O PRÊMIO DOS VENCEDORES

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O PRÊMIO DOS VENCEDORES
INTRODUÇÃO
Ilustração
Brasil e Argentina têm alguns fenômenos do futebol. Eles não jogam apenas futebol, usam a bola para construir as mais belas obras de arte e fazem delirar as multidões. Já participaram das seleções de seus respectivos países e jogaram em times famosos. Dois deles, porém, jogadores do passado, foram, no mínimo, esportistas contraditórios: construíam com os pés e destruíam com as mãos. Depois choravam, arrependiam-se, prometiam que tudo iria mudar e, pouco tempo depois, eram outra vez manchete de escândalos fora de campo.
“O problema é meu temperamento”, dizia um. “Não compreendo o que acontece comigo”, resignou-se o outro. Há um pouco disso dentro de cada um de nós.
I – A LUTA CONTRA AS TENDÊNCIAS NATURAIS
Ou Vencer ou Morrer
Até o apóstolo Paulo, em certa ocasião, escreveu: “Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. [...]. Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Romanos 7:15,24).
O pastor Bullón, autor desta série disse certa vez: Ao longo da minha vida tenho visto centenas de pessoas lutando para vencer o temperamento forte. Por causa da personalidade, perderam grandes oportunidades, jogaram no lixo planos promissores, destruíram a própria família e estraçalharam os sonhos. Tenho visto também centenas de pessoas escravizadas pelos vícios e hábitos nocivos que destroem lentamente o que de melhor elas têm. Não são pessoas que aceitam passiva e resignadamente essa situação; são lutadores incansáveis. Procuram ajuda médica, psicológica e até espiritual. Mas parece que nada resulta em vitória. Um dia, cansados de tentar, prometer e decidir, caem exaustos e se perguntam: “A vitória é uma realidade ou ela não passa de uma utopia? ”
II – VITÓRIA, AFINAL!
Em Cristo Somos Vencedores
O livro do Apocalipse está repleto de promessas ao vitorioso. Isso quer dizer que a vitória é possível. Veja, por exemplo, esta cena descrita pelo apóstolo João: VAMOS LER APOCALIPSE 15:2 E 3.
Esse grupo é de pessoas vitoriosas. Elas venceram a besta. E quem estava por detrás da besta? O dragão, a antiga serpente que se chama diabo e Satanás. Ele seduz, engana, cativa e depois destrói. Ele nunca se mostra como é; esconde se atrás de experiências alucinantes e sensações maravilhosas. Ele sabe como chegar até você. Para alcançar seu objetivo vale tudo: uma filosofia bonita, um ritmo agradável, um filme de suspense, qualquer coisa. Uma vez que o alcançou, destrói lentamente, tira de você os valores morais, os princípios, o respeito próprio e a dignidade.
Entretanto, apesar das estratégias do inimigo, lá está aquele grupo de vitoriosos, cantando um cântico especial. Eles não cantam porque a vida lhes foi fácil. Lembre-se de que o povo de Deus, nos últimos dias, será pressionado para violar a própria consciência. Lembre-se de que existirá um decreto por meio do qual comprar e vender somente será permitido a quem tiver a marca da besta. Portanto, aquele é, na verdade, um cântico da experiência. É possível ser vitorioso apesar da adversidade, da perseguição e do infortúnio.
Você que está deitado em uma cama de hospital, com as pernas amputadas ou condenado a uma cadeira de rodas! Um câncer incurável está consumindo sua vida dia a dia? Ninguém mais pode fazer nada por você? Apesar disso você pode ser vitorioso! Esta é a mensagem do Apocalipse: a prisão pode aprisionar seu corpo, mas não seus sonhos. Ela pode acorrentar seu presente, mas não seu futuro. Aí onde estiver – afundado em dívidas, com a empresa à beira da falência, com a família destruída – você pode entoar um cântico de vitória, não por causa das circunstâncias, mas apesar delas.
