Eu no Grande Conflito
Eu no Grande Conflito • Sermon • Submitted
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· 27 viewsMiguel no Grande Conflito? Como o arcanjo ilumina a controvérsia e seus impactos no presente.
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Pré-pregação
Pré-pregação
Tema: Grande Conflito
Título: Eu no Grande Conflito
Propósito Geral: Um Grande Conflito mais real*
Propósito Específico: Miguel no Grande Conflito? Como o arcanjo ilumina a controvérsia e seus impactos no presente.
Introdução:
Me acostumei a escutar que igrejas menores levam vantagem sobre as maiores por facilitarem o desenvolvimento do relacionamento entre seus membros. No fim das contas, todos queremos amigos para chamarmos de irmãos. Encaramos o corpo de Cristo como família, seguindo o exemplo do próprio Jesus.
Ao menos, era isso que eu pensava até me deparar com um estudante da Bíblia que me comentou: quero entrar, ouvir a mensagem e sair da igreja. Não quero me envolver com as pessoas, nem que me conheçam. Dentro da visão dele, igreja se resumia aos cultos. Tendo origem católica, estava acostumado a pensar em religião no formato de cultos.
Mas, afinal, igreja não é exatamente isso: cultos? Desse ponto de vista, ele me dizia, na prática todas as igrejas são iguais. Podem até falar coisas diferentes, mas se resumem a ir no local, sentar, escutar e ir embora.
O que me assusta, queridos irmãos, não é escutar um estudante da Bíblia recente falar isso, mas perceber adventistas vivendo exatamente essas palavras. São pessoas que, apesar conhecerem e aceitarem a mensagem adventista, vivem uma vida comum. Note que não me refiro necessariamente a pessoas ruins, podem até ser pessoas boas, tão boas quanto as que encontramos caminhando pela rua, mas não passam disso.
Para uma parcela dos jovens e adultos que preenchem nossos bancos, o fio que une toda Bíblia, a morte de Cristo e, consequentemente, o Grande Conflito, parece um tanto distante da realidade. Não nos parece fantasioso, simplesmente esquecido numa manhã de segunda-feira de trabalho.
Quando tenho uma infinidade de tarefas para realizar, expectativas do chefe, os boletos chegando, o cartão de crédito vencendo, a escola dos filhos ou a faculdade para pagar… Como lembrar do Grande Conflito no meio disso tudo?
Proponho análise de um dos momentos mais intrigantes e representativos do Grande Conflito para, somente então, avaliarmos a dimensão de impacto do Conflito em nossas vidas, no rotineiro.
Proposição: O Grande Conflito impacta minha vida diariamente
Pergunta de Transição: Qual o impacto do Grande Conflito na vida rotineira?
Introdução ao versículo de Judas
Introdução ao versículo de Judas
O livro de Judas sempre carregou alguma polêmica consigo por conta de suas afirmações e referências, como por exemplo a citação a 1Enoque 1.9, um pseudoepígrafo, em Judas 14, ou ainda sua asseveração de que Sodoma e Gomorra estariam sofrendo fogo eterno, no verso 7.
Porém, nenhuma outra passagem é tão controversa quanto o verso 9, um encontro entre o Arcanjo Miguel e o Diabo, além de uma possível referência ao pseudoepígrafo “Assunção de Moisés”.
Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!
No relato, o corpo de Moisés está por trás do embate, evento que obviamente se passa após o enterro de Moisés, registrado em Deuteronômio 34.6:
Este o sepultou num vale, na terra de Moabe, defronte de Bete-Peor; e ninguém sabe, até hoje, o lugar da sua sepultura.
