APOCALIPSE 2.1-7

APOCALIPSE 2.1-7

ICT - O Senhor que sustenta sua Igreja conhece sua fidelidade, mas também a conhece e a repreende pela frieza.

TESE - O Senhor que nos sustenta como sua Igreja conhece a nossa fidelidade e nossa infidelidade e nos repreende pela nossa frieza.

PB - Devocional/Pastoral

PE - Convidar os crentes a analisar seu relacionamento com Cristo a fim de que se arrependam/Consolar a igreja a respeito do cuidado do Senhor para com eles e do conhecimento do Senhor para com suas obras.

INTRODUÇÃO

ELUCIDAÇÃO

Chegamos à primeira carta dirigida pelo Senhor às suas igrejas no livro de Apocalipse. Assim como é comum no livro, o Senhor ordena que João envie cartas para sete igrejas que estavam na Ásia Menor. Estas cartas iriam circular por toda aquela região, começando por Éfeso, passando em cada uma das sete igrejas, até chegar em Laodiceia, que é a última igreja. Elas estavam em cidades relativamente próximas umas das outras.

Todas aquelas igrejas eram conhecidas pelo apóstolo João, quando ele pastoreou o a Igreja de Éfeso teve grande contato e relação com os irmãos daquela região da Ásia Menor.

Essas cartas tinham uma estrutura em comum que tem todo um significado. Por exemplo, a Igreja de Éfeso recebeu uma carta com sete subdivisões. Ela começa com… O número sete mais uma vez indica uma estrutura completa e perfeita, assim como acontece dentro do livro. Assim como são endereçadas às sete igrejas, estas igrejas tem o propósito de apontar para toda completude da igreja do Senhor Jesus Cristo, seja naquele tempo, seja em tempos futuros.

A primeira carta traça um giagnóstico perfeito da realidade espiritual da Igreja de Éfeso, uma igreja localizada em uma cidade bastante desafiadora para a pregação do Evangelho naqueles dias. Éfeso era uma das principais cidades daquela região da Ásia Menor. Uma cidade rica, movida pelo comércio, teve um porto muito importante para os transportes de mercadorias naquela época.

Éfeso era também um importante centro religioso. Primeiramente para a adoração a uma deusa chamada Diana, ou Ártemis, que era outro nome dado a ela. Havia um grande templo para esta deusa, que redendia também muito lucro para a cidade. Tudo girava em torno da adoração a Diana. Havia um centro de vendas de produtos e imagens para adoração, havia um grande comércio de mercadorias que eram oferecidas em sacrifício àquela deusa, havia muita prostituição relacionada a adoração a Diana. A cidade dependia completamente daquele templo e do seu culto falso para a sobrevivência.

Era também um centro religioso porque além do culto a Diana, Éfeso guardava o culto ao imperador, que estava crescendo muito em todo império romano. O imperador domiciano exigia que seus súditos se prostrassem perante sua imagem e afirmassem que césar é senhor. Em Éfeso isso foi tão relevante que foi construído um lugar específico para a adoração ao imperador e todos os cidadãos da cidades eram obrigados a participar daquela adoração a uma mera figura humana.

Neste contexto está a igreja de Éfeso, que tinha que lutar contra todo essse sistema idolátrico e contra a a perseguição que era imposta pelo Estado de Roma e pelos não crentes.

Essa igreja havia sido plantada muito tempo antes e tinha recebido a participação de importantes membros do corpo de Cristo. Ela foi plantada pelo apóstolo Paulo que passou mais de três anos pregando e ensinando publicamente e de casa em casa; Foi ensinada por Àquila e Priscila, que eram colaboradores de Paulo; Teve Apolo como um dos seus grandes pregadores; Teve Timóteo como um de seus pastores, deixado ali por Paulo. Além de outros servos de Deus, teve antes daquele momento o próprio apóstolo João como um de seus pastores. A Igreja de Éfeso foi muito bem assistida.

Neste momento, entretanto, o Senhor faz uma análise detalhada da situação deste igreja. Ele demonstra conhecer profundamente o seu povo, elogiando pelos seus pontos positivos, mas repreendendo sua igreja pelos seus pontos fracos, que deveriam ser corrigidos. Ao final o Senhor faz uma promessa a sua igreja a fim de encorajar seu povo a perseverar até o fim.