III – O EVANGELHO E A LEI
Harmonia entre a Graça e a Lei
O cântico daquele grupo de vencedores é o cântico de Moisés e do Cordeiro. Por quê? O mundo cristão de nossos dias não está conseguindo harmonizar Jesus, o Cordeiro de Deus, com Moisés, o servo a quem Deus entregou os Dez Mandamentos, no monte Sinai. Por algum motivo as pessoas separam a lei do evangelho. Uns vivem no legalismo, outros querem viver sem lei, numa espécie de anarquia. Mas o verdadeiro evangelho envolve a lei. Jesus veio morrer neste mundo porque o ser humano não tinha condições de obedecer à lei de Deus por suas próprias forças. Jesus veio nos ensinar o caminho para viver uma vida de obediência autêntica.
A vitória não é resultado do esforço humano. Não existe disciplina interior que possa capacitá-lo a obedecer autenticamente aos elevados princípios da eterna lei de Deus. Tudo o que o esforço humano pode conseguir é disfarçar, aparentar, fingir; mas isso não é obediência.
Jesus não veio para limpar apenas a fachada exterior de nossa vida. Ele veio para curar por dentro, para nos conceder paz interior como resultado de uma vida perdoada e depois nos levar de vitória em vitória até a vitória final.
O grupo de vitoriosos segue “o Cordeiro por onde quer que Ele vá” (Apocalipse 14:4). Esses vencedores são: VAMOS LER APOCALIPSE 7.14-17.
IV – RELACIONAMENTO COM CRISTO = CARÁTER TRANSFORMADO
Comunhão e Transformação
João, o autor do Apocalipse, sabia o que estava dizendo quando falava de vitória. Ele mesmo havia chegado certo dia a Jesus carregando uma personalidade completamente deformada pelo pecado. Os amigos o tinham apelidado de “filho do trovão”, por causa de seu temperamento explosivo. Mas, no convívio diário com Jesus, o caráter do Mestre foi se reproduzindo lentamente na vida do discípulo. João foi o único de quem se registra que tenha encostado a cabeça no coração de Jesus. Ele saía da rotina de um relacionamento formal para entrar na dimensão da busca pessoal de Cristo.
Milhões de pessoas hoje se dizem cristãs: Vão à igreja uma vez por semana e participam das atividades espirituais estabelecidas. Tudo isso é apenas parte da vida cristã. O verdadeiro cristianismo quebra essa rotina. Vai buscando o convívio diário e pessoal com Cristo e, nesse convívio, as arestas do caráter vão sendo aparadas; a pedra bruta se torna um belo diamante; o ouro se purifica, e o caráter de Jesus Cristo vai se reproduzindo na vida dos filhos de Deus.
Conta-se que, na antiga Grécia, existia um grande orador chamado Demóstenes. Era admirado e querido por todos os adolescentes da cidade, mas tinha o estranho hábito de andar com a cabeça inclinada sobre o ombro esquerdo. A história registra que a admiração e o carinho dos adolescentes por ele eram tão grandes que todos passaram a andar também com a cabeça inclinada sobre o ombro esquerdo. Essa história simples nos ensina uma lição espiritual profunda.
É impossível você viver uma vida de comunhão ininterrupta com Jesus e continuar sendo o mesmo. Algo tem que acontecer. Salvação não é apenas perdão; é também transformação. Quando Deus justifica, Ele também santifica. Por isso, aquele grupo de vitoriosos canta as seguintes palavras: “Quem não temerá e não glorificará o Teu nome, ó Senhor? Pois só Tu és santo. Por isso, todas as nações virão e se prostrarão diante de Ti” (Apocalipse 15:4).
V – O SEGREDO DA VITÓRIA
Confiança em Deus
“Só Tu és santo!”, esse é o segredo da vitória. O dia em que você parar de tentar sozinho e entender que somente Ele é santo, você começará a experimentar o sabor da vitória. O ser humano precisa aprender a desconfiar das próprias forças e passar a confiar plenamente em Deus, porque somente Ele é santo. É Sua força que nos sustenta. É Seu poder que nos garante a vitória. Ele será o tema central de nosso cântico, na gloriosa reunião dos vencedores.
