COM UMA BOA INTENÇÃO, MAS PERDIDO!
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COM UMA BOA INTENÇÃO, MAS PERDIDO!
Mateus 26:31-35
Pr. Jesús Hanco Torres
INTRODUÇÃO
A autossuficiência é um perigo latente em todo cristão que tenha passado um tempo com Cristo, mostrando uma aparente força e capacidade, experiência ou habilidade que possa ter obtido, enquanto rejeita a dependência de Cristo. No entanto, em tempos de provação, ela facilmente se quebra e o cristão mergulha em total vergonha.
O verdadeiro cristão busca fundamentar a sua vida na Palavra de Deus. Nos momentos de provação ele se apega às promessas divinas encontradas na Bíblia com todas as suas forças.
Vamos ler o texto que está em Mateus 26:31-35. Era quinta-feira, a última semana antes que Jesus fosse crucificado. Rodeado pelos seus discípulos, depois de sair do cenáculo, Jesus, em um ambiente mais familiar, quis ensinar a Simão Pedro uma das lições mais importantes da vida cristã, uma lição que poderia ter livrado o discípulo de muitas lágrimas. Ali enquanto caminhavam em direção ao monte, Jesus se dirigiu aos seus discípulos com a mais profunda tristeza (O Desejado de Todas as Nações, p. 476) e declarou com ênfase: vocês “todos” se escandalizarão comigo, serão separados, e tropeção por minha causa.
Deus espera que todo cristão possa entender que a vida cristã consiste na total dependência de Cristo e em uma morte diária da autossuficiência e do orgulho.
I – JESUS E AS PROVAS DO CRISTÃO (Mt 26:31, 32)
Jesus mostrou com tristeza as profecias que aconteceriam com os seus discípulos, não somente com um, mas com TODOS, apenas alguns momentos depois. Aqueles que um dia prometeram segui-lo, naquela noite seriam dispersados, separados e se escandalizariam dele. Aqueles que antes tinham orgulho de estar com Jesus, nessa noite considerariam uma vergonha e um risco de morte. Por isso o Mestre enfatizou: “Todos vós vos escandalizareis comigo”.
Contudo, como Jesus viu essa situação decepcionante e traidora de seus onze discípulos? Reclamou da covardia deles? Os repeliu? Talvez até poderia ser justificável que Jesus qualificasse os seus discípulos como “inaptos” ou “covardes”. Como você agiria se estive no lugar de Jesus? Como você reage quando alguém que você confia trai a sua confiança?
No entanto, Jesus não se decepcionou com o comportamento de seus discípulos. Pelo contrário, Ele viu nessa situação “decepcionante” o cumprimento das Escrituras. E mesmo tendo grandes expectativas com os seus seguidores e desejando que nesse momento seus discípulos pudessem estar ao Seu lado orando e apoiando os seus braços, Jesus entendia pelas Escrituras que esse momento Ele teria que passar “sozinho”. O cálice amargo Ele teria que beber “sozinho”.
Jesus lembrou das palavras do profeta Zacarias (Zc 13:7). “Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o homem que é o meu companheiro, diz o Senhor dos Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas”. Essa profecia mostrava o abandono que o Messias sofreria, pois até o seu próprio Pai se voltaria contra Ele. Não pela pessoa de Jesus, pois Ele e o Pai esteve sempre unido de eternidade em eternidade. Mas como substituto do homem pecador, Jesus sofreria a justiça divina, sentiria o que significa a justiça de Deus contra o pecado. Jesus passaria “pelo vale da morte” sozinho. Quando o abandono, a traição e a solidão impactaram Jesus nos momentos cruciais do seu ministério, Cristo fixou os seus olhos na Palavra de Deus, e isso permitiu que Ele tivesse a certeza de que mesmo na escuridão e na dor, sua vida estava nas mãos de Deus.
