Princípios Bíblicos básicos sobre a família

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Princípios Bíblicos básicos sobre a família

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Os alicerces estão tremendo. Não há dúvida de que os valores e as práticas de nossa sociedade estão sendo atacados por todos os lados. Princípios básicos, bem como os velhos costumes, estão sendo desafiados. Hábitos antigos, tanto bons quanto maus, estão sendo rejeitados pelos jovens. Alguns hábitos antigos devem mesmo ser rejeitados. Sejamos bem claros quanto a isso. Para começar, muitos dos antigos hábitos nem são bíblicos. Por outro lado, ouvimos falar de jovens que vão muito além disso; alguns estão escavando as próprias raízes para destruir a base da sociedade. Por exemplo, já se pergunta sobre a validade de casamentos experimentais, com duração de dois ou três anos. E alguns pensam que, como as apólices de seguros, os casamentos deveriam ser realizados em bases anuais e renováveis. Quando sugestões desse tipo são feitas com toda a seriedade, é tempo de os cristãos reafirmarem os princípios bíblicos básicos sobre o casamento.
A instituição do casamento não é algo fortuito. O estudo do casamento, da família e da vida no lar é o estudo da instituição mais fundamental e básica da sociedade. A igreja (em seu sentido formal) ainda não havia sido criada quando Deus instituiu a família. O Estado, como instituição formal, ainda não existia quando a família foi formada. A família é o alicerce; foi criada primeiro, por ser básica. E, visto que a família é a primeira a surgir nas Escrituras, devemos envidar todos os esforços para preservá-la.
As armas estão apontadas diretamente contra a existência da família e corremos sério perigo se não a defendermos do ataque. Para realizar essa defesa, é imperativo que os cristãos voltem a compreender e a reafirmar os princípios básicos que a Bíblia contém sobre a família.
Os princípios básicos a serem reafirmados por nós hoje serão estes: (1) Deus ordenou o casamento e (2) O casamento é bom.

O primeiro casamento da história

Gn 1.27,28 “28 E Deus os abençoou e lhes disse: — Sejam fecundos, multipliquem-se, encham a terra e sujeitem-na...”
Gn 1.31 “31 Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom...
Gn 2.7 “7 Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente.”
Gn 2.15 “15 O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.
Gn 2.18 “18 O Senhor Deus disse ainda: — Não é bom que o homem esteja só; farei para ele uma auxiliadora que seja semelhante a ele.
Gn 2.20-25 “20 … mas para o homem não se achava uma auxiliadora que fosse semelhante a ele. 21 Então o Senhor Deus fez cair um pesado sono sobre o homem, e este adormeceu. Tirou-lhe uma das costelas e fechou o lugar com carne. 22 E da costela que havia tirado do homem, o Senhor Deus formou uma mulher e a levou até ele. 23 E o homem disse: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; será chamada varoa, porque do varão foi tirada.” 24 Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. 25 Ora, um e outro, o homem e a sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.”

Princípio bíblicos sobre o casamento

Deus criou o casamento

É um erro achar que certa noite, a volta de uma fogueira, um grupo de pessoas, até então pecadoras, decidiu que o casamento poderia ser uma boa ideia. O casamento não é um contrato social produzido pelo homem e que provou ser útil à sociedade por algum tempo. Se assim fosse, deveríamos começar imediatamente a preparar melhores opções para o futuro.
"O casamento foi bom para a sua época", dizem, "mas já está superado para nós. Precisamos de mais liberdade. Agora, já temos a pílula e o aborto legalizado em muitos países, a maior parte da utilidade do casamento desapareceu". Isso é o que alguns dizem. Mas, não, o casamento não é assim. Muitas coisas na vida seguem esse critério - são boas idéias por algum tempo, mas devem ser abandonadas quando surge algo melhor. Mas o casamento é diferente. Ele é fundamental para a sociedade, porque Deus estabeleceu o casamento para sempre, e não apenas para um breve período da história mundial.
A primeira cerimônia de casamento foi realizada no Jardim do Éden, e foi oficializada por Deus mesmo. Quando Deus se refere ao casamento, Ele se refere a uma aliança. No livro de Provérbios, Deus adverte contra a adultera que lisonjeia com palavras, que "deixa o amigo da sua mocidade e se esquece da aliança do seu Deus" (PV 2.17). Ao deixar o marido com quem se casou, quando jovem, ela é acusada por Deus de esquecer (e quebrar) sua aliança. O casamento, portanto, é nada menos que uma aliança ordenada por Deus. Nas Escrituras, uma aliança é um pacto solene que envolve um soberano e um súdito. A aliança é imposta a este por aquele e acarreta bênçãos, quando cumprida, e maldição, quando quebrada. Quando alguém entra numa aliança, assume o mais solene e inescapável compromisso de Deus.
Malaquias, também se refere ao casamento como uma aliança. Deus havia rejeitado as ofertas de seu povo. Os israelitas perguntaram por quê. Ele respondeu: "E perguntais: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança" (MI 2.14). Deus argumenta dizendo que a mulher é companheira e esposa por meio de uma aliança.
O casamento é uma aliança feita na presença de Deus. Deus ordenou o casamento, não é uma opção. Não podemos tratar o casamento ao nosso próprio gosto: quando, onde, como e se quisermos. Esse é o primeiro, o mais crucial e mais básico dos princípios que envolvem o casamento.