TEMA - O ZELO DO SENHOR PELA SUA IGREJA

P.S. Como o Senhor zela pela sua Igreja?

1° O SENHOR ZELA PELA SUA IGREJA ELOGIANDO-A PELA SUA FIRMEZA . V.2-3.

O que vemos inicialmente nas Palavras do Senhor Jesus à Igreja de Éfeso é um elogio para com as práticas daquela comunidade de irmãos. O elogio envolve três elementos principais.

1.1. UMA IGREJA PERSEVERANTE NO TRABALHO DO SENHOR. V.2

O primeiro elemento deste elogio é que o Senhor louva a perseverança dos efésios no trabalho. O Senhor diz conhecer a obras e o labor daqueles irmãos. Este labor está relacionado diretamente ao serviço que aqueles irmãos estavam desempenhando no Reino de Deus. Na pregação da Palavra, no ensino, no auxílio de uns para com os outros.

Aquela igreja estava empenhada em agradar ao Senhor no trabalho constante pelo Evangelho. Éfeso era uma igreja ativa no trabalho.

Isso rende um elogio do próprio Senhor Jesus. Uma das marcas de sua Igreja é o trabalho. O Senhor chamou a igreja como uma comunidade que milita pela fé com ânimo e com afinco. Ele chama sua Igreja para ser ativa no Reino.

1.2. UMA IGREJA PERSEVERANTE NA DOUTRINA. V.2

Outra característica desta igreja que é elogiada por Cristo é a sua perseverança na doutrina bíblica. Isto fica claro pelas palavras do Senhor com relação à atitude daquela igreja para com os pregadores de falsas doutrinas.

O Senhor diz que eles não suportaram homens maus, referindo-se aos que se declaravam apóstolos, mas eram impostores mentirosos. Isso foi algo comum desde o primeiro século do Cristianismo. Muitos impostores usavam o título de apóstolos de Cristo para difundir suas falsas doutrinas. Muitos judeus, que tiveram contato com a igreja e queriam obrigar os crentes a continuar praticando os rituais do judaísmo saíram em muitas igrejas conduzindo muitos ao erro. Várias doutrinas estranhas como o gnosticismo que dizia que Cristo não veio em carne também era uma ameaça para a igreja.

A estratégia destes homens era se autoafirmar apóstolos com a finalidade de ganhar os irmãos. E isso chegou à igreja de Éfeso. Mas o elogio de Cristo para aquela igreja é que os irmãos rejeitaram os impostores e expuseram sua mentira de uma forma severa. O Senhor louva aquela igreja pela sua pureza doutrinária, por ela permanecer na Escritura.

Como já dissemos, aquela igreja foi muito bem doutrinada. Teve Paulo como seu pastor por três anos, teve Apolo como pregador, Aquila e Priscila, cooperadores de Paulo, teve Timóteo como seu jovem pastor, teve o próprio apóstolo João, o escritor deste livro. Ela foi muito bem ensinada e colocou seu ensino em prática. Ela ouviu os conselhos de Paulo quando disse que ela deveria estar atenta porque em breve penetrariam lobos roubadores naquela igreja.

O Senhor Jesus ama a pureza doutrinária em sua Igreja. Ele ama que sua Igreja permaneça na Palavra da Verdade. Do mesmo modo como ele odeia que sua Igreja se desvie da doutrina. Ele repreende duramente a Igreja de Pérgamo, a partir do versículo 12 porque essa igreja tolerou o falso ensino.

Uma Igreja que persevera na Palavra e rejeita o erro é motivo de alegria para o Senhor.

1.3. UMA IGREJA PERSEVERANTE NAS PROVAS. V.3

Por último, o terceiro elemento do elogio do Senhor Jesus se refere à sua perseverança nas provações. O Senhor diz que Éfeso suportou provas, e provas por causa do seu Nome. Essa expressão se relaciona bem com a perseguição que aquela igreja deve ter sofrido por amor ao Nome do Senhor Jesus.