E ali mesmo Jesus fez uma promessa aos seus discípulos, apesar do abandono que eles mostrariam. Sem dúvida, o amor de Deus é grande e imensurável. Jesus não os condenaria ou trocaria por outros discípulos; o amado Mestre continuaria acompanhando e iria adiante deles: “Mas depois que ressuscitar, irei adiante de vós para a Galileia”. O Mestre lhes fez uma promessa “irei adiante de vós”. Na escuridão e na tristeza o escândalo duraria pouco tempo, porque Jesus mesmo estaria diante deles. Ainda que falhamos com Ele, Jesus não falha conosco, ainda que sejamos infiéis, Deus continua fiel. Ainda que venhamos a trai-lo Ele continua leal. Se deixarmos de ama-lo, Ele continua nos amando.
Muitas vezes passaremos por situações difíceis na vida cristã, uma doença, um acidente, uma crise familiar, situações reais que nos levam a ficar escandalizados, a nos separar e nos fazer duvidar de Jesus Cristo e de sua igreja.
No entanto, são nesses momentos quando nos sentimos decepcionados com a igreja e com a fé que professamos é que precisamos levantar os olhos e ver Cristo nos dizendo “todos vós vos escandalizareis”, nos advertindo que na vida cristã também passaremos por situações difíceis e talvez muito terríveis.
Mas lembre-se, Ele não nos deixou sozinhos, nosso Mestre nos deixou a sua Palavra, a Bíblia Sagrada, aquela que temos em nossa biblioteca, em nossa mochila, na bolsa e até em nosso celular. Que a cada mensagem que lermos, possamos encontrar nela esperança, e que ao ouvi-la, possamos crescer na fé, com a certeza plena de que não estamos sozinhos, pois nossa vida está nas mãos de Deus.
É na Bíblia, a Palavra de Deus, que encontramos as maiores promessas de Deus, promessas que podem nos levantar nos momentos mais difíceis da vida. Promessas que nos mostram que podemos estar caídos, mas não vencidos. Ali podemos encontrar promessas como aquelas declaradas por Ele mesmo, Cristo Jesus, que disse mais uma vez: “depois da minha ressurreição, irei adiante de vós”. Jesus diz hoje: “Eu irei adiante de ti”. Amigos, por meio do Espírito Santo Jesus faz ressoar a promessa: “Irei adiante de ti”. Mesmo em situações difíceis que podem estar acontecendo agora, levante os olhos para o Céu e ouça a promessa do único que nunca falha, que toma a sua mão, o levanta e diz: “Irei adiante de ti”.
II – PEDRO, A AUTOSSUFICIÊNCIA E AS BOAS INTENÇÕES (Mt 26:33-35)
As declarações de Jesus realmente atingiram o orgulho de Pedro, um pescador forte, que havia acompanhado Jesus em seu ministério, que havia deixado tudo por Cristo. Pedro não podia ficar calado. E exclamou: “Ainda que venhas a ser um tropeço para todos, nunca o serás para mim”.
Pedro aceitou a declaração de Jesus; para Pedro, os discípulos se escandalizariam, isso se cumpriria com os outros, mas não com ele. Pedro enfatizou com veemência a diferença entre ele e o restante dos discípulos; “eu” exclamou, enfatizou e sublinhou, “nunca farei isso”.
No cenáculo, Pedro havia declarado: “minha vida darei a ti”. Sem dúvida, Pedro mostrava uma grande força e confiança, mas, surpresa! Essa aparente força não tinha a base em Cristo, mas em “suas próprias forças e suficiência”.
Em seu grande amor por seu discípulo e conhecedor da grande provação que ele teria, Jesus tentou mostrar o que aconteceria se ele continuasse com sua autossuficiência. Assim, Jesus repetiu a declaração que há algumas horas lhes havia dito enquanto estavam no cenáculo: “Em verdade te digo que, nesta mesma noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes”.
Jesus tentou fazer o seu discípulo reagir, desejava poupá-lo desse sofrimento. Se ao menos Pedro tivesse prestado mais atenção às palavras de Jesus e houvesse clamado como no mar da Galileia quando estava por afundar: “Senhor, salva-me”! Entretanto, as declarações de Jesus só aumentaram a sua obstinação.
