Um exercício para igreja local

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Humildade

João 13.12–17 RA
Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.
Concordo com Warren Wiersbe quando ele diz que a chave dessa passagem é João 13.17: Se, de fato, sabeis essas coisas, sereis bem-aventurados se as praticardes. A sequência é importante: humildade, santidade e felicidade.
A felicidade é resultado de uma vida conduzida dentro da vontade de Deus.Jesus já havia ensinado seus discípulos acerca da humildade e do serviço, mas agora lhes dá uma lição prática. Vamos destacar a seguir três pontos nesse sentido.
Em primeiro lugar, a lição sublime (13.12–14). Ao terminar de lavar os pés dos discípulos, Jesus retorna à mesa e pergunta se os discípulos tinham entendido a lição. Então afirma: Vós me chamais mestre e Senhor; e fazeis bem, pois eu o sou. Se eu, Senhor e mestre, lavei os vossos pés, também deveis lavar os pés uns dos outros.
O lava-pés é indispensável no convívio dos discípulos entre si. Não existe uma igreja “pura” e ideal. Na convivência, mesmo como “cristãos”, muitas vezes ferimos uns aos outros, prejudicamos uns aos outros, perturbamos ou tolhemos a comunhão, evidenciamos a pequenez de nossa fé, a fraqueza de nosso amor, a debilidade de nossa esperança.
Os discípulos tinham uma clara compreensão de quem era Jesus. Chamavam-no de mestre e Senhor. A teologia deles estava certa. Tinham-no na mais alta conta. Sabiam que ele era o próprio Filho de Deus, o Messias, o Salvador do mundo. Mas, sem deixar de ser mestre e Senhor, Jesus lhes lavou os pés. Se Jesus, sendo o maior, fez o serviço do menor, os discípulos deveriam servir uns aos outros em vez de disputar entre si quem era o maior entre eles. Jesus nocauteia aqui a disputa por prestígio e desfaz as barracas da feira de vaidades. Em vez de buscar glória para nós mesmos, devemos nos munir de bacia e toalha para servirmos uns aos outros.
Em segundo lugar, o exemplo supremo (13.15,16). Jesus não foi um alfaiate do efêmero, mas o escultor do eterno. Ele não ensinou apenas com palavras, mas, sobretudo, com exemplos.
No judaísmo existia a norma legal vigente “O enviado é igual ao que o enviou”. Com isso se assegurava a autoridade de toda a pessoa com uma incumbência. Porém, “maior” que o que envia, o enviado não pode ser. Se os discípulos de Jesus se considerassem bons demais para prestar esse serviço uns aos outros, então eles estariam querendo ser “maiores” que seu Senhor, colocando-se acima daquele que os enviou.
O exemplo não é apenas uma forma de ensinar, mas a única forma eficaz de fazê-lo. Se o servo não é maior do que o seu senhor e se o senhor serve, então, os servos não têm desculpas para não servirem uns aos outros. Warren Wiersbe argumenta de forma correta:O servo não é maior do que seu Senhor; assim, se o Senhor tornar-se um servo, o que é feito dos servos? Ficam no mesmo nível que o Senhor! Ao se tornar um servo, Jesus não nos empurrou para baixo; ele nos elevou! Dignificou o sacrifício e o serviço […]. O homem verdadeiramente grande é aquele que faz os outros se sentirem grandes, e foi isso o que Jesus fez com seus discípulos, ensinando-os a servir.
Em terceiro lugar, o resultado extraordinário (13.17). A vida cristã não se limita ao conhecimento da verdade. O conhecimento precisa desembocar na obediência. A felicidade não está apenas em saber, mas, sobretudo, no praticar o que se sabe, pois o ser humano não é aquilo que ele sabe nem o que ele sente, mas o que ele faz. Concordo mais uma vez com Warren Wiersbe quando ele diz que é importante manter essas lições na ordem correta: humildade, santidade, felicidade. Sujeitar-se ao Pai, manter a vida pura e servir aos outros: esta é a fórmula de Deus para a verdadeira alegria espiritual.Jesus define o que é felicidade (13.17). Bem-aventurados, aqui, significa muito felizes. Mas quem é feliz? É aquele que serve, e serve aos mais fracos, da maneira mais humilde. Feliz é aquele que não apenas chama Jesus de mestre e Senhor, mas também imita Jesus, servindo ao próximo. Ser feliz segundo o mundo é estar acima dos outros. É ser servido por todos. Ser feliz no reino de Deus é rebaixar-se para servir aos mais fracos. A grandeza no reino de Deus não é medida por quantas pessoas nos servem, mas a quantas pessoas nós servimos. A felicidade não é um fim em si mesma, mas um subproduto de uma vida que vivemos dentro da vontade de Deus. O mundo pensa que a felicidade é resultado de outros nos servirem, mas a real felicidade é servirmos aos outros em nome de Jesus. O mundo pergunta: “Quantas pessoas servem você?” Mas Jesus pergunta: “A quantas pessoas você está servindo?” No reino de Deus, o maior é o servo de todos.O crente não deve se envergonhar de fazer nenhuma coisa que Jesus tenha feito (13.17). Jesus deixou a glória, o céu, os anjos, o trono e veio ao mundo para servir, para servir pecadores como eu e você. Na vida cristã, não há espaço para vaidade e orgulho. Nosso rei foi servo. Ele se esvaziou. Despiu-se da sua glória. Nasceu numa manjedoura. Não tinha onde reclinar a cabeça. Cingiu-se com uma toalha. Lavou os pés de homens fracos e cheios de vaidade. Fez um trabalho próprio dos escravos. E seus discípulos deveriam fazer o mesmo.Jesus nos ensina sobre a inutilidade do conhecimento religioso que não é acompanhado pela prática (13.17). Um conhecimento que não se traduz em trabalho, em obra, em serviço, é estéril e não pode trazer felicidade. Não basta conhecer a verdade se não somos transformados por ela. O conhecimento sem amor envaidece. A fé sem obras é morta. A doutrina sem vida é inútil. O conhecimento sem obediência nos torna mais culpados diante de Deus. O conhecimento sem prática não nos coloca acima do nível dos demônios (Mc 1.24; Tg 2.20). Satanás conhece a verdade, mas não tem nenhuma disposição para obedecer. Conhecimento sem prática descreve o caráter de Satanás, e não do crente. Por isso, Satanás é sumamente infeliz. Um crente feliz é aquele que não apenas conhece, mas pratica o que conhece.
O orgulho nos impede de manter aquela igualdade que deve existir entre nós. Cristo, porém, que é exaltado muito acima de todos os demais, se rebaixa a fim de que o orgulho dos homens seja humilhado, os quais, esquecendo seu estado e condição, ignoram que são obrigados a manter relacionamento com seus irmãos.
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