Guardando a igreja dos falsos mestres
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· 28 viewsO dever de Timóteo é guardar a vida da igreja dos falsos mestres à luz da graça e do senhorio de Cristo (1:3–20). Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Foco e desenvolvimento no Novo Testamento; Foco no Novo Testamento (São Paulo: Hagnos, 2008), 440.
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Guardando a igreja dos falsos mestres
Eduardo M. Bittencourt / Geral
O MINISTÉRIO PASTORAL deve ser exercido com FIRMEZA, ESPERANÇA E TEMOR a fim de guardar a vida da igreja dos falsos mestres à luz da graça e do senhorio de Cristo
1Timóteo 1.3–20 RA
3 Quando eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina, 4 nem se ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do que o serviço de Deus, na fé. 5 Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia. 6 Desviando-se algumas pessoas destas coisas, perderam-se em loquacidade frívola, 7 pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações. 8 Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, 9 tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, 10 impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina, 11 segundo o evangelho da glória do Deus bendito, do qual fui encarregado. 12 Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, 13 a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade. 14 Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus. 15Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 16 Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna. 17 Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém! 18 Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate, 19 mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. 20E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem.
Introdução:
O desejo de Paulo, quando precisou ir para a Macedônia, era que seu filho na fé, Timóteo, permanecesse em Éfeso. É provável, como já falamos, que Paulo estivesse em Éfeso juntamente com Timóteo. As palavras "insistência" e "permanência" trazem essa ideia. Mas por que Paulo queria que Timóteo permanecesse ali? Para ordenar a certos indivíduos a não ensinarem diferentemente.
Vejamos nas orientações de Paulo a Timóteo como o ministério deve ser exercido.
O ministério pastoral deve ser exercido com:
1. Firmeza (1Tm 1.3-11)
a. Confrontando certas pessoas
"Certas pessoas", "alguns indivíduos" (v.3) pode se referir também aos "alguns" do versículo 19. Parece que Himeneu e Alexandre eram líderes de um grupo maior, mas não tão grande de pessoas que estavam desviadas da fé. Paulo não cita o nome dessas "pessoas", provavelmente porque pretendiam poupá-los de exposição uma vez que não se tratavam de líderes na igreja.
b. Confrontando certas doutrinas
i. Esse confronto envolvia admoestação (παραγγείλῃς) - ordem, comando. - Timóteo deveria ordenar que desistissem da prática e parassem de pensar de forma distorcida não se ocupando com fábulas e genealogias sem fim.
ii. Esse confronto visava a pureza doutrinária da igreja (ἑτεροδιδασκαλεῖν) - "não ensinem outra doutrina" - "algo diferente" (cf. Gl 1.6,7). Algumas pessoas amam o que é novo ou diferente, gostam de medir forças contra tudo que é antigo ou fora de moda. Geralmente o que consideram "novo" não passam de antigas heresias do diabo, mas revestida com uma nova roupagem
O falso ensino apresenta duas características que, por si só, já o torna condenável:
1. Não promovia o serviço (administração - οἰκονομίαν) de Deus, na fé (1Tm 1.4b) - Não lidavam com o corpo doutrinário de forma apropriada. Nós lidamos com tesouros espirituais que precisam ser bem administrados.
2. Não visava o amor (1Tm 1.5) - a meta da administração da fé é o amor e não uma demonstração vazia de conhecimento especulativo. O amor é o cumprimento da Lei, de toda a Lei (Mc 12.30,31). Ele é a essência do evangelho. O verdadeiro amor (1Co 13):
• Procede de um coração puro;
• Procede de uma consciência boa;
• Procede um uma fé sem hipocrisia.
