Passado e presente
Desafios modernos • Sermon • Submitted • Presented
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· 85 viewsO que podemos aprender da carta aos Efésios e aplicar à nossa comunidade da fé?
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Handout
Handout
Sermon Tone Analysis
A
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Emotion
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Language
O
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Social
Introdução*
Introdução*
É difícil, considerando o ano em que vivemos, lembrar da última vez que recebemos uma carta. Mesmo contas - que nunca erram o endereço - chegam mais por meio virtual do que pelo correio.
Parece que foi Augustus (27 a.C. – 14 a.C.) quem criou o que podemos chamar de “sistema postal romano” (descrito como sistema de comunicação) para que ele pudesse melhor administrar seu império (CARTWRIGHT, 2019).
(+) Paola Ceccarelli (2003:1), em seu livro Antigas Cartas Gregas: uma história cultural, afirma que:
“Esta [carta de Dromon] pode ser tomada como representativa do formato básico da carta antiga, um formato que, em suas linhas principais, não se alterou no longo período que vai do final do século IV a.C. até o final da antiguidade”.
Ela está falando da carta que Zenon, funcionário público no Egito recebeu no séc. III a.C. e que mantém uma grande semelhança com a de Paulo aos Efésios. Considerando ainda que o NT foi escrito em grego e no período chamado de Koinê (330 a.C. a 330 d.C.). “Os livros do Novo Testamento foram escritos não na koiné erudita usada pelos escritores aticistas… mas na koiné popular, bem diferente da primeira.” (FREIRE, 1987, pág. 255).
Por isso, quando leio a Carta aos Efésios, ou outra do NT, estou em contato com um meio comum de comunicação da época. Deus colocou um conteúdo psobrenatural em uma linguagem popular e uma forma comum, para que fosse acessível a todos. Vamos começar a ler a Carta aos Efésios da perspectiva de uma mensagem enviada há muito tempo, diretamente para nós.
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus,
aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso:
A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.
Paulo
Paulo
Veja o desenvolvimento desta seção no podcast disponível em pastorjafe.wordpress.com
Veja o desenvolvimento desta seção no podcast disponível em pastorjafe.wordpress.com
Breve cronologia [1]
Conversão - 3ª viagem - Éfeso - Escr. 1Co - 1ª prisão - Cartas da prisão
At 9:1-19 At 18:23 At 27:1ss
35 53-57 53-55 55 59-61/62 60-62
1) No podcast foram apresentadas 3 características de Paulo. Você se identifica com algum a delas?
Deus fazia milagres extraordinários por meio de Paulo, de modo que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos. Estes eram curados de suas doenças, e os espíritos malignos saíam deles.
(+) Quem é esse homem pelo qual Deus fez coisas extraordinárias e tão separado do mundo que apenas seus objetos de uso pessoal eram instrumentos de cura? Bem, quanto a origem, judeu, natural de Tarso (At 21:39); quanto a sua formação, em Fp 3:-7 ele afirma que “...Se algum outro julga poder confiar na carne, ainda mais eu...”. Quanto ao seu legado, basta ler o Novo Testamento!
Paulo era produto de três mundos distintos: judaísmo, gregos e romanos. Além disso, depois de sua conversão teve de conviver com um quarto, que ele ajudou a promover, o cristianismo gentio. Era realmente um homem extraordinário, e quando penso no que ele fez pelo Reino como motivação para minha vida, chega a ser até frustrante… mas podemos tirar mais uma lição de sua vida
Toda formação de Paulo foi secundária diante da transformação que o amor a Cristo lhe causou!
Toda formação de Paulo foi secundária diante da transformação que o amor a Cristo lhe causou!
Éfeso
Éfeso
“Estava localizada Na costa oeste da Ásia Menor. Augustus tornou-a a capital da província romana da Ásia Menor (27 a.C. – 14 d.C.). Éfeso é o cenário de Atos 19. Paulo ensinou diariamente lá por dois anos (At 19:9). Os presbíteros de Éfeso vieram ver Paulo em sua última jornada a Jerusalém (At 20:17–18) e em 1Coríntios 15:32, Paulo diz que lutou com as feras de lá. A cidade foi fundada originalmente por volta de 1000 a.C. pelos gregos. Ficou sob o controle romano em 133 a.C.” (SEAL, 2020).
Foi a igreja mais forte do período apostólico e a adoração a deusa Diana era uma característica da cidade e o seu templo uma das sete maravilhas do mundo antigo. Estima-se uma população de 250 mil pessoas e tinha um teatro capaz de acomodar 24 mil.
João escreveu uma das cartas do Apocalipse para lá e, segundo a tradição, foi morar ali quando saiu de Patmos, provavelmente até sua morte.
Depois de fundar a igreja, Paulo enviou a Éfeso Timóteo como pastor. Em At 19 podemos tirar algumas lições interessantes, inclusive a do forte impacto sobre a sociedade que teve a evangelização.
