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Misericordia
Misericordia
As quatro primeiras bem-aventuranças tratam da nossa relação diante de Deus. Essa fala sobre a nossa ação diante dos homens. As primeiras tratam da questão do ser, essa progride para a questão do fazer. Martyn Lloyd-Jones diz que o evangelho cristão põe toda a sua ênfase na questão do ser, e não na questão do fazer. O evangelho dá muito maior importância às nossas atitudes do que às nossas ações. Depois de lançar os alicerces do ser, estamos, agora, prontos a examinar a questão do fazer. No cristianismo, o ser vem antes do fazer. Quem é, faz. A fé sem obras é morta (Tg 2.17).
A misericórdia de Deus é um dos atributos comunicáveis de Deus (atributos que descrevem Deus em si mesmo e atributos que descrevem Deus em suas relações com as criaturas. Os primeiros são frequentemente chamados de incomunicáveis ou absolutos (como infinito ou onipresença), e os últimos são comunicáveis, ou relativos (como santidade ou fidelidade), um atributo que os humanos podem imitar em seus relacionamentos uns com os outros.
A misericórdia de Deus é evidente sempre que ele tarda o castigo, mesmo quando seu povo está perdido em pecado e não tem conhecimento das consequências relacionais que este pecado acarreta (Êxo 34:6–7; Eze 33:10–11).
Aqueles que temem a Deus apelam precisamente ao seu caráter misericordioso. Eles oram com a expectativa de que ele agirá de boa vontade e poderosamente como fez no passado (Dan 9:17-19; Sal 25:6-7; 51:1–2).
Qual é o conceito bíblico de misericórdia? Misericórdia é lançar o coração na miséria do outro e estar pronto em qualquer tempo para aliviar a sua dor. A palavra hebraica para misericórdia é chesed, “a capacidade de entrar em outra pessoa até que praticamente podemos ver com os seus olhos, pensar com sua mente e sentir com o seu coração. É mais do que sentir piedade por alguém.
Há porém uma duvida em seu coração sobre a diferença entre bondade e mísericordia:
Bondade é um amigo lhe telefona quando você está bem;
Misericordia é um amigo lhe telefona enquando você está doente.
Richard Lenski diz que o substantivo grego eleos, “misericórdia”, sempre trata da dor, da miséria e do desespero, que são resultados do pecado. A misericórdia sempre concede alívio, cura e ajuda. Misericórdia é ver uma pessoa sem alimento e lhe dar comida; é ver uma pessoa solitária e lhe fazer companhia. É atender às necessidades, e não apenas senti-las.
O maior exemplo de misericórdia foi demonstrado por Jesus. Ele curou os doentes, alimentou os famintos, abraçou as crianças, foi amigo dos pecadores, tocou os leprosos. Fez que os solitários se sentissem amados. Consolou os aflitos, perdoou os pecadores e restaurou os que haviam caído em opróbrio.A misericórdia não é uma virtude natural. Por natureza, o homem é mau, cruel, insensível, egoísta, incapaz de exercer a misericórdia. Você precisa de um novo coração, antes de ter um coração misericordioso. Deus é o Pai de misericórdias (2Co 1.3). Dele procede toda misericórdia. Quando a exercemos, nós o fazemos em seu nome, por sua força e para a sua glória.
R.C Sprou diz: Nós devemos manifestar um espírito de misericórdia porque vivemos cada dia graças a ela.
A misericórdia não é sentimento nem palavras, mas ação. Devemos acudir ao necessitado. Davi diz: Bem-aventurado o que acode ao necessitado; o SENHOR o livra no dia do mal. O SENHOR o protege, preserva-lhe a vida e o faz feliz na terra; não o entrega à discrição dos seus inimigos. O SENHOR o assiste no leito da enfermidade; na doença, tu lhe afofas a cama (Sl 41.1–3).Devemos nutrir terna compaixão pelos necessitados. A Bíblia diz: Se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia (Is 58.10).
A misericórdia que já recebemos das mãos de Deus é tamanha, que, mesmo se ele nunca mais o fizesse, nós nada teríamos do que reclamar. A boa notícia é que a quantidade recebida não é tudo o que haveremos de receber: tal misericórdia se estenderá por toda a eternidade.
É digno de nota que a Escritura repetidas vezes exorta os crentes a demonstrarem misericórdia, movidos por gratidão, para que eles mesmos sejam tratados com misericórdia. Um notável exemplo é a parábola do servo incompassivo (Mt 18.23–25). Ver também Mt 25.31–46; Rm 15.7,25–27; 2Co 1.3,4; Ef 4.32; 5.1; Cl 3.12–14. Essa misericórdia deve ser exercida em favor daqueles que pertencem à “família da fé”, porém não deve limitar-se a eles (Gl 6.10). Na verdade, ela deve ser exercida em prol de “todos os homens”, não excluindo nem mesmo aqueles que odeiam e perseguem os crentes (Mt 5.44–48). Percebe-se imediatamente que, se o que está implícito na quinta beatitude fosse posto em prática com mais zelo e consistência, a pregação do evangelho seria muito mais eficaz! Que bênção para a humanidade isso seria!
Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto. Casualmente, descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. Semelhantemente, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem, e, se alguma coisa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar. Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então, lhe disse: Vai e procede tu de igual modo.
É na parábola do bom Samaritano (Lc 10.30-37) que é expresa a melhor ilustração do que significa misericordia. No final da parábola, Jesus pergunta qual dos três viajantes (Um sacertote, um levita, um samaritano) provou ser o próximo do homem que fora aracado por salteadores. Um interprete da lei respondeu: O que usou de misericordia para com ele.