Em uma cidade na qual a adoração era dada ao nome de Diana, ou Artemis, onde o culto ao imperador era exigido de todos, deveria ser muito difícil manter-se fiel em um contexto como esse. Em uma realidade na qual eles deveriam adorar somente ao Nome de César, o imperador romano, como senhor, ou seriam perseguidos e mortos, aqueles irmãos afirmaram: Só Jesus Cristo é Senhor!

Eles não se deixaram esmorecer diante das tribulações que sofreram pelo Nome do Senhor. Não se deixaram desanimar por causa disso, mas permaneceram fiéis, por isso são elogiados tão amavelmente pelo Senhor Jesus.

O maior elogio do Senhor é à perseverança daquela igreja. A perseverança em todas estas coisas. Ela perseverou em ser fiel ao Senhor até aquele momento, por isso o seu Senhor, que conhece o seu povo, se alegra pela sua fidelidade.

ILUSTRAÇÃO

Muitas vezes olhamos para o Senhor como aquele que está nos vigiando para nos repreender quando falhamos em cumprir sua palavra, mas nunca olhamos para o Senhor como aquele que se alegra com a nossa obediência a ele.

Obviamente nossa fidelidade a Deus não é mais que nossa obrigação como crentes. Mas nós temos um Deus tão gracioso, mas tão gracioso que se alegra com nossa obediência e crescimento.

Ele não é como um pai que vê a nota 10 no boletim do filho e diz: você não fez mais que sua obrigação. Mas é aquele que apesar de nossas imperfeições, sorri para seus filhos, e sem merecimento ainda nos elogia, apesar da insignificância do nosso trabalho em seu Reino.

É basicamente isso que ele faz com a igreja de Éfeso. Apesar de suas falhas, o senhor elogia graciosa sua Igreja.

Em toda Bíblia existem exemplos de elogios do Senhor ao seu povo. Como por exemplo o que aconteceu com Jó. O Senhor disse: Observas-te o meu servo Jó? Homem íntegro e reto e que se desvia do mal. Ou o que os anjos testemunharam a respeito de Daniel quando disseram que ele era homem muito amado por Deus.

Não há homem sobre a terra que mereça o louvor da parte do Senhor. Mas por Graça o Senhor nos bendiz pela infiel e tão medíocre fidelidade.

APLICAÇÃO

Assim como a perseverança desta igreja alegrou o coração do Senhor Jesus, nós, como sua Igreja devemos buscar agradar de tal maneira o coração do nosso Salvador. Será que ele pode mirar o nosso coração e encontrar em nossas vidas uma mesma perseverança?

Esta carta não foi escrita apenas para Éfeso, mas foi escrita para que nós, a igreja do Senhor nestes dias possa ser alertada a permanecer na mesma fidelidade a ele.

Se queremos a aprovação do Senhor, devemos ser Firmes assim como os efésios em nosso labor diário. Você como parte da igreja do Senhor deve ser ativo para o desenvolvimento de sua obra. O Senhor não nos chama a ser uma igreja infrutífera ou entregue a preguiça no que diz respeito ao trabalho que devemos desenvolver. Mas nós chamou para ser uma Igreja ativa e envolvida com as necessidades do Reino.

Muitas vezes a maioria dos crentes está vivendo um comodismo com relação ao seu trabalho no corpo de Cristo. Pensando que o trabalho deve ser feito pelos ministros ou oficiais da Igreja. Inclusive cobram esse trabalho dos oficiais. Mas devem entender que cada um tem uma função no corpo do Senhor e que devem trabalhar com toda intensidade no Reino. O Senhor jamais elogiaria crentes que se sentam confortavelmente em seus bancos domingo após domingo, mas que não se envolvem com seu trabalho. Mas o Senhor se alegra com crentes que diante das necessidades da Igreja eles estão disponíveis para servir. Você quer alegrar o coração do Senhor, como parte de sua Igreja? Esteja disponível para sua obra. Aqui há muita necessidade, necessidade na evangelização, necessidade no trabalho com as crianças, necessidade na organização do culto, no louvor, na limpeza, em programações especiais. Há muita necessidade! Quer saber o que Deus quer para sua vida? Envolva-se para suprir as necessidades da igreja. Se ofereça, se disponibilize.

