O Perigo dos Falsos Mestres

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Introdução

Vivemos em tempos que as vezes somos cancelados por falar o óbvio. Dias em quem ninguém pode julgar ninguém, onde as pessoas são sensiveis demais para serem confrontadas em seus erros. A sensação que eu tenho é que vivemos em alguns aspectos o tempo da morte da verdade. Cada um tem a sua própria verdade e ai de quem se levanta conta a verdade do outro. Fico imaginando como seria o dfícil o ministério de Pedro, Paulo e até de Jesus nos dias de hoje.
Esse pensamento nos coloca em uma posição de risco como igreja, diante de uma ameaça presente ao longo da história não só da igreja, mas de todo o povo de Deus. O povo de Deus em Israel passou pela ameaça dos falsos profetas, assim como a igreja de Cristo é ameaçada desde o seu nascimento pelos falsos mestres. As vezes gastamos toda nossa energia e preocupação com potenciais ameaças externas (que as vezes nem existem), mas quando olhamos para a história, grandes ameaças que o povo de Deus seja no periodo do Antigo Testamento ou no Novo Testamento sofreu, foi internamente. É sobre isso que vamos falar nessa noite.
2Pedro 2.1–10 NVI
1 No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. 2 Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade. 3 Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda. 4 Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo. 5 Ele não poupou o mundo antigo quando trouxe o Dilúvio sobre aquele povo ímpio, mas preservou Noé, pregador da justiça, e mais sete pessoas. 6 Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas, tornando-as exemplo do que acontecerá aos ímpios; 7 mas livrou Ló, homem justo, que se afligia com o procedimento libertino dos que não tinham princípios morais 8 (pois, vivendo entre eles, todos os dias aquele justo se atormentava em sua alma justa por causa das maldades que via e ouvia). 9 Vemos, portanto, que o Senhor sabe livrar os piedosos da provação e manter em castigo os ímpios para o dia do juízo,10 especialmente os que seguem os desejos impuros da carne e desprezam a autoridade. Insolentes e arrogantes, tais homens não têm medo de difamar os seres celestiais;
Pedro em sua segunda carta faz um alerta a igreja sobre a ameaça dos falsos mestres, fazendo um paralelo com os falsos profetas do AT. Antes de entrar nesse assunto especificamente, gostaria de falar um pouco sobre o contexto da carta.
Existia uma forte influência de uma corrente filosófica, um movimento chamado gnosticismo, e esse movimento se tornou uma forte ameaça para a igreja. Hoje as pessoas não querem levar a doutrina a sério. Dizem que a doutrina gera divisão, de modo que, em vez disso, devemos nos concentrar em relacionamentos; mas ironicamente, ao afirmarem isso, elas imitam justamente as pessoas às quais Pedro se dirige nessa segunda epístola. A maior ameaça herética nos dois primeiros séculos do cristianismo veio do gnosticismo.
Os gnósticos argumentavam que a verdade, não poderia ser apreendida pela mente, por meio do uso da razão, por meio dos cinco sentidos ou por meio da investigação científica. A única maneira de compreender a verdade de Deus, diziam eles, era por meio da intuição mística que ultrapassa as categorias da razão e do testemunho ocular. Os gnósticos tentaram desenvolver uma combinação de filosofia grega e dualismo oriental com uma pitada de cristianismo. Eles alegavam ter uma linha direta com Deus, de modo que Deus se revelava apenas àqueles que detinham o conhecimento, os gnosticoi, cujo conhecimento era supostamente superior ao dos apóstolos, visto que os apóstolos tentavam compreender a mensagem da revelação de uma maneira inteligível em vez de compreendê-la pela intuição mística. Um dos grandes temas que Pedro trata nessa epístola é a natureza do conhecimento de Deus, e ele começa a tratar dele rapidamente.

