira vez (v.17) o tempo aoristo é repetido. Mas no segundo momento o tempo verbal utilizado por Paulo é o futuro.

Na primeira palavra Demas e os outros são os agentes da ação e Paulo sofre a mesma. Na segunda palavra Deus é o agente da ação e Paulo continua sendo o recebedor de toda a ação.

Doutrina - Aplicação

Deus é o Senhor de todas as coisas

O que me deixa intrigado no tempo (aoristo) usado por Paulo para a palavra abandonar é que o fato ocorreu. Paulo não deveria usar o passado?

Sentir-se abandonado, muitas vezes, não é um sentimento que fica congelado no passado.

Não importa o tempo que passou. É como se estivéssemos sentindo agora o abandono.

Quando um ente querido ou um grande amigo nos deixa, não importa o tempo que passe. Sempre vamos sentir falta e é como se o fato tivesse ocorrido agora.

A mágoa ou a saudade pode nos invandir a qualquer momento e sermos aflingidos por esse sentimento tão forte.

Por isso a importância do perdão para a mágoa e de reconhecer a necessidade quando falamos de saudade.

Paulo sabia disso e nos ensina hoje...

E para a palavra livrar ou resgatar?

No primeiro momento ele continua a usar o aoristo, para indicar que em todo momento de abandono Deus esteve ao seu lado e o livrou da boca do leão.

Nos nossos momentos de angústia Deus se faz presente. Embora não percebamos, Ele está lá. Olhe para trás e veja o que Deus fez!

Deus sempre esteve a seu lado. De quantas bocas de leões Ele te livrou?

Por que não iria te livrar agora?

No segundo momento, o tempo muda. Paulo agora fala de futuro. A sua vida terrena está perto do fim e em seu coração reside apenas uma esperança, ir para junto do Pai.

Há uma promessa de libertação de toda angustia terrena.

Todo abandono será cessado. Toda saudade será sanada. Toda lágrima será enxugada.

Ap 21.4 “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.”

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