Como as palavras de Jesus aumentaram a sua autossuficiência, ele dizia mais tenazmente: “Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei”. Pedro declarou com muita segurança algo que saía do mais profundo do seu coração. Pedro tinha a firme intenção de nunca negar a Jesus.
“Quando Pedro disse que seguiria seu Senhor à prisão e à morte, era sincero em cada palavra proferida; mas não se conhecia a si mesmo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 477).
Pedro sentiu que Jesus desconfiava dele e achava que isso não estava certo, porque ele estava realmente disposto a dar tudo por Jesus. Pedro ficou desconfortável e foi persistente em sua autoconfiança. Na confiança que tinha em si mesmo, ele negou as palavras Daquele que sabe tudo. Sem dúvida, não estava preparado para o momento de provação.
No entanto, está escrito na Bíblia, em Provérbios 16:18: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda”. Por isso, a lição que Cristo quer nos deixar neste texto é de suma importância, porque quase todos nós caminhamos um certo trecho com Jesus e corremos o risco de cair na autossuficiência, demostrada em declarações como: “Eu jamais cairei”; “Isso acontece somente com os fracos”; “Eu nunca ficarei nessa situação”.
Pode ser que exista a boa intenção de nunca cair, de nunca defraudar Jesus, de poder cumprir com cada um dos mandamentos, de poder ser fiel a Deus, aos pais, à esposa. Mas precisamos entender que as boas intenções não são suficientes. As boas intenções podem nos levar à autossuficiência, e quando tivermos mais tempo na fé, isso se transformará em altivez de espírito; terminaremos assim sendo soberbos, e depois disso vem a queda. Por isso Salomão também declarou: “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda”.
Jesus quer nos lembrar que o nosso coração é enganoso, é perverso e mesmo nós não podemos reconhecê-lo (Jr 17:9). Em nosso coração há elementos ruins, tendências que aparecerão, à medida que vivemos situações e tentações.
A admoestação solene de Cristo foi um convite para esquadrinhar nosso próprio coração. Precisamos desconfiar de nós mesmos e ter uma fé mais aprofundada em Cristo. Não precisamos dizer: “eu nunca falharei”, mas clamar: “Senhor, me ajude, “Senhor, salva-me de mim mesmo”. E precisamos clamar humildemente a cada dia: “Senhor, tenha piedade de mim, porque sou pecador”.
CONCLUSÃO
A história de hoje nos mostrou duas maneiras de nos prepararmos para enfrentar as circunstâncias difíceis e as provações. A primeira é nos apegar com todas as nossas forças às promessas divinas encontradas na Bíblia, desconfiando de nós mesmos. E a segunda é acreditar que nossa experiência, nossa habilidade, nossa capacidade desenvolvida ao longo de nossa vida cristã, e nossas boas intenções e autossuficiência são suficientes para vencer a tentação e nos fazer fortes em tempos de provação. Dessas duas, a primeira nos levará à salvação, e a segunda nos conduzirá à vergonha, ruína e perdição.
APELO
Não sei quantas vezes você fez promessas ao Senhor, promessas como “de agora em diante serei mais obediente”, “Senhor, agora eu serei um pai melhor”. Porque não mudar essa declaração e dizer primeiro: “Senhor, ajuda-me a colocar a tua Palavra no lugar que deveria estar em minha vida, ajuda-me a me preparar para enfrentar as provações lendo e esquadrinhando cada uma de suas promessas encontradas na Bíblia”, para que quando todos falharem, quando as pessoas falharem comigo, quando os meus amigos me decepcionarem, eu possa encontrar esperança na leitura da Bíblia, encontrar força em suas promessas”. E em segundo lugar: “Senhor ajuda-me”, Senhor, salva-me”, “Senhor, faça de mim um bom esposo”, “Senhor faça de mim um bom administrador”, “Senhor, faça de mim um bom pai”. Há alguém que queira dizer isso ao Senhor hoje? Levante sua mão e juntos vamos orar.