Sede sempre abundantes no trabalho do Senhor, sabendo que no Senhor o vosso trabalho não é vão. Quer alegrar o coração do Senhor? Persevere no trabalho. No Reino de Deus não fazemos apenas o que gostamos, fazemos o que é necessário.

O Senhor nos ensina mais. Ensina que devemos perseverar na doutrina.

2° O SENHOR ZELA SUA IGREJA REPREENDEDO-A PELA SUA APATIA. V.4

Apesar da fidelidade da igreja de Éfeso e de sua perseverança no trabalho, na doutrina e na tribulação, o senhor tem uma acusação a fazer contra aquela comunidade.

2.1. APESAR DA PERSEVERANÇA, O SENHOR ACUSA SUA IGREJA DE APATIA ESPIRITUAL. V.4.

A acusação demonstra que o Senhor conhece sua Igreja profundamente. Não apenas o que é superficial e visível aos homens, mas o Senhor apresenta um verdadeiro diagnóstico a respeito da saúde espiritual de sua Igreja.

Embora a igreja de Éfeso tenha sido profundamente elogiada, o Senhor estabelece um tribunal severo contra aqueles irmãos. O Senhor diz que ela abandonou o seu primeiro amor. A ideia de abandonar o primeiro amor está relacionada à primeira atitude daquela igreja para com o Senhor Jesus. Relaciona-se ao fervor, ao desejo de servir ao Senhor com o coração. Como o amor de uma jovem pela seu noivo, assim era o amor daquela igreja pelo Senhor.

Mas o texto diz que a igreja deixou o primeiro amor. A ideia da Palavra utilizada pelo Senhor Jesus é que durante o percurso daquela caminhada ela deixou o amor por Cristo e o esqueceu em algum lugar, prosseguindo sua caminhada sem aquele mesmo amor que tinha no princípio.

A igreja de Éfeso prosseguiu trabalhando firme na obra do Senhor, mas seu trabalho não era mais motivado pelo mesmo amor ao mestre. Ela não fazia mais aquilo pela verdadeira motivação, mas talvez pelo costume, como que automaticamente.

A igreja de Éfeso não abandonou sua firmeza doutrinária, ela era firme contra o falso ensino, mas ela não estava fazendo aquilo porque entendia que em amor por Cristo é sua Palavra deveria rejeitar o erro. Mas era dura contra o erro, talvez por simples preciosismo com a ortodoxia.

A igreja de Éfeso sofreu dura perseguição, continuou sendo fiel ao Senhor, mas é estranho que sua perseverança na tribulação não foi motivada pelo amor a Cristo. Por alguma outra motivação aquela comunidade permaneceu sofrendo todas aquelas coisas, mas sem verdadeira devoção a Cristo.

Aparentemente aqueles irmãos eram fiéis ao Senhor, mas seu coração não o fazia com o mesmo amor inicial de quando creram em Cristo. Aquela igreja é a prova de que é possível que continuemos servindo ao Senhor, mas sem amá-lo como deveriam.

2.2. O SENHOR REPREENDE DURAMENTE AQUELA IGREJA. V.5,1.

Diante disso, o senhor repreende aquela igreja a fim de que se volte para o Senhor. O Senhor faz até uma ameaça à igreja para que retorne ao seu primeiro estado.

O senhor ordena a igreja que lembre de onde caiu. Como se quisesse que ela lembrasse o lugar onde esqueceu o primeiro amor. O Senhor manda que sua Igreja faça um teste de memória para recordar onde caiu e voltar aos braços do seu Noivo.

O motivo desse afastamento do primeiro amor é consequência do pecado daquela igreja, por isso o Senhor a chama ao arrependimento. Sua Igreja deveria abandonar a impiedade e render-se ao amor de Cristo.

A palavra arrependimento está totalmente relacionada ao que ele ordena sobre voltar à prática das primeiras obras. Ela tem o sentido de dar meia volta. Eles deveriam regressar ao seu primeiro estado de amor por Cristo como antes.

Se não, eles deveriam se ver com as consequências do seu pecado. O Senhor prometeu que caso a igreja de Éfeso não mostrasse arrependimento, ele moveria seu candeeiro.