O casamento é bom

Em segundo, por ter origem em Deus, o casamento é bom. O casamento foi instituído antes da Queda. Pela maneira como certas pessoas falam, menosprezam e até contam piadas do casamento, poderíamos ate pensar que o casamento foi instituído por Satanás. Talvez seja difícil alguns acreditarem que Casamento é bom. Para alguns, o casamento é pecaminoso e inferior, é o menor dos males devido à relação sexual entre os cônjuges. O casamento foi ordenado por Deus; e o sexo é bom. Foi dado como uma benção, para dar alegria e prazer ao homem.
Em Efésios, Paulo traçou uma correspondência entre o relacionamento conjugal e a aliança santa que existe entre Jesus Cristo e sua igreja (Ef 5.22-33). É a isso que o casamento deve e pode assemelhar-se. No livro de Apocalipse, Jesus comparou seu relacionamento com o seu povo ao do noivo com a noiva (ver Ap 19.7-9; 21.2). Portanto, Deus considera o casamento santo e justo.

Quanto ao celibato

Se não é impuro, o casamento é um estado inferior o ou secundário? O celibato é preferível ao matrimônio? Há aqueles que entendem de modo errado as palavras de Paulo em 1 Coríntios 7:26. Nesta passagem, Paulo indicou certas vantagens do celibato e certas desvantagens do casamento. Mas Paulo comentou o tema do celibato em contraste com o casamento não foi apenas fazer generalizações básicas, e sim tratar de uma situação específica e especial. Paulo previa que uma terrível perseguição desabaria sobre a igreja. O que ele afirmou, na verdade, foi: "Tudo o que estou dizendo, entendam, se refere ao casamento à luz da presente situação mundial". Veja quais foram as palavras dele:
"Considero, por causa da angustiosa situação presente, ser bom para o homem permanecer assim como está" Paulo não estava dizendo que o celibato é melhor do que o casamento. Ele recomenda o celibato em tempos de perseguição. A perseguição era iminente:
1Co 7.29-31 “29 Mas isto digo, irmãos: o tempo se abrevia. Por isso, de agora em diante, não só os casados sejam como se não fossem casados, 30 mas também os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se nada possuíssem; 31 e os que se utilizam deste mundo, como se não fizessem uso dele.”
Paulo falou do celibato como medida de emergência. Obviamente, diante de uma perseguição, o suportar e a reação são mais fáceis para indivíduos do que a famílias. Não permita, pois, que ninguém lhe afirme que o celibato é recomendado nas Escrituras como um estado mais elevado do que o casamento. Em 1 Coríntios 7, Paulo tratou de uma situação excepcional; não estabeleceu o celibato como norma.
O estado normal é o do casamento, e não o do celibato. Um homem e uma mulher foram postos no jardim - não pessoas solteiras. O celibato é uma exceção e requer um dom específico. Na verdade, Deus afirmou claramente que "não é bom que o homem esteja só" (Gn 2.18). E insiste, como norma, em que o homem deixe seu pai e sua mãe e se una "à sua mulher" (Gn 2.24). Deus ordenou o casamento tendo em vista seus próprios propósitos.

