Sexo, Casamento e Família - 2ª Parte

Conexão: fazendo o link

Chegamos hoje à quinta mensagem dessa série de pregações intitulada “Viver Família”. Através dela estamos refletindo sobre os principais desafios enfrentados pela família hoje.

Jesus e seus discípulos apontaram diversas vezes para os contornos de uma sexualidade adequada projeto de Deus, ou seja, sexo entre um homem e uma mulher adultos, dentro de uma relacionamento exclusivo de amor e compromisso, para geração de vidas e prazer mútuo.

Para proteger o desenvolvimento da vida humana, Deus providenciou uma liga formada por sexo, casamento e família. Essa liga implica em compromissos mútuos e foi estabelecida por Deus para produzir segurança, estabilidade, proteção e pertencimento.

Vimos domingo passado que a separação dos elementos dessa liga tem produzido situações que exercem poder destrutivo sobre a família.

Vimos domingo passado que muitos não levam em conta os compromissos dessa liga e têm tratado o sexo como mero instinto animal e aceitado como válida qualquer estratégia para obter prazer. Com essa mentalidade, prostituição, adultério e promiscuidade são apenas itens de um menu em que cada pessoa escolhe o que melhor lhe apetece.

Pornografia: porta de entrada

Na maioria das vezes, a porta de entrada para esses e outros comportamentos é a pornografia. No passado ela era vista às escondidas e com constrangimento, mas hoje os meios de comunicação estão inundados de imagens e vídeos que apresentam o sexo de forma vulgar e distante daquilo para o que ele foi criado por Deus.

Esta semana o país foi abalado pela notícia de que o ator paraibano José Dumont, 72 anos, foi preso em flagrante com grande quantidade de pornografia infantil. Ele também foi acusado de pedofilia, por causa do relacionamento que mantinha com um garoto de 12 anos de idade.

A investigação apontou que ele aproximou-se desse garoto, oferecendo ajuda financeira e presentes, valendo-se da vulnerabilidade financeira da vítima para, a partir daí, fazer investidas com beijos na boca e carícias íntimas, que acabaram sendo captadas por câmeras de vigilância.

Essas são notícias chocantes, porque a pedofilia ainda é considerada pela maioria das pessoas algo moralmente errado e as leis brasileiras amparam esse entendimento, considerando essa prática um crime.

No entanto o fato de ser esse um relacionamento homossexual, como de fato o é, deixou de ser considerado moralmente errado por uma parte da sociedade, tendo sido criadas leis para amparar esse entendimento, tornado-o juridicamente legal e coibindo qualquer tipo de discriminação contra quem vive ou defende a homossexualidade.

Assim, se as câmeras tivessem flagrado José Dumont aos beijos e carícias com um jovem de 18 anos, isso diria respeito apenas a eles mesmos. E ainda que a moralidade do ato pudesse ser discutida conforme as diferentes opiniões, ele de forma alguma poderia ser discriminado ou preso por isso.

A pornografia infantil é algo horroroso. Mas a exposição de crianças e adolescentes à pornografia adulta também é algo terrível, porque apresenta para eles uma caricatura do sexo que irá marcá-las por toda vida. A pornografia também seduz os jovens, oferecendo prazer fácil e sem compromisso, e muitos casais adultos estão presos a ela como remédio para sua falta de libido.

Não resta dúvida que os homens são os mais assediados pela pornografia, uma vez que Deus nos fez estimulados através da visão. Jesus chegou a afirmou o olhar pode se tornar uma porta de entrada para o adultério.

Matthew 5:27–28 VFL

27 —Vocês ouviram o que foi dito: “Não cometa adultério”. 28 Eu, porém, lhes digo que todo aquele que olhar para uma mulher desejando possuí-la, já cometeu adultério em seu coração.

Um acordo comigo

Houve um homem que fez um pacto com seus olhos. Um acordo de integridade que todos os homens e mulheres cristãos deveriam considerar em fazer. O nome desse homem é Jó. Ele apresentou sua defesa diante dos amigos, que o acusavam de pecado, explicando esse pacto e as razões que o motivaram a fazê-lo.

A partir desse texto gostaria de fazer algumas considerações sobre o desafio de fechar a porta de entrada para o adoecimento da alma.