Por que a disputa por um corpo morto? Ellen White esclarece duas coisas: primeiro, Deus preveniu a idolatria ao ocultar o lugar do sepultamento e ao ressuscitar Moisés (Mateus 17.3); segundo, Satanás entendia que o corpo de Moisés era seu por direito, já que esse havia pecado.[1]
[1] Em Sua sabedoria o Senhor ocultou o lugar onde sepultou Moisés. Deus o sepultou e Deus o ressuscitou e o levou para o Céu. Este procedimento visava prevenir a idolatria. Aquele contra quem se haviam rebelado quando estava em serviço ativo, a quem haviam provocado quase além dos limites da resistência humana, era quase adorado como Deus depois de separado deles pela morte. (Lar Adventista 477.3)
Satanás reclamou o corpo de Moisés, por causa de sua única transgressão; porém Cristo mansamente o remeteu a Seu Pai, dizendo: “O Senhor te repreenda.” Judas 9. Cristo disse a Satanás que sabia ter Moisés humildemente se arrependido de seu único erro, que mancha alguma repousava sobre seu caráter, e que seu nome permanecia incontaminado no livro celestial. (História da Redenção 173.3)
Quem é o Arcanjo Miguel?
Quem é o Arcanjo Miguel?
No entanto, a figura do Arcanjo Miguel é intrigante. Quem é este que entrou numa disputa com o próprio Satanás e saiu vitorioso? Note a vitória do arcanjo, pois de fato Moisés ressuscitou e foi ao céu, aparecendo posteriormente em Mateus 17.3, na transfiguração de Cristo. Essa seria, portanto, a primeira ressurreição da história bíblica.
No Novo Testamento, a palavra arcanjo é usada somente duas vezes. A outra menção está em 1Tessalonicenses 4.16, no qual se afirma que, por ocasião da volta de Jesus, será ouvida a voz de um arcanjo.
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro;
Por outro lado, o nome Miguel se repete mais vezes nas Escrituras. Excluindo-se as claras alusões a pessoas, restam cinco ao todo (três no AT e duas no NT). Apocalipse 12.7 registra um embate ainda mais antigo entre Miguel e o Dragão, identificado no verso 9 como Satanás.
Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos;
Miguel em Daniel e o Anjo do Senhor
Miguel em Daniel e o Anjo do Senhor
As outras três menções veterotestamentárias estão no livro de Daniel. Em Daniel 10.13, 21 e Daniel 12.1, se agrega ao nome Miguel: “um dos primeiros príncipes” (primeiros no sentido de importância, equiv. a principais), “vosso príncipe” e “o grande príncipe, defensor dos filhos do teu povo”. Vale a ênfase de que Miguel é príncipe tanto do anjo Gabriel quanto do povo de Deus.
É impossível não lembrar de Josué 5.14, onde o líder de Israel se encontra com o príncipe do exército do Senhor. Na ocasião, o ser celestial aceita adoração (contrariando a atitude de qualquer anjo, cf Apocalipse 19.10) e ordena a Josué que retire suas sandálias, uma clara alusão ao encontro de Moisés com Deus.
Respondeu ele: Não; sou príncipe do exército do Senhor e acabo de chegar. Então, Josué se prostrou com o rosto em terra, e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo? Respondeu o príncipe do exército do Senhor a Josué: Descalça as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim.
Prostrei-me ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.
Miguel em Zacarias
Miguel em Zacarias
Em Judas 9, a frase “O Senhor te repreenda” encontra um paralelo em Zacarias 3.2:
Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu a Jerusalém, te repreende; não é este um tição tirado do fogo?
Tomou este a palavra e disse aos que estavam diante dele: Tirai-lhe as vestes sujas. A Josué disse: Eis que tenho feito que passe de ti a tua iniquidade e te vestirei de finos trajes.
O Anjo do Senhor é identificado com o próprio Senhor, pois dá ordem aos outros anjos e, no verso 4, afirma que ele tirou os pecados de Josué.
Miguel como Jesus
Miguel como Jesus
É bastante claro que Miguel ou o Anjo do Senhor assume prerrogativas divinas. Daniel 9.25 identifica o Príncipe com o Ungido, apontando inclusive para sua morte. Jesus Cristo é o Ungido (Lucas 4.18). Ungido em Hebraico é מָשִׁ֣יחַ.
Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
Era Cristo que apareceu a Josué e Zacarias. Foi Cristo que lutou contra Satanás no Céu e também foi ele que disputou o corpo de Moisés.