"Quando um pecador é atraído a Cristo, o primeiro a ser regenerado é o coração. O resultado é que a consciência do homem começa a importuná-lo de tal modo que, dominado pela convicção, ele sente-se feliz por abraçar o Redentor por meio de uma fé viva e consciente. Daí ser plenamente natural a sequência: coração, consciência, fé" (William Hendriksen, p. 81)
Hendriksen (2011, p. 81) continua dizendo que "quando o Deus de amor (amor é seu próprio nome, 1Jo 4.8) implanta sua nova vida no coraçãodo homem, este chega de forma natural a ser um coração amoroso. Uma consciência isenta de culpa e obediente à lei de Deus começará a aprovar somente aqueles pensamentos, palavras e ações, passados ou futuros, que estejam em harmonia com o propósito único que resume a lei, a saber: o amor. Uma fé genuína, que abraça a Cristo e todos os seus benefícios, dará como resultado o amor genuíno para com o benfeitor e para com todos os que se acham incluídos em seu amor. Por isso, Paulo fala de “um amor (que procede) de um coração puro, uma sã consciência e uma fé sem hipocrisia”.
Stott (p.14) apresenta alguns testes a respeito de todo ensino:
1. O teste da fé: "ela vem de Deus, estando de acordo com a doutrina apostólica (para que possa ser recebido pela fé), ou é produto da fértil imaginação do homem?"
2. O segundo é a prova do amor: ele promove a unidade no Corpo de Cristo, ou, se não (visto que a própria verdade pode dividir), causa discórdia de maneira irresponsável?
O critério mais importante pelo qual se deve julgar qualquer ensino é ver se ele promove a glória de Deus e o bem da igreja.
iii. Esse confronto deveria ser dirigido a "certas pessoas", hereges de Éfeso.
O que eles faziam? Eles se perderam em conversa fiada.
1. Promoviam discussões inúteis (1Tm 1.3-6) – “a especulação gera dúvida, enquanto a revelação promove a fé” - Stott.
"Medido pela regra da verdade, o que esses seguidores do erro ensinavam merecia o nome de mitos. Quanto ao conteúdo material, esses mitos tinham que ver com relatos genealógicos que, em grande medida, eram fictícios"[1][2]
2. Posavam como mestres da lei (1Tm 1.7)
3. Pervertiam o uso da lei (1Tm 1.8-11)
a. A Lei é boa por natureza e tem uma finalidade apropriada (1Tm 1.8) - A lei não salva, mas leva ao Salvador. Diante da Lei todos os homens se encontram culpados. Ela era um aio para nos levar a Cristo. "Lutero diz que a lei tinha dois propósitos: político ou civil, e teológico ou espiritual. A lei foi dada tanto para coibir os não civilizados como para ser um martelo a esmagar a retidão própria dos seres humanos. A lei tanto preserva a raça humana da degradação generalizada como produz um forte senso de desespero no pecador, a ponto de desejar a graça"[3]
b. A Lei como uma regra de vida não é imposta sobre justos (1Tm 1.9) - A Bíblia diz que não há um justo sequer (Rm 3.20-23), mas fala que os que estão em Cristo foram justificados, são considerados justos aos Seus olhos. Os nascidos de Deus estão debaixo da Lei de Cristo, da lei do amor. O bom uso da lei é para os sem lei. Stott diz que "Toda lei é destinada àqueles cuja tendência natural não é cumpri-la, mas violá-la. É somente porque, como seres humanos caídos, temos uma tendência natural à transgressão que precisamos, de fato, da lei" (Stott, p. 15).
c. A Lei serve o propósito de expor os diversos tipos de pecado a que as pessoas se entregam (1Tm 1.10-11).
Paulo apresenta uma lista de pessoas para quem a lei foi promulgada. Suas ações pecaminosas abrangem toda a Lei mosaica, tanto no que se refere ao dever do homem perante Deus como perante os outros homens. De “transgressores” à “profanos” nós temos pecados contra Deus e de “parricidas” até “perjuros”, pecados contra os homens. Vejamos cada um deles:
i. Transgressores - pessoas sem lei
ii. Rebeldes - desafia a autoridade, que não se submete.
iii. Irreverente - falta de veneração apropriada; geralmente com respeito a Deus.
iv. Pecadores - homens marcados por determinados vícios ou crimes. Que não foi liberto do pecado.
v. Ímpios - que falta características da pureza moral ou ritual.
vi. Profano - refere-se ao incrédulo, sem religião, não santificado.
vii. Assassinos - parricidas (que fere ou mata o pai), matricidas (que fere ou mata a mãe) e homicidas (que mata de forma ilegal outro ser humano).
viii. Impuros - pessoal sexualmente imoral (pornois - prostituição, venda do corpo por dinheiro para luxúria de outra pessoa).