A Importância de conhecer

O apóstolo Pedro faz uma transição da veracidade das Escrituras para a falsidade dos mestres enganosos. Os falsos profetas alegavam dolosamente ser profetas ou profetizavam coisas falsas. Já os falsos mestres ensinavam as doutrinas falsas dos falsos profetas. Jesus, no Sermão do Monte, alertou para o surgimento desses falsos mestres: Vede que ninguém vos engane. Porque surgirão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos (Mt 24.4,5).
Ouvimos com muita frequência que a doutrina não é importante, que o cristianismo é relacionamento, e não um credo. Hoje há uma gritante indiferença em relação à doutrina, para não dizer hostilidade. Isso é extremamente perigoso. R. C. Sproul destaca, com razão, que a maior ameaça ao povo de Deus no Antigo Testamento não foram os exércitos filisteus, assírios ou amalequitas, mas os falsos profetas dentro de seus portões.
Por que o conhecimento é importante diante da ameaça real dos falsos mestres? As pessoas que trabalham em bancos por exemplo aprendem a identificar notas falsas conhecendo de forma minuciosa as características da verdadeira. Assim é com o conhecimento de Deus, e;e é o remédio eficaz para nos proteger da ameaça dos falsos mestres e seus falsos ensinos.
Pedro liga a multiplicação da graça e da paz ao conhecimento de Deus, que é a tese central dessa epístola. Como observamos acima, uma das ameaças óbvias à igreja cristã primitiva era representada pelos hereges gnósticos, que alegavam ter um conhecimento superior. Esses heréticos acreditavam que eles tinham um conhecimento superior ao conhecimento transmitido pelos apóstolos. Em oposição à visão herética do conhecimento, Pedro fala aqui sobre o conhecimento verdadeiro, sobre o conhecimento que vem de Deus, que é, talvez, uma das graças mais importantes – talvez a graça mais importante – que ele concede ao seu povo. Deus nos dá conhecimento que vem a nós dele mesmo.
A única desculpa que jamais se sustentará diante do juízo de Deus é que não tínhamos recebido conhecimento suficientemente claro sobre Deus. Na verdade, é trágico encontrarmos pessoas com elevados títulos acadêmicos que, num sentido, foram educadas para além de sua inteligência. Apesar de terem sido expostas a muitas dimensões da educação humana, vivem como se fossem ignorantes das coisas de Deus. O fato de que Deus não nos deixou nas trevas, antes se agradou em manifestar seu ser claramente por meio das coisas criadas, é graça. Deus não devia essa autorrevelação às suas criaturas. Ele poderia ter nos criado e se afastado de nós, deixando-nos nas sombras, na obscuridade e nas trevas, sem nenhum conhecimento dele. No entanto, ele não apenas nos deu conhecimento de si por meio da criação, conhecimento este que chamamos de “revelação natural”, mas ele também nos deu a sua Palavra. Nosso Deus não é um Deus calado. Podemos não vê-lo, mas o ouvimos por meio de sua Palavra. Nunca me canso de me espantar diante do fato de tão poucos cristãos confessos sentirem um desejo ardente de conhecer Deus em sua Palavra.
Essa semana eu vi o trecho de uma pregação de um pregador contemporâneo que ele fala sobre seguir Jesus, e Ele cita por exemplo a doutrina dos ultimos tempos como se isso fosse irrelevante. O importante era tratar bem as pessoas e fazer o bem, isso bastava para seguir Jesus. Seguir Jesus implica em fazer o bem, é obvio, mas é possivel fazer isso tudo sem seguir a Jesus, sem ao menos crer na existência de um Deus. E sobre essa doutrina que esse pregador desdenha, a bíblia nos faz um alerta em 1 Tessalonicenses.
1Tessalonicenses 4.13 NVI
13 Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança.
Doutrina importa, e se Deus falou sobre ela é porque tem utilidade, é importante e necessária. O conhecimento dessa doutrina tem aplicação para a nossa bendita esperança que não se resume apenas a nossa salvação sendo colocada em prática enquanto estamos caminhando aqui na história.