O cântico dos vitoriosos termina com uma frase interessante: “porque os Teus atos de justiça se fizeram manifestos” (Apocalipse 15:4). Que atos de justiça são esses? O juízo acabou, e o veredito foi emitido. Aquele juízo não tem como propósito fazer com que Deus fique sabendo de tudo, porque é óbvio que Ele conhece tudo. O propósito daquele juízo é fazer com que o Universo inteiro chegue à própria conclusão de que o inimigo estava completamente errado.
Qual era a acusação de Lúcifer? Que Deus era injusto porque havia estipulado uma lei que não se podia cumprir e, portanto, Ele não merecia adoração. Os séculos passaram. Todas as criaturas tiveram a oportunidade de ver as consequências do pecado. O diabo perseguiu aqueles que tentaram adorar a Deus e obedecer a Seus mandamentos. Apesar de toda a ira do dragão, aquele grupo se manteve fiel. Eles são os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome.
Quem pode aceitar a acusação do inimigo de que é impossível cumprir a lei de Deus? Jesus providenciou os recursos necessários para que a vida daquele grupo fosse uma vida de obediência e de vitória. Por isso, “todas as nações virão e se prostrarão diante de Ti”, diz o cântico.
VI – O PRÊMIO DOS VENCEDORES
Promessas Apocalípticas
Apresentamos a seguir algumas das promessas que o Apocalipse tem para os vencedores:
“Ao vencedor, darei o direito de se alimentar da árvore da vida, que se encontra no paraíso de Deus” (Apocalipse 2:7).
Essa promessa pode ser a grande solução para quem tem medo de envelhecer. Nesta vida, nada dura. Começamos a envelhecer a partir do dia em que nascemos. Nossa meninice passa, nossa juventude vai embora, os anos maduros desaparecem e, de repente, nós nos vemos envelhecidos e aproximando-nos irreversivelmente da morte. O ser humano não aceita isso. A ciência descobre a cada dia fórmulas que tentam prolongar a vida. Os cirurgiões plásticos enriquecem às custas do desejo das pessoas de se manterem jovens. A fonte da eterna juventude é procurada com ansiedade por todo lado. Mas aqui está uma promessa que diz respeito à vida eterna: A árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus, é a verdadeira fonte da juventude.
Essa promessa foi apresentada aos vencedores. Mas que tipo de vitória é essa? O contexto nos dá a entender que essa vitória é, em um sentido especial, sobre os falsos mestres e apóstolos, que tentaram levar os cristãos a comer da árvore do conhecimento humano.
“O vencedor de nenhum modo sofrerá o dano da segunda morte” (Apocalipse 2:11).
A morte pela qual passamos nesta vida é considerada, pela Bíblia, como um sono profundo, do qual despertaremos por ocasião da volta de Cristo. Mas a segunda morte é aquela que acontecerá depois do milênio, quando Satanás for solto por um período breve de tempo. Essa segunda morte será a punição final para todos aqueles que se renderam diante das seduções do inimigo. Os fiéis seguidores do Cordeiro, portanto, não sofrerão a segunda morte.
“Ao vencedor, darei (...) uma pedrinha branca, e, sobre essa pedrinha, um novo nome escrito, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe” (Apocalipse 2:17).
Antigamente, nos julgamentos, era costume dar ao réu uma pedrinha branca, caso fosse absolvido, ou uma pedra negra, em caso de condenação. Pode ser que o autor do Apocalipse estivesse usando esse velho costume para dar a entender a recompensa da absolvição do passado para os vitoriosos.
O texto diz que na pedrinha havia um nome novo. Biblicamente, o nome definia o caráter de uma pessoa. Isso quer dizer que Deus está prometendo um caráter completamente transformado para os vencedores. Não é uma promessa maravilhosa para nós que hoje lutamos com o temperamento rude que carregamos? E por que ninguém conhece esse nome? Simplesmente porque ninguém é capaz de compreender o milagre da conversão que acontece na experiência de uma pessoa. Somente você sabe quem era antes e quem é hoje pela graça de Jesus. Somente você sabe as horas de luta, de impotência e, às vezes, de desespero que enfrentou, clamando por ajuda divina para mudar seu temperamento. Tudo passou, você é um vencedor. Isso não é maravilhoso?
