O JUÍZO VIRÁ!
Amós • Sermon • Submitted
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· 13 viewsO julgamento divina alcança a todos que se rebelam contra a sua palavra revelada (Am 2.6-8)
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Julgamento retardado, não é julgamento cancelado.
Julgamento retardado, não é julgamento cancelado.
Texto: Amós 2.4-8
“4 Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Judá e por quatro, não sustarei o castigo, porque rejeitaram a lei do Senhor e não guardaram os seus estatutos; antes, as suas próprias mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais. 5 Por isso, meterei fogo a Judá, fogo que consumirá os castelos de Jerusalém. 6 Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel e por quatro, não sustarei o castigo, porque os juízes vendem o justo por dinheiro e condenam o necessitado por causa de um par de sandálias. 7 Suspiram pelo pó da terra sobre a cabeça dos pobres e pervertem o caminho dos mansos; um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim, profanam o meu santo nome. 8 E se deitam ao pé de qualquer altar sobre roupas empenhadas e, na casa do seu deus, bebem o vinho dos que foram multados.”[1]
Introdução:
Você já fez algo errado e temeu sofrer as merecidas consequências dos seus atos?
Já tentou esconder um erro para evitar arcar com a sua responsabilidade?
Acredito que todos nós, mesmo que tenha sido somente na infância (fogo no vaso de planta seca).
Deus conhece todos os nossos maus feitos. Deus julga no presente e julgará plenamente no futuro as ações dos homens. Ele julgará o mundo com justiça e os povos consoante a Sua fidelidade (Sl 96.3).
Nosso texto apresenta o julgamento de Deus sobre nações e sobre a nação de Judá e Israel pela opressão ao pobre, pela imoralidade e religiosidade falsa. As nações foram julgadas por terem pecado contra a lei de Deus que estava escrita na consciência e no coração (Rm 2.14-15), mas Judá e Israel foram julgados por haverem pecado contra a lei revelada e escrita de Deus. Lei conhecida por eles, mas deliberadamente ignorada.
Amós residia em Tecoa, uma cidade que ficava a oito quilômetros ao sul de Belém. Ele não foi treinado para ser profeta e nem era de linhagem sacerdotal. Ele criava carneiros e plantava sicômoros, um tipo de figo silvestre (Am 7.14). É possível que Amós tenha sido um homem abastado e respeitado em sua comunidade[2]. Apesar da sua posição, era um homem simples, a julgar pelo seu vocabulário e pelas figuras de linguagem derivadas da vida rural. Entretanto, ele era bem versado na lei e na história de Israel. Amós profetizou durante o período mais próspero do Israel dividido, os reinados de Uzias, de Judá (791-740 a.C.) e Jeroboão II de Israel (793-753 a.C.).
O Dr.Carlos Osvaldo resume esse período explicando que:
“Os arameus do norte tinham sido subjugados pelos assírios meio século antes do aparecimento de Amós, e a própria Assíria sofria de decadência interna e pressão externa por parte de Urartu. A Transjordânia do Norte fora recuperada, e as fronteiras haviam sido empurradas de volta aos limites salomônicos (cf. 2 Rs 14.25). O comércio florescente trouxera riqueza ímpar à classe dominante de Israel (4.1–3), que desfrutava vida tranquila e prazerosa (6.1–6), enquanto a maioria menos afortunada sustentava tal estrutura social com o suor da escravidão e com a miséria (2.6; 8.6). Apesar da religiosidade ser abundante (4.4, 5; 5.21–23), a justiça era escassa (2.7). Israel já estava em sua jornada espiritual descendente de sincretismo e idolatria, a qual Oseias condenaria tão veementemente 10 anos depois. Tal era o tempo de Amós, leigo, transformado em profeta da justiça divina, chamado dos campos de Tecoa a ministrar na cosmopolita Samaria.[3]
É fantástico ver como Deus escolhe quem quer e usa quem quer para levar a Sua Palavra. Amós não tinha treinamento, não era de linhagem sacerdotal, mas Deus o usou. Ainda hoje Deus levanta pessoas do meio do seu povo para fazer a Sua vontade e levar a Sua Palavra. Amós tornou-se um profeta da justiça. Se Oseias atacou a nação por sua idolatria, Amós atacou os problemas éticos sociais causados pelo sincretismo religioso da nação. O profeta “concentra sua condenação na inutilidade de uma religião que não se importa com a justiça”.[4]
Veremos hoje como Judá e Israel pecaram contra o Senhor mesmo conhecendo claramente a Sua vontade
S.I.:
Você é alguém que tem prazer na vontade de Deus? Você age baseado em sentimento ou em pensamento? O que te conduz, emoção ou razão?
Sua vida é coerente com a profissão de fé que você faz?
Você é consciente de que todos nós estamos perante a face do Senhor e que todas as nossas ações serão julgadas por Ele? (2Co 5.10; Ap 20).