ix. Sodomitas - alguém que se deita com homem e com mulher, sodomita, homossexual.
x. Raptores de homens - traficantes de escravos, homens que aprisionam homens livres (sentido literal ou figurado).
xi. Mentirosos - indigno de confiança, que mente repetidamente.
xii. Perjuros - alguém que deliberadamente dá falso testemunho.
xiii. Para tudo o que se opõe à sã doutrina - essa doutrina sadia é segundo o evangelho da glória do Deus bendito. É importante percebermos que o padrão moral do evangelho não contrário ao padrão moral da Lei. Quando vivemos como justos no mundo, vivemos porque estamos debaixo do evangelho e não da Lei, pois quem está debaixo da Lei está debaixo de maldição (Gl 3.10-13). Cristo morreu em nosso lugar para que o preceito da Lei se cumpra em nós que não estamos mais debaixo da Lei, mas debaixo da graça. Não mais andamos pela carne, mas pelo Espírito (Rm 8.1-12).
Timóteo deveria exercer o seu ministério com FIRMEZA, mas também com:
2. Esperança (1Tm 1.12-17)
· Alicerçada na graça de Cristo
a) A graça transborda
• Transborda em fé e em amor por (1Tm 1.14):
1. Pecadores como Paulo
a. Blasfemo - βλάσφημον - que fala mal (At 26.11)
b. Perseguidor - διώκτην (At 8.3; 9.1; 22.4)
c. Insolente - ὑβριστήν - alguém cheio de orgulho que insulta os outros.
2. Pecadores como nós - quem era você antes da graça lhe alcançar? Como e quando a abundante graça de Deus foi transbordou sobre você?
"A graça inundou com fé um coração antes cheio de incredulidade, e inundou de amor um coração antes contaminado pelo ódio" (Stott, p. 18).
b) A graça transforma
1. Transforma um perseguidor num pregador (1Tm 1.12)
Ele começa afirmando que Cristo Jesus o fortaleceu e o comissionou como apóstolo dos gentios. Ele fala sobre a força interior que Cristo lhe deu antes de falar da missão que lhe confiou. Primeiro vem a capacitação e depois a missão.
a. Paulo demonstra gratidão (sou grato)
b. Paulo demonstra submissão (nosso Senhor)
2. Transforma o maior pecador num modelo do seu amor (1Tm 1.15-16)
Paulo era "blasfemo, perseguidor e insolente", mas ele obteve misericórdia, pois tudo o que fizera, fizera na ignorância, na incredulidade. "Ele não está dizendo que sua ignorância estabeleceu um direito à misericórdia de Deus (do contrário, a misericórdia já não seria misericórdia, nem a graça seria graça), mas apenas que sua oposição não era consciente e voluntariosa" (Stott, p. 17).
Deus fez isso por meio do Evangelho (1Tm 1.15-16):
a. O conteúdo é confiável - " fiel e digno de toda aceitação", diferente das conversas fiadas dos falsos mestres;
b. A oferta é universal - merece ser aceita por todos (merecer é uma coisa, ser aceita é outra);
c. A essência é Cristo - sua encarnação e expiação - "veio ao mundo para salvar os pecadores".
d. A aplicação é pessoal - "eu sou o principal". Todos devem olhar o evangelho como sendo necessário para si. Paulo se via como o maior dos pecadores, não que ele fosse o maior, mas ele se via dessa forma, pois estava tão ciente dos seus próprios pecados que não poderia conceber a ideia de que alguém fosse pior que ele. Quando a luz brilha com maior intensidade mais as sujeiras ficam evidentes.
c) A graça testifica
1. A longanimidade de Cristo (1Tm 1.16). Paulo pode ter sido perdoado dos seus pecados do passado por misericórdia de Deus por causa da sua ignorância, mas também por causa dos que iriam conhecer a Cristo por causa da longanimidade demonstrada na vida dele. A conversão de Paulo traz esperança aos que não tem esperança. A conversão de Paulo dá esperança ao seu filho na fé de que o Evangelho é poderoso para transformar vidas.