A prática é consequência do que se acredita

Assim como no Antigo Testamento há falsos profetas, no Novo Testamento há falsos mestres. O diabo sempre cria uma aparência enganosa do que é verdadeiro. O diabo cria falsos mestres, falsos crentes, falso evangelho, falsa justiça e um dia apresentará ao mundo um falso cristo. E qual é consequência desses falsos ensinos?
A teologia é mãe da ética. A conduta é filha da doutrina. Aquilo em que uma pessoa crê determina o que ela faz. Porque os falsos mestres pregavam uma falsa doutrina, viviam uma falsa vida. Essas práticas libertinas eram ensinadas e seguidas. E, por causa de seu falso discipulado, o evangelho era maculado e o caminho da verdade era infamado.
Como podemos ver isso na prática nos dias de hoje? Assim como no passado, ainda hoje a manipulação da fé das pessoas é uma fonte riquíssima de lucro, de poder, manipulação política ou até mesmo ideológica.
Os falsos mestres usavam “palavras fictícias”. O termo grego é plastos, de onde vem a palavra plástico. Palavras de plástico! Palavras que podem significar qualquer coisa. Satanás e seus ministros usam a Bíblia não para esclarecer, mas para enganar.110 Temos visto florescer no Brasil e no mundo muitas igrejas que são verdadeiras franquias, cujo propósito final não é a proclamação do evangelho, mas a arrecadação de dinheiro. Essas igrejas precisam dar lucro, ou suas portas são fechadas. Pregadores movidos pelo amor ao dinheiro, que é a raiz de todos os males, especializam-se na “arte” de tirar o último centavo do bolso dos fiéis. Chantageiam o povo com ameaças fictícias ou seduzem-no com promessas mirabolantes. Torcem a Palavra, sem nenhum pudor, para auferir lucros cada vez mais gordos. Transformam o púlpito num balcão, o templo num covil de roubadores, e os fiéis num bando de explorados. Alguns desses pregadores tornam-se empresários riquíssimos, enquanto o povo, seduzido por suas palavras de plástico, os abastece nesse luxo pecaminoso. Triste realidade!

Uma mentira que não fica impune

No final deste trecho vemos o apóstolo Pedro alertando sobre a consequência sobre os falsos mestres, que o Senhor não deixará impune aqueles que distorcem a bíblia para afirmar suas mentiras, para oprimir e manipular as pessoas em nome de deus.
Não se engane, Deus é santo e justo, da mesma forma que nos indignamos com juizes injustos, jamais confiaríamos em um Deus que é leniente com a mentira. Exatamente porque Ele é justo e santo, Deus não é indiferente com a injustiça e o pecado. Mas esse mesmo Deus que não poupa os injustos, é o Deus que livra os piedosos no dia em que sobrevier o juízo sobre os falsos mestres.

Conclusão

Essa afirmação sobre Deus pode parecer pesada, mas isso aponta para a história do evangelho.
Por causa de uma mentira contada no princípio de tudo, todos nós nos perdemos. O primeiro casal criado por Deus se enganou por uma mentira ao invez de confiar na verdade de Deus. Essa mentira que gerou desobediência não ficou impune, passamos experimentar a morte (física, espiritual e eterna) e as relações do homem com Deus, com o próximo, com a criação e consigo mesmo foram afetadas.
Mas também podemos ver o caráter desse Deus que poupou os justos, embora nenhum ser humano seja justo, Deus providenciou Cristo, o justo para se fazer justiça em nosso lugar, recebendo a nossa punição para que a justiça dele fosse atribuída a nós e fossemos agora declarados justos por causa de Cristo.
Essa é a verdade que de fato liberta diante de muitas falsas verdades que nos cercam. Da mesma forma que uma mentira leva uma vida de pecado, a verdade do evangelho produz uma vida transformada.
João 8.32 NVI
32 E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.
Esse versículo não é um slogam para ser usado como metáfora para se afirmar qualquer "verdade" que se queira. Ela aponta para a verdade do Evangelho, que é a única verdade que nos liberta de todas as mentiras que nos rondam.
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