No nosso texto nós vemos que:
Proposição: O CASTIGO DIVINO SOBRE JUDÁ E ISRAEL É MERECIDO E AGUARDADO POR CAUSA DA DESOBEDIÊNCIA DELIBERADA À ALIANÇA MOSAICA POR MEIO DA INJUSTIÇA SOCIAL, IMORALIDADE E IDOLATRIA.
Mas a guisa de introdução é importante ressaltar que:
Deus é extremamente paciente e longânimo (v.4,6) – “três... quatro”
Deus é santo e justo e faz justiça no seu tempo (v.4) – “não sustarei o castigo”
O juízo de Deus veio por meio de Nabuconosor contra Judá, que executou a sentença pronunciada, destruiu a cidade por meio do fogo, c. 605-586 a.C. (cf. 2Rs 24-25).
Deus ama o seu povo, mas o julga de acordo com a Sua santa Palavra (v.4) – “rejeitaram a lei do Senhor e não guardaram os seus estatutos”.
Deus não rejeita o seu povo a quem escolheu e mesmo que tenha que discipliná-lo, os seus pensamentos e ações são de bem e não de mal (Am 9.11-15).
S.T.: O castigo divino sobre Judá e Israel é merecido e aguardado por causa da desobediência deliberada a Aliança mosaica por meio da:
I. INJUSTIÇA SOCIAL (Am 2.6-7a)
a. Distorção da função – os que deveriam fazer justiça e cumprir a Lei, se levantavam contra ela. O juiz pode ser o próprio rei, que com frequência era designado desse modo (2Rs 15.5; Dn 9.12). Quando os que deveriam promover a justiça, distorce a justiça, o caos está formado e não há mais esperança.
b. Distorção dos valores – ao invés de amar a justiça e as pessoas, torciam a justiça e amavam o dinheiro. A avareza era tão intensa que até mesmo por causa de uma dívida insignificante eles vendiam uma pessoa à escravidão (cf. Mt 18.23-35). O cuidado pelos pobres é um dos temas proeminentes do AT (p.ex., Pv 14.31; 17.5).
Essa distorção de valores está, provavelmente, relacionada não só ao desejo por bens, mas por poder, posição, aprovação dos homens poderosos.
i. Venderam os justos – escravidão!
ii. Condenaram os necessitados – acepção!
iii. Suspiraram pelo pó da terra sobre a cabeça do pobre – opressão!
iv. Perverteram o caminho dos mansos – perversão/abuso! – “Perverter o caminho dos mansos consiste em planejar fazer o mal àqueles que se sabe que são calmos e pacientes, e que suportarão a ofensa sem revidar”[5]
“Amós não defende uma revolta de camponeses, nem oferece um programa de reforma social que possa erradicar o mal sistêmico entretecido na sociedade israelita.9 Ele não condena o fato de ser rico, em si, nem tão pouco os pobres são identificados como sendo os retos que serão salvos da destruição que ameaça sobrevir à nação. Amós ataca vários meios sócio-econômicos de adquirir riqueza, porque são contrários às tradições aceitas da lei de Yahweh. [...] [6]
Refletindo: Você ama mais as pessoas ou as coisas? Você usa coisas para abençoar a vida de pessoas ou você usa pessoas para se beneficiar delas? Você age com justiça e retidão? O ser é mais importante do que o ter pra você?
S.T.: O castigo divino sobre Judá e Israel é merecido e aguardado por causa da desobediência deliberada a Aliança mosaica por meio da:
II. IMORALIDADE (Am 2.7b)
a. Cumplicidade – “um homem e seu pai”. Ao invés de se estimularem para a santidade, entregaram-se à imoralidade. A cobiça do coração se manifesta de várias formas, pela opressão do pobre, mas também pelo sexo animal e sem compromisso. A julgar pelo contexto, é possível que essa “jovem” tenha sido alguém que teve o seu direito distorcido e tenha sido vendida como escrava. Tal atitude reflete a insensibilidade com a glória do nome do Senhor.
b. Insensibilidade – “profanam o meu santo nome”. “O pecado de imoralidade é tão obscuro quanto qualquer outra concupiscência promíscua desmedida; e contudo onde as primeiras iniquidades de opressão e extorsão estão, este pecado também é encontrado; pois as leis de modéstia raramente contêm aqueles que romperam as amarras da justiça e desprenderam-se de suas cordas. Esta impiedade é um escândalo tão grande para a religião e a confissão que se faz dela que os culpados dela são considerados como tendo a intenção de profanar o santo nome de Deus, e torná0lo odioso entre os gentios, como se Ele aprovasse as maldades que aqueles que fingem ter um relacionamento com Ele se permitem”[7]. Profanar o nome de Deus é o pior pecado que alguém possa cometer. O nome de Deus é santo e Deus é zeloso pela glória do Seu nome. O povo que deveria responder em amor a Deus pelas obras feitas em seu favor, trocava a glória do seu nome por um par de sandálias e pela imoralidade.
