Jesus, o cumprimento da Lei

A Identidade do Rei  •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 12 views
Notes
Transcript

Introdução

Estamos nesta série de mensagens que tem como tema, a identidade do Rei. No evangelho segundo Marcos, vemos nos primeiros capítulos uma descrição sobre a identidade de Jesus.
Logo no início vimos no Batismo de Jesus, a partir do revestimento do Espirito sabemos de onde vem a sua verdadeira autoridade.
Na tentação de Jesus, a autoridade de Jesus sob o pecado e as potestades.
No chamado dos discípulos, a autoridade sobre a vida das pessoas.
Nas curas e libertações, a autoridade de Jesus sobre as doenças e sobre os espíritos imundos.
Na cura do paralítico onde Ele antes de curar, perdoa os pecados, vemos a Sua autoridade em perdoar pecados e revela também qual é o maior problema da humanidade.
Na semana passada, no chamado de Levi (ou Mateus), vemos o início da oposição por parte dos religiosos, não somente porque Ele chamou Levi, mas na medida que Jesus revelava a Sua identidade, o que ele fazia gerava revolta. A realidade de um salvador causa revolta em quem confia em si mesmo como o seu próprio salvador.
Todos nós desejamos naturalmente ser os nossos próprios salvadores. E como nós fazemos isso? Tentamos ser os nossos próprios salvadores a partir das nossas próprias obras de justiça, crrendo e até mesmo criando regras específicas a serem obedecidas que nos colocam em uma posição de credores diante de Deus.
Isso pode acontecer inclusive a partir de preceitos bíblicos que Deus até requer de nós, e transformamos em regras em que cumprimos como meios para sermos aceitos por Deus. Essas regras alimentam nosso orgulho e se transformam inclusive instrumento de comparação com os outros e desviam nosso foco de Cristo. Por isso a saga de Jesus com os fariseus continua.
Marcos 2.18–20 NAA
18 Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Algumas pessoas foram perguntar a Jesus: — Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, mas os seus discípulos não jejuam? 19 Jesus respondeu: — Como podem os convidados para o casamento jejuar enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que o noivo estiver presente, não podem jejuar. 20 No entanto, virão dias em que o noivo lhes será tirado, e então, naquele dia, eles vão jejuar.
Neste trecho vemos Jesus recebendo nova oposição dos fariseus. A vida de Jesus não tinha mais sossego, ele começou a ser policiado e tudo que Ele fazia era um pretexto para aqueles religiosos perseguirem Jesus. Procuravam em cada ato, cada comportamento de Jesus um pretexto para perseguirem.
O jejum era, e é uma disciplina espiritual importante, que tem o seu propósito. Mas, como falamos semana passada, nós conseguimos transformar coisas essencialmente boas em coisas ruins. O Jejum foi determnado para o povo de Deus ainda no antigo Testamento através de Moisés onde requeria um Jejum anual (livro de Levítico), mas os fariseus criaram uma regra maior, onde deveriam jejuar não mais uma vez por ano, mas duas vezes por semana. O Jejum não era ruim, pelo contrário, mas os fariseus criaram uma regra ainda mais rígida para essa disciplina espiritual para que eles pudessem se orgulhar. Só obedeceia esse preceito quem fizesse exatamente da forma como eles determinaram.
Interessante observarmos no versículo 18 que até mesmo os discípulos de João Batista aderiram essa prática, foram contaminados pelos fariseus. Mesmo sendo mais próximos de Jesus, os discípulos de João Batistas foram induzidos a tal prática. Os fariseus então usavam essa prática como régua para medir a espiritalidade dos outros. Isso que nos estamos vendo diante desse texto é uma prática que chamaos de legalismo, e a primeira característica dela:

Regras acima do princípio

Observe, Jesus não está contra o jejum, mas no que os fariseus transformaram essa disciplina. O jejum é uma prática espiritual de contrição que visa aproximar o homem de Deus, e essa não era a motivaçao dos fariseus. Algo que deveria ser um instrumento de contrição se tornava em um elemento que só alimentava o orgulho (cumpria um papel exatamente contrário). Jesus estava diante deles e estava desenvolvendo seu ministério entre eles, por isso ele faz uma comparação com uma festa de casamento (como eram as festas de casamento naquela época). Ninguém fazia jejum no momento de festa, e neste caso, o noivo estava entre eles, por isso não era momento de lamentar, mas de celebrar! A natureza do Reino de Deus é alegria, embora haja momentos para contrição, é sobre isso que se trata o jejum bíblico. Os fariseus estava preocupados com a regra que criaram, por isso erravam na motivação e no momento para se fazer o jejum.
Quando um princípio bíblico é encarado de forma legalista, ele não nos torna mais piedosos ou humiuldes, mas arrogantes. Ao invés de observar o princípio eu crio uma regra para que eu possa obedecer e pior, me sentir melhor do que os outros. O caminho para Deus é mediante um relacionamento com Jesus e não simplesmente por regaras (obediência como resposta a um relacionamento que foi iniciado por Deus em Jesus Cristo e não como um caminho para se alcançar a Deus ).
Logo em seguida Jesus faz duas ilustrações muito importantes:
Marcos 2.21–22 NAA
21 Ninguém costura um remendo de pano novo em roupa velha; porque o remendo novo tira um pedaço da roupa velha, e o buraco fica ainda maior. 22 E ninguém põe vinho novo em odres velhos, porque, se fizer isso, o vinho romperá os odres e se perdem tanto o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.