2. A glória de Deus - na gratidão dos redimidos (1Tm 1.17) - Paulo dá o testemunho de como o evangelho lhe transformou e o coloca entre dois hinos de louvor a Deus (1Tm 1.12,17). Honra e glória devem ser dadas a Ele pelos séculos dos séculos.
Deus é apresentado como:
a. Rei eterno - Ele é o rei sobre todas as coisas, visíveis e invisíveis. Ele é rei antes de todas as coisas virem a existir. Ele está acima da flutuação do tempo.
b. Imortal - Ele é intocado do pecado e da degradação causada por ele. Ele é totalmente santo e a própria vida.
c. Invisível - Não pode ser contemplado, mas sua glória pode ser percebida pelas coisas criadas e na manifestação da sua graça e do amor entre seus filhos (Sl 19; 1Jo 4.12).
d. Único - não possui rivais. Não há outro Deus além do nosso Deus. Os deuses dos povos não passam de ídolos, mas o nosso fez os céus.
Timóteo deveria exercer o seu ministério com FIRMEZA, ESPERANÇA e com:
3. Temor (1Tm 1.18-20)
a) A exortação
i. Combater o bom combate
Provavelmente implica em guardar a verdade do evangelho. A verdade revelada de Deus precisa ser guardada contra aqueles que a negam ou a distorcem. Se engajar num combate assim é desgastante e perigoso, mas necessário.
Estamos numa batalha e é dever da liderança espiritual da igreja combater o falso ensino e manter a sã doutrina. Todo e qualquer ensino que emana da Bíblia deve ser confrontado pela própria Bíblia e todo e qualquer ensino que vá de encontro à verdade revelada deve ser combatido e encarado como sendo ensino de demônios.
ii. Manter a fé e a boa consciência
Ele não é exortado a ter fé e boa consciência, ele é exortado a manter. Timóteo possui duas coisas extremamente valiosas e que estão escassas: fé e boa consciência. A fé deve ser entendida aqui como um conjunto de doutrinas recebidas pelo apóstolo. Manter a fé, é manter a verdade, a doutrina. A fé e a boa consciência devem andar juntas. Quando se nega a boa consciência, rejeita-se a fé e o naufrágio é certo.
Stott (Stott, pp. 20-21) sabiamente afirmou que "fé e conduta, convicção e consciência, o intelectual e o moral, estão intimamente ligados. Se desconsiderarmos a voz da consciência, permitindo que o pecado permaneça inconfessado e não seja abandonado, nossa fé não sobreviverá por muito tempo".
b) A preocupação
i. Apostasia - naufrágio na fé
1. Himeneu e Alexandre
Paulo exorta a Timóteo para que o mesmo que aconteceu com Himineu e Alexandre não acontecesse com ele. Todos os homens estão sujeitos a negar a fé e a boa consciência. Ele deve perceber que a disciplina eclesiástica é importante e uma marca da verdadeira igreja de Deus.
a. Entregues a Satanás
A apostasia desses supostos irmãos foi tão séria que Paulo não teve outra escolha, senão, entregar para Satanás. Entregar a Satanás, possivelmente envolve a excomunhão, a exclusão da igreja. Já que a igreja é a casa de Deus, o local onde Deus habita, entregar a Satanás dá a ideia de lançar a pessoa novamente ao mundo, o habitat de Satanás. Por mais difícil e dura que seja essa atitude, a igreja sempre disciplina buscando um fim proveitoso.
Com que objetivo?
i. Para serem castigados
O castigo neste caso, mesmo sendo punitivo também é educativo. O castigo não é permanente e nem irrevogável, ele tem um propósito a alcançar. Qual seria?
ii. Para não mais blasfemarem
Blasfemar significa falar de forma irreverente ou ímpia. Paulo foi um blasfemo que alcançou misericórdia. Himeneu e Alexandre também poderiam ser alcançados pela misericórdia caso se arrependessem. A disciplina tinha esse objetivo. Uma vez aprendida a lição as pessoas excluídas poderiam ser restituídas à comunhão da igreja.