Foi em Éfeso que pessoas envolvidas com ocultismo queimaram seus livros publicamente, como testemunho de conversão, o que levou Demétrio, um comerciante que fazia imagens do templo de Diana a dizer “estão vendo e ouvindo como este indivíduo, Paulo, está convencendo e desviando grande número de pessoas aqui em Éfeso e em quase toda a província da Ásia. Diz ele que deuses feitos por mãos humanas não são deuses” At 19:26.
(+) A segunda maior festa da Salvador é a Lavagem do Bonfim. Essa festa acontece desde 1773 e reúne milhares de pessoas. É uma caminhada de 7 km da Igreja de Conceição da Praia até a Igreja do Bonfim, (+) levando uma imagem de Cristo, chamada de Senhor do Bonfim. (+) Na frente vão as baianas do candomblé levando água de cheiro que vão usar para lavar a escadaria da igreja, e celebrando Oxalá, que na cultura africana é o representado pelo Senhor do Bonfim. Quando termina a festa, começam os shows, bebidas, comidas… [2]. Em 2024 estavam esperando mais de um milhão de pessoas [3].
Imagine um trabalho missionário que resultasse no esvaziamento dessa festa de salvador!
Mesmo imerso em uma forte influência contrária, o evangelho brota!
Mesmo imerso em uma forte influência contrária, o evangelho brota!
2) Esta afirmação foi com base no sermão da Sexagésima, do Padre Antônio Vieira. Sobre que texto ele estava falando e quais dificuldades parecem mais presentes em Campinas?
Isso me faz lembrar o Pe. Antônio Vieira no sermão da Sexagésima:
“É tamanha força da divina palavra que, sem cortar nem despontar espinhos, (...) sem arrancar nem abrandar pedras, a semente é capaz de brotar.”
“Santos e fiéis”
“Santos e fiéis”
(+) “…Aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso...”
Quem eram os “santos e fiéis” de Éfeso? Os editores do texto grego (NA 4ª) classificaram como “difícil” a decisão de qual variante usar para o texto, isso porque a expressão “em Éfeso” não aparece nos principais manuscritos. “...A ausência de uma citação explícita das palavras ἐν Ἐφέσῳ... têm levado muitos comentaristas a sugerir que o propósito da carta era de circular como encíclica entre as distintas igrejas, das quais a principal era a que estava em Éfeso.” (METZGER, 2006, pág. 528).
Champlin (2002, pág. 532) em seu comentário sobre esse texto faz um sumário da discussão:
O escriba retirou o nome para que tivesse um ar mais universal, como uma “carta circular”;
A carta foi chamada “aos Efésios” por não ter nenhuma endereçada a uma igreja tão importante;
A ideia mais comum é que esta carta foi enviada às igrejas da Ásia - carta circular - e ficou conhecida como “aos Efésios” por ser esta a igreja mais importante da região.
Claro que esta possibilidade em nada diminui sua importância, pelo contrário, faz com que sua mensagem seja ainda mais universal e relevante para nós. Como diz Pr. Hernandes Lopes, “a igreja de Éfeso tem dois endereços: ela é cidadã do mundo (está em Éfeso) e cidadã do céu (está em Cristo).” (LOPES, 2009, pág. 14). O comprovante de residência é a santidade e fidelidade.
Para entender o sentido de santidade precisamos olhar para o AT: templo, sábado, povo... Privilégio e responsabilidade estão ligados ao termo santidade: um, porque a santidade não é inerente, mas adquirida e só Deus pode dá-la. Ser santo é estar no círculo de santidade divino. Outro, porque tudo que é santo não é contemplativo, mas tem um propósito.
Ser fiel é a consequência da santidade. Se a santidade é a semente, fidelidade é o fruto.
“Santos e fiéis em Cristo Jesus” – onde eles estão agora? (+) Aqui nesta cidade!
Aqui, nesta cidade; neste auditório!
Aqui, nesta cidade; neste auditório!
“Graça e paz”
“Graça e paz”
(+) “A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.”
Onde o seguidor de Jesus estiver, ele estará ameaçado pelo materialismo, secularismo, envolvido pelos poderes que atuam neste mundo ou pressionado pela vida. O mundo é hostil e nunca vou estar em um lugar favorável à santidade e fidelidade a não ser que esteja em Cristo. Como? Como uma raiz enterrada na terra, como um peixe na água ou um pássaro no ar (FOULKES, 1983, pág. 38): não há nenhuma direção em que aquilo que o sustenta não tenha contato com ele.
Na carta a Zenon, o funcionário público egípcio, o remetente diz Δρόμων Ζήνωνι χαίρειν. Uma palavra de mesma raiz usada por paulo quando diz “graça”. A diferença é que só em Cristo, uma saudação torna-se uma bênção.
Sobre a paz, “o bem-estar que advém do próprio Deus.” (BROWN e COENEN, 2000, pág. 1592). É a presença de alguém, não a ausência de algo.
É a graça de Deus que resulta na paz do Senhor!
É a graça de Deus que resulta na paz do Senhor!