O evangelho é algo radicalmente novo

Jesus fala sobre remendo em pano velho e odre velho com vinho novo. Vamos entender primeramente sobre o que Jesus falava:
Era comum remendar uma veste rasgada ao invés de comprar uma nova, uma veste não era algo tão barato, tanto que as pessoas não costumavam ter um guarda-roupas repleto de roupas diferentes. Mas havia um problema com tecidos já lavados muitas vezes e um remendo de pano novo. Durante a lavagem o pano novo se encolhia e rasgava a veste que o tecido velho já tinha passado pelo processo de encolhimento.
Da mesma forma a ilustração do vinho. Os vinhos eram armazenados em bolsas de couro para suportar o processo de fermentação do vinho que ocorria muito rápido. O couro se esticava suportanto a dilatação da bebida durante a sua fermentação. Mas um odre velho que já tinha se esticado, caso fosse colocado vinho novo, ele não suportaria o processo de fermentação e aumento de volume e se arrebentaria e se perderia todo o vinho..
O que Jesus queria falar com isso?
É impossível misturar liberdade em Cristo com a religiosidade judaica, que o cristianismo não se trata de um remendo ou uma reforma ao velho judaismo, mas se trata do evangelho que abre portas para uma vida radicalmente nova. Que as disciplinas espirituais deixadas por Jesus servem para o nosso crescimento espiritual e nunca como instrumento de orgulho espirutal. A verdadeira espiritualidade está na compreensão correta de quem é, e só conseguimos ter essa compreensão quando olhamos para Cristo e vemos o nosso pecado. Nunca coseguiremos fazer isso contabilizando o pecado dos outros. A mensggaem do evangelho, a Palavra de Deus, só econtro sentido correto em corações novos, em pessoas que nasceram de novo. Por que existem pessoas que aderem uma religião e se tornam legalistas ? Por que não nasceram de novo. Se simpatizam com parte da mensagem, com alguns valores, mas não nasceram denovo. Isso é trágico! Por isso, Jesus continua...
Marcos 2.23–28 NAA
23 Aconteceu que, num sábado, Jesus atravessava as searas, e os seus discípulos, ao passar, começaram a colher espigas. 24 Então os fariseus disseram a Jesus: — Olhe! Por que eles estão fazendo o que não é lícito aos sábados? 25 Ele lhes respondeu: — Vocês nunca leram o que Davi fez quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os seus companheiros? 26 Como entrou na Casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, os quais só aos sacerdotes era lícito comer, e ainda deu esses pães aos seus companheiros? 27 E Jesus acrescentou: — O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. 28 Assim, o Filho do Homem é senhor também do sábado.