Job 31:1–11 NVI

1 “Fiz acordo com os meus olhos de não olhar com cobiça para as moças. 2 Pois qual é a porção que o homem recebe de Deus lá de cima? Qual a sua herança do Todo-poderoso, que habita nas alturas? 3 Não é ruína para os ímpios, desgraça para os que fazem o mal? 4 Não vê ele os meus caminhos, e não considera cada um de meus passos? 5 “Se me conduzi com falsidade, ou se meus pés se apressaram a enganar, 6 — Deus me pese em balança justa, e saberá que não tenho culpa — 7 se meus passos desviaram-se do caminho, se o meu coração foi conduzido por meus olhos, ou se minhas mãos foram contaminadas, 8 que outros comam o que semeei, e que as minhas plantações sejam arrancadas pelas raízes. 9 “Se o meu coração foi seduzido por mulher, ou se fiquei à espreita junto à porta do meu próximo, 10 que a minha esposa moa cereal de outro homem, e que outros durmam com ela. 11 Pois fazê-lo seria vergonhoso, crime merecedor de julgamento.

Jó fez um pacto consigo mesmo e com Deus. Um pacto com o propósito de NÃO fixar seus olhos em outra mulher que não fosse a sua. E embora isso possa parecer impossível para alguns homens e seja difícil de acreditar para muitas mulheres, Jó foi bem sucedido.

Deus mesmo atestou o sucesso de Jó.

Job 1:8 NVI

8 Disse então o Senhor a Satanás: “Reparou em meu servo Jó? Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal”.

Esse pacto de NÃO fixar os olhos em outra mulher que não fosse a sua, envolveu pelo menos três compromisso que serviram de suporte para que ele alcançasse o seu objetivo. Vejamos cada um deles:

Ser leal e verdadeiro

Job 31:5–6 NVI

5 “Se me conduzi com falsidade, ou se meus pés se apressaram a enganar, 6 — Deus me pese em balança justa, e saberá que não tenho culpa —

Jó compreendeu que para honrar o pacto que fizera com Deus era preciso agir com integridade e deixar de lado a mentira e o engano. Mentir e enganar preparam o terreno para a pornografia e impureza sexual.

Sair com os amigos/amigas e dizer que estava numa reunião de trabalho é mentir e enganar.

Dizer que está sem sono e zapear na TV em busca de alguma cena picante é mentir e enganar.

Esconder sua insatisfação com a vida sexual é mentir e enganar.

Dizer que está num curso online e usar o tempo para navegar por páginas de pornografia é mentir e enganar.

Prometer o que não pretende cumprir, para conseguir benefícios sexuais e mentir e enganar.

Flertar com olhares, palavras e insinuações é mentir e enganar.

Não é possível crescer em credibilidade quando se cultiva mentiras no decorrer do dia. Não é possível crescer em dignidade enganando os outros e se escondendo atrás de uma farsa.

Jó fez pacto consigo mesmo de nunca olhar com cobiça para uma mulher e para que isso desse certo ele decidiu ser leal e dizer a verdade. Essa é primeira estratégia que você precisa seguir para ser vitorioso no mesmo tipo de pacto que Jó fez: preferir a verdade e a lealdade.

Discernir as ilusões

Job 31:7–8 NVI

7 se meus passos desviaram-se do caminho, se o meu coração foi conduzido por meus olhos, ou se minhas mãos foram contaminadas, 8 que outros comam o que semeei, e que as minhas plantações sejam arrancadas pelas raízes.

É comum que as pessoas aconselhem-se umas às outras dizendo que sigam aquilo que diz o seu coração. Normalmente isso significa deixar-se guiar por sentimentos, paixões e emoções ao invés de ponderar o rumo que se está tomando na vida.

Muita gente acha que as emoções que brotam de nossas almas são puras e ingênuas e que seguir esses impulsos é ser verdadeiro e íntegro para consigo mesmo. Nessa linha de pensamento, seguir o coração é algo valoroso e corajoso.

A pergunta que se deve fazer é se o coração é realmente confiável. O impulsos que parecem brotar dentro de nós são de fato puros e dignos de confiança? O profeta Jeremias refletiu sobre isso e recebeu uma resposta do Senhor.

Jeremiah 17:9–10 NAA

9 “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto. Quem poderá entendê-lo? 10 Eu, o Senhor, sondo o coração. Eu provo os pensamentos, para dar a cada um segundo os seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.”

O Senhor deixa claro para o profeta que nossos impulsos não são confiáveis. Nossas motivações estão corrompidas; por mais sinceras, dignas e bonitas que pareçam, elas têm a marca de nossa humanidade caída e por isso devemos desconfiar delas.