Conclusão:
Stott resume o primeiro capítulo, que diz respeito ao lugar da doutrina na igreja local, dizendo que "Paulo dá uma valiosa instrução sobre o falso ensino. A natureza essencial desse tipo de ensino é que se trata de um desvio da verdade revelada. As consequências prejudiciais são que ele substitui a fé pela especulação e o amor pela dissensão. Sua causa fundamental é a rejeição de uma boa consciência diante de Deus. Em face de tal situação, Timóteo deve permanecer em seu posto e combater o bom combate, exterminando o erro e lutando fervorosamente pela verdade" (Stott, p. 21).
Refletindo na mensagem:
1. O que os versículos 6 e 7 nos dizem sobre a natureza e as consequências do falso ensino?
2. O verdadeiro ensino sempre conduzirá ao amor. Como pureza, fé e consciência limpa se manifestam no amor?
3. Qual a dificuldade de se confrontar o falso ensino nos dias atuais? Você é alguém que combate o bom combate de fé?
4. Contra quais falsos ensinos os cristãos precisam se guardar hoje? Cite alguns.
5. Paulo fala sobre a sua vida antes e depois de ser alcançado pela longanimidade de Cristo e receber misericórdia. Quem era você antes de Cristo e quem você é agora?
6. Você desenvolve o seu ministério pessoal com firmeza, esperança e temor?
[1] William Hendriksen, 1 e 2 Timóteo e Tito, ed. Cláudio Antônio Batista Marra, trans. Valter Graciano Martins, 2a edição., Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2011), 77.
[2] Prontamente sentimos que aqui nos introduzimos na esfera do saber tipicamente judaico. É um fato notório que desde os tempos mais antigos os rabinos “contavam suas histórias” – e quão intermináveis eram! – com base no que consideravam algum “sinal” fornecido pelo Antigo Testamento. Tomavam um nome de uma lista genealógica (por exemplo, de Gênesis, 1 Crônicas, Esdras ou Neemias) e a partir daí formavam uma bela história. Esses adornos intermináveis que agregavam ao relato sagrado eram parte do “menu” regular da sinagoga, e posteriormente foram postos na forma escrita na porção do Talmude que se conhece como Haggadah.
O Livro dos Jubileus (também chamado O Pequeno Gênesis) oferece outro notável exemplo do que Paulo tinha em mente. É uma espécie de comentário haggádico sobre o Gênesis canônico; ou seja, uma exposição salpicada com uma abundante provisão de anedotas ilustrativas. Esse livro provavelmente tenha sido escrito em fins do 2.° século ou princípios do 1.° a.C. Abarca toda a era desde a criação até a entrada em Canaã. Essa extensa peça se divide em cinquenta jubileus de 49 anos (7×7) cada um. Aliás, toda a cronologia está baseada no número 7, e para esse arranjo se reivindica a autoridade celestial. Assim não só a semana tem 7 dias, o mês 4×7 dias, mas ainda o ano tem 52×7 = 364 dias, a semana de anos tem 7×7 anos e o jubileu tem 7×7 = 49 anos. Os acontecimentos em separado, referentes aos patriarcas, e outros, são insignificantes de conformidade com esse esquema. A narrativa sagrada de nosso livro canônico de Gênesis é adornada, às vezes quase a ponto de ficar irreconhecível. E assim agora sabemos que o sábado era observado até pelos anjos; e que os anjos também praticavam a circuncisão; que Jacó nunca enganou a ninguém, etc.
Em todas as épocas existem pessoas que se deleitam em entregar-se a tais misturas estranhas de verdade e erro. Chegam até mesmo a crer que essas adulterações são de suprema importância. Mantêm extensos debates sobre datas e definições. Em vez de pôr de lado todo esse refugo sincrético, descobrem finas distinções e se engalfinham em disputas minuciosas. Empilham mitos sobre mitos, fábulas sobre fábulas, e o fim se perde de vista. Assim a lei de Deus é invalidada pela tradição humana (cf. Mt 15.6), e o quadro pintado no original sagrado é distorcido de forma grotesca. (William Hendriksen, 1 e 2 Timóteo e Tito, ed. Cláudio Antônio Batista Marra, trans. Valter Graciano Martins, 2a edição., Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2011), 77–78.)
[3] Dias Lopes, Hernandes. 1 Timóteo (Comentários expositivos Hagnos) (p. 41). Editora Hagnos. Edição do Kindle.