Essa ameaça que se refere ao candeeiro, que é a própria igreja. A igreja é o candeeiro, ou o candelabro é tem uma função específica, que é iluminar. O Senhor pôs suas sete igrejas como instrumentos para levar sua luz aos lugares onde foram colocadas. Esta igreja deveria ser luz para as trevas da cidade de Éfeso. Mas como não estava cumprindo seu papel de amar ao Senhor, ela deixaria de brilhar naquele lugar.

Mas com que autoridade o Senhor faz essa repreensão à igreja de Éfeso? A autoridade que é descrita no versículo 1. A característica de Cristo que é descrita aqui aponta para sua autoridade em fazer esta repreensão. Ele disse que estas coisas procedem daquele que tem nas mãos as sete estrelas, que são os pastores daquelas igrejas, assim como anda no meio dos sete candeeiros, que são as sete igrejas.

O Senhor é aquele que governa os pastores e mensageiros de sua Igreja, assim como ele esta no meio de sua Igreja, governando-a e cuidando de seu povo. Por isso ele tem toda autoridade de repreender e mover tanto os mensageiros como as próprias igrejas. Sua Igreja deve por isso ouvir a sua voz e se sujeitar à sua repreensão.

Ou a Igreja de Éfeso dava ouvidos à voz de Cristo ou seguramente o Senhor cumpriria sua promessa de que ela seria arrancada daquele local.

Se a igreja não se arrependesse e voltasse para o amor de Cristo, não haveria necessidade de existir. O Senhor mostra em suas palavras que por mais que uma igreja aparente servi-lo, por mais que continue cultuando ao Senhor, que esteja presente no lugar onde foi colocada, ela não cumpre seu papel se estiver distante do amor por Cristo.

ILUSTRAÇÃO

A situação da igreja de Éfeso é muito semelhante a de muitos casais com alguns anos de casamento. No início de sua relação, há aquele jogo de conquistas e romantismo. Tudo é feito com amor pelo casal. Mas depois, parece que aquele primeiro amor começa a se perdido. A esposa continua a cuidar do marido, da casa, dos filhos, ela cumpre todas as suas obrigações como esposa normalmente. Do mesmo modo o marido, continua a cumprir com suas obrigações, ele cuida da esposa, oferece provisão para o lar. Mas depois de anos de casados olham um para o outro e descobrem que estão casados, mas sem nenhum sentimento.

É nesse momento que muitos casais se separam, porque apesar de viver sob o mesmo teto e cumprir com as obrigações do casamento, o amor não foi cultivado.

Era assim que estava a igreja de Éfeso, aparentemente cumprindo todas as suas obrigações como igreja do Senhor, mas suas ações não estavam mais baseadas no primeiro amor.

APLICAÇÃO

Talvez você e eu como igreja do Senhor Jesus estejamos vivendo um momento semelhante em nossa vida espiritual. Talvez estejamos aqui, com toda aparência de que estamos seguindo firmes em nossa vida espiritual, mas nosso coração não está verdadeiramente em Cristo. Talvez tenhamos perdido nosso primeiro amor em algum lugar durante nossa caminhada e estamos vivendo uma vida cristã automática, sem aquela primeira emoção em servir ao Senhor.

É comum que nos primeiros anos de nossa fé sejamos eufóricos e entusiasmados para servir a Cristo. Temos o desejo de ler a Palavra, orar, participar dos cultos, pregar o Evangelho… Mas muitos crentes perdem isso ao longo da caminhada. Talvez você tem vivido assim. Você continua frequentando os cultos, vez ou outra lê a palavra de Deus, continua orando, trabalha nas atividades da igreja. Entretanto, não faz isso com o coração cheio de fervor e amor pelo Senhor, tem sido algo forçado pelo costume.

Muitas vezes olho para nossas igrejas e vejo isso claramente. Muitas vezes olho para nossas igrejas presbiterianas e vejo muita semelhança com a igreja de Éfeso. Somos muito preocupados com a doutrina, somos duros com o erro e com falsos pregadores e é assim que o Senhor quer que sejamos. Temos bons pregadores, bons sermões, boa doutrina. Isso tem agradado profundamente o Salvador.