Jó descobriu esses impulsos que parecem vir de dentro de nós são facilmente influenciados por aquilo vivemos; e no contexto do pacto que ele fez, de não olhar com cobiça para uma mulher, Jó percebeu que o coração é facilmente influenciado por aqui que vê.

A sua segunda estratégia, portanto, foi ficar atento para perceber quando seus sentimentos estiverem sendo guiados por uma ilusão.

Por exemplo, o sorriso agradável, o toque gentil e respeitoso, a palavra compreensiva dita na hora certa pode se tornar em sinais poderosos para a aproximação de duas pessoas solteiras; mas se não forem duas pessoas solteiras, esses sinais que você está vendo são apenas seu coração sendo conduzido por seus olhos.

Quem quiser seguir os passos de Jó e fazer um acordo com seus olhos, deve seguir a mesma estratégia que ele seguiu e não permitir que seu coração seja conduzido por seus olhos.

Essa é uma decisão que você precisa tomar, de não se fazer um refém de suas emoções. Veja o que Senhor disse a Caim quando ele se encheu de ódio contra seu irmão:

Genesis 4:6–7 NVI

6 O Senhor disse a Caim: “Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu rosto? 7 Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo”.

Fugir da sedução

Job 31:9–10 NVI

9 “Se o meu coração foi seduzido por mulher, ou se fiquei à espreita junto à porta do meu próximo, 10 que a minha esposa moa cereal de outro homem, e que outros durmam com ela.

A terceira estratégia de Jó diante do acordo que ele fez consigo mesmo, foi não abrir espaço em sua mente para o desejo por outra mulher, senão a sua. Ele explica isso dizendo que não permitiu que seu coração fosse seduzido.

Não entre no jogo

O jogo da sedução pode ser explícito, mas também pode ser discreto. No início ele pode ser apenas um pouco de adrenalina para um dia enfadonho, mas esse é um jogo de cartas marcadas e o final é conhecido de todos.

A vida José, filho de Jacó, foi marcada, entre outras coisa, pela sua decisão de não jogar o jogo da sedução. A esposa do seu patrão fez tudo que podia para dormir com ele, mas o jovem José resistiu.

A sedução não é um mal em si, mas ela está reservada para o ambiente no qual o seu final é algo desejável, legítimo e íntegro. Se não for nesse ambiente, não permita que seu coração seja seduzido, nem seduza o coração da outra pessoa.

Não fique de bobeira

Nessa mesma direção, de não abrir espaço em sua mente para desejar outra mulher senão a sua, Jó decidiu não ficar prestando atenção à casa, à vida ou à mulher de quem quer que seja. Se você começar a observar... e considerar... e admirar... e elogiar... o desejo será o próximo passo.

Há um livro chamado “O Mito da Grama Mais Verde” em que o autor defende a tese de temos a tendência de valorizar o que não possuímos e desprezar o que está ao nosso alcance. Quando nossas atenções se voltam para fora não é difícil isso acontecer.

Um exemplo do desastre em que pode se transformar ficar de bobeira admirando a vida (e a mulher) dos outros é a história de Davi e de seu adultério com Betsebá. Entediado enquanto uma guerra estava acontecendo, Davi se delicia observando Betseba. O resultado foi adultério, assassinato, a morte de uma criança e um completo desarranjo familiar.

Conclusão

A porta de entrada para prostituição, adultério, promiscuidade e outras distorções da sexualidade planejada por Deus é o nosso olhar sobre a vida e sobre as pessoas.

Quando nossa atenção é capturada é como se fosse entregue uma chave que destranca a alma para o que estar diante de nós.

Não estou falando aqui de viver em angústia, obcecado por fugir de cada imagem ou cena que possa inadequada, porque se fosse assim teríamos que andar vendados, e ainda assim não seríamos bem sucedidos.

Foi Martinho Lutero quem afirmou o seguinte

“Não podemos impedir que os pássaros voem sobre as nossas cabeças, mas podemos impedir que eles façam ninhos sobre elas. Assim também não podemos nos livrar de sermos tentados, mas podemos lutar para não cairmos em tentações.”

Siga o exemplo de Jó. Faça um pacto com Deus sobre onde seus olhos e seus pensamento vão repousar e permanecer. Decida não fixar seus olhos, seus pensamentos e seus sonhos em nada e em ninguém sem que isso seja algo legítimo e íntegro diante de Deus.