“Ao vencedor, [...] Eu lhe darei ainda a estrela da manhã (Apocalipse 2:26, 28).
O que Jesus está prometendo aqui? Veja como Ele Se define no último capítulo do Apocalipse: “Eu, Jesus, enviei o Meu anjo para dar testemunho destas coisas a vocês nas igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da Manhã” (Apocalipse 22:16). Em outras palavras, Jesus está nos prometendo a companhia Dele. Pode haver um presente maior? Não sei quanto a você, mas, na manhã gloriosa em que Jesus retornar, quero abraçá-Lo e matar a saudade de Sua presença na minha vida. Nunca mais quero me separar Dele. Quero ter para sempre comigo a “brilhante Estrela da Manhã”.
“O vencedor será assim vestido de branco, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida. Pelo contrário, confessarei o seu nome diante de Meu Pai e diante dos Seus anjos” (Apocalipse 3:5).
Imagine o momento em que seu nome brotar dos lábios de Jesus, diante dos anjos e diante do Pai, dizendo: “Esse filho acreditou em Mim, abriu o coração para Mim e permitiu que Eu vivesse na vida dele as grandes obras de vitória. Portanto, não importa seu passado. Tudo foi perdoado. Ele está vestido de Minha justiça e seu nome deve permanecer para sempre no Livro da Vida.”
“Ao vencedor, farei com que seja uma coluna no santuário do Meu Deus” (Apocalipse 3:12).
Uma coluna é parte importante na construção de um templo. Se a coluna rachar, todo o prédio estará comprometido. Aqui está a promessa divina de que os que vencerem pela Sua graça nunca mais experimentarão o sentimento de insignificância que, às vezes, apodera-se das pessoas neste mundo.
Certa vez uma garota me disse: “Quem vai olhar para mim se não passo de uma faxineira?” Mas aqui está a resposta divina: um dia você será coluna no santuário de Deus. Meu querido irmão, pode ser que nesta vida ninguém o valorize. Talvez as pessoas nem olhem para você. Mas essa realidade não vai durar para sempre. Jesus vem logo, e você será uma coluna no Seu templo.
“Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo no Meu trono, assim como também Eu venci e me sentei com Meu Pai no Seu trono” (Apocalipse 3:21).
Essa é a promessa de eterna glória para o ser humano ao lado de Cristo. Ao mesmo tempo aqui está, outra vez, o segredo de uma vida vitoriosa. Jesus diz: “Assim como também Eu venci”. Como foi que Ele venceu? Foram noites e dias de dependência do Pai. Jesus é Deus. Podia confiar nas Suas próprias forças para a vitória, mas veio para nos mostrar o caminho da vitória. Veio para nos ensinar que a força vem de Deus, não das pirâmides, nem da Lua, nem dos astros, nem de dentro do próprio ser humano.
Se Jesus, sendo Deus, passou horas e horas em comunhão com o Pai, quanto mais deveríamos fazê-lo nós, pobres criaturas pecaminosas?
A mensagem de hoje mostra o plano de Deus para a sua vida. Você nasceu para vencer. Não veio a este mundo para viver na mediocridade de uma vida derrotada. Portanto, se por algum motivo, é prisioneiro de hábitos que não consegue vencer, clame a Deus do fundo do coração. Rompa, em nome de Jesus, as correntes que o atam. Levante-se com fé e ande!
VI – UMA VIDA TRANSFORMADA
Ilustração
O pastor Bullón conta um relata empolgante nas seguintes palavras:
Há muitos anos pastoreei uma igreja em uma comunidade perigosa. Subia e descia aquele morro falando do amor de Jesus às pessoas. Certa noite fui surpreendido por dois rapazes que colocaram uma faca em meu peito e me tiraram o dinheiro e o relógio.