Duas fatores importantissimos nessa parsagem que não podemos deixar passar:
O samaritano se responsabilizou pelo homem ferido, ele cuidou do corpo dérbil e machucado daquele homem, e fez tudo o possivel para promover restauração e cura. Você não leu sobre o samaritano perseguindo os salteadores, ele não reclamou sobre a falha da sociedade e sim, buscou atuar no contexto da necessidade imediata colocada em seu caminho e fornecer alívio. Misericordia é arregaçar as mangas, curvas os joelhos e, daí, fazer o possivel para restuarar o estado normal.
Não é de admirar que a igreja primitiva costumasse pensar no proprio Jesus como o Bom samaritano! Ao se deparar com pessoas feridas, ele não os quebrou, ele os curou. Quando se chegava a homens cujas vidas eram como pávio de que se apagava, ele os incitavas as chamas, agitado-os. Jesus resturou o fraco e o esmagado. Ele nunca os ignorou, nem, pior neles pisou.
O cacerdote e o Levita que passaram longem do homem machucado sem duvidas tiveram razões para fazê-lo. Eles tinham a propria vida para cuidar, irmão o ato de tocar no corpo poderia torna-los impuros, mas Jesus teria ignorado esse fatos. É preferivel se arriscar e torna-se cerimonialmente imundo a falhar em mostar misericordia ao necessitado.
João 12.1–6 (RA)
Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos. Deram-lhe, pois, ali, uma ceia; Marta servia, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa. Então, Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres? Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava.
A falta de misericordia é a marca daqueles que traem a Jesus. Demostrar misericordia aos pobres e necessitados é a marca de uma conversão verdadeira a Cristo.
Em primeiro lugar, devemos ser misericordiosos porque a prática das boas obras é o grande fim para o qual fomos criados (Ef 2.10). O apóstolo Paulo diz: Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. Todas as criaturas cumprem o papel para o qual foram criadas: as estrelas brilham, os pássaros cantam, as plantas produzem segundo a sua espécie. O propósito da vida é servir. Aquele que não cumpre a missão para a qual foi criado é inútil. Diz o adágio: “Quem não vive para servir, não serve para viver”.
Em segundo lugar, devemos ser misericordiosos porque pela prática da misericórdia nós resplandecemos o caráter de Deus, que é misericordioso. Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai (Lc 6.36). Deus é o Pai de toda misericórdia (2Co 1.3). Deus se deleita na misericórdia (Mq 7.18). As suas ternas misericórdias estão sobre todas as suas obras (Sl 145.9). Quando você demonstra misericórdia, reflete Deus em sua vida.
Em terceiro lugar, devemos ser misericordiosos porque a demonstração de misericórdia é um sacrifício agradável a Deus. A Bíblia diz: Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz (Hb 13.16). Quando você abre a mão para ajudar o necessitado, é como se estivesse adorando a Deus. O anjo do Senhor disse a Cornélio: Cornélio […] as tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus (At 10.4). A prática da misericórdia é uma liturgia que agrada o coração de Deus. Dar pão ao que tem fome, vestir o nu, visitar o enfermo e o preso e acolher o forasteiro é servir ao próprio Senhor Jesus (Mt 25.31–46). Segundo João Batista, repartir pão e vestes é uma maneira concreta de demonstrar o verdadeiro arrependimento (Lc 3.11).
Quais são as recompensas concedidas aos misericordiosos?
A Palavra de Deus nos fala sobre algumas recompensas que os misericordiosos receberão, como seguem.Em primeiro lugar, eles receberão de Deus o que deram aos outros. John MacArthur destaca o fato de que a recompensa da misericórdia não virá daqueles a quem ela foi ministrada, mas de Deus. Jesus Cristo foi a pessoa mais misericordiosa que já existiu, e o povo clamou pelo seu sangue. Jesus não recebeu misericórdia alguma das pessoas a quem dispensou misericórdia. Dois sistemas impiedosos, o romano e o judeu, uniram-se para matá-lo. A misericórdia sobre a qual se fala aqui não é uma virtude humana que traz sua própria recompensa. Não é essa a ideia. Então, o que o Senhor está querendo dizer? Simplesmente o seguinte: “Sejam misericordiosos com os outros, e Deus será misericordioso com vocês”. Deus é o sujeito da segunda frase.Eles receberão de Deus exatamente o que deram aos outros. Eles manifestam aos outros misericórdia, e de Deus recebem misericórdia. Não são os homens que os recompensarão com misericórdia, mas Deus. O misericordioso abre as torneiras celestiais sobre a sua cabeça. Ele abre os celeiros do céu para abastecer a própria alma. Ser misericordioso não é o meio de ser salvo, mas o meio de demonstrar que se está salvo pela graça. John Stott esclarece melhor esse ponto nas seguintes palavras:Não que possamos merecer a misericórdia através da misericórdia, ou o perdão através do perdão, mas porque não podemos receber a misericórdia e o perdão de Deus se não nos arrependermos, e não podemos proclamar que nos arrependemos de nossos pecados se não formos misericordiosos para com os pecados dos outros. Assim, ser manso é reconhecer diante dos outros que nós somos pecadores; ser misericordioso é ter compaixão pelos outros, pois eles também são pecadores.O seu coração é misericordioso? Você sente a dor do outro? Abre-lhe o coração, a mão e o bolso? Você se importa com as almas que perecem? Importa-se com a reputação das pessoas? Você tem usado o que Deus lhe deu para abençoar as pessoas? O mundo tem sido melhor porque você existe?