Mas o que tem faltado em nossa igreja, muitas vezes, é o fervor e o entusiásmo do primeiro amor. Fazemos isso por vários motivos, mas muitas vezes não fazemos porque amamos a Cristo e queremos agradá-lo como nosso noivo, como o amado de nossas almas.

O que Deus quer das nossas vidas é que nos arrependamos. Que olhemos para onde caímos. Isso foi gerado por pecado. É o pecado que produz frieza e apatia espiritual na igreja. Muitas vezes temos acumulado pecados em nossas vidas e eles fazem separação entre nós e o Senhor. Carecemos relembrar, como em um teste de memória o lugar onde deixamos que esses pecados entrassem em nossa vida, pois foi lá que esquecemos o nosso primeiro amor.

Isso não é algo simples! O Senhor repreendeu duramente aquela igreja e nos repreende agora também. São sérias as consequências para aqueles que não tem amado verdadeiramente ao Senhor, que tem caminhado na vida cristã sem amor por ele. Você se achar um crente muito útil no Reino de Deus, você pode dar até o seu corpo para ser queimado, mas se não tiver amor, seu sacrifício é inútil. Arrependa-se, volte-se para seu Salvador.

Hoje ele pode restaurar seu amor por ele! Ele quer que seja no começo, que quer que sua paixão pelo Reino de Deus seja reacendida. Você não pode fazer isso, mas o Senhor, pelo seu Espírito Santo pode restaurar sua vida espiritual. O que você precisa, o que nós como igreja de Cristo precisa é de um reavivamento espiritual. Precisamos clamar ao Senhor que reavive a sua Igreja.

3° O SENHOR ZELA PELA SUA IGREJA ENCORAJANDO-A A PERSEVERAR . V.1,6,7.

Diante desta situação em que se encontrava a igreja de Éfeso, não devemos esperar de um Deus misericordioso e Gracioso apenas a condenação, mas ele sempre oferece para sua Igreja Graça e uma promessa. No versículo 6 há uma conjunção adversativa que contrasta com a ameaça que o Senhor fez à sua Igreja e a partir desse momento Cristo oferece uma recompensa aos arrependidos que perseveram até o fim.

3.1. O Senhor recompensa os que permanecem fieis no caminho. V.6.

A conjunção adversativa inicial que está no versículo 6 mostra que há um atenuante para acusação contra a Igreja de Éfeso. Este atenuante está relacionado à ortodoxia daquela igreja, ela odiava as obras dos nicolaítas. Não sabemos bem quem foi esse grupo, existem várias teorias a respeito de quem eram os Nicolaítas. Não teremos como tratar sobre eles nesse momento, mas o que sabemos é que eles estavam envolvidos com o grupo dos falsos apóstolos que são tratados no versículo 2. Analisando esse grupo de Nicolaítas com outros falsos pregadores do livro de Apocalipse é possível inferir que eles tinham uma prática comum, que era enganar os crentes e seduzir as igrejas a abandonar o verdadeiro Evangelho para seguir falsos ensinos.

O Senhor, diz que a Igreja de Éfeso não foi movida ainda, porque tinha a seu favor o fato de odiar esse grupo de expulsá-los de seu meio. O próprio Senhor Jesus se declara aqui como inimigo dos nicolaítas, ele diz que odeia as suas obras. A Igreja de Éfeso estava sendo poupada ainda da severa disciplina do Senhor por odiar aquilo que o Senhor Jesus odeia. Ele odeia o falso ensino, pois ele é um instrumento do diabo para afastar a igreja do seu Senhor, e esta igreja compreendeu bem que deveria ser dura assim como o Senhor Jesus.

O atenuante se deu porque embora aquela igreja tenha deixado o primeiro amor, ela permaneceu no caminho da verdade e evitou que outros se desviassem do caminho da Palavra de Deus.