Quando partiram, fiquei ali, tremendo de medo. Apesar de tudo, sabia que Deus estava presente, pois, durante o assalto, eu não tive medo de dizer aos assaltantes:
– Por favor, levem o dinheiro, o relógio, mas não me machuquem. Não faço mal a ninguém, sou apenas um pastor que anda falando do amor de Jesus.
Eles deram uma gargalhada e foram embora levando minhas coisas.
Algumas semanas depois, comecei uma série de conferências bíblicas que durariam noventa noites. Na primeira noite, percebi que um rapaz olhava insistentemente para mim. Cada vez que eu o fitava, escondia-se atrás da pessoa que estava à sua frente ou abaixava o olhar. Guardei bem o rosto dele na mente por causa desse detalhe. Nas noites seguintes, ele não apareceu. Certo dia, enquanto fazia visitas pela favela, eu o encontrei. A porta de sua casa estava entreaberta. Ele correu e se escondeu. A mãe veio me atender.
– Por favor, quero falar com seu filho. Disse a ela.
– Não está, ele saiu. Foi a resposta.
– Sou amigo dele, senhora. Sou pastor e só quero cumprimentá-lo. Sei que está aí. Insisti com a mãe.
Naquele momento, ele apareceu. Estava sem camisa. Seu corpo cheio de tatuagens e cicatrizes mostrava, de alguma maneira, a vida difícil que levava.
– O que há? Disse, mal-encarado.
– Você foi à igreja na primeira noite de pregações, mas não retornou. Não gostou da palestra?
Começamos a conversar e, de repente, fiquei paralisado quando ele me confessou que era um dos assaltantes que haviam roubado o dinheiro e o relógio.
– Pensei que você tinha me reconhecido. Disse ele.
– Não. Respondi.
– Na noite em que vocês me assaltaram estava muito escuro, mas me lembro de tê-lo visto na igreja.
Depois, estendendo-lhe a mão, eu disse ao rapaz:
– Bom, e onde estão meu dinheiro e meu relógio?
Ele me olhou assustado e se defendeu:
– Não estão mais comigo.
Eu lhe disse:
– Então vamos fazer um trato. Vou pregar noventa noites seguidas. Se você, a partir de hoje, não perder uma noite sequer, sua dívida estará paga. Caso contrário, terá de devolver o meu dinheiro. Está certo?
Foi assim que ele passou a assistir a todas as pregações. Às vezes, ele chegava na metade ou no fim da mensagem. Não mostrava interesse algum. Parecia estar lá apenas pagando a dívida, ou talvez estivesse de olho em alguma garota bonita da igreja.
Certa noite, porém, eu o vi tremer. Tinha os olhos bem abertos. Enquanto eu pregava, sentia que o Espírito de Deus estava tocando a vida daquele rapaz. A minha pregação era sobre conversão. Apresentei testemunhos de vidas transformadas pelo poder de Jesus e sabia que aquele rapaz havia ficado abalado.
No fim da mensagem, fui para a porta cumprimentar as pessoas, e ele não saiu. Quando retornei, encontrei-o sentado no primeiro banco, chorando. Sentei-me ao seu lado e perguntei:
– O que foi?
– É verdade isso que você pregou? Perguntou-me com o olhar angustiado.
– Deus pode mudar a vida de qualquer pessoa?
– Claro que sim. Respondi.
Naquele momento, olhou-me com raiva e quase gritou:
– É mentira! Deus pode mudar a vida de qualquer um, menos a minha.
E eu lhe perguntei:
– Por que você pensa assim?
Então ele me contou como vivera até aquele dia. Nunca conheceu o pai. Fora gerado e praticamente nascido em um prostíbulo. Quando criança, as outras mulheres cuidavam dele enquanto a mãe trabalhava fora. Um dia, ele quis saber por que todas as crianças tinham pai, menos ele. A mãe lhe deu um tapa na boca e o proibiu de perguntar novamente. E não foi preciso. Algum tempo depois, um amiguinho na rua se encarregou de lhe explicar por que não tinha pai. Foi a partir daquele dia que ele começou a ter ódio de todo mundo.