Refletindo: Será que temos honrado a Deus com a nossa vida? Temos sido cumplices no pecado uns dos outros ou temos nos estimulado ao amor e a prática das boas obras visando a glória de Deus?
III. IDOLATRIA (Am 2.8)
a. Prostituição cultual – “se deitam” - Driver e Hammershaimb visualizam uma festa de bebedeira dos cananeus em que os participantes se envolvem em relações imorais em cima de roupas tomadas dos pobres (Os 4.11–14).
b. Desprezo à Palavra e ao pobre – desprezam a Palavra ignorando as prescrições da Lei em favor do pobre. “As tradições legais em Êxodo 22.26,27 e Deuteronômio 24.12,13 permitem que um credor tome de seu devedor uma peça de roupa (seu manto) como garantia (mas não de uma viúva – Dt 24.17), mas esta deve ser devolvida antes do anoitecer. O manto, nesse caso, é usado como garantia em relação a uma dívida. Ao reter o manto adquirido por meios legais, o homem rico faz mau uso de uma lei para satisfazer seu próprio prazer”.[8] A frequência à prática está implícita pelo fato deste comportamento se dar “em qualquer altar”. O rico vai adorar ao seu ídolo com as roupas (roubadas) que deveriam ser devolvidas aos pobres. Eles bebem o vinho dos que foram condenados, os quais eles multaram, gastando na prostituição aquilo que obtiveram por meio da injustiça.
Refletindo: A prostituição cultual pode se manifestar da forma que vimos, mas também quando amamos mais o mundo do que a Deus. Adúlteros, chamou Tiago aos crentes da dispersão por amarem mais ao mundo do que a Deus (Tg 4.4). Você é um adúltero espiritual? Você é um verdadeiro adorador ou é um idólatra que gasta o que deveria ser consagrado a Deus e usado para abençoar os pobres para satisfazer os desejos de sua carne?
Conclusão:
O Senhor Jesus sendo rico se fez pobre por amor de nós (2Co 8.9). A igreja do Senhor Jesus, salva pelo seu sangue, que espera a adoção de filhos e a redenção do seu corpo, deve viver os seus dias na terra com os olhos nos céus. Deve viver para fazer o nome do Senhor Jesus conhecido por meio da pregação e da santificação. Toda a nossa vida deve ser marcada pelo amor de Deus que é derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo. Quem ama a Deus, ama os que por Ele foram gerados (1Jo 5). Não é certo a um crente oprimir o pobre. Não é certo a um cristão se entregar à imoralidade e à idolatria. Nosso desejo maior deve ser sempre o de abençoar, de santificar e adorar em espírito e em verdade.
Consagre hoje mesmo toda a sua vida ao Senhor que por você morreu e ressuscitou. Coloque os outros acima de você. Entenda que mais bem-aventurado é dar que receber. Que a generosidade da igreja traz glória a Deus e permite que haja igualdade no ceio da comunidade. Não nos deixemos nos desviar das verdades da Palavra de Deus, pois se isso acontecer, por mais que Deus nos ame, o juízo virá!
[1] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Am 2.4–8.
[2] Donald Sunukjian, “Amos”, Bible Knowledge Commentary – Old Testament Edition, p. 1425.
[3] Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Foco & Desenvolvimento no Antigo Testamento, ed. Juan Carlos Martinez, 2a Edição Revisada e Atualizada. (São Paulo: Hagnos, 2014), 716.
[4] Idem 717.
[5] Henry, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Tradução Valdemar Kroker, Haroldo Janzen, Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.1008.
9 H. B. Huffmon, “The Social Role of Amos’ Message”, The Quest for the Kingdom of God: Studies in Honour of G. E. Mendenhall (Winona Lake: Eisenbrauns, 1983), pp. 11–13.
[6] Gary V. Smith, Amós, trans. Suzana Klassen e Valdeci da Silva Santos, 1aedição., Comentários do Antigo Testamento (São Paulo, SP; Cambuci, SP: Editora Cultura Cristã, 2008), 115.
[7] Driver, Amos, p. 153; Hammershaimb, Amos, p. 49; M. Dahood, “To Pawn one’s Cloak”, Bib42 (1961), pp. 359–366, apud Henry, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Tradução Valdemar Kroker, Haroldo Janzen, Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.1008. Driver acredita que a referência a penhorar a veste de alguém no túmulo de Apolofanes de 150 a.C. era uma garantia que um homem deixava com uma prostituta, e assim interpreta Amós 2.7 de maneira semelhante.
[8] Gary V. Smith, Amós, trans. Suzana Klassen e Valdeci da Silva Santos, 1aedição., Comentários do Antigo Testamento (São Paulo, SP; Cambuci, SP: Editora Cultura Cristã, 2008), 134–135.