3.2. O Senhor é o que recompensa os que estão vencendo com a Vida Eterna. V. 7.

Diante disso, no versículo 7 o Senhor faz uma promessa a Éfeso, que é a promessa de uma grande recompensa para os fiés. Esta promessa ganha um grau de muita seriedade por causa das palavras de Jesus à Igreja. Assim como a ameaça foi muito severa, o nosso Salvador é enfático em oferecer bênçãos aos seu povo. Ele começa dizendo que aquele que tem ouvidos deveria ouvir o que o Espírito diz às Igrejas. Esta expressão se repete várias vezes em todo o livro e tem um propósito que é chamar a atenção da igreja para o que será dito em seguida. A expressão que o “Espírito diz as Igrejas” indica que não é apenas a uma igreja que o Senhor está falando, mas a todas as Igrejas, inclusive a igreja dos nossos dias.

O conteúdo desta promessa é dirigida ao vencedor. Há algo muito importente nesta palavra que traz esperança para nossa vida como crentes no Senhor. O vencedor é um verbo grego, chamado particípio presente, que poderia ser traduzido também como aquele que está vencendo. Ela não se refere somente aos crentes que estarão com o Senhor no futuro, ou aos crentes que já partiram para estar com ele. Mas se refere a uma ação em andamento no presente. Esta promessa é para os crentes que estão vencendo. Indica uma característica da igreja militante do Senhor Jesus, uma característica de uma igreja que está batalhando pela fé.

O Senhor dirige a essa igreja a promessa que está contida neste versículo. À igreja que está vencendo em sua perseverança no trabalho, que está vencendo em sua perseverança na doutrina bíblica, que está vencendo em suas lutas com as tribulações e perseguições, uma igreja que está vencendo em sua luta em permanecer no Evangelho de Cristo enquanto tantos querem seduzir os crentes a um falso caminho.

Aos que perseveram o Senhor diz que dará que eles se alimentem da árvore da vida que está no paraíso de Deus. Esta promessa tem um significado glorioso, pois faz uma referência a um elemento que estava presente na Criação, ali no Éden. O Senhor plantou muitas árvores no Jardim, dentre elas as mais conhecidas era a árvore do conhecimento do bem e do mal, que levou nossos primeiros pais à queda e a árvore da Vida. Uma proíbida e outra seria dada a Adão e Eva para que vivessem eternamente. Quando pecaram, o Senhor colocou querubins para guardar o jardim para que não comessem da árvore da vida. O motivo para isto está na Graça de Deus. Pois a árvore da vida poderia sim dar ao homem e à mulher uma vida eterna, mas uma vida eterna marcada pelo pecado, em condenação. Pois isso o Senhor os protegeu para que não comessem.

Mas ele agora faz uma promessa aos que estão vencendo. Eles poderão comer novamente da árvore da vida no Novo Céu e na Nova Terra. Mas porque nossos primeiros pais não puderam comer daquela árvore e nós comeremos? Porque em Jesus Cristo todas as coisas estão sendo e serão totalmente restauradas. Os vencedores não experimentarão mais os efeitos do pecado, mas viverão eternamente na presença do Senhor. É para isso que serve o fruto da árvore da Vida, nos dar vida eterna. Enquanto o primeiro Adão nos fez ser expulsos do jardim e experimentar a morte eterna, o segundo Adão nos deu o direito de adentrar novamente o jardim e nos alimentarmos novamente da árvore que nos dará vida eterna.

Essa promessa é conclusiva na história da Redenção. Pois na Criação a árvore estava lá, como fonte de vida para nossos primeiros pais, mas como a Bíblia inicia, assim ela termina, com essa mesma árvore disponível para os eleitos de Deus.

Mas devemos lembrar que essa promessa é feita não apenas aos crentes para que olhem para o futuro, mas para que olhem o seu proceder agora. Todos os crentes fieis ao Senhor Jesus Cristo que apesar das lutas, das quedas, dos seus pecados, mas que estão lutando pela fé verdadeira, eles podem desfrutar desta promessa. A promessa que um dia estarão na presença do Senhor eternamente em uma vida eterna. A peomessa é para os que lutam e perseveram.