Quando estava com doze anos, sua mãe ficou tuberculosa. Começou a vomitar sangue e teve de sair daquele lugar. Então foram morar no morro.
– Em uma manhã. Continuou ele quase sufocado.
– Minha mãe estava morrendo. No dia anterior, ela havia ido ao posto médico e lhe deram uma receita, mas não tínhamos dinheiro para comprar os remédios. Ela tossia, tossia e manchava o lençol com o sangue que saía de sua boca. Ninguém queria me ajudar, pastor; e eu era apenas um garoto de doze anos. Foi aí que desci o morro. Fiquei um tempão no ponto de ônibus, olhando para as pessoas. Não sei de onde tirei coragem, mas arranquei a corrente de ouro de uma mulher e subi novamente o morro. Eu conhecia quem comprava coisas roubadas. Peguei o dinheiro e retornei à cidade. Quando a noite chegou, estava de volta em casa trazendo o remédio de minha mãe. Naquele dia, algo dentro de mim se rompeu. Entendi que podia viver sozinho, que não precisava de ninguém.
O rapaz continuou:
– A partir dali comecei a roubar e correr. E nunca mais parei de correr. Aprendi a fumar, passei a usar maconha, cheirar cocaína e, depois, como se tudo não bastasse, comecei a injetar cocaína na veia. A droga custa muito caro e, para comprá-la, passo droga para os outros. Sou mau. Fiz coisas que você nem imagina. E agora, você, que nem tem noção de nada do que estou falando, vem me dizer que Jesus pode transformar minha vida? Como quer que eu acredite nisso?
Conversamos bastante, e depois orei por ele.
Na noite seguinte, ele não apareceu. Deixou de ir três ou quatro noites. Em uma das reuniões, sua mãe me procurou no fim da palestra e me disse:
– Pastor, venha correndo comigo. Jorge Roberto, seu amigo, precisa de você.
Corremos. Ele estava lá, amarrado ao poste como um animal. Gritava e xingava. A mãe me contou o que tinha acontecido. Naquela tarde, ele havia chegado e começado a andar no quarto de um lado para o outro.
– Preciso de droga! Preciso de droga, mas não posso mais usá-la porque Jesus mudou minha vida. Ele dizia.
À medida que o tempo passava, ele ia ficando cada vez mais nervoso. O corpo sofria pela falta de droga. Bateu a cabeça contra a parede e se feriu. A mãe, aproximando-se dele, disse:
– Filho, não se machuque. Se precisar de droga, vá buscá-la, mas não se machuque.
Ele estava cego; não via nada. Deu um tapa na mãe e a jogou ao chão. Depois, percebendo o que havia feito, ajoelhou-se, levantou-a e disse chorando:
– Mãe, me perdoa, estou louco! Preciso de droga, mas não quero mais usá-la porque Jesus mudou a minha vida.
Depois continuou:
– Por favor, me amarra com esta corda, senão vou procurar droga, e não quero mais essa vida para mim.
Quando a mãe terminou de amarrá-lo, ele lhe pediu que me procurasse na igreja. E agora eu estava ali. Desamarrei-o. Sentei-o na cama. Ele estava pálido, tremia; seus olhos estavam vermelhos.
– Será que eu consigo?
Ele me perguntou, quase suplicante.
– Claro que sim. Respondi
– Outros conseguiram, você também conseguirá com a ajuda de Deus.
Aí começou a grande luta. Ia todas as noites à igreja. Quando não aparecia, era sinal de que havia se drogado novamente. Procurava-o. Eu sabia onde achá-lo. Conhecia aquele morro como a palma da minha mão. Uma sexta-feira à noite, achei-o meio drogado, em um antro de perdição.
– Vá embora! Gritou comigo.
– Maldita a hora em que o assaltei. Quando não o conhecia, antes de você me falar de Deus, tentava ser feliz a meu modo. Hoje, não consigo mais nada. Não tenho paz. A consciência me perturba. Vá embora! Me esqueça. Eu nunca conseguirei me libertar!