Não é bom que o homem esteja só

Em Gênesis 2, aparecem estas palavras interessantes: "Disse mais o SENHOR DEUS: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea" (v. 18). Em seguida, Deus tomou uma costela de Adão, e da costela formou a mulher. Deus fez a mulher como uma "auxiliadora". Por quê? Porque não é bom que o homem esteja só. Se o estado matrimonial fosse inferior, Deus jamais teria proferido essas palavras. A condição básica, normal e mais natural é a do casamento. Há os que viverão toda a vida fora dos laços conjugais. Há pessoas a quem Deus concedeu o dom do celibato. E sobre isso que Paulo fala em 1 Coríntios 7. Mas Deus criou a mulher para Adão, porque havia afirmado que o celibato não era bom.
Portanto, é melhor o homem ser casado. Não é bom o homem ser sozinho, em qualquer sentido. Como regra geral, o homem precisa da mulher.

O homem precisa da mulher

Bem, o que é uma mulher? Por que, especificamente, ela foi criada? Por que Deus não criou apenas o homem? E o que ela deve fazer? Ela deve ser, basicamente, uma auxiliadora (cf. v. 18). A mulher foi criada como ajudadora do homem. E o que significa isso? Que ela deve ser uma ajudadora apropriada ou adaptável ao homem. Ela corresponde ao homem ou o complementa em todos os pontos. Ela completa o homem.
Deus criou a mulher porque o homem precisava da ajuda dela. Este é um princípio bíblico básico. Ela foi criada como auxiliadora idônea para permanecer ao lado dele, na vida, e ajudá-lo de todo modo. Esse é outro princípio básico.
A mulher como auxiliadora é um conceito-chave que se perdeu nos casamentos modernos. É uma chave que desapareceu do pensamento contemporâneo. A mulher não se considera mais uma auxiliadora. Pelo contrário, muitas mulheres pensam que elas é que devem ser ajudadas. Ou a mulher moderna pensa que ocupa exatamente o mesmo lugar do marido. Ela pode ter muitas idéias sobre a sua função, mas entre elas não inclui, provavelmente, a noção de ser, ela mesma, uma auxiliadora. Apesar disso, essa é a palavra exata e definitiva que Deus usa para descrever o papel da mulher.
Movimentos feministas não reconhecem esta verdade. Acham que viver segundo o propósito que Deus estabeleceu para a mulher é viver sob o julgo de uma escravidão. O feminismo quer mesmo que você solte as algemas das suas mãos e viva livremente, buscando sua satisfação do seu jeito. O que você, mulher, geralmente esquece é que justamente por considerar-se como uma ajudadora do homem que você pode verdadeiramente ser livre. Você encontrará liberdade em compreender sua função correta diante de Deus e de seu marido e em viver de acordo com essa função. Não há outra maneira de uma mulher ser verdadeiramente liberta. O mundo lá fora diz que liberdade é fazer o que você quer. Mas a verdadeira liberdade é viver para aquilo que o Seu Criador te designou: a mulher foi criada para auxiliar a seu marido.
Como auxiliadora, a mulher complementa o homem, se adapta a ele; é apropriada para o homem e o completa. O homem e sua mulher se tornarão uma só carne (Gn 2.24). Juntos, formam uma unidade completa. Ao se unirem física, intelectual e emocionalmente, surge uma inteireza, uma unidade que não havia antes. Eles se fundem em um único ser. Parta ao meio uma laranja, de modo irregular. Cada metade corresponde imediatamente a outra. Quando unidas, adaptam-se perfeitamente. Uma metade corresponde exatamente à outra e, quando se adaptam mutuamente, formam um todo. Essa é a figura que transparece nestes versículos. Deus criou uma auxiliadora que se adaptava exatamente ao homem que Ele criara, para que, ao unirem-se, os dois completariam um ao outro e formariam um todo.