Compaixão acima de regras

Mais uma vez os fariseus encontram algo para tentar condenar Jesus, alegavam que os discípulos de Jesus ao colher espigas no sábado estava quebrando o quarto mandamento. Mais uma vez vemos um mandamento sendo distorcido e usado de forma legalista pelos fariseus. Interessante que esse fato é narrado nos outros dois evangelhos sin'ticos, Mateus diz que os discípulos estavam com fome, enquanto Lucas traz um outro detalhe importante, eles colhiam com as mãos.
O sábado judaico tinha se transformado num carrasco do homem. Ele era um fardo insuportável em vez de um elemento terapêutico. Ele era um fim em si mesmo, em vez de ser um instrumento de bênção para o homem. Por essa causa, os fariseus ao verem os discípulos de Jesus colhendo e comendo espigas nas searas em dia de sábado, debulhando-as com as mãos, advertiram a Jesus nesses termos: Vê! Por que fazem o que não é lícito aos sábados?
Por que colher com as mãos era um detalhe importante? Porque no entendimento da época, isso não caracterizava trabalho, diferentemente se estivessem usando uma foice. Não era considerado roubo se um viajante com fome colhesse com as mãos o fruto da lavoura de alguém caso tivesse fome. Isso é reforçado na narrativa de Lucas que afirma que os discípulos estavam de fato com fome. Sendo Jesus o próprio Deus e poderoso para realizar milagres, permitiu que seus discípulos buscassem alimentos da forma ordinária. Não havia pecado algum na atitude deles. Essa é uma grande lição que vemos aqui, a forma de Deus atuar com providência para conosco é através do ordinário, ele não disperdiça milagres. Não podemos banalizar milagres, Jesus nos encoraja agir naquilo que for possível para o bem do outro e para a glória de Deus.
Vamos para o problema: Estaria Jesus então justificando um pecado ao não condenar seus discípulos? De forma alguma, mais uma vez estamnos diante de uma distorção de um princípio. Dos dez mandamentos, esse é o único mandamento que de alguma forma Jesus coloca no mesmo patamar das leis cerimoniais. A comparação com o episódio de Davi com os pães da preposição aponta para essa realidade, uma vez que a desobediência de Davi não foi em uma lei moral, mas cerimonial.
Então o quarto mandamento é uma lei cerimonia? Não, de forma alguma. Jesus está mostrando que ela possui um significado maior do que o calendário em si. Primeiramente que na nova Aliança o dia do Senhor muda, o dia do Senhor agora é o dia da ressureição (antes o sábado apontava para Cristo no único dia que ele ficou completamente morto), por isso cristãos desde o primeiro século guardam o domingo e não mais o sábado. Por isso Jesus afirma que ele é o Senhor do sábado (Jesus triunfou sobre o sábado). Além disso Jesus aqui estava ensinando o propósito desse mandamento de guarda do sábado. Tanto neste episódio de Jesus quanto com Davi, as pessoas estavam com fome, e Jesus coloca em pé de igualdade as duas situações.
A necessidade humana sobrepõe uma interpretação legalista da lei.
O legalismo sempre afasta o homem da misericórdia, enquanto Deus está mais interessado por misericórdia.
Por isso, o entendimento correto da guarda do dia do Senhor, inclusive descrito nos catecismos reformados, é que o dia do Senhor é um dia para a adoração a Deus primeiramente, para o descanso (que é diferente de entretenimento), fazer uso dos meios de crescimento Espiritual (meios de graça), e também de obras de necessidades ou compaixão. Por isso a igreja, diferente de algumas seitas que inclusive guardam o sábado, não proíbem seus membros de trabalhar no domingo. Mas onde está o pecado? Quando eu trabalho, não por necessidade ou por servir em uma área fundamental. Por exemplo, quando eu trabalho em uma atividade que possui expediente aos domingos e aquela é a unica forma de sustentar as necessidaes da minha família (escala). ou quando eu sou médioco ou policial e também tenho que trabalhar aos domingos para o bem da sociedade. Por isso historicamente cristãos fazem visitas a enfermos em casas e nos hospitais e asilos nos domingos. A guarda do dia do Senhor é para a adoração, mas também isso não sobrepõe as necessidades humanas.
Deus não criou o homem por causa do sábado, mas o sábado por causa do homem. O homem não foi criado por Deus para ser vítima e escravo do sábado, mas o sábado foi criado para que a vida do homem fosse mais plena e feliz, o dia para que nós saibamos onde verdadeiramente está o nosso descanso. Na verdade, o sábado foi instituído para ser uma bênção para o homem: para mantê-lo saudável, útil, alegre e santo, dando-lhe condições de meditar calmamente nas obras do seu Criador, podendo deleitar-se em Deus e olhar adiante, com grande expectativa, para o repouso verdadeiro para o povo de Deus.
Essa realidade se aplica não somente ao sábado, mas a todo princípio ou mandamento bíblico. O que mais existe hoje em dia são pessoas que ficam o tempo todo tentando ser modelo para você apartir de uma interpretação legalista de uma verdade, onde regras são criadas e você precisa fazer exatamento como ela diz que deve ser feito para de alguma forma ser aceito por Deus. A sua obediência a lei moral de Deus deve ser em resposta a um relacionamento verdadeiro com Deus não por uma regra criada por alguém.

Conclusão

Jesus está dizendo com isso que a religião cristã é muito mais do que regras que eu devo e não devo fazer. As pessoas são mais importantes que um sistema. Que adoramos a Deus no serviço uns aos outros, por isso como igreja formalizamos membresia assumindo um compromisso mútuo. O senhorio de Cristo traz liberdade e não escravidão. Jesus é o Senhor do sábado. Seu senhorio não é escravizante nem opressor, pelo contrário, Jesus disse para irmos a Ele para encontrarmos descanso. O legalismo é como um veneno, que sufoca e mata as pessoas. Jesus veio para estabelecer sobre nós seu senhorio de amor. Quanto mais servos de Cristo somos, mais livres devemos nos sentir. Por isso o convite de Jesus para mim e para você é: Vinde a mim e encontre descanso, a lei não tem poder de aliviar o peso do pecado em você, somente na cruz.
Somente na cruz você encontra descanso, na lei você encontra peso, se enche de orgulho e comparação, mas em Cristo você é verdadeiramente livre.
Related Media
See more
Related Sermons
See more