– Nunca conseguirá? Eu lhe perguntei.
– Com certeza, o cego curado por Jesus também, em algum momento da vida dele, deve ter pensado que nunca conseguiria enxergar. É claro que você sozinho nunca conseguirá. O máximo que poderá fazer será colocar óculos escuros e fingir que está vendo, quando, na verdade, seus olhos estão completamente bloqueados pela cegueira. É claro que você sozinho nunca conseguirá. Talvez leve algum tempo para entender isso, mas, quando tudo falha nesta vida, só nos resta render a vida ao Senhor Jesus.
Foi assim que Jorge Roberto entregou o coração por completo a Jesus, e o Salvador se encarregou de transformá-lo por dentro. Colocou novas motivações em seu coração. Resultado: parou de fumar, de beber, de usar drogas e começou a trabalhar honestamente.
No início, ninguém queria lhe dar emprego. Às vezes somos muito cruéis. Marcamos para sempre um marginal a ferro e a fogo. Pregamos sobre o evangelho transformador, mas não acreditamos que uma pessoa tenha sido renovada. No fim, um amigo meu, mais por consideração a mim do que por crédito no rapaz, arrumou um emprego para Jorge Roberto.
Lembro-me de uma tarde, quando ele me procurou com seu primeiro salário. Parecia uma criança com um brinquedo novo.
– Olhe aqui. Consegui esse dinheiro trabalhando. Disse com os olhos carregados de emoção.
Ele foi batizado. E, ao sair do batistério, abracei-o. Tudo parecia um sonho. Eu estava abraçando um rapaz que tinha me assaltado, mas que o Senhor havia conquistado para o reino dos Céus.
Um ano depois, fui transferido para ser missionário na Amazônia e retornei à capital somente no ano seguinte. Os irmãos, então, correram para me dar a notícia:
– Seu amigo Jorge Roberto morreu.
– O que foi que aconteceu? Perguntei, surpreso.
Em um sábado de manhã, na igreja, três capangas de sua antiga quadrilha lhe deram sete facadas em uma operação de “queima de arquivo”. Ninguém teve tempo de fazer nada. Em questão de segundos, ele estava em uma poça de sangue.
– Não me toquem. Disse ele às pessoas que tentavam socorrê-lo.
– Acho que vou morrer..., mas não faz mal. Foi aqui que Jesus me achou, me amou, me perdoou e me transformou.
Os irmãos o colocaram em um automóvel e correram para o pronto-socorro. Um diácono segurava sua cabeça ao colo. Mais tarde, esse homem me contou que, perto do hospital, Jorge abriu os olhos e disse:
– Faz um favor para mim. Procure o pastor Bullón e diga a ele que a gente se encontra quando Jesus voltar.
Um dia, quando Jesus retornar, eu poderei abraçar aquele rapaz novamente. Ele estará no grupo dos vitoriosos cantando o cântico de Moisés e do Cordeiro. Não quer você também se preparar para esse dia?
CONCLUSÃO
Com a exposição de hoje descobrimos que:
Todo ser humano precisa lutar contra as suas tendências naturais.
Mas somente será vitorioso se lutar ao lado de Cristo.
Os vencedores são os que, salvos pela graça, guardam os mandamentos.
Por isso, têm o caráter transformado, além disso, confiam em Deus.
As promessas do Apocalipse são para os que tiveram a vida transformada.
APELO
Enquanto estivermos neste mundo teremos que lutar contra a nossa natureza pecaminosa. Porém, Cristo está ao nosso lado para nos fortalecer e nos tornar vitoriosos. Ele promete vir nos buscar e nos levar para um mundo novo de plenas realizações, onde não seremos mais limitados pela presença do mal. Todas as nossas mais elevadas aspirações poderão ser alcançadas, e a felicidade não terá limites. Será maravilhoso! No entanto, será ainda melhor se você estiver lá. Por isso, você gostaria de se preparar para o dia mais feliz da existência humana, a volta de Jesus?
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