O homem precisava da mulher para ser completo

Por isso, não era bom que ficasse só. E, embora isso não tivesse sido declarado, a mulher também precisa do homem para ser completa.
Como são diferentes os ponto de vista do homem e da mulher sobre qualquer assunto. Quão valioso é ter à mão tanto a opinião masculina como a feminina. Quando cada um dos dois se defronta com a mesma situação, enfrenta-a de modo diferente do outro. Tomemos como exemplo o assunto "cuidado, disciplina e treinamento dos filhos". A mulher o enfrenta de acordo com seu ponto de vista. Ela representa a proteção amorosa e feroz que a ursa dispensa a seus filhotes. Provavelmente, mostrará suas garras se alguém ameaçar seu pequenino. Por outro lado, o pai talvez esteja mais interessado em empurrar o filho em direção à sociedade, para ajudá-lo a ganhar maturidade. Sabe que o filho terá que aguentar alguns "galos" e contusões. É bom para o filho experimentar os dois lados da moeda. O equilíbrio é importante para chegarmos à ênfase e ao sincronismo exatos.
Agora, perguntemos novamente: como é que uma esposa auxilia seu marido? Ela o auxilia sendo companheira dele, completando-o. Não é bom ela estar Só. E quem acha uma esposa acha o bem. E bom ter alguém com quem conversar. A camaradagem, segundo Pv 2.17 e Malaquias 2.14, é um dos propósitos básicos do casamento. Em ambas as passagens, o cônjuge é chamado de companheiro(a). Todos nós precisamos de intimidade; o casamento satisfaz essa necessidade. É bom ter alguém com quem podemos trocar idéias, pensar na resolução de problemas, debater assuntos e oferecer perspectivas diferentes. E assim que a mulher auxilia seu marido. Todos precisamos de alguém com quem possamos abrir, de modo íntimo, o nosso coração.
A esposa também auxilia como complementação biológica do marido. Nas Escrituras, o sexo é santo, normal, correto, apropriado e bom. Não há nada errado no sexo; e, na verdade, o casamento é a estrutura apropriada para a sua expressão. O sexo, segundo as Escrituras, não é, em si mesmo, impuro, exceto quando usado erroneamente. Não deve, jamais, ser usado fora do vínculo da aliança. Deve ser usado livremente dentro dessa estrutura, pois Deus assim o ordenou. Deus encoraja fortemente as relações sexuais.
Na verdade, Paulo afirma nessa passagem que nenhum dos dois cônjuges tem direito sobre seu próprio corpo. Isso proíbe a masturbação (provocar o próprio prazer) e o negar egoisticamente a relação sexual ao outro cônjuge. O sexo não foi criado para ser centralizado no "eu", e sim para ser centralizado no outro cônjuge. Toda manifestação sexual voltada para a auto-satisfação é uma manifestação pervertida do sexo. O sexo deve ser aproveitado, mas somente de acordo com o princípio bíblico de que é "mais bem-aventurado é dar do que receber".
Sem dúvida, o aspecto mais agradável da relação sexual não é a sensação de libertação pessoal experimentada no próprio orgasmo, e sim o prazer de satisfazer o cônjuge. Exige-se do esposo e da esposa que satisfaçam um ao outro. Ele não pode negar seu corpo para vingar-se de sua esposa. Ela não pode usar o sexo como um meio de conseguir coisas de seu marido. As relações sexuais envolvem a entrega livre e total do "eu", em amor, para satisfazer as necessidades do outro cônjuge. As Escrituras não são puritanas quando tratam do sexo, mas muitos cristãos adotaram essa atitude, como se soubessem mais do que Deus! As Escrituras são muito claras quanto às obrigações sexuais do casamento.

Por que o seu casamento não vai bem?