Implicações na vida diária
Implicações na vida diária
Quais as implicações do conflito entre Miguel e o Diabo na vida diária?
Que Jesus não o tenha condenado, deixando para Deus a repreensão, aponta para o Juízo Executivo, aquele em que Satanás e os seus serão destruídos para a toda a eternidade. Naquele momento, Cristo ainda não havia encarnado, tampouco morrido pelos pecadores. O Grande Conflito estava numa fase incerta ainda.
Se vivemos num momento pós-morte e ressurreição de Jesus, onde há garantia da vitória de Cristo sobre Satanás, como deveria ser a vida do cristão?
Nós aguardamos os momentos finais da história da humanidade, o julgamento dos seres humanos e a destruição final. Vivemos num momento de pregação da vitória de Cristo e seu julgamento.
Nossas profissões deveriam todas ser direcionadas à pregação do evangelho. Se você tem dificuldade de encontrar sentido para a pregação de Cristo em sua profissão, talvez seja hora de reconsiderar o trabalho. Não estou sendo extremista, estou apenas indagando se realmente o evangelho mudou sua vida ou não.
Passamos em média 90 mil horas trabalhando ao longo da vida.
Nossas casas deveriam ser escolhidas em prol da pregação do Cristo vencedor e seu juízo. Há um bairro sem presença de Igreja Adventista? Pois eu morarei lá e começarei um Pequeno Grupo. Há uma cidade sem presença adventista? Pois eu morarei lá e começarei a obra pioneira. Há um país sem presença adventista? Pois eu irei como missionário contratado ou ainda como um missionário autossustentado.
Meus hobbies e trabalhos refletem meu posicionamento no Grande Conflito? Ainda que involuntariamente, testemunhamos naquilo que fazemos.
Que Cristo e Satanás tenham discutido sobre o corpo de um homem aponta para o quanto o Grande Conflito se estendeu sobre a vida humana. Assim como uma guerra entre dois países termina por destruir cidades e a própria economia, o Grande Conflito tem como arena o planeta terra, pois que a humanidade assim escolheu e desejou.
A morte, dor e sofrimento deveriam ser constantes lembretes do quão real e doloroso o Grande Conflito pode chegar a ser. Falhar em perceber a conexão entre os dois resultará em certo grau de cegueira e confusão.
Cada pessoa que morre é mais uma que não tinha necessidade de ter falecido... Uma guerra que não tínhamos que ter entrado, mas entramos. Vivemos numa prolongada guerra espiritual. Algo como a Ucrânia e a Rússia. Nós não queríamos nos unir a Satanás, mas alguns desejaram se posicionar com ele, assim como alguns ucrânianos o fizeram com a Rússia. Isso justificou um ataque sobre nossas cidades e povos.
Nossa apatia tem alguns possíveis motivos: a ignorância com respeito ao conflito; uma embriaguez dos sentidos por causa do excesso de trabalho e gastos ou ainda um consumo exagerado que escraviza nosso coração.
Com respeito ao primeiro, uma criança no meio de uma guerra não sabe sequer da existência dessa até que toda sua família sofra as consequência da explosão de uma bomba, um bala perdida ou ainda que alguém lhe conte. Viverá despreocupado enquanto os outros ficam aflitos. Tudo lhe parecerá exagero ou sem real motivo.
Com respeito ao segundo ponto, assim como o bêbado mergulha no vício para esquecer problemas, amenizar o estresse ou trazer alguma alegria para momentos de lazer, o cristão poderá fazer o mesmo com o trabalho. Buscando sentido para sua vida ou paz para sua mente mergulha numa rotina exaustiva que depois de tantos anos se tornou costumeira. Afinal, por que trabalhamos tanto? Para que tanto dinheiro? A falta de respostas para essas perguntas mostrará que o trabalho se tornou um fim em si mesmo. E qualquer resposta deve ser confrontada com a realidade do Grande Conflito.
A embriaguez pode vir ainda através do embotamento de um consumismo desenfreado, buscando satisfazer meus desejos egocentricos mais profundos. Por que preciso de um celular de última geração? Por que um carro mais potente?