Um sermão aos pais - Gn 2.15

Introdução

Hoje em nosso calendário comemoramos o dia dos pais, nossa cultura encharcada pela queda, tem a tendência de diminuir o significado de dias como este.

A figura do pai é tão diminuída, como se ele não tivesse importância e seu sêmen fosse a única coisa importante nele, como um produto da prateleira de supermercados para que mulheres desejosas de ter filhos comprarem e pronto, engravidarem.

Um fator é por causa da queda, que diminui e furta o significado dessa figura, o pai, que a Bíblia constantemente o compara a Deus o Senhor.

Um outro fator, é que hoje no Brasil existem mais de 5,5 milhões de crianças sem pai, existem 67 milhões de mães, sendo que 20 milhões destas não tem esposo.

Isso mostra como os homens perderam a sua identidade, vocação e responsabilidades criacionais.

Há ainda um outro fator que nos leva a tratar o tema da paternidade, que são os órfãos de pais vivos, ou seja, pais cada vez mais ausentes da vida de sua família.

Pensam supri-los com coisas, enquanto Deus fez seus filhos dependentes da presença paterna, sua atuação na vida de sua família, e principalmente daqueles que o fazem ser pais, os filhos.

A sociedade, principalmente as instituições contrárias à fé cristã, diminuem ainda mais a importância do homem e do pai na sociedade.

Como nós cristãos devemos lidar com estas questões e não sermos moldados por elas?

Desenvolvimento

Penso que qualquer assunto referente a identidade, vocação e responsabilidade de homens e mulheres, devem ser tratados pelo princípio, por isso devemos olhar para Gênesis.

E perceber que ali encontramos respostas para quem é o homem, onde está, e como deve cumprir sua vocação.

Quando olhamos para Gn 2.7 percebemos que somos criaturas especiais, feitas pelas mãos do Senhor, somos seres espirituais.

Genesis 2:7 NAA

7 Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente.

Somos únicos de duas maneiras.

Primeiro – Deus não fez nenhuma outra criatura com cuidado manual, fomos moldados por suas mãos, isso mostra seu cuidado paternal.

Segundo – Deus soprou no homem seu próprio sopro, sopro de vida eterna, não somos mais um tipo de criatura, somos seres espirituais, somos sua imagem.

Deus nos deu natureza espiritual para que pudéssemos carregar sua imagem como seus adoradores e servos.

Gn 2.8, nos mostra que Deus nos coloca em um local, o jardim.

Genesis 2:8 NAA

8 E o Senhor Deus plantou um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado.

Ele foi colocado ali juntamente com Eva com um mandamento. Gn 1.28, sejam fecundos...

O jardim é um lugar onde Deus se relaciona de forma pactual com o homem e onde leva o homem a relacionamentos e obrigações pactuais.

Mas, o homem além de ser espiritual, estar no jardim, ele é senhor e servo neste jardim.

Vejamos Gn 1.28, Adão deveria glorificar a Deus, exercendo autoridade sobre a criação. “Dominai...”

Deus dá ao homem um papel de liderança sobre a mulher e os demais seres, e um papel de serviço, quando o chama para dar nomes as criaturas, inclusive à mulher.

Neste sentido, Deus é claro com respeito ao homem.

Vimos quem o homem é, um ser espiritual feito para conhecer e glorificar a Deus, ele foi colocado no coração do jardim, para ser senhor e servo da criação de Deus.

Finalmente em Gn 2.15 avançamos para descobrir como o homem deveria cumprir seu chamado.

Genesis 2:15 NAA

15 O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.

Em cultivar e guardar está o “como” o homem deve cumpri sua vocação, e para a figura de pai não é diferente, pois tudo que o homem se envolve, deveria se envolver através destes dois princípios, cultivar e guardar.

Cultivar – é trabalhar para fazer com que algo cresça, termos semelhantes são: nutrir, cuidar construir, orientar e governar.

Guardar – é proteger, sustentar o progresso de algo que está sob sua responsabilidade.

Cultive, trabalhando como um jardineiro.

A palavra para cultivar é “avad”, palavra bastante comum no AT, usado tanto como verbo (trabalhar, servir, cultivar, adorar).

Substantivo (servo, oficial ou adorador).

Como Adão estava em um jardim, precisamos considerar primeiramente em sentido agrícola.

Adão foi chamado para cultivar o jardim a fim de que ele crescesse e gerasse muitos frutos.