Se o casamento é bom porque foi criado por Deus; se a mulher também é benção porque foi criada por Deus para ajudar o homem e você tem uma mulher; por que, afinal, seu casamento ainda vai mal? O que está de errado em vocês?
Essa pergunta é intrigante, mas é através dela que as respostas podem chegar como uma benção no seu casamento hoje!
Se sua vida é minimamente parecida com a minha, você há de concordar que problemas acontecem quase que diariamente em nosso casamento. A realidade desagradável do casamento é que vivemos diariamente com alguém num mundo caído.
Já falamos sobre o erro de tentar enxergar e encarar as coisas da vida segundo o que outras vozes sussurram em nossos ouvidos. Espero que o fato de eu te ver aqui, sentado, de olhos e ouvidos atentos diante da Palavra de Deus, signifique que você quer viver sua vida segundo o que Deus realmente nos revela em Sua palavra. Então, partindo desse pressuposto, eu quero seguir.
Numa quarta-feira recente, a Églin tinha um compromisso com a turma do louvor de noite. Ela me avisou com uma semana de antecedência porque, naquela quarta, eu cuidaria da Helena de noite. Até aí, tudo bem. Marquei na agenda lá “quarta-feira: ficar com a Helena”. No final da tarde, a Églin falou “amor, a Helena está dormindo e, quando acordar vou dar banho e janta pra ela”. Aí eu pensei “Beleza! Show de bola! Vou buscar ela e já vai ter jantado e tomado banho. Chego em casa e faço ela dormir fácil para eu fazer minhas coisas ou descansar durante a noite”. Quando cheguei pra buscar a Helena, a bonita tá lá, sem banho. Eu não quis nem saber o que aconteceu. Minha cara emburrou porque meu plano tinha ido por água abaixo e eu logo questionei a Églin “Poxa, você falou que daria banho nela!”. Imagina a fúria que essa mulher ficou com meu questionamento. Eu a ataquei com aquela pergunta egoísta, porque eu queria que ela já tivesse prontinha pra eu não precisar fazer nada em casa. Essa minha expectativa egoísta resultou numa ofensa pecaminosa a Églin.
Refletindo sobre isso, a pergunta que surge é: Se amo a minha esposa, por que acho tão fácil tratá-la como não a amasse?
Isso também acontece com os filhos...
As mulheres não são diferentes… Naquele dia, em que o maridão curte assistir um jogo, ele resolve fazer o conserto das coisas que a esposa vem pedindo há meses. Você fica lá, três, quatro, cinco horas frustrantes, guarda as ferramentas, fala pra ela que terminou e procura no rosto dela alguma expressão de apreciação pelo seu sacrifício. Ela olha seu trabalho e diz: “Queria que você tivesse pedido minha opinião antes de fazer assim”. Então, o conflito começa!
Como já disse, essa é a realidade desagradável do casamento é que vivemos diariamente com alguém num mundo caído.
Que dificuldade é essa que temos de, mesmo dizendo e afirmando que amamos nosso cônjuge, conseguimos, com tanta facilidade, agir como se isso não fosse verdade?