Podemos então perguntar, como podemos ter certeza da garantia desta promessa? Devemos olhar novamente para o versículo 1. Vimos que a ameaça que o Senhor fez à Igreja de Éfeso deveria ser temida porque o Senhor tem autoridade sobre sua igreja. No mesmo princípio está a garantia da promessa que o Senhor faz aos que perseveram na fé. Porque devemos crer que o Senhor nos recompensará com a vida eterna? Porque o nosso Salvador tem em suas mãos o controle o domínio sobre todas as coisas! Porque como aquele que tem o domínio sobre sua Igreja, que a tem na mão, ele é aquele que nos levará a perseverar até o fim e nos guardará em suas mãos para que possamos vencer.

ILUSTRAÇÃO

O atleta da Tanzânia, John Stephen Akhwari, que chegou em último lugar e completou a prova. Ele disse: Meu país não me mandou aqui para começar uma corrida, ele me mandou para que que eu terminasse a corrida.

Não é dos fortes a vitória, nem dos que correm melhor, mas dos fieis e sinceros que seguem junto ao Senhor.

APLICAÇÃO

O Senhor nos encoraja a viver de modo fiel e digno do seu Evangelho em nossa peregrinação aqui. Importa que venhamos correr bem a carreira que nos está proposta. A chave para recebermos o prêmio da nossa vocação é a perseverança. Esta é uma doutrina básica na nossa fé reformada, a perseverança dos santos. Cremos que o Senhor que nos salvou e nos elegeu nele, também determinou que seus eleitos vão perseverar até o fim. A prova de que um crente é realmente filho de Deus e está salvo é a sua permanência no Evangelho. Sim, nós cremos que aqueles que estão salvos estão salvos uma vez por todas, mas a prova da nossa salvação é a nossa perseverança até o final.

Por isso, mesmo que o Senhor tenha elogiado a sua fé nesta tarde, apesar de ter repreendido você pelo seu pecado, ele deseja encorajar seu coração a permanecer sendo fiel a ele até o fim. Sei que muitas vezes parece ser duro demais seguir ao Senhor. As vezes parece ser difícil se manter fiel em uma vida santa com tantas tentações ao nosso redor. As vezes é difícil ser fiel ao Senhor diante das provações que temos de passar em nossa caminhada, com tantas dificuldades que nos cercam como crentes em Cristo Jesus. Em outros momentos é difícil seguir ao Senhor diante das perseguições e do que temos que enfrentar por causa do Nome do Senhor em nosso ambiente familiar, de trabalho, ou outros lugares. As vezes é difícil se manter fiel ao Evangelho de Cristo com tantos falsos evangelhos pregados, que tem atraído tantas pessoas, enquanto nós temos demorando tanto a receber pessoas.

Não sei o que você está vivendo hoje, mas talvez você está desanimado na fé, aflito, talvez decepcionado com a igreja e aparentemente até com o Senhor Jesus. Talvez as tentações tem atraído sua vida para deixar ao Senhor.

Hoje ele faz um convite ao seu coração, para que você se mantenha fiel a ele. Para que você lute pela fé, batalhe até o fim. Mesmo que não tenha mais forças para correr ou caminhar, importa que continuemos com perseverança na carreira que o Senhor nos chamou a caminhar. Mesmo que cruzemos a linha de chegada cansados, ensanguentados, feridos, importa que cheguemos até o nosso destino final.

O Senhor nos dá nesta tarde o encorajamento necessário para perseverarmos até o fim. Não olhando para a luta, não olhando para os fatores que nos levam a fracassar, mas olhando sempre para o Senhor e para a promessa que ele nos faz de que nós, que estamos no meio da luta temos a segurança da vida eterna que nos será dada. Da árvore da vida que foi separada pelo Senhor para nós outros.

Lembre sempre que o Senhor que trouxe você até aqui é aquele que vai continuar sustentando sua vida até o fim. VocÊ deve perseverar em seguir ao Senhor, mas não fazendo disso algo como que através de suas obras. Você precisa continuar descansando e lutando pela Graça de Deus.

Nunca é sobre nossa capacidade de perseverar até o fim, mas porque ele nos sustenta a vencer até o fim. A palavra do Senhor nos diz que somos mais que vencedores, mas devemos lembrar que o texto nos diz que somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou. É por causa de Cristo que podemos perseverar até o fim.

CONCLUSÃO