O que faz um jardineiro?

Ele trabalha duro, cultiva, prepara a terra, planta sementes, poda galhos, cava e fertiliza.

Seu trabalho torna os seres vivos mais fortes, belos e exuberantes, enquanto trabalha e observa o jardim, e se depara com suas fileiras de árvores, diversidade de plantas, a abundâncias de cores.

Esse tipo de trabalho descreve uma das duas vocações do homem.

Não que todos devemos ser jardineiros, antes, somos chamados a cultivar e guardar.

Os homens devem usar seus dons, talentos e habilidades para obter sucesso no que fazem, seja casado, deve suprir sua casa, um homem pode se envolver com diversas ações.

Em cada caso nosso mandato deve ser cultivar e produzir coisas boas e resultados dignos.

Certamente, nosso jardim não inclui apenas coisas, mas também e principalmente pessoas.

Não seria assim no jardim da paternidade, não temos nós pais que cultivar, trabalhando duro em nosso jardim, lugar onde o senhor nos colocou?

Deus estende diversos jardins diante dos homens e a família é o maior deles, todo o fruto que este jardim traz, testemunha se temos cultivado bem ou não este jardim.

Os dedos de um homem devem estar acostumados a trabalhar no solo do coração humano, de sua esposa, mas principalmente daqueles que nos batizam como pais, nossos filhos.

Devemos trabalhar assim para que possamos cultivar o coração de nossos filhos e como pais, anunciar um pai maior e mais amoroso, o Senhor Deus, que nos deu seu filho amado como Salvador.

Um marido é chamado a nutrir sua esposa emocional e espiritualmente, da mesma forma o pai é chamado a ter o propósito de cultivar e nutrir o coração dos filhos,

A figura do pai é importantíssima, pois qualquer psicólogo pode nos dizer dos efeitos devastadores da falta que um pai causa em um filho em todos os estágios da sua vida.

Muito filhos não conseguem crescer, se desenvolver e estão paralisados porque não são ou não foram nutridos em nenhuma área por seus pais.

O melhor caminho para cultivarmos bem nossa relação com os filhos é pelo discipulado.

Se quisermos ter êxito em nosso cultivo como pais, no jardim do coração de nossos filhos, precisamos aprender a trabalhar no coração deles, para que eles possam tornar-se um solo fértil para o evangelho e a devoção a Cristo.

Precisamos guardar e proteger nossos filhos da influência do pecado, do mundo e de seus próprios corações, a fim que de nosso esforço em cultivar seu coração não seja em vão.

Através do discipulado podemos como pais fornecer uma estrutura espiritual sólida e saudável para nossos filhos.

Não podemos substituir o discipulado por objetos, presentes, tecnologia e boas escolas, pois somente pelo discipulado podemos cultivar um acesso ao coração deles, a fim de leva-los a fé em Jesus.

Nossa oração deve ser “dá-me, filho meu, o teu coração, Pv 23.26”

Esse deve ser nosso esforço no cultivo diário de nossos filhos, essa deve ser a principal aspiração de um verdadeiro pai.

Um pai sábio deve cultivar esse caminho ao coração do seu filho, desejando que esse coração seja voluntariamente oferecido a ele como pai terreno e a Deus como pai Celestial.

Um caminho para isso, é antes dar seu coração ao seu filho, não com uma única atitude, mas demonstrações contínuas de amor, graça, paciência misericórdia e dedicação ao longo do tempo.

Mais que isso, leia a Bíblia com seu filho para que ele chegue ao conhecimento da verdade, a palavra é viva e eficaz para dar vida ao coração de seu filho.

Ore com seu filho, cultive seu coração pela oração, orando juntos os laços são criados e ambos os corações são transformados.

Trabalhe com seus filhos, ou seja, se envolva em seus esforços, seja da escola ou algo em que estão envolvidos.

Brinque, participe da vida de lazer e seu filho, jogue com ele, e deixe ele participar de seus momentos de lazer.

O trabalho não acaba aqui, somos chamados também a guardar.

Guardar, proteger como uma sentinela.

A outra metade do mandato masculino é encontrado na palavra guardar, que significa basicamente proteger ou defender.

Isto também é encontrado na palavra hebraica “shamar”, traduzida por vigiar, guardar, proteger, tomar sob custódia, ou cuidar.

A palavra é usada para soldados, pastores, sacerdotes, guardiões e funcionários do governo.