Aprendendo com Paulo

É interessante observarmos como o pecado nos afeta. O apóstolo Paulo observava isso também e parecia pensar que ele mesmo era o pior dos pecadores. Talvez possamos aprender algo com ele.
Paulo escreveu a Timóteo 1Tm 1.15 “15 Esta palavra é fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.”
Bem rigoroso, não é?
Começou qualificando a afirmação de “fiel e digna de toda aceitação”. Isso é o equivalente antigo de colocar o pequeno sinal de exclamação num e-mail que você envia (significa: esta mensagem é de alta prioridade). A afirmação de Paulo contém duas partes. “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” – isso nos leva ao coração do glorioso evangelho e nos prepara para a segunda parte: “Dos quais eu sou o principal”. Ora, o que devemos fazer com este conhecimento? Como o apóstolo enviado aos gentios – o teólogo da fé cristã – pôde dizer isso com franqueza? A quem ele se comparou? Que padrão aplicou a si mesmo? Essas são perguntas importantes.
Paulo não estava exercendo uma falsa humildade do tipo “ah, tadinho de mim”. Essa afirmação que ele faz - de ser o principal dos pecadores - é a Palavra de Deus e é uma verdade profunda.
Em primeiro lugar, é claro que Paulo não estava tentando se comparar com todas as outras pessoas do mundo, porque nem conhecia a maioria delas! Isso nos diz que seu foco não era, antes de tudo, exterior, e sim interior. Também não era a sua intenção dizer que seu caráter estava arruinado ou que sua maturidade espiritual era nada. Ele estava apenas falando sobre o que se passava em seu coração. De fato, ele estava dizendo: “Olha, conheço o meu pecado. E o que tenho visto em meu próprio coração é tenebroso e terrível; é orgulhoso, egoísta, auto-enaltecedor e se rebela contra Deus de um modo mais consistente e regular do que já vi no coração de qualquer outra pessoa. Até onde posso perceber, eu sou o maior pecador que conheço”.
Paulo estudava o seu próprio coração. Ele prestava atenção aos desejos e impulsos que se agitavam em seu íntimo.
Agora, observe aí o versículo seguinte. 1Tm 1.16 “16 Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, que sou o principal pecador, Cristo Jesus pudesse mostrar a sua completa longanimidade, e eu servisse de modelo para todos os que hão de crer nele para a vida eterna.”
Com o passar dos dias, duas coisas ficaram mais claras para Paulo:
Sua pecaminosidade à luz da santidade de Deus; e
A misericórdia de Deus em face do seu pecado.
Conhecer corretamente tanto a Deus como a si mesmo não era, de modo algum, desencorajador ou deprimente. Em vez disso, esse entendimento aprofundou a gratidão de Paulo pela grandeza da misericórdia de Deus em redimi-lo e pela paciência de Cristo em continuar a amá-lo e identificar-se com ele em sua luta diária contra o pecado.
O que temos diante de nós é um exemplo impressionante de honestidade e maturidade teológica de Paulo: a intensa e dolorosa consciência que ele tinha de sua pecaminosidade o fez magnificar a glória do Salvador.
Se assim como Paulo reconheço a enormidade de meu pecado, vendo a mim mesmo como o pior dos pecadores, entendo que muito me foi perdoado. A partir disso, a realidade bíblica começa a fazer sentido. Começo a ver Deus como Ele realmente é. Sua grandeza torna-se maior que meus problemas. Sua bondade vem até mim, embora eu não seja bom. Sua sabedoria e poder são visíveis nos caminhos perfeitos pelos quais Ele age para me transformar de dentro para fora.
Portanto, o pecado – o meu e o seu pecado – é extremamente horrível. É vil. É perverso. Mas, ao mesmo tempo, ele é o contexto de um acontecimento maior. Somos obras em progresso, dolorosamente inclinados ao pecado, mas, apesar disso, podemos ser obras alegres, pois – louvado seja a Deus – fomos redimidos pela graça, mediante a morte e a ressurreição de Cristo.
Quando duas pessoas, unidas por casamento, seguem essa percepção da realidade, vivendo de acordo com ela, sua vida e casamento começam a se assemelhar, cada vez mais, ao exemplo que Deus deseja mostrar a um mundo perdido. Enquanto o pecado não for amargo, o casamento não poderá ser doce.