Em 2019 minha esposa recebeu a ligação de uma pessoa muito querida, que pastoreei há alguns anos e estava doente com um câncer violento. Depois de quase uma hora de conversa Aline me chamou e colocamos o telefone no modo viva voz, ela estava cantando, recitando versos bíblicos e nos dizendo palavras de motivação. Ela estava se despedindo. Um câncer consumindo sua vida, mas em paz. Isso é a presença de Deus na vida . Isso é estar em Cristo.
O contexto do uso da palavra é o Antigo Testamento, sendo assim, “em quase dois terços de suas ocorrências, shalom descreve o estado de plenitude e realização, que é resultado da presença de Deus” (HARRIS, 1998, pág. 1573). Por isso Paulo cantou na prisão; a piedosa cristã da história acima despediu-se em paz e tantos outros. Em Cristo, podemos experimentar uma paz celestial, a despeito das circunstâncias.
Conclusão
Conclusão
Deus transforma inimigos em aliados, perdidos em salvos, instrumentos contra Seu povo em ferramentas de Seu exército. No caso de Paulo, de perseguidor do evangelho ao seu mais determinado pregador.
Existem muitas semelhanças entre a Éfeso do séc. I e a nossa cidade do séc. XXI. É possível ao evangelho brotar neste ambiente e aos discípulos de Cristo hoje tanto sermos santos e fiéis, quanto recebermos a bênção da graça e da paz de Deus e de Jesus. Isso é possível pelo elo entre nós e eles (efésios): Deus, nosso Pai, Cristo Jesus, nosso Senhor e o Espírito Santo, nosso ajudador.
O que Paulo aprendeu de Cristo deixou em uma carta tão atual, que parece ter chegado agora em nossa caixa de mensagens. Vamos lê-la da perspectiva de buscar entender o que o Senhor espera de nós como corpo de Cristo no séc. XXI. De maneira que posso dizer:
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão ______: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.
Ou ainda:
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, a Jafé Chaves. Santo e fiel em Cristo Jesus. Graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.
Releia Efésios 1:1-2. Coloque seu nome aí também. Espero que em Cristo você desfrute da mesma graça e paz, como um santo e fiel.
Vamos ler algumas vezes a Carta aos Efésios, pela perspectiva de um comunicado de Deus que, apesar do tempo é tão atual que vai nos ajudar a compreender e lidar com os desafios modernos.
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* Três observações importantes: (1) A versão da Bíblia usada é a Nova Versão Internacional (NVI); (2) O sinal “(+)” ao longo do texto é uma marca que uso para indicar a mudança de slide. (3) Este sermão também tem uma série em podcast que vc pode acessar no pastorjafe.wordpress.com
[1] Foram analisadas cinco Bíblias de Estudo: Bíblia de Referência Thompson: com versículos em cadeia temática. São Paulo: Vida, 1993; Bíblia de Estudo NVI. São Paulo: Vida, 2003; A Bíblia em Ordem Cronológica. São Paulo: Vida, 2003; Bíblia de Estudo Andrews. Tatuí-SP: CPB, 2015; Bíblia de Estudo Thomas Nelson. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2021.
[2] Fundação Cultural Palmares. Lavagem da Escadaria do Senhor do Bonfim, uma das maiores expressões de fé e de cultura do povo baiano. Ministério da Cultura. Disponível em: <https://www.gov.br/palmares/pt-br/assuntos/noticias/lavagem-da-escadaria-do-senhor-do-bonfim-uma-das-maiores-expressoes-de-fe-e-de-cultura-do-povo-baiano>. Acesso em: 20/04/2024.
[3] Lavagem do Bonfim: tudo que você precisa saber sobre o tradicional evento religioso que acontece nesta quinta, em Salvador. G1. 09/01/2024. Disponível em: <https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2024/01/09/lavagem-do-bonfim-ba.ghtml>. Acesso em: 20/04/2024.
Referências: Colin BROWN e Lothar COENEN (org.). Dicionario internacional de teologia do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2000; Mark CARTWRIGHT. As cartas e correspondência na antiguidade. World History Ecyclopedia, 10/09/2019. Traduzido por Wesley Gomes. Disponível em <https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1442/as-cartas-e-correspondencia-na-antiguidade/>. Acesso em: 19 de janeiro de 2022; Paola CECCARELLI. Anciente Greek Letter Writing: a cultural history (600 BC - 150 BC). Oxford: Oxford University Press, 2013; Russell N. CHAMPLIN. O Novo Testamento interpretado: versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2002; Francis FOUKES. Efésios: intodução e comentário. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1983; Antônio FREIRE. Gramática Grega. São Paulo: Martins Fontes, 1987; R. L. HARRIS (org.) Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998; Hernandes D. LOPES. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo. comentários Expositivos Hagnos. São Paulo: Hagnos, 2010; Bruce M. METZGER. Un Comentario Textual al Nuevo Testamento Griego. Stutart: German Bible Society, 2006; David SEAL, “Ephesus”, ed. John D. Barry, Dicionário Bíblico Lexham Bellingham, WA: Lexham Press, 2020; Nicholas T. WRIGHT. Paulo: novas perspectivas. São Paulo: Loyola, 2009.
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