Porém, com frequência o Senhor afirma que guarda e protege aqueles que nele confiam.

Shamar é a ideia por trás da poderosa imagem bíblica do Senhor como uma torre ou uma grande fortaleza.

O salmo 121, expressa bem isso: Deus é o modelo de guardião que devemos ser.

Psalm 121:1–2 NAA

1 Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? 2 O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.

A medida que continuamos no salmo, vemos cada vez mais, que a maior parte da ajuda que Deus nos dá vem na forma de guardar, a mesma palavra de Gn 2.15.

O Senhor, vigia, o Senhor está ativo, não dorme, guarda seu povo de todo mal, guarda a alma, a entrada a saída, desde agora para sempre.

Um grande exemplo de como devemos guardar nossa casa, nossa esposa e filhos.

Deus cuida do seu povo durante o tempo todo, protegendo do mal e especialmente preservando nossas almas para si mesmo.

Que maravilhosa descrição do guarda que é o nosso Deus.

Somos colocados no jardim chamado família, matrimônio, paternidade para ser um guardião assim como o próprio Deus, protege, guarda, vigia...

Diante disto, penso que um pai, não deve apenas pôr as mãos no arado para cultivar a terra, mas também empunhar a espada a fim de guardar aqueles a quem ama.

Adão não deveria apenas cultivar o jardim a fim de produzir os melhores frutos, mas também guarda-lo dos perigos.

Nosso mandato básico como pais cristãos é cultivar, nutrir e desenvolver nossas esposas e filhos, e também guardar, para que fiquem em segurança para que o fruto desse cultivo seja preservado.

Ser um pai bíblico, que cultiva e guarda, é colocar-se de pé frente aos diversos perigos que nossos filhos estão expostos.

Deus não deseja que os homens fiquem parados e deixem que danos ocorram, ou que o pecado avance em seu jardim.

Somos chamados para manter em segurança nossa casa, nossas esposas e filhos. Isso simboliza a paternidade bíblica.

Em nossas famílias nossa presença deve fazer com que as nossas esposas e filhos sintam-se seguros e tranquilos.

Na igreja, devemos defender a verdade e a santidade contra a invasão do mundo e do erro.

Na sociedade devemos assumir nosso lugar como homens que se levantam contra o mal a injustiça e defendem o bem.

Deus ainda chama pais cristãos para cultivar um jardim chamado família, e para guardar os frutos deste cultivo.

A ameaça mais grave que nossos filhos enfrentam é espiritual, a terrível ameaça do poder do pecado em ação nos seus corações, eles estão expostos diariamente num mundo caído em constante inimizade contra Deus.

Se nosso mandato em cultivar o jardim da vida de nossos filhos, visa acessar seu coração e discipular.

Guardar consiste em proteger esse coração de procurar satisfação no pecado e no mundo.

Para isso precisamos buscar que nossos filhos nos obedeçam, pois, a bíblia ensina que os filhos devem obedecer seus pais e os pais devem governar bem seus filhos.

Exerça autocontrole, a autoridade dado aos pais de governar os filhos não os autoriza a maltratá-los, a bíblia nos recomenda a não provocar a ira aos nossos filhos (Ef 6.4), mas devemos criar na disciplina do Senhor e usar a vara para a santa e amorosa disciplina.

Ore por seu filho incansavelmente, o apresente diante do Senhor.

A maioria dos homens que admiramos estavam comprometidos em cultivar e guardar o bem maior de suas vidas. Sua família.

Conclusão

Se queremos ser pais que Deus nos chamou a ser, homens admirados e respeitados por aqueles a quem amamos, homens que cumprem fielmente seu dever diante de Deus, precisamos tomar este ensino como lema.

Vamos cultivar e guardar o jardim que Deus nos deu.

Cada indivíduo assim como Adão é um jardineiro, colocado em um jardim, a fim de cultivar e guardar a vida daqueles que ama.

Nós homens, ao termos sido feitos pais, pelo próprio Deus, não podemos abrir mão de nosso chamado de cultivar a guardar.

Podemos agora olhar para nosso jardim, pois ele demonstrará de que forma temos trabalhado.

Quais frutos vemos?

Temos cultivado e guardado o coração de nossos filhos com nossa presença ou com coisas?

Ao nos ver sendo pais, nossos filhos podem ver Deus como Pai?

A maneira como exercemos nossa paternidade, tem revelado Cristo como Salvador e Senhor aos nossos filhos?