Nós e o pecado

Talvez você seja casado(a) e tem vivido um estilo de casamento onde você pensa certas coisas sobre o modo como seu cônjuge deve agir. Talvez você sinta que possui certas necessidades que o outro deve satisfazer. Então, você fica reclamando, semanal e até diariamente, sobre as falhas do outro. Fica falando e goteirando suas exigências por mudança do outro e essa parece ser a rotina de meses ou anos no seu casamento.
É claro que você e seu cônjuge precisam de alguém que os ouça, para compreendê-los. Mas a maior necessidade de vocês está em sua teologia. Vocês precisam reconhecer que algumas das expectativas que nutrem quanto ao outro – e as perspectivas das quais surgem essas expectativas – não são bíblicas. As acusações, as palavras duras, as atitudes exigentes e egoístas que vocês adotam estão permeadas de pecado. Como casal, vocês precisam de ajuda para se harmonizarem às Escrituras – à visão de Deus sobre a realidade.
A raiz do problema de relacionamento no seu e no meu casamento pode estar no fato de que a afirmação de Paulo em 1 Timóteo 1.15 ainda não é “fiel” para nós. O reconhecimento sincero de sua própria pecaminosidade não é digno “de toda aceitação” para nós. Falta compreensão de como o Evangelho age em nós.
John MacArthur comenta:
“com rapidez, os cristãos estão deixando de ver o pecado como a raiz de todas as aflições humanas. Um número cada vez maior de crentes tenta explicar o dilema humano em termos totalmente antibíblicos: temperamento, vício, famílias disfuncionais, a criança interior, co-dependência e uma multidão de mecanismos de escape promovidos pela psicologia secular. O impacto potencial dessa inclinação é assustador. Remova a realidade do pecado e você exclui a possibilidade de arrependimento. Anule a doutrina da depravação humana e você invalida o plano divino de salvação. Apague a noção da culpa pessoal e você elimina a necessidade de um Salvador.”
A cruz faz uma declaração impressionante sobre os esposos e as esposas: somos pecadores, e nossa única esperança é a graça.
Sem uma consciência clara do pecado, avaliaremos nossos conflitos à parte da história bíblica – a obra consumada de Jesus Cristo na cruz –, eliminando assim qualquer base para o verdadeiro entendimento, a verdadeira reconciliação ou a verdadeira mudança. Sem o evangelho de nosso Salvador crucificado e ressurreto, nosso casamento move-se em direção à superficialidade. Começamos apresentar justificativas infundadas para nosso comportamento pecaminoso, e os problemas do casamento terminam, na melhor das hipóteses, em acordos incômodos, negociados e parciais.
Entretanto, visto que considero 1 Timóteo 1.15-16 um texto digno de confiança (posso aceitá-lo por completo) e reconheço que sou o pior dos pecadores, o meu cônjuge não é mais o meu maior problema: eu o sou. Quando me vejo andando nos sapatos do pior dos pecadores, me esforçarei para proporcionar ao meu cônjuge a mesma graça abundante que Deus me outorgou.
A esta altura, você deve estar dizendo a si mesmo: o João exagera em suas ideias a respeito do pecado! O pior dos pecadores? Não é bem assim. Isso é motivo para tanta preocupação?
O motivo de tanta preocupação é que meu pecado não é, em primeiro lugar, contra mim ou o meu casamento. Todo pecado é primeiramente contra Deus. E isso muda tudo!
Agora, lembre que a Bíblia tem uma maneira específica de descrever os seres humanos – pecadores (Sl 51.5; Rm 3.23; 5.12). Todos estamos juntos nessa categoria. Não é um clube exclusivo. Aceitar a designação de “pecador” é reconhecer o que eu sou em relação a Deus. Também revela o que eu não sou: não sou um ator neutro. Por minha própria natureza (que é pecaminosa), sou uma ofensa à natureza de Deus (que é perfeitamente santa). Então, o termo “pecador”, quando usado nas Escrituras, implica claramente que há uma pessoa (pelo menos uma) contra quem o pecado é cometido. Quando dirijo a Églin uma palavra crítica ou rude, na frente da Helena, meu é, até certo ponto, contra eles. Obviamente, nm grau maior, é contra a Églin. Mas preciso ver que esse pecado ofende de modo sério - e em primeiro lugar - a Deus! E isso é o que meu pecado tem em comum com todos os pecados que já foram ou que serão cometidos. Todo pecado, embora tenha pequeno ou grande impacto sobre as pessoas, profana a santidade do Deus perfeitamente justo e santo. O pecado é sempre direcionado a Deus, como o primeiro e principal alvo (Dt 9.16; 1Sm 15.24; Sl 51.4).
O pecado é errado não por causa do que ele faz a mim, à minha esposa, ao meu filho ou ao meu vizinho, e sim porque é um ato de rebelião contra o Deus infinitamente santo e majestoso.

Conclusão

Eis minha conclusão: sou um marido e pai melhor e um homem mais feliz quando reconheço ser o pior dos pecadores. Você também é o pior dos pecadores, bem como o seu cônjuge também é.
A pergunta que costumava deixar-me perplexo – “Se amo a minha esposa, por que acho tão fácil tratá-la como se não a amasse?” – tem uma resposta universal. Todos somos o pior dos pecadores. Portanto, qualquer coisa que fazemos que não é pecado resulta da obra da graça de Deus.
Espero que você não saia daqui hoje sem apreciar a virtude que surge quando nos vemos como o pior dos pecadores. Essa virtude é a humildade – que destrói o orgulho e ilumina a percepção.
John Owen escreveu:
“Há duas coisas que servem para humilhar a alma dos homens: uma consideração apropriada de Deus e, depois, de nós mesmos. De Deus, em sua grandeza, glória, santidade, poder, majestade e autoridade; de nós mesmos, em nossa condição pecaminosa, vil, desprezível”.
Espero que você experimente a promessa que Deus oferece àqueles que reconhecem com humildade a sua pecaminosidade. Não há nada como ser um pecador perdoado, agradecido ao Deus vivo pela vida, o ar, a salvação e cada provisão. Essa é a única perspectiva a partir da qual você pode começar a ver a Deus, a você mesmo e o seu casamento com verdadeira realidade.
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